sábado, dezembro 03, 2011

Aumenta o custo da intervenção na Síria 1/12/2011, MK Bhadrakumar, Indian Punchline
http://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2011/12/01/cost-of-intervention-in-syria-rises/


Em declaração, hoje, o primeiro vice-primeiro-ministro russo Sergei Ivanov reafirmou a rejeição, por Moscou, do embargo de armas contra a Síria. A declaração surge no dia da reunião dos Ministros de Relações Exteriores da União Europeia em Bruxelas, da qual resultou aperto ainda maior nas sanções contra aquele país.

Mas o que torna particularmente interessante a situação síria é que Moscou também declarou hoje que já está armando a Síria, para que o país se autodefenda. Houve relatos, semana passada, de que a Rússia está fornecendo seus mísseis S-300 à Síria.

Interfax noticiou hoje que a Rússia também forneceu à Síria sistemas de mísseis móveis costeiros “Bastion”, com mísseis cruzadores antinavios “Yakhont”, como parte de uma venda de armas – a respeito do qual EUA e Israel muito objetaram. Um comboio de navios de combate russos também logo estará chegando à Síria, levando conselheiros militares. Interessante, também, que a matéria de Interfax apareça no mesmo dia em que o vice-primeiro-ministro russo Sergey Ryabkov encontrou-se com o ministro de Relações Exteriores de Israel Avigdor Lieberman e com o chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel Yaakov Amidror, em Telavive.

Os mísseis cruzadores “Yakhont” fazem subir significativamente o custo de uma intervenção na Síria, para a Turquia e seus aliados ocidentais. Moscou faz muito bem, portanto, ao antecipar a provável repetição do plano ocidental de, primeiro, fazer avançar muito a ‘desestabilização’ e a degradação de um regime internacionalmente reconhecido, para só então ‘deslegitimá-lo’ e, assim, abrir caminho para a intervenção armada e a ‘mudança de regime’. Foi exatamente o que já foi feito, primeiro no Iraque e, mais recentemente, na Líbia.

Assim, se turcos e franceses realmente querem a cabeça da Síria, eles que levem esquifes extras na invasão, para trazerem de volta os cadáveres dos bravos soldados turcos e franceses que a aventura lhes custará.

Se o movimento dos russos funcionará como ‘desincentivo’ para os cães da guerra, só o tempo dirá. Mas não há dúvidas de que, sim, fará os invasores pensarem duas vezes, no mínimo.

E é possível que, afinal, alguma coisa boa resulte disso tudo, se os turcos e as potências ocidentais desistirem de sua obstinação perversa e permitirem que a oposição síria envolva-se num diálogo nacional com o governo em Damasco.

Na Turquia, pelo menos, já há profunda divisão de opiniões sobre a Síria. A principal força de oposição, o partido CHP, questiona fortemente a política intervencionista do governo. O partido CHP é força solidamente secularista e já percebeu que o atual governo islâmico está-se distanciando da ‘regra de ouro’ de Kemal Ataturk, segundo a qual a Turquia em nenhum caso deve imiscuir-se em questões do Oriente Médio muçulmano. O partido CHP tem raízes nos princípios Kemalistas do nacionalismo turco. O que significa que suas lideranças também não têm ‘envolvimento’ com o ‘dinheiro verde’, jamais declarado, que flui para a Turquia, vindo dos xeiques do Golfo Persa.