sábado, abril 05, 2008

Ministra admite vazamento de informações e diz que isso é crime


Ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, concede entrevista coletiva , nesta sexta-feira, 4, e diz que pediu ao Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) uma auditoria nos computadores
da Casa Civil usados neste governo e também no governo Fernando Henrique Cardoso. Ela também admite vazamento de informações e diz que isso é crime.


A ministra disse que o interesse é apurar quem vazou as informações do banco de dados elaborado pelo governo com gastos de cartões corporativos feitos na gestão do ex-presidente FHC.

"Ele (o informante) cometeu o crime em fazer e vazar. Aí é que está o crime, não porque ali tem alguma coisa estarrecedora. É crime entrar em computador da Casa Civil da Presidência da República, utilizar informações e manipulá-las, como é o caso do que aconteceu".


A ministra Dilma Rousseff, na entrevista no Palácio do Planalto, comentou informações da matéria da Folha de S.Paulo, a qual apurou que o tal dossiê saiu da Casa Civil. Negou o dossiê e disse em alto e bom som que o crime reside no vazamento da informação.

"Quero reiterar que é crime entrar no computador da Presidência da República e utilizar informações
ou até manipulá-las, que é o que aconteceu", disse firme. Ela também negou que tenha organizado
um banco de dados para prejudicar quem quer seja.


Dilma afirmou que elementos apontam que uma das colunas ("observações") reproduzida no jornal - como se fosse parte da planilha - não existe na base de dados do governo, levantando hipóteses de manipulação. "Tem uma parte que saiu do nosso banco. Temos que ver o que foi manipulado e que não é", disse.

"Vou repetir para não ter má interpretação. Suspeitamos tanto que isso seja verdadeiro como falso. E achamos muito estranho haver duas informações: uma que nos foi entregue e uma que está no jornal", aponta a dúvida de detalhe da cópia publicada no jornal Folha de S.Paulo. A ministra criticou a tentativa por parte da oposição e da imprensa de "escandalizar o nada, seja o que se refere à gestão Lula ou FHC".


De acordo com a ministra, parte das informações atribuídas ao suposto dossiê é pública. Por isso, acrescentou, não teria cabimento o governo elaborar um dossiê.
"Vamos intimidar com o público e notório? Isso não contribui, isso compromete padrões democráticos mínimos, porque se coloca problema onde não tem".


Segundo ela, "interessa forjar falsas crises" àqueles incomodados com o bom momento vivido pelo país. "E também com o fato de que todas as crises previstas não ocorreram".


Segundo Rousseff, todos os dados que estão no banco de dados foram auditados. "É possível que, na margem, tenha um pequeno problema. Mas pode procurar de lupa, não vão encontrar", declarou. Desafiou a todos a encontrar algum problema de tamanho grande.


A ministra Dilma afirmou que "há uma tentativa clara de atribuir à Casa Civil a responsabilidade por um suposto dossiê"."A pessoa que está sendo prejudicada por esse processo e a instituição que está sendo prejudicada por esse processo é o governo e a Casa Civil. Especificamente, acho que tem uma direção certa, endereçada a mim".
Na entrevista coletiva, a ministra também disse haver a posibilidade de um computador da Casa Civil ter sido "invadido" para a captura de informações que constam de um banco de dados que vem sendo montado há muito tempo pelo governo federal.
"Achamos que tem uma tentativa de dolo muito clara. Vamos fazer um processo de investigação rigoroso".

A ministrta procurou demonstrar fragilidades que indicam que o documento publicado em reportagem da edição de hoje (4) do jornal FSP não seja verdadeiro."Não fizemos dossiês. Fizemos um banco de dados. Tem uma coluna que não existe no nosso banco de dados, os nossos dados não têm essa ordem. Houve um crime na Casa Civil, a não ser que esse fac-símile tenha sido manipulado".

A ministra reiterou que o documento feito pelo governo não é um dossiê com informações isoladas do governo passado. "Houve [um banco de dados], e foi feito porque é obrigação da Casa Civil fazê-lo, não é por uma questão de vontade pessoal de nenhum de nós", disse. "Integra a nossa competência organizar os dados existentes", afirmou, frisando que há mais de 24 mil dados armazenados. "Não é algo que eu possa ter começado a fazer ontem ou antes de ontem ou que comecei a fazer porque queria prejudicar A, B, C ou D".

De: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/04/04/materia.2008-04-04.8961034142/view
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/04/04/materia.2008-04-04.2009728659/view
e: http://www.quidnovi.com.br/fm_noticia.php?id=1730

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Rescaldo do dossiê - 1

Agora que se conhece a íntegra daquele relatório que batizaram de dossiê, vamos a um rescaldo do que saiu nas últimas semanas na mídia, o "esquentamento", a transformação de dados banais em escândalo.


Atenção, os exemplos abaixo são de comentários precipitados ou sem base que saíram na mídia.


O uiscão e o caviar, do Painel da Folha
No popular 1. Além do fato de as informações aparecerem fora de ordem cronológica e sem agrupamento por ministério, chama a atenção o linguajar usado na montagem da papelada sobre os gastos de FHC, indicativo do caráter político do levantamento.
No popular 2. Em vez do nome completo da ex-primeira dama, grafou-se somente "Dona Ruth". Em uma passagem aparece a palavra "caviar" escrita apenas em letras maiúsculas. Uísque, em dado momento, virou "uiscão".
Fora a irrelevância, não existe nem a palavra "uiscão" nem a palavra "caviar" no relatório divulgado.


A Dilmagate, da Pensata, do Kennedy Alencar
Por mais que o governo negue que tenha feito um dossiê contra adversários, não dá mais para acreditar nisso. É fato que informações secretas sobre o governo FHC foram devidamente documentadas por ordem de pessoa próxima à ministra da Casa Civil. A papelada detalha despesas da ex-primeira-dama Ruth Cardoso e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ora, a semelhança com o caseirogate é evidente. O poderoso Antonio Palocci Filho caiu do Ministério da Fazenda em março de 2006 porque houve o vazamento do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Palocci nega até hoje participação no vazamento,


PS - É óbvio que, à luz do relatório, não estou endossando essas notas. Elas servem apenas para mostrar a precipitação dos colegas, em cima de dados furados.


Comentário
Atenção, cuidado para não fazer com esse funcionário o que foi feito com a Secretária Executiva da Casa Civil: exposição, acusação sem provas. Esperem confirmar antes de endossar a acusação.



enviada por Luis Nassif
http://projetobr.com.br/web/blog/5

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03/04/08 08:01

O dossiê sub-reptício

Do Blog do Noblat (que não briga com a notícia), postado às 16:52, informando claramente que quem repassou o suposto dossiê para a imprensa foi o Senador Álvaro Dias:
Quem divulgou a parte conhecida do dossiê foi o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Ele se recusa a dizer de quem a recebeu.
(...) Em conversa informal com jornalistas, Dias sugere que recebeu o dossiê de um parlamentar que apóia o governo, mas que discorda do uso de informações para chantagear a oposição.
(...) Ao vazar o que recebeu, o objetivo de Dias era, primeiro, desgastar o governo e, segundo, abortar uma eventual divulgação do resto do dossiê. Dias teve êxito.

Folha de São Paulo
Matéria secundária em página interna
Aliados pressionam tucano que admitiu ter visto dossiê
Álvaro Dias diz que recebeu dados sobre gastos de FHC, mas nega ter divulgado papéisSenador citou o artigo 53 da Constituição para ressaltar que tem direito de preservar quem lhe repassou o dossiê produzido na Casa Civil


Estado de São Paulo
Com chamada de primeira página
Governistas acusam tucano de vazar dados sigilosos e querem ouvi-lo na CPI
Estratégia da base aliada e blindar a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e colocar oposição na defensiva


Dora Kramer
No caso do dossiê sobre os gastos de Fernando Henrique Cardoso, o governo apresenta sucessivas versões de uma história já na origem muito mal contada e ainda acha que as pessoas têm obrigação de abrir mão do próprio discernimento, da capacidade de cotejar fatos, e simplesmente acreditar.


Globo
Sem chamada de capa mas com destaque interno
Álvaro Dias não revela quem repassou dossiê
Tucano diz que levantamento circulava pelo Congresso de 'forma clandestina' antes da CPI; governo cobra origem(...) Ao GLOBO, Álvaro Dias disse que o dossiê circulava de forma clandestina no Congresso, antes mesmo da CPI: — Não só eu tive acesso ao dossiê como muitos parlamentares e assessores também tinham conhecimento. Isso era motivo de comentário tanto na situação como na oposição. Esse dossiê circulava pelos corredores do Congresso de maneira clandestina, de forma sub-reptícia, não muito visual. Foi assim que eu tive acesso.


Comentário
Noblat colocou o elefante no meio da sala: Álvaro Dias admite que vazou o documento para a imprensa. Os jornais tentam esconder o elefante debaixo do tapete. Não dá, pessoal, não dá! Entendam que a Internet acabou com os pactos de silêncio.


A íntegra do "dossiê"
Clique aqui, para baixar a íntegra do documento do Blog do Noblat. É uma simples relação de gastos palacianos, todos perfeitamente justificáveis, nada que indique nada mais do que um cadastramento de despesas. É inacreditável como a mídia jogou todos seus esforços e arriscou mais uma vez sua credibilidade, essas semanas todas, para repercutir esse relatório.


enviada por Luis Nassif
http://projetobr.com.br/web/blog/5


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