quinta-feira, agosto 11, 2011

Ninguém precisa da objetividade dos jornalistas


Revolta na Inglaterra: Globo é a pior do mundo, mas BBC também pula no esgoto

Senhor de idade fala poucas e boas e é destratado ao vivo pela apresentadora da BBC

O vídeo abaixo esteve no ar. ao vivo. Nunca aconteceria no Brasil, porque a Rede Globo jamais entrevista gente que seja realmente contra a posição da “mídia” e as convicções pessoais dos jornalistas.

Aliás, fazem todos muito bem, porque ouviriam o que não querem ouvir nem querem que ninguém ouça e vivem para impedir que as pessoas digam e, se alguém disser, para impedir que a opinião pública ouça. Mas o horror do jornalismo-que-há, que só existe para impor opiniões feitas, é muito parecido.

Para os que pensem que só a Rede Globo faz o que faz e que algum outro tipo de jornalismo-empresa seja algum dia possível ou pensável, aí vai bom exemplo de que a Rede Globo é, só, a pior do mundo, mas faz um mesmo e idêntico “jornalismo”, feito por jornalistas autistas, fascistas sinceros, absolutamente convictos de que “sabem mais”, só porque são donos da palavra e nunca ouvem o “outro lado”, sobretudo se o outro lado quiser falar DELES e das empresas para as quais trabalham.

O problema do mundo não é a Rede Globo (ou, pelo menos, não é mais a Rede Globo que a BBC). O problema do mundo é que o jornalismo (que é aparelho ideológico criado e mantido para uniformizar as opiniões e constituir mercados homogêneos, seja para o consumo uniforme de sabão em pó e remédio antipeido, seja para o consumo uniforme de ideias sobre ética e democracia e justiça) é o único dono da palavra social. Se se inventar mídia que não seja única dona, feudatária, da palavra social, acaba-se o jornalismo-que-há.

Quem ainda duvidar, veja (abaixo) e leia a seguir (traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu):


BBC (para a câmera): Vamos falar com Marcus Dowe, escritor e jornalista. (A câmera mostra um senhor, visivelmente perturbado.) Marcus Dowe, qual sua opinião sobre tudo isso? Você está chocado com o que viu lá a noite passada em Londres?



Entrevistado: Não, não estou. Vivo em Londres há 50 anos e há “climas” e momentos diferentes. O que sei, ouvindo meu filho e meu neto, é que algo muito, muito sério estava para acontecer nesse país. Nossos líderes políticos não tinham ideia. A Polícia não tinha ideia. [Só faltou completar: “Os jornais e os jornalistas não tinham ideia”.]

Mas se se olhasse para os jovens negros e para os jovens brancos, com atenção, se os ouvíssemos com atenção, eles estavam nos dizendo. E não ouvimos. Mas o que está acontecendo nesse país com eles...

BBC: Posso interrompê-lo, por favor... O senhor está dizendo que não condena o que houve ontem? Que não está chocado com o que houve em nossa comunidade ontem à noite?



Entrevistado: É claro que não condeno! Por que condenaria? A coisa que mais me preocupa é que havia um jovem chamado Mark Dogan, tinha casa, família, irmãos, irmãs. E a poucos metros de sua casa, um policial rebentou sua cabeça com um tiro.

BBC [interrompendo]: Sim, mas não podemos falar sobre isso. Temos de esperar o julgamento, o tribunal não se manifestou sobre isso... Não sabemos o que aconteceu. O senhor estava falando do seu filho, de jovens...

Entrevistado: Meu neto é um anjo. Me enfureço só de pensar que ele vai crescer e um policial pode colá-lo a uma parede e explodir sua cabeça com um tiro. A Polícia detém e pára e revista os jovens negros sem qualquer razão. Alguma coisa vai muito mal nesse país. Perguntei ao meu filho quantas vezes ele foi parado pela polícia. Ele me disse “Papai, não tenho conta de tantas vezes que aconteceu...”

BBC: Mas... Isso seria justificativa para sair e quebrar tudo, como vimos nos últimos dias em Londres?

Entrevistado: Onde estava você em 1981 em Brixton? Não digo que estão acontecendo “tumultos”. O que está acontecendo é insurreição das massas, do povo. Está acontecendo na Síria, em Liverpool, em Port of Spain... Essa é a natureza do momento histórico que vivemos.

BBC: O senhor não é estranho a essas agitações. O senhor já participou de agitações como essa, como sabemos.

Entrevistado: Nunca participei de agitação alguma. Estive em muitas manifestações que acabaram em conflitos. Seria normal que a Polícia da Índia Ocidental me acusasse de ser agitador. Mas absolutamente não admito que você me acuse de agitador. Quis oferecer um contexto para o que está acontecendo. O que é que vocês queriam? Masmorras?

BBC: Infelizmente, o senhor não conseguiria ser objetivo. Obrigada pela entrevista.

[Corta e o “jornal” passa a falar da suspensão de uma partida de futebol].



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Vejam como é o negócio da tal de ‘mídia’: BBC é ri-dí-cu-la (mas a Globo é MUITO mais)A BBC, que é a BBC, dá-se o trabalho de PEDIR DESCULPAS aos consumidores quando uma apresentadora PIRADA põe-se a dizer asnices de preconceito e informação errada, ao entrevistado. A BBC é estatal e gratuita, quer dizer NINGUÉM paga para assistir à BBC. Mesmo assim, a BBC pede desculpas.

A Rede Globo não é nenhuma BBC nem nunca foi nenhuma Brastemp em matéria de qualidade jornalística e informacional. (Se fosse, não precisaria escrever ‘declaração’ 'declarando' que é o que não é.)

E a Rede Globo nunca pediu desculpas aos consumidores, nas incontáveis vezes em que alguma apresentadora PIRADA ou BURRA ou desinformada, ou algum apresentador FASCISTAou pirado, ou burro ou desinformado põem-se a repetir asnices requentadas de preconceito e informação errada seja a algum entrevistado seja AOS CONSUMIDORES PAGANTES.

Nós somos Sua Santidade O CONSUMIDOR. Atenção: nós PAGAMOS PAGÁVAMOS para assistir à Rede Globo.

Paramos de pagar para assistir à Rede Globo no dia em que a Rede Globo meteu, num mesmo programa sobre “a situação do Brasil na crise global”, além do Mendonça de Barros, da Miriam Leitão, do Alexandre Garcia e do Sardemberg (eca!), também aqueles dois panacas senadores, um dias & outro guerra. Essa é a parte pior da oposição no Brasil: os jornalistas são velhos e desinteressantes e repetitivos. E os senadores, além de muito feios e mentirosos, são sem-votos.

Nenhum consumidor pagante merece ouvir, no mesmo programa, JUNTOS, todos aqueles jornalistas viciados e viciosos e aquela oposição ‘midiática’ ridícula e sem votos. Cadê o outro lado?!

Aliás, se se aplica algum saudável critério jornalístico, vê-se que aquele pessoal lá sequer é “lado”: aquele pessoal todo, lá, é a treeeeeeeeeeeeeeeeeva.

Nós exigimos respeito à nossa grana. Acorda IDEC!

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BBC pede desculpas pela entrevista com Darcus Howe 11/8/2011, The Independent, UKhttp://www.independent.co.uk/news/media/tv-radio/bbc-apologises-over-darcus-howe-interview-2335357.html

Para ler a entrevista transcrita e traduzida, clique
http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/08/jornalismo-objetividade-que-so-se.html
A BBC pediu desculpas por entrevista em vivo transmitida pelo canal de notícias, na qual um veterano jornalista foi acusado de participar de ‘tumultos’. Escritor e jornalista, Darcus Howe foi entrevistado sobre os enventos nas ruas de Londres; a certa altura da entrevista, a apresentadora Fiona Armstrong o acusou de participar de “tumultos”. A empresa pediu desculpas aos telespectadores por qualquer ofensa, depois de a empresa ser soterrada por reclamações do público.
Durante entrevista que foi ao ar ontem, a entrevistadora disse, falando dos estúdios: “O senhor não é estranho a esses tumultos, não é? Já tomou parte em tumultos, pelo que se sabe.”
Howe, entrevistado no dia seguinte dos acontecimentos em Croydon, respondeu “Jamais participei de tumulto algum. Participei de muitas manifestações que acabaram em conflitos. Pare de me acusar de ser agitador. Respeite um velho negro da Índia Ocidental. Você quer que eu diga o que não vou dizer. Sua pergunta é idiota. Exijo que me respeite.”
A BBC declarou que a apresentadora não teve qualquer intenção de desrespeitar Howe e que suas perguntas visavam a contextualizar o que Howe dizia e suas reações aos eventos londrinos. A empresa declarou também que doravante se referirá sempre a “tumultos na Inglaterra”, em vez de “tumultos no Reino Unido”.

“A alteração deve-se ao dever de considerar a sensibilidade dos telespectadores na Escócia, em Gales e na Irlanda do Norte” e para assegurar máximas clareza e precisão geográfica”

Viva a transversalidade das listas e blogs!!!