fevereiro 24, 2015 21:31
http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/plenos-poderes/lula-poe-o-bloco-na-rua-quero-paz-e-democracia-mas-se-eles-nao-querem-nos-sabemos-brigar-tambem/
O debate é o mesmo, desde Vargas: falam de ética, para
entregar o Brasil aos gringos
Reproduzo acima o segundo parágrafo da Carta Testamento de
Vargas. E aí está: a Petrobrás citada de forma direta pelo presidente que foi
levado ao suicídio em agosto de 1954.
A luta pelo Petróleo estava no centro do debate político dos
anos 50. E segue central agora.
Os Marinho e os udenistas (que eram os tucanos dos anos 50)
queriam a derrota de Vargas e do projeto de um Brasil independente. Diziam que
Vargas e o trabalhismo eram um “mar de lama”. Eles eram limpos? Sabemos… São os
mesmos: agripinos, mervais, civitas, aécios e seus aeroportos, família marinho
e seus golpes.
Neste dia 24 de fevereiro de 2015, em que se lançou no Rio a
campanha pela salvação da Petrobrás (com um belíssimo ato na ABI, precedido na
rua por pancadaria de fascistas que tentaram impedir a manifestação), neste
mesmo dia, o jornal da família Marinho publicou editorial em que afirma que
defender a maior empresa brasileira é “voltar aos anos 50”.
Exatamente!
A Globo não quer que se lembre dos anos 50.
Relembremos, pois.
Povão homenageou a Globo em 1954
Vargas foi levado ao suicídio por sacripantas (alô, Miguel
do Rosário, essa é pra você, que enfrenta – de cabeça erguida – a Globo e seus
capatazes). No dia seguinte, 25 de agosto de 1954, caminhões de O Globo foram
queimados. O jornal foi invadido.
A Globo teve que esperar 10 anos para dar o golpe, em 64.
Por isso, a família Marinho não quer que o debate volte aos
anos 50. Porque a brincadeira termina mal para a turma deles.
A família Marinho (aliada aos tucanos, e entregue a
articulações com representantes dos EUA) quer a Petrobras destruída.
Mas para isso, os sacripantas terão que enfrentar o outro
lado – que começou a se mobilizar no Rio, neste dia 24 de fevereiro. Não vão
dar o passeio que estão imaginando.
Por isso, o ato na ABI foi tão importante.
Ao microfone, Pinguelli Rosa, professor da UFRJ,
lembrou: “punam-se os culpados, mas deixem a Petrobras em paz”.
Luis Nassif, blogueiro e jornalista, lembrou que o ato
lembrava as grandes manifestações do “Petroleo é Nosso”.
Eric Nepomuceno, também jornalista, disse que alguém havia
perguntado a ele “se não haveria por trás dessa campanha contra a Petrobras
algo estranho”. E Nepomuceno disse: “não há nada por trás, é uma
campanha escancarada mesmo”.
As cartas estão na mesa.
João Pedro Stedile, do MST, lembrou que o senador Aloysio
Nunes (PSDB-SP) já apresentou projeto no Congresso para entregar o Pré-Sal às
petroleiras internacionais. “Ganhamos nas urnas, mas perdemos no
Congresso e na mídia; só tem uma forma de derrotá-los de novo – ir pra rua”,
arrematou Stedile.
FHC queria transformar a Petrobrás em Petrobrax, para
privatizá-la, lembrou o presidente da CUT, Wagner Freitas, que afirmou
também: “a mídia golpista hoje age da mesma forma que na época de
Lacerda contra Vargas”.
Durante o ato, os sindicalistas convocaram o povo para as
ruas no dia 13 de março – em defesa da Petrobras. Será dois dias antes da
manifestação golpista de 15 de março.
Lula participou da manifestação no Rio – sinalizando que vai
comandar o movimento de botar o bloco popular na rua.
Não há outra saída. Não se trata de defender Dilma do
impeachment. É hora de defender o projeto de Nação iniciado por Vargas,
retomado por Jango e Lula.
Lula percebeu o tamanho do desafio, e lembrou no discurso a
história de Vargas: “pra saber o que está acontecendo agora no Brasil, é
preciso entender o que aconteceu com JK, com Getúlio, com Jango e o que
tentaram fazer comigo na presidência.”
Lula lembrou: “eles esta fazendo agora o que sempre
fizeram a vida toda; a ideia básica é criminalizar, pela imprensa, porque aí já
começa o processo pela sentença”.
“Toda vez que na historia da humanidade se tentou
criminalizar a política, o resultado foi sempre pior. Veja a Operação mãos
Limpas na Itália! O resultado foi Berlusconi”, disse Lula.
O ex-presidente relembrou também que os EUA relançaram a
Quarta Frota depois que a Petrobras descobriu o Pré-Sal. O que está em jogo é a
correlação de forças na América do Sul, portanto.
Lula falou diretamente para Dilma: “A nossa querida
Dilma tem que deixar as investigações pra PF ou Justiça. Ela tem é que levantar
a cabeça e dizer ‘ganhei as eleições’. Gente, eles [tucanos e mídia] perderam
as eleições e estão todos pomposos. Eles estão desaforados, viu. Em vez de
ficar chorando, vamos defender o que é nosso. Defender a Petrobrás, defender a
Democracia.”
Lula ainda atirou contra a mídia : “quero lembrar à
imprensa que cheguei duas vezes à presidência sem apoio da mídia.”
Sinalizou, portanto, que é preciso definir bem as coisas: as
famílias que dominam a mídia estão no centro do golpe. Igual a 1954. A
diferença é que agora ninguém pensa em suicídio. Lula avisou: “vou pra
rua em 13 de março. Ninguém me fará baixar a cabeça nesse país”.
E finalizou: “Quero paz e Democracia. Mas se eles não
querem, nós sabemos brigar também.”