terça-feira, junho 29, 2010

Como a direita se enterra & Para Onde Apontam os Números




Como a direita se enterra & Para Onde Apontam os Números -
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Como a direita se enterra
Posted by Eduardo Guimarães  - 27/6/2010
Há uma reflexão que me parece importante para se compreender por que quanto mais o discurso da direita é amplificado pela mídia, mais prejudica o candidato conservador à Presidência da República, José Serra, bem como Marina Silva, sua preposta na disputa, uma candidata de mentirinha elaborada como pretensa forma de retirar votos da única candidata progressista com chance de vitória, Dilma Rousseff.
Essa reflexão me veio ao ler, no blog de Ricardo Noblat, mais um bem construído artigo do presidente do instituto de pesquisas Vox Populi, Marcos Coimbra, que vem acertando na mesma proporção que o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, vem errando.
Vale a leitura do artigo do presidente do Vox Populi, que reproduzo na íntegra, abaixo, como forma de introdução da argumentação que construirei em seguida, em prol do entendimento do por que de os esforços propagandísticos imensos que Serra impõe aos grandes meios de comunicação de massa não estarem surtindo efeito.
Detalhe: logo após o texto em questão, também explicarei o que o blog do Noblat tem que ver com o assunto.
Eis, abaixo, o último artigo de Coimbra, publicado hoje no jornal Correio Brasiliense.
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De: Rede Castorphoto
domingo, 27 de junho de 2010

De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
Saiu uma nova pesquisa nacional do Ibope, que confirma as que foram feitas recentemente pela Vox Populi e a Sensus. Os dois institutos já antecipavam o que agora indica o Ibope, talvez por utilizarem amostras mais sensíveis.
Nessa pesquisa, a vantagem de Dilma sobre Serra, ela com 40% das intenções de voto, ele com 35%, é ainda pequena, perto da margem de erro de 2 pontos percentuais, se raciocinarmos com o pior cenário para a candidata do PT (no qual ela teria 38%) e o melhor para o do PSDB (em que ele ficaria com 37%). Como essa conjugação é pouco provável, o mais certo é afirmar que ela assume a dianteira, mas sem se distanciar do adversário.
Se fosse só isso, caberia apenas dizer que a pesquisa é boa para Dilma. Na verdade, porém, ela é melhor do que parece à primeira vista, o que permite dizer que é muito favorável à petista.
De um lado, ela mostra que Dilma continua a crescer tirando votos de Serra, em um processo análogo ao que a matemática chama “jogo de soma-zero”. Nele, o ganho de um é idêntico ao prejuízo do outro, o que produz um saldo sempre nulo: mais 5 menos 5 igual a zero.
Na política, isso acontece quando só existem dois candidatos de direito (por exemplo, no segundo turno) ou de fato (como está ocorrendo agora, quando perto de 80% dos eleitores fica entre Dilma e Serra). Somente 20% ainda não sabe o que fará ou pensa fazer diferente: votar em outros nomes, anular ou deixar em branco.
Como quase não há alterações nos nulos e brancos, e Marina não se mexe, permanecendo estacionada nas pesquisas de todos os institutos há algum tempo, as únicas mudanças se dão entre as pessoas que saem de Serra e vão para Dilma (ou vice-versa, mas em proporção muito menor). Quanto à pequena indecisão residual no voto estimulado, ela decorre da dificuldade que as campanhas têm de atingir algumas faixas do eleitorado refratárias à comunicação política, formadas por eleitores que podem, em muitos casos, continuar tão indecisos até o final que sequer comparecerão para votar.
Para Dilma, o bom, nesse processo, é que, a cada deslocamento de eleitores de Serra para ela, os números dobram. Por exemplo: se Serra perder outros 3 pontos e ela os receber, a distância entre os dois subirá 6 pontos.
Se, então, estiver em curso (como parece) essa tendência, a perspectiva de vitória da candidata do PT no primeiro turno se torna concreta, mesmo imaginando que Marina não míngue e até cresça um pouco. Quanto aos nanicos, alguns respeitáveis, tudo indica que a possibilidade de crescimento é remota.
A segunda razão da nova pesquisa do Ibope ser tão favorável a Dilma é o período de realização. Seu campo foi iniciado no dia seguinte à veiculação do programa do PSDB em rede nacional e prosseguiu enquanto estavam no ar suas inserções, logo após a propaganda do DEM e do PPS, igualmente dedicadas a Serra. O fato de toda essa mídia não ter conseguido, ao que parece, provocar o aumento de suas intenções de voto era previsível, mas veio como ducha de água fria naqueles que torciam para que melhorassem.
Não havia, no entanto, maiores motivos para imaginar que Serra iria crescer. Como acontecera no final de 2009 em situação semelhante (quando ele coestrelou, com Aécio, a propaganda tucana sem subir), voltamos a ver que seu nível de conhecimento é tão elevado que ele não ganha quando seu tempo de televisão aumenta. Em linguagem publicitária: sua imagem parece ter atingido o ponto de saturação, a partir do qual novos investimentos em propaganda apresentam retorno decrescente ou, quem sabe, negativo (quando há risco de perda de imagem com mais exposição).
Na interpretação amiga de quem deseja que ele vença, houve quem dissesse que foi a Copa do Mundo que o prejudicou, como se o interesse por ela fizesse com que a opinião pública ficasse indiferente à comunicação política enquanto a bola rola. A tese seria admissível se não fosse contrariada por tudo que conhecemos de eleições passadas, como a de 2002, quando Ciro Gomes cresceu mais de 15 pontos em plena Copa, impulsionado pela propaganda partidária que, desta feita, não ajudou Serra.
Com a perspectiva de encerramento da fase de pré-campanha com Dilma em clara dianteira, a eleição pode se encaminhar para uma definição antecipada: talvez comecemos a etapa final, da propaganda na televisão e no rádio, com a eleição resolvida na cabeça da maioria dos eleitores. Para que isso se confirme, falta pouco.
Copiado do Blog do Noblat
Original do Correio Brasiliense
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Não dá para negar razão a Coimbra. Não por enquanto, ao menos. Ele tem acertado tudo. Seu instituto previu a subida de Dilma antes de todos os outros. Previu antes, em seguida, o empate entre ela e Serra. E, finalmente, no mês passado previu a ultrapassagem dele por ela, coisa que nem o instituto Sensus, o segundo mais preciso entre os quatro grandes institutos de pesquisa (grupo que inclui Ibope e Datafolha) do país, conseguiu prever.
Aliás, faço uma digressão do assunto principal para comentar que a próxima pesquisa Vox Populi, que já foi registrada no TSE, reveste-se de enorme importância, pois é bem possível que mostre aceleração da diferença da candidata petista sobre o candidato tucano, coisa que o artigo acima sugere. Afinal, Coimbra, à diferença de Montenegro, vem externando uma crença clara e crescentemente sólida nas condições superiores de Dilma na disputa.
Mas voltemos às questões que levantei: por que o discurso da direita midiática começa a prejudicar Serra e Marina Silva a ponto de elevar tanto a rejeição dos dois e por que digo que esse discurso é o que os está prejudicando mais?
Aí entra o blog do Noblat na parada. Por uma certa perversidade que me assola nesses momentos, não deixo de dar uma lidinha nos blogs da direita midiática toda vez que sai uma pesquisa mostrando que ninguém acredita mais na mídia além daquelas madames dos Jardins e da Barra da Tijuca. Vou aos blogs de Serra para ler o blogueiro e os seus comentaristas estrebucharem.
Nunca pensei que o que faço passasse dessa perversidade que às vezes até me preocupa, mas hoje descobri por que faço isso. Tento ver algum laivo de lucidez nessas pessoas, mas acabo vendo que quanto mais os fatos mostram que a estratégia da direita midiática é burra, mais ela se afunda nessa retórica maluca de fazer acusações tão evidentemente falsas e mal-intencionadas a Dilma, a Lula, ao PT e, sobretudo, ao governo do país.
A reação dos comentaristas do Noblat é absolutamente irracional. Não os cansarei reproduzindo as baboseiras que eles escrevem. Basta dizer, por exemplo, que, mesmo diante do fato incontestável de que o Datafolha e o Ibope erraram feio – e a Polícia Federal ora investiga se propositalmente ou não – e de que o Vox Populi e o Sensus acertaram muito mais, esses comentaristas alucinados continuam afirmando que estes dois institutos falsificaram pesquisas que mostraram o que os outros dois institutos acabariam tendo que mostrar – muito provavelmente, por conta da sigla formada pelas letras P e F.
Nos últimos dois anos, cada acusação escabrosa que a mídia fez a Lula e a Dilma é sucedida por um total desprezo da opinião da maioria esmagadora da sociedade brasileira apurada pelas pesquisas. Mesmo com eventuais tentativas dos institutos Datafolha e Ibope de reverterem essa tendência tão sólida, eles acabam tendo que convergir para ela, cedo ou tarde. E isso porque a direita argumenta com qualquer bobagem, ignora os argumentos do outro lado e as evidências todas, como no caso das pesquisas.
Está em curso um fenomenal aumento da capacidade do povo brasileiro de mensurar a realidade nacional e internacional. Claro que há o bem-estar cada vez mais irrefutável que a economia tem proporcionado a brasileiros de todas as idades, de todas as classes sociais e de todas as regiões do país, mas há, também, uma capacidade de discernimento, aí, pois há um discurso anti Lula e Dilma que a mídia martela de uma forma impressionante e incessante.
Não houve mês, desde 2005, em que alguma acusação a Lula, a Dilma, ao PT e ao governo federal não estivesse sempre no noticiário. São pelo menos cinco anos de ataques ininterruptos, de acusações das mais graves que se possa conceber, que vão desde a vida sexual do presidente da República a crime de seqüestro contra a ex-chefe da Casa Civil dele. E não é que os petistas não tenham perdido popularidade; eles ganharam popularidade…
Porque o discurso de seus acusadores é tão pueril, tão desprovido de lógica, que simplesmente corrobora a impressão que decorre de quando as suas acusações não dão em nada. E, enquanto isso, enquanto a oposição fala em ética, é flagrada em casos escabrosos como o de José Roberto Arruda ou o de Eduardo Azeredo. Ninguém que não seja pago pela oposição ou que não seja vítima de um fundamentalismo político-ideológico doentio é capaz de negar como é gritantemente falso o discurso da direita midiática.
A cada distorção dos fatos, mídia e oposição vão se enterrando mais. Porque não acreditam que este povo tenha evoluído politicamente. Eu mesmo, tampouco acreditava que pudesse acontecer. Talvez por isso tenha cobrado tanto uma reação do PT e do próprio Lula aos ataques partidarizados da imprensa. Mas o fato é que Lula enxergou, muito antes do que eu, que o país está, sim, amadurecendo. Deve ser por isso que ele é presidente e eu, apenas um blogueiro preocupado com a democracia.

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