Xadrez da natureza do governo Bolsonaro, por Luis Nassif
Peça 1 – elite, povo e lumpem
Uma das peças centrais do governo Bolsonaro é o desmonte de qualquer forma de proteção social e de regulação capitalista da economia. Embrulha tudo isso na embalagem do empreendedorismo e da liberdade de atuação das empresas.Mas não se trata nem de um representante da elite, nem do proletariado, nem do empreendedorismo. A divisão é outra: é entre a economia formal e a economia da zona cinza, ou irregular ou criminosa.
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O retorno da fome e a lumpen-burguesia nacional
O Brasil do golpe do pato amarelo e de Temer vai retornando ao mapa mundial da fome.
Um vexame internacional. O próprio golpe, executado em nome do combate às “pedaladas fiscais”, logo a seguir “destipificadas” pelos algozes de Dilma, foi um vexame!
Mas nada é tão ruim que não possa piorar, nossa burguesia é entreguista. E lá se vai o pré-sal, um sinal ao Império para que os ianques saibam: os súditos fiéis retomaram o galinheiro tupiniquim!
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Elites econômicas e decadência sistêmica [1]
O salvamento do México. Após a chegada de Maurício Macri à
presidência em alguns círculos acadêmicos argentinos desencadeou-se a
reflexão acerca do "modelo económico que a direita estava a tentar
impor. Tratou-se não só de bisbilhotar os curricula vitae de ministros,
secretários de Estado e outros altos funcionários como também,
sobretudo, da avalanche de decretos que desde o primeiro dia de governo
foi precipitada sobre o país. Procurar uma coerência estratégica nesse
conjunto era uma tarefa árdua que a cada passo se chocava com
contradições que obrigavam a abandonar hipóteses sem que se pudesse
chegar a um esquema minimamente rigoroso. A maior delas foi
provavelmente a flagrante contradição entre medidas que destroem o
mercado interno para favorecer uma suposta onda exportadora,
evidentemente inviável diante do recuo da economia global. A outra foi a
subida das taxas de juro que comprimem o consumo e os investimentos à
espera de uma ilusória chegada de fundos provenientes de um sistema
financeiro internacional em crise – que a única coisa que pode oferecer é
a montagem de bicicletas especulativas . Alguns optaram por resolver a questão adoptando definições abstractas tão gerais quanto pouco operacionais ("modelo favorável ao grande capital", "restauração neoliberal", etc), outros decidiram continuar o estudo mas cada vez que chegavam a uma conclusão satisfatória surgia um novo fato que deitava-lhes abaixo o edifício intelectual construído e, finalmente, uns poucos, dentre os quais me encontro, chegaram à conclusão de que procurar uma coerência estratégia geral nessas decisões não era uma tarefa fácil nem tão pouco difícil e sim simplesmente impossível. A chegada da direita ao governo não significa a substituição do modelo anterior (desenvolvimentista, neokeynesiano, ou como se queira qualificar) por um novo modelo (elitista) de desenvolvimento e sim, simplesmente, o início de um gigantesco saqueio onde cada bando de salteadores obtém o botim que consegue no menor tempo possível e logo depois de conseguido luta por mais à custa das vítimas mas também, se necessário, dos seus competidores. A anunciada liberdade do mercado não significou a instalação de uma nova ordem e sim a implantação de forças entrópicas. O país burguês não realizou uma reconversão elitista-exportadora, na verdade submergiu-se num gigantesco processo destrutivo.
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