quarta-feira, maio 02, 2018

Babylon Berlin suscita duas questões: como de uma sociedade tão cosmopolita, sofisticada cultural e tecnologicamente surgiu tanta decadência espiritual e econômica ao lado do nazi-fascismo, misticismo e religião?



A série mais cara de televisão alemã, a produção Netflix “Babylon Berlin” (2017-) cria para o espectador uma estranha sensação de atualidade. É ambientada na Berlin do final de década de 1920, coração da modernidade urbana do cinema e dos clubes de jazz. Mas também da hiperinflação, pobreza, racismo, drogas, filmes pornográficos e a ascensão de grupos proto-nazistas. Subprodutos do envenenamento psíquico da República de Weimar na qual comunista e bolcheviques são o pretexto para destruir uma jovem democracia. Um jovem inspetor de polícia dá uma batida e descobre um estúdio de cinema onde eram produzidas versões de contos bíblicos, com muito sexo e pedofilia. Mas o fio da meada que o policial puxará o levará a um obscuro submundo no qual se esconde todo o mal psíquico que fará um país cair nos braços do totalitarismo.

Assistir à série Netflix Babylon Berlin (ainda sem data prevista para estreia na Netflix brasileira) nos traz uma estranha sensação. Muitos comparam a série atual com a clássica de Rainer Fassbinder, Berlin Alexanderplatz, de 1980. Mas se a série de Fassbinder impressionava pela reconstituição histórica da Berlin da década de 1920 (através da visceralidade do diretor), Babylon Berlin impressiona pela atemporalidade – ou melhor, na estranha sensação de atualidade.