segunda-feira, abril 21, 2008
Dentro de mim mesma eu nunca falei não pra ele e nunca vou falar na vida. Eu tenho é que me superar, me virar e ir lá fazer.
Entevista de Ricardo Kotscho
com a ministra Dilma Rousseff
Sábado à tarde, salão das autoridades da Base Aérea de Cumbica, em São Paulo. Os olhinhos dela brilharam duas vezes. Quando perguntei se gostaria de ser presidente da República e se ficou animada a se casar de novo, depois de levar Paula, sua filha única, ao altar, na noite de sexta-feira.
Renato Pizzetto Vinda de Porto Alegre para pegar o avião que a levaria à Coréia do Sul, Dilma Rousseff, a toda poderosa ministra-chefe da Casa Civil e “mãe do PAC”, encontrou uma brecha na sua carregada agenda para falar com a reportagem do iG. Só pediu um copo d'água e estava pronta para a entrevista.
De terninho preto, bolsa pendurada no ombro, acompanhada de um onipresente assessor, o Anderson, que trabalha com ela há doze anos, ela desceu do avião e já foi falando, direto ao assunto, como se a gente tivesse se visto ontem.
Em mais de uma hora de conversa, Dilma mostrou-se animadíssima com o bom momento vivido pelo País, com o crescimento econômico e as obras do PAC, sem dar muita bola para a chamada “crise do dossiê”.
Claro que ela ainda não assume oficialmente sua candidatura à presidência da República - é muito cedo para se falar neste assunto, alega -, mas não descartou a hipótese, ao contrário. Sim, ela gostaria de ser, admite - “como qualquer brasileiro ou brasileira”, ressalva.
Foi a primeira vez que seus olhinhos brilharam. Para ela, no entanto, ser eleita a primeira mulher para a Presidência do Brasil talvez seja um sonho mais possível do que o outro, quando seus olhinhos brilhariam pela segunda vez.
Ao encontrá-la empolgada com o sucesso da festa de casamento da filha - “os dois estavam tão felizes...” - arrisquei-me a perguntar se ela não ficou com vontade de se casar de novo (Dilma é descasada duas vezes).
Este seria um sonho um pouco mais difícil de se tornar realidade, por um motivo bem prosaico: está sem namorado, “no desvio”, como se diz em Minas, a terra onde nasceu, fez 61 anos em dezembro. De onde vem esta senhora?
Filha de um engenheiro búlgaro, Petar Roussev, também poeta, que no Brasil adotou o nome de Pedro Rousseff e trabalhou na construção da Manesmann, e da professora carioca Dilma Jane Silva, ela começou sua militância em 1967, na Política Operária (Polop), organização da esquerda radical, levada pelo seu primeiro marido, Cláudio Galeno de Magalhães Linhares.
Renato Pizzetto Foi também do Comando de Libertação Nacional (Colina), participou da criação da VAR-Palmares, com Carlos Lamarca e Carlos Araújo, que viria a ser seu segundo marido, o pai de Paula, e comandou, já como “Estela”, seu nome de guerra, o célebre seqüestro do “cofre do Adhemar”, em 1969. Presa e torturada, romperia com Lamarca e, dez anos depois, após a redemocratização, entrou para o PDT de Leonel Brizola. Só em 1999 filiou-se ao PT.
Ao passear pela história da geração de 68, Dilma chega a ficar emocionada quando lembra de um nosso amigo comum, o Tom Timóteo, meu secretário adjunto quando trabalhamos juntos no Palácio do Planalto com o presidente Lula, nos dois primeiros anos do seu governo. Daquele tempo, entre orgulhos e arrependimentos, um sentimento ficou gravado na memória e no coração: a generosidade. Sente-se feliz pela possibilidade que agora tem de colocar em prática no governo Lula o que sonhou naquela época.
No meio da entrevista, o celular só tocou uma vez. Era Paula querendo saber da mãe o que achou da festa do casamento, antes de embarcar para a lua de mel no Taiti. Foi uma conversa rápida. Deu tempo de falarmos de tudo e ela não deixou pergunta sem resposta: candidatura presidencial, crise do dossiê, como anda o PAC, o bom momento econômico do País, a vida no poder, os embates políticos, as críticas ao seu temperamento, namorado (ou a falta de...) e os objetivos da viagem ao exterior.
Para quem esperava encontrar uma Dilma abalada, depois de enfrentar cercada no meio da arena um mês de tiroteio cerrado da oposição e da imprensa, foi uma surpresa encontrá-la assim, tranqüila, bem humorada, astral lá em cima, de bem com a vida, de peito aberto para o que der e vier. No caso dela, como fica claro na nossa conversa, o que vier é lucro.
Dilma só não será candidata de Lula a presidente em 2010 se não quiser. E ela quer. Até porque, não sabe dizer não ao presidente, confidencia, como aconteceu quando foi convidada a assumir a chefia da Casa Civil em meio à maior crise do governo. Só falta, então, ele pedir? Dilma garante que o presidente Lula ainda não falou com ela sobre esse assunto. Vai ver, só não falou com ela...
Está na hora do embarque. Saímos da sala para fumar um cigarrinho _ o último dela nas próximas 20 e tantas horas, com duas escalas, até chegar a Seul, na Coréia do Sul, onde começa a viagem, que a levará também ao Japão e aos Estados Unidos.
A seguir, a íntegra da entrevista de Dilma Rousseff ao iG.
Renato Pizzetto Ministra Dilma Rousseff durante entrevista na Base Aérea de Cumbica
iG - Vou começar com uma pergunta bem difícil: como vai, ministra?
Dilma - Vou bem. Hoje, muito bem. O casamento da minha filha foi maravilhoso, deu tudo certo, dançamos até tarde, os dois estavam muito felizes...
iG - A senhora é candidata a presidente da República?
Dilma - Kotscho, eu não sou candidata a presidente da República. Acho que hoje esta é uma questão que não está colocada. Temos quase três anos de governo pela frente. Vivemos uma fase de muitas realizações, estamos colhendo os frutos de cinco anos de trabalho. Não devemos agora discutir sucessão presidencial.
Estamos em um processo de prestar contas à sociedade, anunciando o início de novas obras do PAC, ou até inaugurando outras, depois de um ano de investimentos em todas as áreas de infra-estrutura.
Transformamos o País em um canteiro de obras, algo que não se via há muitos anos. Em 2008, quem vai puxar a economia é a construção civil pesada, em todo o território nacional, em parceria com o setor privado. São obras de cunho republicano porque conseguimos articular no processo prefeitos e governadores.
iG - E mais adiante, será candidata?
Dilma - O futuro a Deus pertence... Acho que especular hoje sobre isso não é boa política para quem tem não só o PAC, mas os territórios da Cidadania, grandes projetos em educação e saúde, o Pronaf para cuidar da segurança.
iG - Com a chamada crise do dossiê, alguns analistas logo decretaram que sua candidatura estava natimorta. Outros, como o governador José Serra, baseado em pesquisas do PSDB, disseram que a crise fez sua candidatura crescer porque seu nome ficou mais vinculado ao do presidente Lula. Com qual das duas análises a senhora fica?
Dilma - Eu acredito que a chamada crise do dossiê tem um grande cunho de factóide. Por quê? Que dossiê é esse que não revela nenhum escândalo? Diz respeito apenas a gastos legítimos. Alguns podem dizer que a única pessoa que viu o material do banco de dados que vazou é um senador de oposição. Esse dossiê estranhíssimo prejudicou só a Casa Civil, a mim e ao governo. Eu não vi esta pesquisa do PSDB, mas respeito a análise do governador Serra. Não acho ruim.
Renato Pizzetto iG - Nas últimas semanas, aconteceu tudo ao mesmo tempo: o barulho em torno da sua candidatura à sucessão do presidente Lula, apoiada pelo presidente, e o cerrado tiroteio da oposição e da mídia após as denúncias do chamado “dossiê”. Qual a relação entre os dois fatos? Como a senhora se sente hoje, no centro da arena, depois de um mês de fogo cruzado?
Dilma - Ninguém que vai para o governo vive sem momentos de tensão. O ano passado inteiro, enquanto a gente estava trabalhando de uma forma pesada, sabe assim, Kotscho, de sol a sol, todos os dias eu lia no jornal o seguinte: o PAC é um factóide, um produto de marketing, um malabarismo e terá vida curta. É mais uma demonstração de ineficiência, entre aspas, do governo. Pois bem. O PAC é um esforço gigantesco para colocar o investimento na ordem do dia. Este é o sentido político mais forte do PAC. É dizer: olha, tem de investir, isso é prioridade.
O governo vai fazer disso um elemento fundamental porque nós precisamos desse investimento para acabar com os gargalos do crescimento do País, para garantir que o crescimento se acelere. Hoje, é muito difícil alguém dizer que se trata de um factóide. Então, tem que agüentar, vamos dizer, certas crises entre aspas. O que não é possível é perder a tranqüilidade. Enquanto tudo isso acontece, nós temos que trabalhar.
iG - A senhora parece que tem o casco duro.
Dilma - Olha, a minha geração é uma geração com o couro um pouquinho duro. Eu diria assim... um casquinho duro. Sabe aqueles de tartaruga? Porque eu acho que levamos uma vantagem enorme se olharmos para trás e compararmos com o Brasil de hoje. De qualquer forma, essa crise ou as crises, entre aspas, a que me referi são produtos da democracia. É um direito da oposição de se opor, mesmo que em alguns momentos isso se dê de forma agressiva. Isso é um valor fundamental porque vivemos hoje em um País democrático. Porque nós dizemos: eu sou da geração que viveu a ditadura e todas as suas mazelas. Então, na comparação, nós vemos que saímos com o Brasil ganhando por quilômetros de distância.
iG - Se a senhora pudesse recuar no tempo, o que teria feito de diferente nesse episódio do levantamento de dados sobre despesas do governo Fernando Henrique? Como isso começou e quando a senhor imagina que essa crise vai terminar?
Dilma - Olha, antes de eu chegar à Casa Civil, já tinha uma auditoria do TCU que terminou no meu período. Era a exigência por mais transparência. No mundo de hoje, transparência é informatização. Informatização é banco de dados. Colocar tudo em banco de dados é um trabalho que nós temos que fazer. Há até pedidos de senadores da oposição, como o Arthur Virgílio, que solicitou dados referentes ao período de 1995 a 2002.
iG - De que data é esse pedido?
Dilma - Setembro de 2005. E nós respondemos que quando estivesse pronto o banco de dados entregaríamos as informações a ele. Não há do que se arrepender disso. Nós estávamos fazendo um trabalho burocrático-administrativo. Agora, o que é desagradável, o que é errado, o que não é bom, é vazar estas informações.
iG - Como e quando a senhora imagina que isso vai terminar?
Dilma - Eu não vou especular. Isso está sob investigação. Espero que tudo seja solucionado, revelando toda a verdade, inclusive quem é o agente vazador das informações.
Renato Pizzetto
iG - A senhora deve ter visto o editorial da “Economist”, desta semana, que qualifica o Brasil como “uma nova superpotência econômica, agora com petróleo também. Diz ainda que “comparado com o Brasil de antes, a sensação é de que esta é uma idade de ouro”. A que a senhora atribui esta coincidência de uma nova crise política em meio a boas notícias na economia, pois já tivemos outras situações semelhantes nesse governo, chamadas na imprensa de “tiro no pé”.
Dilma - Eu acho que é uma situação diferente que temos hoje no Brasil, que nunca vivemos antes. Como te disse, desabrocha agora todo o efeito que as políticas públicas do governo tiveram, junto com a iniciativa privada, os trabalhadores. Há hoje no País uma consciência de que o Brasil tem que crescer. Essa situação não é um acaso, como muitos querem fazer crer. Ela é produto de esforço cotidiano do governo federal, dos governos estaduais e municipais. Nós concebemos um modelo de crescimento com distribuição de renda, com inclusão social. Esse é o primeiro momento em muitos anos que se começa a ter mobilidade social. Em um País novo isso é uma conquista inigualável. Isso significa que nós tiramos milhões de pessoas da miséria e transformamos em classes médias outros 20 milhões de pobres pelos dados da pesquisa até 2007.
Em 2008, serão mais tantos milhões. Temos um mercado de massa no Brasil. Significa que nossa maior riqueza, que é nossa população, nossos quase 200 milhões de brasileiros passaram a ser responsáveis pelo crescimento do consumo, com o fato de comprarem casa própria, carros. Mesmo os da Bolsa Família têm acesso a alguns eletrodomésticos. Nós somos aqueles que puxam a economia do Brasil, sem perder de vista as exportações. O que cresce é o mercado interno.
Somos também um dos poucos países emergentes, para não dizer o único, porque eu não tenho certeza, que cresce com distribuição de renda. Os outros crescem concentrando renda. Então, nossos 5% têm uma qualidade diferente dos outros percentuais. Vou te dizer uma coisa: acho que tudo o que querem é que nós atiremos no próprio pé. Mas não estamos atirando no pé. Estamos é conseguindo superar dificuldades e atirando nas grandes mazelas do Brasil. Uma delas era essa: ou cresce ou distribui renda. Nós estamos crescendo e distribuindo. Outra é aquela: ou mercado interno ou mercado externo. Nós estamos crescendo nos dois. E por aí vai.
iG - O fato de ter sido chamada de “mãe do PAC” ajuda ou atrapalha a sua atuação daqui para frente? A senhora deseja continuar viajando com o presidente para anunciar e inaugurar obras. As obras caminham na velocidade desejada pelo governo?
Dilma - Eu acho que ajuda muito. Porque, quando o presidente fala “mãe do PAC”, ele destaca uma coisa que é uma característica ótima do PAC. É bom para o País saber quem é responsável pela gestão e que as coisas não caem do céu. Falar mãe significa o trabalho de criar um filho, de cuidar dele, principalmente quando ele tem um problema.
A capacidade do presidente de criar imagens é um instrumento utilíssimo porque são imagens de fácil compreensão. Ele fala: olha, se a obra não estiver andando, geralmente mostra a pessoa, o coordenador local, e ela depois fala comigo. E todo mundo fica de olho e avisa para a mãe do PAC. Esse é um elemento muito importante de gestão.
iG - As obras estão na velocidade que a senhora esperava?
Dilma - Nós nunca estamos contentes. Queremos sempre acelerar mais. Por um motivo simples: o País parou de crescer durante 20, 30, 40 anos. Nós ainda estamos correndo atrás da marca. Começamos a fazer as obras que ficaram acumuladas nesses 40 anos, combinando com obras que são necessárias para o futuro. Tudo isso faz de nós pessoas exigentíssimas no prazo. Temos uma idéia de prazo, rapidez, vamos resolver, resultado.
Renato Pizzetto iG - Ao ser convidada para assumir o Ministério da Energia, no primeiro governo Lula, a senhora poderia imaginar que seria a candidata preferida dele para disputar a sucessão?
Dilma - Pergunta capciosa... Eu não podia imaginar nem que seria ministra-chefe da Casa Civil. Vou parar por aqui. Quando fui ser ministra de Minas e Energia, eu me julguei uma pessoa realizada que ganhou uma grande oportunidade. Fiquei assim... embasbacada. É uma área de que eu gosto muito e ainda mais por ele ter dito para mim que eu era uma das escolhas pessoais dele. Foi uma coisa pra mim muito forte, emocionalmente forte. Aquilo já era o máximo para mim. Quando fui chamada para a Casa Civil, no meio da crise, achei que não podia dizer não ao presidente em hipótese alguma. Dentro de mim mesma eu nunca falei não pra ele e nunca vou falar na vida. Eu tenho é que me superar, me virar e ir lá fazer.
iG - E se da próxima vez ele falar: “Dilma você vai ser minha candidata à Presidência”?
Dilma - Ele nunca me falou isso.
iG - Nem insinuou?
Dilma - Não.
iG - Certa vez, durante uma viagem ao exterior em 2004, o presidente Lula me fez uma pergunta que vou te repetir agora: Você gostaria de ser presidente da República?
Dilma - Sim, todos gostariam. Todos os brasileiros e brasileiras gostariam. Agora isso é, como vou dizer?... Outro dia vi um menino pequenininho no colo da mãe e ela pediu ao presidente para tirar uma foto. “Tira uma foto com meu menino porque ele também quer ser presidente da República”. O presidente pegou e abraçou a mãe e o menino.
iG - Em algum momento desta crise a senhora pensou em sair de cena e se recolher à administração do PAC na Casa Civil. Ou, ao contrário, teve mais vontade de partir para a disputa política?
Dilma - A Casa Civil, necessariamente, é um órgão que faz a coordenação de governo. Esta é minha função e não posso me descuidar dela. A disputa política é intrínseca à situação de cada momento. Quando diziam, olha, o PAC é um factóide, um malabarismo, uma pirotecnia, a gente tinha que disputar para dizer que não era isso. A Casa Civil tem a função de defesa do governo nas questões fundamentais que são os programas de governo. Principalmente, quando são programas que qualquer pessoa que tem compromisso com o País tem orgulho de participar. Eu nunca pensei em me recolher a nada e estou fazendo o que deve ser feito.
iG - Como a senhora recebe as críticas cada vez mais constantes da imprensa, em especial das tuas amigas colunistas, que a acusam de ser autoritária com subordinados e até com outros ministros, sem jogo de cintura para a política, intransigente. Como é a verdadeira Dilma Rousseff, segundo ela mesma?
Dilma - É difícil eu responder a isso. É muito difícil para uma mulher assumir funções de coordenação, controle e fiscalização de projetos, obras e ações, sem um preconceito em relação às características mais tradicionais da mulher. O que acho muito estranho é ser apontada como única pessoa dura, autoritária, em um mundo de homens meigos e que ninguém seja taxado de intolerante, a não ser eu.
Algumas coisas são intrínsecas da função, alguém tem que cumprir prazos, cobrar prazos. Nada do que eu exijo dos outros não é também exigido de mim. Não se tem notícia de que eu tenha deixado de ajudar qualquer ministro. Acho que trabalho igual a todo mundo.
Lá no Sul se diz que todo mundo é “chinelão”, no sentido de comum, banal, igual. Ninguém é o bom, o máximo que pensa que é. A arte da vida é saber disso, saber que você não pode tudo, ter muita auto-ironia para se enxergar, divertir-se com os próprios erros. Se achar que nunca vai errar, está roubado.
iG - Nós dois somos da geração 68, que chegou ao poder. Tudo valeu a pena? Do que mais tem orgulho e do que se arrepende nesta longa trajetória?
Dilma - Eu tenho mais orgulho sabe do quê? Tudo tem que valer a pena. Você não pode dizer hoje isso aqui não pode, aquilo não pode. Você não escolhe. Você vive um todo e arca com as conseqüências. Eu acho que tudo valeu a pena. Não posso olhar com o olhar de hoje. Não tinha na época a vivência e a experiência que tenho hoje. Acho que tem uma característica nossa, que vivemos 1968, que é exemplar: é a generosidade. Em tudo o que nós fizemos. Ninguém pode dizer que nós fizemos por razões subalternas. A gente realmente acreditava que tinha que fazer um mundo melhor. Essa ponte nós estamos fazendo aqui no governo Lula. Tem essa ponte direta porque a gente queria isso.
Uma vez li um texto do Jung que falava dos rituais de uma população indígena. Eles acreditavam que o sol nascia e o sol se punha por causa dos rituais. Isso constituía a centralidade do homem. Por que estamos no mundo, afinal de contas? Por que você está aqui? A nossa geração teve isso muito forte.
Renato Pizzetto iG - Qual o sentimento da mãe Dilma no dia seguinte ao casamento de sua única filha? Deu vontade de casar de novo?
Dilma - Até que deu, olha, foi muito bonito. Fiquei lá olhando para ela e pesando: tomara que ela tenha vontade de superar todas as mazelas da vida porque não é fácil. Viver a dois tem que ter muita misericórdia um pelo outro. E tomara que ela continue gostando dele tão forte como gosta hoje. Me deu um sentimento de nostalgia, assim meio de melancolia. Eles te um olhar de descobrir o mundo, um olhar diferente de nós. Mas a gente tem outras vantagens, não pode jogar pedra no passado.
iG - Qual o principal objetivo desta viagem de 11 dias ao exterior?
Dilma - O objetivo imediato é o trem de alta velocidade. Vamos discutir com coreanos e japoneses a ligação ferroviária São Paulo-Rio. O segundo objetivo é a dragagem de portos. Vamos fazer licitação internacional para sete grandes blocos e os coreanos e japoneses têm as maiores empresas de dragagem do mundo. E tem o lado de representação do governo na comemoração dos 100 anos de imigração japonesa para o Brasil.
http://ultimosegundo.ig.com.br/ricardo_kotscho/2008/04/20/exclusivo_
dilma_candidata_ela_nao_assume_mas_seus_olhinhos_brilham_1278929.html
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