Por Rodrigo
Vianna
Suarento e gaguejante, o ministro do
Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes apareceu na tela da Globo na noite de
segunda-feira. Confirmou o encontro com Lula e reafirmou que “houve a conversa
sobre o Mensalão”.
Ok. Mas em que termos? E o que
isso teria a ver com a CPMI do Cachoeira/Veja? Gilmar respondeu no melhor estilo
rocambole, o estilo de quem está todo enrolado: “Depreendi dessa conversa que
ele [Lula] estava inferindo que eu tinha algo a dever nessa conversa da
CPMI”.
“Depreendi”,
“inferindo”. Hum…
De
forma rocambolesca, Gilmar Mendes piscou. Pouco
antes, Lula publicara nota em que manifesta
“indignação” com o teor da reportagem…
PSDB/DEM/PPS e a
velha mídia, numa estranha parceria com o PSOL, tentam transformar o encontro
Lula/Mendes em notícia, para impedir que venham à tona fatos gravíssimos já de
conhecimento de alguns integrantes da CPI
Cachoeira/Veja.
Qualquer ser pensante pode concluir por conta
própria: se Gilmar
sentiu-se “chantageado” ou “pressionado” por um ex-presidente, por que levou um
mês (a reunião entre ele e Lula teria ocorrido em 26 de abril) para revelar esse
fato ao Brasil? E por que o fez pela “Veja”, em vez de informar seus pares no
STF, como seria sua obrigação?
A explicação pode
estar
aqui, nos grampos que o tuiteiro Stanley Burburinho
fez circular pela rede. Nesses grampos, depreende-se que um tal “Gilmar” (e o
próprio agente da PF conclui que o citado parece ser ”Gilmar Mendes”) teria
viajado num jatinho emprestado pelo bicheiro
Cachoeira. Na companhia (ou compania?) de Demóstenes, o
mosqueteiro da ética.
Parafraseando
outro ministro do STF, Celso de Melo: “se” a viagem de Gilmar Mendes no jatinho do
bicheiro se confirmar, estaríamos diante de um caso que não teria outra
consequência possível, se não a renúncia ou o
impeachment. Repito: “se” a viagem se confirmar. É preciso
apurar. Os indícios são gravíssimos.
A
entrevista para “Veja”, seguida do suarento balbuciar no JN da Globo, parece
indicar desespero. Uma espécie de defesa antecipada. Fontes na CPI informam que
haveria mais material comprometedor contra certo ministro do STF, nas escutas a
envolver Cachoeira.
A
entrevista à “Veja”, portanto, teria como explicação aquela velha canção: “foi
por medo de avião… que eu peguei pela primeira vez na sua
mão”.
Mais que um aperto de mãos, Gilmar Mendes e Veja
podem ter dado um abraço de afogados. A Cachoeira é funda e não se sabe quem
conseguirá nadar até a margem…
De: http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/gilmar-mendes-foi-por-medo-de-aviao.html
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28/5/2012 - 21:04 -
Jornal
Correio do Brasil, por Redação
De: Najla Passos e Vinicius
Mansur/Carta Maior - de Brasília
Demóstenes e ‘Gilmar’
viajaram em jatinho de Cachoeira, constata a PF
Agrava-se o ambiente de suspeição quanto às ligações do ministro do Supremo
Tribunal Federal Gilmar Mendes e seu ex-amigo Demóstenes Torres, senador
de Goiás, ex-líder do DEM hoje no centro da Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) que investiga os atos da quadrilha de Carlos Augusto Ramos, o
bicheiro Carlinhos Cachoeira. Escutas telefônicas interceptadas pela Polícia
Federal (PF), com autorização da Justiça, durante a Operação Monte
Carlo, reveladas nesta segunda-feira, questionam se o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, “pegou carona” em um jatinho
fornecido por Cachoeira, no dia 25 de abril de 2011, quando teria retornado da
Alemanha ao Brasil, na companhia do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).
Uma ligação interceptada pela PF no dia 18/4/2011, às 18:08 horas, mostra
Carlinhos Cachoeira informando ao ex-funcionário da Delta e ex-vereador pelo
PSDB, Wladimir Garcez, também preso durante a Operação Monte Carlo, que
Demóstenes estava em Berlim. Em nova ligação, no dia 23/4/2011, às 19:31 horas,
Wladimir pede autorização à Cachoeira para buscar o “Professor” (um dos
codinomes de Demóstenes, segundo a PF), em São Paulo, no jatinho de alguém
chamado Ataíde. Diz que está ele e Gilmar. Na degravação, a PF questiona entre
parênteses (“?Mendes?”).
Mais tarde, às 20:24 horas, Wladimir liga novamente para Cachoeira dizendo
que não conseguiu falar com Ataíde e que mandaria o avião de Rossini. Cachoeira
pegunta qual é o avião de Rossini e Wladimir responde: um jatinho King
Air.
Cachoeira: ‘um pequeno, né?’
Wladimir: é… aí eu peguei falei com ele. Ele falou não, não preocupa que eu
organizo. Porque tá vindo ele e o GILMAR, né? Porque não vai achar vôo,
sabe?
Cachoeira se despede falando que ligaria para Demóstenes em Berlim.
Às 20:38 horas, Cachoeira liga novamente para Wladimir. Tratam de outros
assuntos. Depois, voltam a discutir a “carona”. Wladimir diz que Demóstenes
chegará às seis da manhã do dia 25/4 e que deixará tudo organizado para o piloto
ir buscá-lo.
No dia 25/4, às 12:10 horas, Wladimir diz à Cachoeira que o senador já
chegou.
Gilmar Mendes foi à Europa participar de um congresso internacional em
homenagem ao jurista italiano Antônio D’Atena, promovido pelo Fundação Peter
Häberle e pela Universidade de Granada, da Espanha. O congresso foi aberto no
dia 13/4/2011, mas a participação de Mendes se deu na manhã do dia seguinte, com
a palestra “A integração na América Latina, a partir do exemplo do
Mercosul”.
Não há registro públicos do que Mendes teria feito no restante do tempo em
que permaneceu fora do Brasil. À revista Veja, ele teria dito que se encontrou
com Demóstenes em Berlim, na Alemanha. Ainda segundo a Veja, o ministro teria
uma filha residente em Berlim e, por isso, frequentaria a cidade com
regularidade.
Não há registros públicos de quais atividades Demóstenes teria ido
desenvolver na Europa, mas levantamento feito por Carta Maior demonstra que ele
não participou das votações realizadas no plenário do Senado entre 13 e
25/4/2011.
Em nota oficial, Lula manifesta
indignação
A assessoria de imprensa do Instituto Lula divulgou nota oficial onde o
ex-presidente manifesta indignação com o teor da matéria publicada pela revista
Veja. A nota afirma:
“Sobre a reportagem da revista Veja publicada nesse final de semana, que
apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF, Gilmar Mendes, sobre um
encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril, no
escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim, informamos o
seguinte:
“1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro Nelson
Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro Gilmar Mendes. A
reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da conversa é inverídica.
‘Meu sentimento é de indignação’, disse o ex-presidente, sobre a
reportagem.
“2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas
decisões do Supremo ou da Procuradoria Geral da República em relação a ação
penal do chamado Mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário
ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da
República.
“3. “O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do
chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei
oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou
injunção minha em favor de quem quer que seja”, afirmou Lula.
“4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público
sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum
cargo público”.
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