domingo, dezembro 03, 2006
Um pouco de história não faz mal a ninguém...
O "Gabinete das Trevas pefelistas": um neo-Clube da Lanterna, só que burro?!
Do "Clube da Lanterna" (de Lacerda), em 1953-54 ao "Gabinete das Trevas" (o tal de Shadow Cabinet dos pefelês articulados aos neo-Friazinhos, neo-Mesquitinhas, neo-Marinhozinhos, neo-Civitazinhos e coisa-e-tal), em 2006
Um pouco de história não faz mal a ninguém, mas a história não se repete, senão como farsa e caricatura.
Esse "Gabinete das Trevas", que está sendo inventado pelo PSDB-PFL, em 2006, é, no máximo, uma espécie de farsa/caricatura do "Clube da Lanterna", de Lacerda.
Além disso, é claro que o governo Lula, no início do segundo mandato, numa América Latina que se democratizou MUITO, NÃO É o governo de Vargas, depois da II Guerra Mundial e em plena construção da Guerra Fria.
De qualquer modo, em 1954 como hoje, nenhum "Clube da Lanterna" e nenhum "Gabinete das Trevas" sobreviveria sem imprensa 'amiga' pra lhes garantir 'repercussão' midiática, quer dizer, pra lhes garantir existência na/para a discussão social.
Não se pode esquecer que, seja em 54 seja em 2006, os políticos e jornalistas reunidos seja no Clube da Lanterna seja, hoje, no "Gabinete das Trevas" dos pefelistas, SÃO POLÍTICOS QUE NÃO TÊM VOTOS e jornalistas, já, no mínimo, incompetentes ATÉ como jornalistas.
A história do "Clube da Lanterna" original aí vai, resumida, pra todos lembrarem. A militância golpista do "Clube da Lanterna" acabou com jornalões empastelados, em todo o Brasil; e com Lacerda escondido, feito um rato, pra não levar uma surra 'popular', ele também.
O texto abaixo está em "Clube da Lanterna"+"Lacerda", pelo Google, em http://www.cpdoc.fgv.br/dhbb/verbetes_htm/2684_2.asp
"Ao longo do governo Vargas, a Tribuna da Imprensa tornou-se porta-voz da oposição, encabeçando os mais violentos ataques ao governo.
A partir de 1951 Lacerda liderou uma campanha contra o jornal Última Hora, de propriedade de Samuel Wainer, acusando-o de ter conseguido ilicitamente um financiamento do Banco do Brasil de quase 250 milhões de cruzeiros antigos e se referindo ao caso como um "fenômeno de corrupção através da imprensa".
Em abril de 1953, foi instaurada afinal na Câmara dos Deputados uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as transações efetuadas pela Última Hora. Essa comissão, controlada pela UDN, procurou sem êxito elementos que provassem o envolvimento de Vargas em crime de favorecimento àquele jornal e abrissem, dessa forma, a possibilidade de um impeachment do presidente.
Em agosto de 1953 Lacerda fundou no Rio de Janeiro o Clube da Lanterna, que, congregando diversos parlamentares, principalmente udenistas, tinha por objetivo combater o governo Vargas. Tornou-se presidente de honra da nova organização, cujo órgão oficial era a revista O Maquis.
Em janeiro de 1954 foi criada, também no Rio de Janeiro, uma coligação partidária de oposição ao governo federal, a Aliança Popular contra o Roubo e o Golpe, tendo em vista as eleições legislativas e para o governo de 11 estados, fixadas para outubro daquele ano. Foi integrada por parlamentares da seção carioca do Partido Libertador (PL), do Partido Republicano (PR) e da UDN, e recebeu a adesão de Lacerda, que teve seu nome incluído na relação de candidato da aliança à Câmara Federal. O programa da nova agremiação constituía-se de três ponto básicos: o planejamento democrático, em oposição ao "dirigismo" estatal, a defesa da livre iniciativa e a ênfase no municipalismo.
Em 19 de maio seguinte foi realizada na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) a primeira reunião oficial do Clube da Lanterna, que estabeleceu como objetivo imediato a concentração de esforços para uma vitória oposicionista nas eleições de outubro. A campanha de oposição ao governo tornou-se mais intensa com a proximidade das eleições. Em junho Vargas foi acusado pela Tribuna da Imprensa de malversação de fundo públicos e chamado por Lacerda de "patriarca do roubo" e "gerente geral da corrupção no Brasil".
Em agosto, a situação política se agravou quando, na madrugada do dia 5, ao voltar de um comício no Colégio São José, no Rio, Lacerda foi alvejado na porta de sua casa, à rua Toneleros, em Copacabana. O atentado que se tornou conhecido como Atentado da Toneleros - resultou na morte do major-aviador Rubens Florentino Vaz, integrante de um grupo de oficiais da Aeronáutica que dava proteção a Lacerda, que escapou com um ferimento no pé. Conduzido imediatamente ao Hospital Miguel Couto, recebeu a visita de vários políticos, repórteres e de Eduardo Gomes, então diretor das Rotas Aéreas da Força Aérea Brasileira (FAB), unidade onde trabalhava Rubens Vaz.
Nessa ocasião, responsabilizou o governo pelo atentado e ainda no dia 5 afirmou na Tribuna da Imprensa que "elementos da alta esfera governamental" estavam implicados no crime. No dia seguinte, o presidente do Clube de Aeronáutica, brigadeiro Inácio de Loiola Daher, convocou uma reunião que contou com a presença de cerca de seiscentos oficiais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, da qual resultou um comunicado exigindo a completa apuração do atentado.
A crise político-militar que já se delineava foi agravada logo no início das investigações, a cargo da polícia civil: no dia 7 de agosto, o motorista de táxi Nélson Raimundo de Sousa - que informara à polícia que o autor do crime havia fugido em seu carro - prestou depoimento incriminando um membro da guarda pessoal de Getúlio, Climério Euribes de Almeida. Em 9 de agosto Lacerda assinou um violento editorial na Tribuna da Imprensa exigindo a renúncia de Vargas. Dois dias depois, durante o encontro secreto que manteve com o vice-presidente Café Filho no Hotel Serrador, propôs-lhe que pressionasse Vargas a renunciar e que assumisse a presidência da República. Sugeriu ainda que tentasse obter o apoio do ministro da Guerra, general Euclides Zenóbio da Costa, assegurando-lhe a manutenção dos quadros militares existentes, caso assumisse a presidência.
No dia 12, Lacerda lançou um editorial na Tribuna da Imprensa exortando as forças armadas a exigirem a renúncia de Vargas. As dimensões assumidas pelo episódio levaram o ministro da Aeronáutica, brigadeiro Nero Moura, a autorizar, nesse mesmo dia, a instauração de um IPM. Desde então, as investigações foram conduzidas com total autonomia e os interrogatórios e depoimentos passaram a ser realizados na base aérea do Galeão, o que deu origem à expressão "República do Galeão". No dia 13 de agosto, soldados da Aeronáutica prenderam Alcino João do Nascimento, que prestou depoimento confessando a autoria do crime e implicando Climério Euribes de Almeida e Lutero Vargas, filho do presidente, em sua preparação.
Com a confirmação do envolvimento da guarda pessoal do presidente no atentado, a oposição intensificou sua campanha exigindo a renúncia de Vargas. A bancada udenista na Câmara, liderada pelo deputado Afonso Arinos de Melo Franco, passou a colocar sistematicamente o assunto em discussão. No dia 18 de agosto ocorreu a prisão de Climério Euribes de Almeida, que confessou ter sido contratado por Gregório Fortunato - chefe da guarda pessoal e homem de confiança de Getúlio - para eliminar Lacerda.
No dia 19, o Clube da Lanterna dirigiu um apelo a Zenóbio da Costa para que as forças armadas promovessem a deposição do presidente.
No dia 22 a exigência da renúncia de Vargas começou a generalizar-se nos meios militares. Em reunião no Clube de Aeronáutica, os brigadeiros lotados no Rio assinaram um manifesto nesse sentido, que foi transmitido a Vargas pelo marechal João Batista Mascarenhas de Morais, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). Diante da gravidade do momento, na noite de 22 Lacerda se transferiu com a família para a base aérea do Galeão. Em 23 de agosto a situação tornou-se crítica com a decisão da alta oficialidade da Marinha de apoiar a exigência da Aeronáutica e com o lançamento do Manifesto dos generais, documento assinado por 30 generais do Exército endossando a decisão dos brigadeiros. Ainda nesse dia, em discurso pronunciado no Senado, Café Filho rompeu publicamente com o presidente.
Isolado politicamente e na iminência de ser deposto, Vargas suicidou-se em 24 de agosto. Ao ser divulgada a notícia, vários jornais antigetulistas foram depredados no Rio e populares tentaram empastelar a redação da Tribuna da Imprensa. Enquanto isso, Lacerda era escoltado por oficiais da Aeronáutica até a casa de um amigo, na ilha do Governador, onde permaneceu por quatro dias.
A grande mobilização popular que se seguiu à morte de Getúlio desarmou a ofensiva contra o governo e tornou inviável a consumação de uma ofensiva militar. Café Filho assumiu de imediato a presidência da República, privilegiando, na composição dos quadros de seu governo, setores políticos e militares identificados com a UDN. Os ministros de Estado, presidentes de autarquias e ocupantes de cargos de confiança ligados ao PTB e ao PSD, foram substituídos por elementos próximos à UDN ou por pessoas sem vínculos partidários.
De: Caia Fittipaldi
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