Fim de linha para Gurgel: ele piscou e passou recibo. Algo mortal na política
10 de maio de
2012 às 13:00
O Procurador Geral da República saiu em
sua própria defesa na tarde de ontem.
Foi um péssimo advogado de si mesmo. E o
conteúdo das frases que disse deixam claro duas coisas.
1) Ele não tem como explicar porque
engavetou o processo contra Demóstenes e Cachoeira mesmo com tantas evidências
de que ambos articulavam um grupo que operava crimes contra o Estado.
2) A falta de justificativa para o que
fez o levou a invocar o mantra do mensalão, com o objetivo de criar uma cortina
de fumaça e ganhar a mídia tradicional e o que resta da oposição raivosa para a
sua defesa.
Uma pessoa no cargo que ele ocupa só
assume tão deliberadamente um lado quando sente que o furo no bote é grande e o
número de passageiros é maior do que o de boias. Ou seja, bateu o
desespero.
Não fosse isso, Gurgel explicaria o caso
e se disporia a dar explicações. Além disso, tentaria buscar pontes na base do
governo para apresentar suas justificativas.
Qualquer pessoa com o juízo em dia e que
não estivesse sobre forte pressão por conta de ter sido pega no pulo, faria
isso.
Gurgel, no entanto, piscou e passou
recibo.
Em política isso é mortal.
Gurgel acabou.
Seguem frases publicadas nos jornais de
hoje que não deixam dúvidas:
“O que temos são críticas de pessoas que
estão morrendo de medo do julgamento do mensalão”
“São pessoas que, na verdade,
aparentemente, estão muito pouco preocupadas com as denúncias em si mesmas, com
os fatos, os desvios de recursos e a corrupção, e mais preocupadas com a opção
que o procurador-geral, como titular da ação penal, tomou em 2009, opção essa
altamente bem sucedida. Não fosse essa opção, nós não teríamos a Operação Monte
Carlo, não teríamos todos esses fatos que acabaram vindo à tona. Há um desvio de
foco que eu classificaria como, no mínimo, curioso”
“É compreensível que algumas pessoas
ligadas a mensaleiros tenham essa postura de querer atacar o procurador-geral e,
até como já foi falado, atacar também ministros do STF com aquela afirmação
falsa de que eu estaria investigando quatro ministros do Supremo”
“Eu apenas menciono que há pessoas que
já foram alvo do Ministério Público e que, agora, compreensivelmente, querem
retaliar porque foram atacadas pelo MP e que têm notória relação com pessoas
como réus do mensalão”
“Há, se não réus, protetores de réus
interessados, pessoas com notórias ligações com os réus do mensalão”