quinta-feira, dezembro 11, 2008

Lula: mídia realiza “propaganda sistematizada em favor da crise”

“Tem gente torcendo para a gente quebrar”, afirmou o presidente da República em Tocantins

Durante inauguração do trecho Araguaína-Colinas (TO) e do Pátio Multimodal da Ferrovia Norte-Sul, na terça-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a ação da mídia monopolista de semear o pânico sobre os efeitos da crise econômica. “É só vocês lerem, leiam e vejam televisão, escutem rádio, ou seja, é quase uma propaganda sistematizada em favor da crise, é quase uma propaganda”, afirmou.

O presidente advertiu que “tem gente torcendo para a gente quebrar, tem gente que vai se deitar rezando: ‘Tomara que a crise pegue o Brasil para esse Lula se lascar’”.

“Eu acho que a gente tem que falar da crise porque ela é séria, ela é profunda, mas a crise não foi causada por nós. Eu posso dizer, como presidente da República, olhando para vocês: não tem nenhum país do mundo mais preparado do que o Brasil para enfrentar esta crise. Não tem nenhum país do mundo mais preparado do que o Brasil, com mais estabilidade. Nós temos reservas, nós temos mercado interno, e nós temos uma economia crescente”, frisou o presidente.

Lula reprovou a economia baseada na especulação e defendeu o crescimento baseado na produção. “Nunca houve nenhuma razão para o petróleo custar US$ 150 o barril. Era pura especulação no mercado futuro. Diziam que era a China, e era mentira, era especulação. Vocês viram o alimento subir em julho do ano passado, estourou o preço da soja, por quê? Exploração. Porque nada explica que aquelas coisas tenham subido como subiram”, disse. E enfatizou: “Quando alguém quer ganhar dinheiro sem produzir um bem, ou é ladrão ou é especulador, porque o dinheiro de uma nação tem que ser produzido à custa da produção: é produzir um capacete, é produzir um sapato, é produzir um óculos, é produzir uma máquina, é produzir uma caneta, é produzir uma máquina fotográfica”.

Inversamente, expressou Lula, sustentar o crescimento fora da economia real, lastreado apenas em papéis, resulta em bancarrota: “Se for da especulação, acontece o que aconteceu nos Estados Unidos, cria uma bolha, é como se fosse um ovo sem gema: você quebra e não tem nada dentro. Então, quebrou a economia americana, eles já colocaram lá mais de US$ 1 trilhão e 300 bilhões”. Registremos que dos chamados países desenvolvidos (G-7), quatro já se encontram em recessão: EUA, Japão, Alemanha e Itália. E a Inglaterra está bem próxima.

“A minha vinda aqui para inaugurar esta obra, e o que eu vou fazer no ano que vem, visitando nossas obras, é a resposta que eu dou à crise. Eu disse aos governadores: não parem de investir um centavo. Se a gente parar de investir, a crise vem”, sublinhou. “O meu orgulho é este, é saber que esta ferrovia vai transportar soja que vai gerar emprego, vai transportar álcool que vai gerar emprego, vai transformar produtos industriais que serão feitos aqui e que vão gerar empregos. Não tem nada mais importante para um presidente da República, que durante 27 anos trabalhou dentro de uma fábrica, do que saber que em seis anos nós criamos mais de 10,5 milhões de empregos com carteira nacional assinada”, acrescentou.

Lula avaliou que o momento não é para gasto em custeio, mas com investimentos em obras de infra-estrutura, “investimento em coisas que possam gerar empregos”. Segundo o presidente, para viabilizar o investimento é preciso “consertar” o crédito – isto é, os juros - que está muito alto. “Eu sei que tem um problema chamado crédito que nós vamos consertar, porque o crédito está muito alto neste país e o dinheiro desapareceu. Nós vamos consertar isso. Agora, o momento de investir é este, para a gente se preparar”, destacou Lula.

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