... 10.12.06
Bolsa Família e a questão do trabalho dos mais pobres
O Globo mostra hoje que é contrário ao Bolsa Família, numa série de matérias que partem da chamada de capa "Bolsa Família tem casos de desestímulo ao trabalho". O texto principal começa assim:
"O alerta foi dado por produtores de café do Espírito Santo semana passada: com medo de perder o benefício do Bolsa Família, trabalhadores estão recusando ofertas de emprego na agricultura. Em vários Estados do Norte e do Nordeste, situações semelhantes estão acontecendo, geralmente com trabalhadores que deixam de procurar bicos ou de aceitar o subemprego e rejeitam até mesmo o trabalho formal, de carteira assinada".
Do meio para o fim, no entanto, esse mesmo texto mostra várias declarações de beneficiários do Bolsa Família que, por causa do programa, hoje evitam trabalhos que poderíamos considerar degradantes ou humilhantes. Leiam este trecho:
"Deusa Maria de Oliveira, de 37 anos, disse que deixou de trabalhar como empregada doméstica depois que começou a receber o Bolsa Escola quando seu filho Francisco Gilson de Oliveira, atualmente com 17 anos, tinha 12 anos, mas ainda fazia bicos para sustentar os dois.
- Eu não trabalho mais em casa de brancos, onde se é humilhada. Eu trabalho na casa dos outros desde que tinha 7 anos, cuidando de crianças, lavando pratos, e, na medida em que iam crescendo, aumentavam as tarefas e quase não ganhava nada. Com esse dinheiro que recebo do Bolsa Família e agora do benefício da Previdência (que o filho recebe por ser deficiente mental), não preciso sair de casa. Moro numa vila violenta e não posso deixar meu filho sozinho porque os 'malas' (marginais) invadem a residência - disse Deusa, que mora na Vila Araguaia, zona sudeste de Teresina".
Vale dizer que o jornal registra, na matéria "Estamos combatendo o trabalho indigno", a opinião da secretária nacional de Renda da Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, Rosani Cunha, responsável pelo Bolsa Família. Ela citou estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que "mostra que 62% das famílias que estão cadastradas no programa têm algum tipo de trabalho. Segundo esse estudo, 15% têm emprego formal, 16% têm um trabalho informal, 19% têm um pequeno empreendimento e 12% têm uma atividade sem remuneração".
Rosani Cunha acredita que os empregos oferecidos sejam pouco atrativos e que o Bolsa Família tem sido eficiente para combater o trabalho indigno em famílias pobres. "No fundo, o que a gente está combatendo é o trabalho precário, o trabalho escravo, o trabalho indigno. O programa reduz esse tipo de trabalho. O trabalho formal, com carteira, as nossas avaliações mostram que continua. As pessoas das famílias do Bolsa Família procuram ocupação. As pesquisas qualitativas mostram que o sonho das pessoas é conseguir emprego", afirmou. Confiram as matérias e tirem as suas próprias conclusões.
enviada por Zé Dirceu
http://blogdodirceu.blig.ig.com.br/
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