sábado, setembro 23, 2006

A imprensa tucana em transe

A IMPRENSA É UM PARTIDO POLÍTICO?

Não é de agora que a imprensa brasileira apresenta-se como um partido político. Esta constatação já foi percebida por estudantes de comunicação e parte da sociedade mais vigilante e crítica.

E como que a imprensa - e de modo mais amplo a mídia - transformou-se num partido? A resposta é simples: através da manipulação das informações sobre a realidade dos fatos. É preciso primeiro saber como se dá a manipulação da informação, transformando-a em consenso, em opiniões no lugar de fatos.

Para sedimentar a constatação de que a mídia atua como um partido político é observar como "jornalistas" e "linhas editoriais" de jornais e revistas agem. Idem os telejornais que também manipulam a verdade, transformando-as em "realidades virtuais" para conduzir esse ou aquele segmento da população.

São muitos os artifícios empregados para enganar, mentir, conduzir, distorcer a verdade e fazer seus leitores/telespectadores obedecerem como carneirinhos. O primeiro artifício, para conduzir a uma determinada idéia o leitor/telespectador, é o silêncio sobre fatos jornalísticos da realidade.
Esquecem deliberadamente fatos que ajudariam a compreender melhor a notícia. Preferem colocar fatos que nada ajudam a informação, melhor dizendo, como o fato é transformado para uma "realidade virtual", o distinto público se vê aceitando a notícia como um fragmento da verdade.

O próximo artifício que se observa é a inversão da realidade, conduzindo a aspectos secundários o que é importante e à relevância o que é pouco ou nada importante. Como é feito isso? É relativamente simples. Como o leitor/telespectador nem sempre analisa objetivamente o que está escrito na notícia (ou no som e imagem da TV), a mídia (muito competente por sinal) inventa frases, faz jogo de palavras, edita entrevistas (camuflando o que é importante), busca imagem comprometedora ou imagem que atinja a finalidade esperada pelo veiculo de comunicação, etc. O que se depreende disso é que não é o fato/realidade que interessa e sim a "opinião" colocada, induzida, forçada na cabeça do povo. Claro que essa "opinião" é, geralmente, formada ou forjada por quem nada entende daquele determinado assunto (embora possa,
também, ser colocada por quem entende mas será usada para atingir determinados fins).

Deve-se também observar outros artifícios gerados pelos meios de comunicação que levam a manipulação do pobre (e)leitor/telespectador desavisado que tende a pensar de maneira emocional e não racional. É o aspecto espetaculoso e sensacionalista da informação. Veja um exemplo: um determinado político - poderia ser um cidadão ou entidade qualquer - contrário à orientação da mídia, aparece no noticiário com indícios de que cometeu um crime. A informação é colocada como indício de que ele é culpado. Nenhuma prova é apresentada! Em seguida a sociedade é chamada a dar uma opinião.

Evidencia-se nessa opinião somente os aspectos negativos. Nenhum item que possa ser nalisado que conduza à verdade. Ao mesmo tempo são chamados os oposicionistas que conduzem - sem qualquer objetividade - o (e)leitor a ver com olhos da oposição (que é a visão do órgão de mídia) que o político (ou cidadão/entidade) é efetivamente culpado do possível delito. São só mpressões que tendem a atingir os menos críticos, não alertas para esse artifício.

Neste último artifício, as "opiniões" são formuladas por políticos escolhidos pela mídia e de grande capacidade de comunicação. O objetivo final é incriminar/culpar o político que se deseja tirando-o do caminho para se atingir determinados objetivos. Além disso, o político simpático à causa do órgão de comunicação é alçado a posição de "autoridade". Então, chega-se a conclusão que ocorreu uma transformação da realidade e o (e)leitor não percebeu que a possibilidade do delito (ainda não provado) passa a ser encarado como verdade. Ainda mais, o conhecimento que se tem da pessoa que se quer culpada , tornou-se um fato subjetivo ao invés de se procurar a verdade objetivamente.

Claro que existem outras considerações que aqui poderiam enriquecer este texto. Todavia, o que se quer mostrar é que efetivamente a grande imprensa brasileira - de propriedade de grandes famílias - tornou-se um partido político que, manipulando a informação, tem um significado e um propósito.

Como a atividade da mídia é empresarial, ela tende a deslocar para seus anunciantes seus objetivos manipulando a notícia de maneira a levar o consumidor a ver esses anunciantes como entes dignos de aceitação (alguém já viu a mídia criticar os grandes bancos, a Ambev, a Telesp, a Coca-Cola, e outros grandes anunciantes?) e portanto consumir seus produtos, muitas vezes, automaticamente. Mas não é somente esse caminho (a prática do consumismo irrefreável). A outra explicação para a mídia atuar como partido político é que ela se transforma em um órgão de poder e, para exerce-lo, ela não aceitará jamais que um governo seja independente dela.

Qualquer governo que ouse ter uma visão independente - administrando o pais para atender as
necessidades básicas do povo em termos de saúde, educação, alimentação, dignidade, soberania e liberdade - será automaticamente atacado até se tornar dependente, ou o poder voltar aos governantes dóceis de antanho. Além disso, o poder dos grandes órgãos de comunicação existirá para atendimento de seus próprios interesses capitalistas.

At last but not least, a mídia transforma e aprisiona a mente do (e)leitor/telespectador menos desavisado recriando a realidade à sua maneira e de acordo com seus interesses políticos partidários e empresariais. É o que faz os jornalões e as revistas semanais com raríssimas exceções.

Devemos nos perguntar se é esse o tipo de jornalismo e mídia que queremos (que se transformou num partido político conservador sem obedecer as regras do TSE), ou através da conscientização e progresso intelectual/social da sociedade e exigir, como ocorre em muitos paises, um controle mais eficaz dessa mídia.

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