(Terça-Feira, 3 de Novembro de 2009 às 18:33hs)
Entrevistei Juca Kfouri para tratar de sua nota em relação à agressão que teria sido praticada contra a namorada pelo governador Aécio Neves. O texto já foi encaminhado ao Paulo Henrique Amorim, para ver se ele quer comentar a parte onde é citado. Segue abaixo a conversa:
Quando você recebeu a informação de que essa agressão havia ocorrido?
Recebi no sábado pela manhã um e-mail contando a história e comentando uma nota da Joyce Pascowitch. Vi que o assunto tinha sido tratado pela Barbara Gancia no Twitter e aí fui atrás da informação. Conversei com uma pessoa que foi na festa e que disse que estava a cinco metros do acontecido, tendo visto a moça tomar um tapa e cair no chão. Contou ainda que a viu se levantar e reagir indo pra cima dele.
Você confirmou a história com outras pessoas ou confiou plenamente na sua fonte?
Antes de dar a nota fiz quatro ou cinco ligações pra festeiros cariocas amigos meus e todos me confirmaram a história, apesar de não terem visto a cena.
Você diz em seu blog que A imprensa brasileira não pode repetir com nenhum candidato a candidato a presidência da República a cortina de silêncio que cercou Fernando Collor, embora seus hábitos fossem conhecidos. É possível ser mais claro em relação a essa frase.
É isso mesmo que você está pensando, Renato. Circulam mil histórias em relação ao Aécio, histórias que, aliás, o Mineirão canta em coro [durante a partida Brasil e e Argentina, no ano passado, parte da torcida presente entoou o coro "Ô Maradona, vai se f..., o Aécio cheira mais do que você"]. Acho que a imprensa tem obrigação de investigar isso, como deveria ter feito o mesmo em relação ao caçador de marajás. Isso não pode ser tratado como coisa menor, como algo regional.
Há muito especulação de que a informação poderia ter partido de algum tucano relacionado ao governador Serra, o que você tem a dizer sobre isso?
Não é verdade. Não falei com nenhum tucano a respeito do assunto, conversei apenas com festeiros cariocas, que me confirmaram a história. Esse tipo de especulação é coisa de Fla x Flu. Sou corintiano e denunciei o esquema da MSI.
Quem é a esquerda recente que você cita no seu último texto?
O Paulo Henrique Amorim, por exemplo. Ele foi da juventude lacerdista e se calou na ditadura militar. Agora fica com aquele blog dele criticando todo mundo, mas trabalha na TV do bispo. Ele é todo patronal. A única festa para patrão em casa de jornalista que eu fui foi na de PHA, para os Saad, quando ele trabalhava na Band.
PS: Idelber Avelar me envia um email com um link do blog do Ailton Medeiros que também diz ter recebido informações de amigos a respeito do tapa de Aécio. Tá aqui pro leitor conferir.
http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/Blog/texto_blog.asp?id_artigo=7712
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(Terça-Feira, 3 de Novembro de 2009 às 11:53hs)
O governador José Serra, que tem um assessor sempre atento para lhe borrifar álcool gel nas mãos após sessões de saudações a eleitores, vive dias hamletianos. Não sabe o que fazer com sua iminente derrota se candidato for à sucessão presidencial.
Hamlet é uma das clássicas obras uma obra de Shakespeare. O personagem principal é o príncipe da Dinamarca, que empresta o nome à obra. Num dado momento, segurando uma caveira, se pergunta: “to be or not to be, that´s the question”. A pergunta que Serra deve estar se fazendo é se ele é o príncipe ou a caveira.
Claro que ele não tem dúvida que é príncipe ou algo mais relevante, acontece que os súditos do reino da Dinamarca, conhecido por essas bandas pelo nome vulgar de Brasil, não são todos paulistas. E não são todos da classe média preconceituosa. Se assim fossem, Serra seria rei, não príncipe.
É difícil para o nobre governador escapar da disputa contra a candidata do governo. Até porque há muita gente a lhe cobrar esse gesto de coragem. Mas ao mesmo ele teme em gritar truco sabendo que a adversária tem um zap, aquela carta que não é derrotada nem pelo mais alto brado nem pela pior cara feia – algo que ele tem de sobra.
Lula é o zap da vez. Este blogueiro desconhece na história política recente um governante que não tenha se reelegido ou feito sucessor com 80% de aprovação.
Ao mesmo tempo Serra sabe que se não for candidato se tornará um espectro a governar São Paulo, já que mesmo se Aécio vier a ser derrotado por Dilma, a tendência é que consolide nacionalmente seu nome e passe a ser a opção do PSDB para faturas futuras.
É de lascar o drama hamletiano de Serra. Ele que se acha príncipe, começa a perceber que está se tornando uma caveira política. Até porque se vier a optar pela candidatura a governador, passará a ser tido pelos súditos como um borra-botas, alguém que não tem coragem de enfrentar desafios mais duros. Isso também pode lhe ser fatal.
Se vier a desistir da disputa nacional, a disputa paulista poderá não lhe ser tão fácil. Nem o paulista conversador vai gostar de ter um borra-botas à frente do seu glorioso estado. É também por essas e não só pelas outras, que nosso governador tem se dedicado a questão do príncipe da Dinamarca.
Não deve ser fácil para um tucano ter de decidir algo desta monta. E até por isso ele tem se dedicado a cada a adiar mais um dia e outro dia a decisão. Boa sorte, governador. Aliás, governador príncipe ou governador caveira?
PS: Hoje nosso governador também deve estar se perguntando: será que o Aécio deu um tapa na sua namorada? Ao mesmo tempo Alckmin e Roseana já devem ter ligado para o mineiro, relembrando os casos da Lunus e da Opus Dei.
Quero registrar que não duvido da veracidade da história. Primeiro, porque acho Juca Kfouri um jornalista sério. Segundo, porque já ouvi outras histórias com viés semelhante associando Aécio desvios de cunho comportamentais. Mas ao mesmo tempo acho estranho que isso venha à tona nesta altura do campeonato.
http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/Blog/texto_blog.asp?id_artigo=7694
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