quinta-feira, junho 10, 2010

É assim que os tucanos querem o Brasil

Por que Uganda,Gabão e Nigéria votaram contra a paz?

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Ao ver uma foto no site do New York Times (que reproduzo ao lado) da votação de novas sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU, me bateu uma estranheza. A foto mostrava quatro embaixadores no momento do voto. O da Turquia, de mãos abaixadas, contrário as sanções, e os dos Estados Unidos, Reino Unido e Uganda levantando a mão em favor da medida. A posição dos EUA e do Reino Unido era conhecida, mas por que razões Uganda votava favoravelmente às sanções?

Aí me lembrei do estudo do site Global Issues, que comentei aqui no último domingo, sobre o que está por trás da ajuda internacional dos países mais ricos. Um dos casos emblemáticos citado no estudo é o do African Growth and Opportunity Act (Agoa), assinado pelos EUA em 2000, que estabelece como condição para um país desfrutar de seus benefícios evitar qualquer ação que possa conflitar com os “interesses estratégicos” norte-americanos.
Uganda foi um dos países africanos que renovou sua elegibilidade como beneficiário do Agoa, em 2009. Gabão e Nigéria, que integram o Conselho de Segurança da ONU ao lado de Uganda, também estão entre os beneficiários do Agoa. Oito países ficaram de fora. No site do Agoa você pode ver as exigencias para receber ajuda dos EUA.
Por conta dessas condições, países africanos que integram o Conselho de Segurança da ONU estão naturalmente pressionados nas votações, já que se votam contra os EUA perdem o privilégio do comércio bilateral.
O chanceler Celso Amorim, em depoimento às comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, disse hoje que é possível que países que votaram a favor das sanções contra o Irã tenham sido pressionados por países mais ricos. “Há nações que são mais frágeis. Quando devíamos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) também não podíamos dizer tudo que pensávamos”, afirmou.
O jogo político internacional não é inocente e tudo pode ter entrado nas pressões pelas sanções contra o Irã. O mais negativo da decisão de hoje do Conselho de Segurança foi desperdiçar o acordo feito entre Brasil, Turquia e Irã para a troca de urânio levemente enriquecido por combustível nuclear.
Amanhã, quando os nossos grandes jornais estiverem comemorando o retrocesso no caminho da paz mundial, lembremo-nos de Uganda, do Gabão e da Nigéria. E de como, em nome de três povos pobres, sofridos e necessitados, acabaram entregando seus votos ao mundo dos ricos, premidos pela necessidade.

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