quinta-feira, novembro 02, 2006

Sader


O pior é a Justiça

Dos três poderes da República, creio que o pior é a Justiça. A condenação do professor Emir Sader é a enésima demonstração do comportamento parcial e faccioso de juizes brasileiros, e do evidente conluio entre magistrados e oligarcas de vários calibres, bem como empresas midiáticas. Não se trata exatamente de uma conspirata, e sim, de consequência de sentimentos de solidariedade estabelecidos nestes escalões, nutridos, do lado da magistratura, por uma mistura de reverência e medo. A pantomima montada em torna do depoimento dos três repórteres da revista Veja, que afirmam terem sido destratados por um delegado, é algo típico deste nosso país infeliz por obra e graça de uma elite medieval. Impecável a nota divulgada pela procuradora da República, Elisabeth Mitiko Kobayashi, que acompanhou o depoimento dos três jornalistas, convocados como testemunhas em inquérito para apurar eventual conduta indevida de policiais da PF paulista, e não para investigação interna da Polícia Federal, como pretende Veja. E a procuradora esclarece "não ter havido qualquer ato de intimidação", o que teria "provocado imediata reação de minha parte". Delicioso, como se dá com frequência, o principal editorial da Folha de hoje, a tomar as dores, entre outras coisas, dos repórteres da Veja. Leitura edificante.

A nota acima é do Blog do Mino Carta, de ontem (Repórteres intimidados?).

Aproveito a olada para me solidarizar com o professor Emir Sader, vítima da violência de fâmulos e leguleios da elite mais ignorante do mundo, a elite branca do Brasil. Essa gente espuma de raiva com a vitória de Lula. Em quatro anos é a segunda bofetada cívica que levam. O caso de Sader ( foto) é emblemático, pegaram-no como bode expiatório dos ressentimentos que nutrem pelo desaforo de terem que se sujeitar à vontade soberana de milhões de ex-famintos, negróides, legiões ignaras, usuários de transporte coletivo, perdedores congênitos, senzala maldita e demais "elogios" que fazem aos "de baixo" em seus saraus e convescotes refinados. Visitem o blog de um tal de Reinaldo Azevedo, redator da Veja, e confiram se a linguagem não é mesmo de sarjeta.

Escrito por Cristóvão Feil às 08h57

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