A HORA DO PT: UM ANO NOVO DIGNO DESSE
NOME
Os fatos caminham à frente das
idéias. Mas é preciso ajudá-los com a materialidade destas para que a história
possa girar a sua roda e sancionar os novos sujeitos que por sua vez vão
protagonizar os fatos fundadores do período seguinte. Assim sucessivamente. O
nascimento de um partido -- um verdadeiro partido -- representa de certa forma
a fusão desses diferentes momentos. É ao mesmo tempo um fato, uma ideia e um
sujeito. Mas até quando? A pergunta reverbera o divisor vivido hoje pelo PT.
Em que medida o partido ainda reúne energias para ser o portador do tríplice
mandato da história? Não se trata de questão particular aos petistas. Ela fala
à democracia e ao destino do desenvolvimento brasileiro na próxima década. As
dificuldades são imensas. O assalto às lideranças petistas na AP 470 é um sinal
da ofensiva de vida ou morte do conservadorismo. Mas os trunfos não são menores.
O novo é Márcio Pochmann na direção da Fundação Perseu Abramo, para fazer desse
tink thank petista,finalmente,um centro estratégico de reflexão de esquerda. O
novo é a caravana da cidadania de Lula, a partir de fevereiro próximo.O novo é
a mídia alternativa. O novo é Fernando Haddad em SP.O novo é fazer da maior
metrópole brasileira um laboratório de renovação de políticas e práticas
públicas, de abrangência e ousadia equivalentes ao tamanho do anseio
progressista brasileiro.
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quarta-feira, setembro 19, 2012
Em 1984, durante a campanha das Diretas já, estava no
Ginásio do SESC em Belém e diante da empolgação de alguns setores estudantis,
que falavam em colocar um milhão de pessoas nas ruas, ouvi da boca de Tancredo
Neves: calma gente, o povo só vai com a gente até um determinado
ponto.
Depois da Ditadura Civil/Militar, quando a elite brasileira
teve que colocar o serviço sujo nas mãos dos militares, era preciso voltar ao
antigo esquema, refazer o pacto por cima.
Toda aquela conversa mole de Diretas Já, volta da
democracia, já estava bem costurada e com os seus limites bem demarcados.
A festa não era para nós. Não era para o PT, a CUT, o MST e
outros penetras. Definitivamente, não era para LULA ser presidente, para o PT
ser governo.
Tudo o que estamos vivendo hoje, é a indigestão para as
elites desse prato que desandou. A raiva que eles têm do PT, do LULA, do Zé
Dirceu, do MST, da CUT, dos sindicatos... É a raiva da derrota, é a vontade de
vingança.
O que todos nós precisamos compreender é que nada está
ganho, nada está resolvido. A Guerra nunca acabou. Vencemos muitas batalhas,
batalhas importantes, mas a Guerra continua. O mundo do dinheiro, da grana
fácil, está cercado no mundo inteiro. Milhões de pessoas em todos os países
começam a entender que a miséria não é um dado da natureza.
Não é um dado que determina quem vai ficar no lado dos 1%
que têm tudo e quem vai ficar do lado dos 99% que vivem na precariedade cada
dia mais humilhante.
O PT, a CUT, o MST, têm sido bons navios de guerra, mas as
seguidas batalhas que vencemos colocaram o Brasil e o seu povo num outro
patamar histórico. É esse o dilema que vivemos, será que nossa armada está
atualizada para as novas batalhas?
O poder econômico e material das elites é infinitamente
maior que o nosso, felizmente somos muitos e temos alguns grandes companheiros
do nosso lado. Temos também a criatividade e a inteligência que sempre fazem a
diferença nas lutas dos pobres. LULA é o melhor exemplo.
Mas agora o avanço está exigindo novos tipos de armamento,
novas estratégias, alianças mais dinâmicas e firmes. As moléculas precisam de
mais calor entre elas, mais agitação e entrosamento. O caldo tem que ferver,
mas não pode entornar pra cima da gente.
O nosso governo, o PT, a CUT, o MST, Sindicatos, movimentos
sociais, redes sociais, militantes, listeiros, blogueiros... Precisam
compreender a necessidade de novas e mais firmes alianças, precisam articular e
conversar mais. A Luta é de todos.
Que nenhum desses agentes imagine ou se iluda que pode
ganhar essa guerra fazendo tréguas ou concessões para as elites. Nós só temos
uma alternativa: é continuar avançando.
A responsabilidade do PT e do nosso governo é enorme nesse
processo. A máquina eleitoral do PT é importante e necessária, mas o partido
não pode achar que isso é tudo. O PT não pode esquecer de onde veio, o PT e o
governo não podem continuar fingindo que a questão da comunicação é um problema
jornalístico e/ou dos jornalistas.
Todos os nossos navios precisam ter uma fala clara e
orgânica para o povo. Precisamos urgente de um aparato de comunicação que
comunique nos dois sentidos e seja capilar. Precisamos de rádios, jornais de
bairros, jornais de ônibus, TV pública e de bairros, internet com banda larga e
barata, escolas e pontos de cultura interligados, jornais nas feiras, uma
grande agencia de noticias de esquerda produzindo a nossa agenda e o nosso
conteúdo.
Mão na massa gente, o resto é chororô.
Adauto Melo