Enviado por luisnassif, ter, 03/09/2013 - 08:00
Autor:
Coluna Econômica
Na sexta-feira passada, as Organizações Globo surpreenderam
o país com uma autocrítica de seu apoio à ditadura militar.
Soou artificial.
Um dia antes, manifestantes jogaram merda em sua sede, em
São Paulo. Nas redes sociais, com exceção da revista Veja, não existe
organização capaz de despertar tanto amor e ódio.
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Para entender essa demonstração de fraqueza da Globo, é
preciso analisar o atual estágio da mídia brasileira.
O mercado da Internet está sendo disputado por três grupos:
a mídia convencional, as empresas de telefonia e as grandes redes sociais, como
Google e Facebook.
Antes, mídia vendia publicidade; telefonia vendia pulsos;
redes sociais vendiam sonhos. Agora, as redes sociais vendem publicidade,
ligações telefônicas e filmes sob demanda. Nos EUA, já dominam completamente a
publicidade nacional (dos grandes produtos) e os classificados.
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No ano passado, o Google se tornou-se o segundo faturamento
em publicidade do país, atrás apenas da Globo, e à frente da Abril e demais
grupos de mídia, com R$ 2,5 bilhões. Este ano, deverá crescer R$ 1 bi.
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Tanto grupos da velha mídia como empresas de telefonia têm
razão ao pleitear isonomia com grupos de fora – que não pagam impostos no
Brasil nem contribuições às quais são obrigadas TVs a cabo.
Para estabelecer a isonomia, haveria a necessidade de um
novo ordenamento jurídico. O caminho seria a Lei dos Meios – proposta há anos
pelo então Secretário de Comunicações do governo federal Franklin Martins.
No entanto, demonizou-se a Lei dos Meios, como se fosse um
instrumento para calar a mídia. Agora, necessita-se de uma mudança legal que
defina os novos marcos das comunicações. E a Globo quedou-se só.
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Dias atrás, um interlocutor de João Roberto Marinho – um dos
herdeiros da Globo – ouviu dele manifestação de surpresa com o ódio que a
empresa desperta, o desassossego com a crise dos aliados - seus três maiores
aliados, Folha, Abril e Estadão, perdem fôlego a cada dia que passa -, o
desconforto com a competição das redes sociais.
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De fato, as empresas de telecomunicações contam com o lobby
escancarado do Ministro Paulo Bernardo.
Já a Globo enfrenta o momento mais delicado de sua história
sem dispor do antigo poder de definir as leis a seu talante e estando cada vez
mais isolada.
É por aí que se entendem as mudanças.
Nos últimos tempos, a Globo trocou seu lobista em Brasília –
Evandro Guimarães, competente porém herdeiro dos tempos do “eu sou o senhor do
universo”- por outro, mais político. Nomeou para cargo de direção uma executiva
incumbida de começar a enxugar a estrutura de custos para adaptar-se aos novos
tempos.
Provavelmente seu noticiário começará a se tornar menos
tendencioso e poderá até a voltar a praticar jornalismo de primeira, crítico
porém plural. Ouvintes da CBN, telespectadores do Jornal Nacional e da Globo
News voltarão a saborear comentaristas equilibrados, com bom senso, criticando,
sim, mas sem prever mais o fim do mundo e a invasão do país pelas forças de
Fidel Castro.
Seja qual for a mudança, continuará poderosa. Mas os tempos
de poder absoluto não mais voltarão. Nos próximos anos, terá que fazer algo
impensável para quem se considerava um império: sair do pedestal, legitimar-se
novamente, montar redes de aliados.