terça-feira, setembro 30, 2014

Globo chuta o balde

GloboNews discute declaração 

que Dilma não deu


A GloboNews produziu uma pérola neste final de semana: um programa inteiro, o GloboNews Painel, sobre o que a presidente DIlma Rousseff não disse a jornalistas em Nova York e na Abertura da Assembleia da ONU. Portanto, foi um programa de ficção jornalística. E da ficção participaram, como personagens, além do apresentador Willian Waack, o ex-embaixador Sérgio Amaral (Faap), o cientista Guilherme Casarões (FGV), e o cientista político Gunter Rudzit (Faculdades Rio Branco).
O programa teve como objetivo principal discutir a opinião de Dilma de que "as forças ocidentais deveriam dialogar com o Estado Islâmico". A jornalistas em Nova York, no entanto, o que Dilma fez foi condenar o uso da força como único remédio, sempre ineficaz para resolução de litígios, e a falta de diálogo na comunidade internacional para resolver os problemas no Oriente Médio. Lamentou profundamente que o uso da força seja, de novo, a única solução, portanto, mesmo que já tenha se mostrado inócuo em diversos casos. Além do que acaba por resultar em mortes de civis.
Só para ter uma ideia, os ataques, defendidos entusiasticamente pelo jornalista e convidados já mataram dezenas de civis, incluindo mulheres e crianças (ver aqui:http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2014/09/12/ataques-contra-es...)
O programa seguiu sugerindo que Dilma reafirmou esta posição na Abertura da Assembleia. Como se verá abaixo, em nenhum momento, o caso ISIS foi citado. O restante do programa serviu apenas para uma sucessão de ataques contra o governo e a presidente Dilma Rousseff, a uma semana do pleito eleitoral.
O jornalista Willian Waack não foi o único que distorceu a fala de Dilma Rousseff. Uma série de matérias foram produzidas e reproduzidas a partir de grandes jornais.
Uma exceção honrosa: um colunista da Folha, Clovis Rossi, produziu um artigo sobre o verdadeiro sentido do diálogo sustentado pela presidente. Ver aqui:http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2014/09/1523791-sobre-o...
Abaixo o trecho do discurso de Dilma sobre Oriente Médio e conflitos na Assembleia da ONU.
"Senhor Presidente,
A atual geração de líderes mundiais – a nossa geração – tem sido chamada a enfrentar também importantes desafios vinculados aos temas da paz, da segurança coletiva e do meio ambiente.e
Não temos sido capazes de resolver velhos contenciosos nem de impedir novas ameaças.
O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da Questão Palestina; no massacre sistemático do povo sírio; na trágica desestruturação nacional do Iraque; na grave insegurança na Líbia; nos conflitos no Sahel e nos embates na Ucrânia. A cada intervenção militar não caminhamos para a Paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos.
Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios.
Tampouco podemos ficar indiferentes ao alastramento do vírus ebola no oeste da África. Nesse sentido, apoiamos a proposta do Secretário-Geral de estabelecer a Missão das Nações Unidas de Resposta Emergencial ao ebola. O Brasil será inteiramente solidário a isso.
Senhor Presidente,
O Conselho de Segurança tem encontrado dificuldade em promover a solução pacífica desses conflitos. Para vencer esses impasses será necessária uma verdadeira reforma do Conselho de Segurança, processo que se arrasta há muito tempo.
Os 70 anos das Nações Unidas, em 2015, devem ser a ocasião propícia para o avanço que a situação requer. Estou certa de que todos entendemos os graves riscos da paralisia e da inação do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Um Conselho mais representativo e mais legítimo poderá ser também mais eficaz. Gostaria de reiterar que não podemos permanecer indiferentes à crise israelo-palestina, sobretudo depois dos dramáticos acontecimentos na Faixa de Gaza. Condenamos o uso desproporcional da força, vitimando fortemente a população civil, mulheres e crianças.
Esse conflito deve ser solucionado e não precariamente administrado, como vem sendo. Negociações efetivas entre as partes têm de conduzir à solução de dois Estados – Palestina e Israel – vivendo lado a lado e em segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas".

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