Pilotos do Legacy se borraram antes e depois do acidente - por Luiz Carlos Azenha
(http://viomundo.globo.com/)
Desde o acidente envolvendo um jato Legacy da empresa norte-americana ExcelAire e um Boeing da Gol a mídia golpista decidiu que a culpa era de qualquer um, desde que remotamente relacionado ao governo Lula.
Desde o acidente envolvendo um jato Legacy da empresa norte-americana ExcelAire e um Boeing da Gol a mídia golpista decidiu que a culpa era de qualquer um, desde que remotamente relacionado ao governo Lula.
É tática comum de advogados de defesa: confundir o caso com múltiplas possibilidades para tentar transformar os culpados em vítimas.
A transcrição da conversa entre os pilotos do jatinho e um executivo que viajava a bordo é peça essencial do inquérito.
Demonstra que a Polícia Federal agiu corretamente ao indiciar, como principais responsáveis, os pilotos Joe Lepore e Jan Paladino.
A mídia brasileira gastou muito papel, tinta e tempo à procura de buracos negros no céu da Amazônia, na tentativa de fazer coro com o jornalista Joe Sharkey, do New York Times, que viajava de carona no jatinho e se tornou porta-voz da defesa dos pilotos americanos.
A gravação mostra que os pilotos estavam confusos em relação ao equipamento que utilizavam.
E a gente há de convir que não se pode atribuir a quem estava em terra a responsabilidade por isso.
Você pode argumentar: mas a Embraer, fabricante do jato, poderia tê-los treinado melhor.E eu diria: a Embraer não estava voando o jato.
Os responsáveis eram Joe Lepore e Jan Paladino.
O Legacy, como estamos cansados de saber, voava fora da altitude prevista, ficou 35 minutos sem tentar contato com a torre de Brasília e estava com o transponder desligado.
Os problemas no Legacy, no entanto, parecem ter começado bem antes do acidente.
De acordo com a transcrição, um dos passageiros - presumivelmente executivo da Embraer - combina com os pilotos para ocultar algo do jornalista Joe Sharkey. Diz o passageiro:
"Precisávamos que isso ficasse quieto para que o Joe não escutasse nada a respeito. A última coisa que nós queríamos fazer é introduzir qualquer tipo de preocupação na cabeça dele".
O comandante Joe Lepore responde: "É".
Não fica claro que tipo de problema era.
Mas não pode ser algo simples, caso contrário não seria necessário esconder do jornalista.
Nem a Embraer nem a ExcelAire tinham interesse em estragar futuros negócios, certo?
Depois da batida, também fica claro que os pilotos sabiam que o sistema anticolisão estava desligado e, com isso, o avião não aparecia nos radares - nem do tráfego aéreo, nem do Boeing da Gol:
19:58 (horário de Washington)
Paladino - Cara, você está com o TCAS ligado?
Lepore - Sim, o TCAS está desligado.
Paladino - Tudo bem, só fique de olho no tráfego. Eu farei isso, eu farei isso, eu farei isso. Eu peguei.
Lepore - Por quê, você quer que eu pilote?
Paladino - Não, eu posso pilotar. Vou manter o olho no tráfego. Estamos descendo. Eu quero descer.
20:28
Paladino - E se a gente bateu em alguma coisa? Quero dizer, estávamos na altitude certa.
Paladino - Bem, eles estavam tentando nos dar uma freqüência e eu estava tentando responder. Só peguei três números. Não peguei os últimos dois, então, estava chamando todas as freqüências.
Paladino - Eles provavelmente estavam tentando fazer com que a gente descesse. Mas, provavelmente, a gente não estava no radar. Ou eles fizeram merda ou simplesmente não...
Voz não identificada - Não tivemos liberação para sair da altitude. Então deixei na altitude.
Paladino - Os caras esqueceram da gente. A freqüência anterior esqueceu completamente da gente. Eu tentei pegá-los. Isso não está certo. Eu não falei com ninguém por um longo tempo.
Paladino - Estamos vivos.
Lepore - Mas estou preocupado com o outro avião. Se nós batemos em outro avião? O que mais pode ter sido?
Paladino - A 37 mil pés. Foi uma batida forte no que quer que seja.
20:31
Paladino - Me desculpa mesmo.
Lepore - Nada do que se desculpar, cara.
Paladino - Eu não tive a intenção...
Lepore - Não se preocupe com nada.
Paladino - Eu só queria que você entendesse, você é o capitão.
A CPI da Crise Aérea, que a mídia golpista chama de CPI do Apagão, na qual ela depositou todas as esperanças de desmoralizar o segundo mandato do governo Lula, fez bem de começar a investigação pelo acidente.
Há muito o que esclarecer a partir da conversa gravada dos pilotos e passageiros do Legacy.
Qual foi o problema que o Legacy teve e que foi escondido do jornalista Joe Sharkey?
O que manteve os pilotos distraídos por 35 minutos, sem se preocupar com o tráfego aéreo?
Eles estavam mesmo preparados para fazer o vôo?
Cento e cinqüenta e quatro pessoas morreram no acidente.
É impossível compensar a perda dos familiares.
O mínimo que a CPI pode fazer é jogar luz nas circunstâncias do acidente.
E evitar que a mídia brasileira, em conluio com advogados espertos, empurre a conta das indenizações para o erário público, se ficar comprovado que a responsabilidade do acidente foi dos pilotos da ExcelAire.
Tudo o que a empresa quer, depois de livrar os pilotos da cadeia, é se livrar da conta.
Publicado em 13 de maio de 2007
Aqui um site em que a ExcelAire detona os controladores de vôo brasileiros:http://pilotnewsblog.blogspot.com/2007/04/excelaire-blames-atc-for-mid-air.html
Publicado em 14 de maio de 2007