Nos QGs da trollagem virtual, estavam todos com os dedinhos de prontidão. Terminou o aperitivo cênico brasileiro e os gatilhos foram disparados.
Para um troller do UOL "o país é uma vergonha aos mostrar mulatas".
Para outro, no mesmo jornal, faltou o "carro alegórico dos corruptos do PT".
Para um terceiro, um "absurdo perder tanto tempo mostrando um simples gari".
Um quarto afirmou que "o Brasil nunca chegará aos pés da Inglaterra em talento artístico".
Não impressiona que os comitês de trollagem a serviço da oposição reforcem, com devoção, a síndrome de vira-lata. A turma de Soninha e Eduardo Graeff é bem treinada para executar esse "serviço".
Como de costume, comentaristas profissionais do UOL, Estadão e G1 esforçam-se por parecer não-brasileiros. Fantasiam um estrangeirismo caricato. Oniscientes e indignados, pranteiam como se fosse obrigados a viver ao sul do Equador.
Rotulam-se como superiores, como se seus avós ou bisavós não tivessem chegado ao Brasil com uma mão na frente e outra atrás, muitos deles mal vestidos e mal alimentados.
Evidentemente, o pensamento conservador, típico do eleitorado da trinca PSDB-DEM-PPS, não contempla valor na miscigenação. Para esses, no fundo, misturar equivale a "estragar a raça", como dizia Monteiro Lobato.
A mulata lhes causa constrangimento e, muitas vezes, nojo, mesmo quando delas são diretos descendentes. Adoram destilar pequenos venenos sobre a anatomia dos afro-brasileiros.
Logicamente, o história da "corrupissaum" não podia ficar de fora. É o mantra histórico de todo fascista, devotado a denunciar vícios alheios. O adversário deve ser desprezado, humilhado e, por fim, criminalizado.
Logicamente, o gari causou-lhes repugnância. Como pupilos de Boris Casoy, adeptos das doutrinas disseminadas no velho CCC do Mackenzie, adoram barreiras sociais e incomodam-se tremendamente com a diversidade.
Para esses, em vez do funcionário da limpeza pública, talvez o ideal fosse apresentar em Londres engomados como Daniel Dantas, Demóstenes Torres, Cachoeira e o pistoleiro das letras Policarpo Jr.
Houve quem repudiasse os índios, classificados como "vagabundos cachaceiros que vivem dos nossos impostos". Previsível.
É esse tido de visão que embasa a campanha da direita contra as "ações afirmativas". É isso que a gente bandeirante pensa do povo da terra, desde 1554. É isso que um bandeirante ensina a seu filho.
Obviamente, era de se esperar a sentença de inferioridade, o registro de suposta superioridade do gringo. E ela veio no elogio embasbacado da festa londrina, como se os países disputassem a medalha do espetáculo midiático.
Evidentemente, selou o destino brasileiro: "nunca serão capazes de fazer algo melhor".
Afinal, trata-se de estratégia antiga de controle e submissão. Diga ao brasileiro que ele é incapaz, que é menor, que não presta. Drene suas forças e sobre ele exerça pleno domínio.
Pior que isso: convença-o a repetir essa sandice, todos os dias.
A campanha contra a Rio-2016 começou neste domingo de agosto e tomou conta das redes sociais. Na mira dos sabotadores, o Brasil e os brasileiros. A guerra começou.
Enviado pelo autor: Walter Falceta Jr.