quinta-feira, outubro 20, 2011

A TV brasileira tá dominada



As tragédias na hora do almoço

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Revista do Brasil:
Muita gente ainda almoça em casa no Brasil, embora o hábito venha diminuindo nos últimos anos por conta das dificuldades cada vez maiores de deslocamento em quase todas as cidades.

Mas além dos que trabalham fora e ainda têm essa possibilidade há crianças, jovens, idosos, donas de casa e pessoas com outros tipos de afazeres que seguem almoçando em casa todos os dias.

Sem dúvida, um privilégio. Salvo por um pequeno senão: a TV ligada nesse horário. Na tela, muitas cenas são incompatíveis com uma refeição saudável.

Por exemplo: justiceiros arrastando um homem para a morte, com o som dos seus apelos desesperados pela vida, das ordens de atirar (e em que parte específica do corpo), dos tiros, das recomendações para crianças saírem de perto e finalmente as chamas consumindo a vítima.

Pode haver algo mais escabroso para ser mostrado em qualquer horário? Essas cenas foram exibidas perto do meio-dia no programa “Cardinot Aqui na Clube”, da TV Clube, afiliada da Bandeirantes em Recife. É apresentado por Josley Cardinot que tem contra ele uma ação na justiça por mostrar, anteriormente, conteúdos semelhantes no programa “Bronca Pesada”, então transmitido pelo canal local do SBT.

E não adianta mudar de estação. As diferenças entre os programas são muito pequenas. Um copia o outro. No caso de Pernambuco, na hora do almoço a TV Jornal (SBT) apresenta agora o “Plantão 190” e a TV Tribuna (Record) o “Ronda Geral”, também policialescos.

Como se vê a frase "o melhor controle é o controle remoto" é um simples jogo de palavras para eximir os concessionários de canais de TV de suas responsabilidades éticas e sociais. Dá-se a eles uma liberdade absoluta, inexistente em qualquer outra atividade profissional.

Não se trata de censurar a informação sobre um grave fato policial mas de ressaltar a possibilidade de uma notícia como essa ser transmitida de forma menos agressiva. O telespectador tem o direito de ser informado sobre a execução cometida por justiceiros sem, no entanto, se submeter à violência das cenas exibidas. Ainda mais diante da constatação de que quando se liga a TV, nunca se sabe o que vem pela frente. E, para muitos, o susto é enorme. A TV não é como o jornal, cuja noção do que publica se sabe antes de comprá-lo. A TV entra em nossas casas sem pedir licença, basta apertar o botão. Dai a necessidade de um controle público mais rigoroso.

As respostas da sociedade a esse tipo de programa ainda são tímidas. No Recife, uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público, a pedido de várias organizações de defesa dos direitos humanos contra o programa “Bronca Pesada”, arrasta-se há anos sem solução.

Agora, diante das imagens da execução de um homem, mostradas pela TV Clube, novas ações devem ser propostas. O Centro de Cultura Luiz Freire gravou as cenas e as exibiu para os deputados que integram a Frente Parlamentar da Comunicação do Estado, tentando sensibilizá-los para o problema.

Sem uma lei moderna que coíba esse tipo de abuso e de um órgão regulador com poderes para aplicá-la, como ocorre na Europa, restam poucas alternativas de resposta dos cidadãos às emissoras.

Até hoje apenas uma atingiu os efeitos desejados. A decisão judicial que tirou do ar, por 30 dias, o programa João Kleber, apresentado pela Rede TV. Em lugar das humilhações impostas principalmente a homossexuais, a emissora foi obrigada a transmitir no mesmo horário produções realizadas por entidades defensoras dos direitos humanos. A audiência, é bom frisar, não caiu, desmentido a afirmação repetida à exaustão de que o público gosta de baixarias.

Mas esse é um exemplo único. Muito pouco diante da quantidade de programas que, diariamente, em todo o país seguem contribuindo para a banalização da violência e a expansão da incivilidade.

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Aqui, no Rio, você acorda, 'as 7 horas da manhã, com esse tipo de programa, na hora do almoço, a mesma coisa, tipo Wagner Montes, na Record, e outros em outros canais. No meio da tarde, todo tipo de baixaria, em todos os canais de televisão aberta, no final da tarde, tem o tal do Datena, porra, ninguém merece tamanho castigo. Investe-se uma grana num mega aparelho de televisão, de última geração, pra ver essas merdas. Os canais por assinatura, muita propaganda, um excesso de incentivo ao consumo, de todo tipo: pra emagrecer, pra ficar mais gostosa(O), pra ter uma juventude eterna, pra ter o corpo mais lindo do mundo, etc...O que ainda escapa é NBR, TV Brasil, TV Camara, TV Senado, com seus documentários... ee

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E diziam que a TV por assinatura era pra não ter que ver propaganda.
O governo tem que enfrentar o desafio de regular essa bandidagem.
A primeira medida deveria ser de permitir que cada usuário monte o seu pacote de canais.
Igreja não deveria ter canal e nem programa de TV.
É um absurdo a quantidade de porcaria e de enganação que tem por aí.
Outro absurdo são os canais de propaganda americana (Discovery, NatGeo, History...) operando tranquilamente aqui no Brasil.
Como se já não bastasse as Globos da vida... am

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Rede de televisão comercial da oposição multada na Venezuela19/19/2011, Al-Jazeera, Qatar
http://english.aljazeera.net/news/americas/2011/10/20111019111835149737.html

NOTA DOS TRADUTORES

A tradução da matéria acima indicada e abaixo traduzida é fiel à ideia, desse coletivo de tradutores, de que empresas comerciais de imprensa e televisão não podem ser simultaneamente (1) beneficiadas por concessão de um Estado democrático; (2) usadas pelos proprietários privados como instrumento de propaganda política contra governos democraticamente ELEITOS e os interesses de consumidores PAGANTES; e (3) a favor, exclusivamente, dos interesses privados dos proprietários e jornalistas empregados dessas empresas comerciais de imprensa.

Entendemos que empresa comercial concessionária que lucre nessas condições é daninha ao jornalismo, é daninha ao mercado, é daninha aos consumidores, é daninha à democracia e TEM DE SER BOICOTADA até deixar de ser ouvida ou lida. Ou tem de ser EXTINTA por ato democrático de estado democrático.

Que seja empresa-imprensa ou empresa do tráfico de drogas, nada altera.

Rede de televisão comercial que, como a rede Globo, no Brasil, viva de pregar golpes e golpismos e, simultaneamente, se esconda sob as reinvindicações hipócritas de (1) uma liberdade de imprensa que a própria rede Globo não assegura a quem pense diferente da rede Globo e seus jornalistas empregados (“fascistas sinceros” ou fascistas-fascistas mesmo); e (2) uma muito hipócrita luta contra uma corrupção (sempre, a corrupção DOS OUTROS) e luta anticorrupção que a rede Globo jamais faz contra a ativa corrupção da opinião pública brasileira da qual a rede Globo fez meio de vida – TEM DE SER BOICOTADA até deixar de ser ouvida ou lida ou tem de ser EXTINTA por ato democrático de estado democrático.

Dado que a al-Jazeera, nessa matéria, faz pesar a sua mão discursiva desjornalística a favor de uma liberdade de imprensa que, no Brasil, nenhuma empresa comercial de imprensa merece ter – porque todas são incompententes para ser livres em estado democrático, como a al-Jazeera também é incompetente para ser livre em estado democrático, pelo que se lê no original –, nós:

(1) traduzimos o fato REALMENTE ACONTECIDO e
(2) não traduzimos a deslavada propaganda a favor da Globovisión e contra as autoridades democráticas da Venezuela, que há nessa matéria, em todas as linhas e entrelinhas discursivas.

A opinião dos jornalistas e proprietários de Al-Jazeera sobre a liberdade de imprensa não é, absolutamente, matéria jornalística. Como opinião de jornalistas empregados a favor do patrão, é opinião que não tem nenhum fundamento fatual, não é relevante para fazer conhecer os fatos e absolutamente não nos interessa.

A liberdade democrática para alguma imprensa democrática que talvez haja, mas ainda não se viu no mundo, essa, sim, nos interessa muito, como projeto para um mundo possível ainda não construído, que terá de criar outro jornalismo, também possível, mas ainda inexistente.

Justamente porque nos interessa a mais plena e democrática liberdade democrática para imprensa democrática, é que entendemos que empresas comerciais de imprensa como a Globovisión, a rede Globo brasileira e, infelizmente, pelo que se vê, também a al-Jazeera, TÊM DE SER BOICOTADAS até deixarem de ser ouvidas ou lidas, ou têm de ser EXTINTAS por ato democrático de estado democrático.

Até que se chegue lá, esse coletivo de tradutores continuará a (1) extrair das matérias ‘jornalísticas’ (de fato, não são matérias jornalísticas: são pura e deslavada propaganda de desdemocratização da opinião pública) o que nelas haja de FATOS que interessem à democracia e a (2) EXCLUIR das mesmas matérias o que não passe de propaganda de desdemocratização da opinião pública.

Entendemos que, se uma empresa comercial pode noticiar, das notícias, apenas o que interesse aos seus objetivos comerciais e políticos desdemocráticos, com MUITO MAIS DIREITO nós podemos noticiar, das notícias que as empresas comerciais noticiam, só o que interesse aos nossos objetivos democráticos. E gratuitos.

Nesse espírito, eis a NOTÍCIA que há na matéria publicada pela Al-Jazeera (endereço acima), linhas e entrelinhas de propaganda de desdemocratização devidamente e democraticamente OMITIDAS.
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Rede de televisão comercial da oposição multada na Venezuela19/19/2011, Al-Jazeera, Qatar
http://english.aljazeera.net/news/americas/2011/10/20111019111835149737.html
As autoridades venezuelanas multaram a rede Globovisión em $2,16 milhões de dólares, pela cobertura de tumultos numa prisão, que “disseminou o ódio e a intolerância”.

A multa, imposta ontem pelo Conatel, Regulador das Telecomunicações da Venezuela, à rede Globovisión, chega a 7,5% da renda total do canal no último ano fiscal.

Pedro Maldonado, diretor do Conatel, disse que a rede privada de televisão foi multada por “incitar o ódio e a intolerância” na cobertura dos tumultos que houve na prisão Rodeo, em junho, dos quais resultaram 30 mortos.

“Estamos punindo o comportamento editorial e a manipulação do noticiário” – disse Maldonado, que acrescentou que a cobertura gerou “ansiedade pública” e deixou clara impressão de ser motivada por “interesses políticos”.

Maria Fernanda Flores, vice-presidente da rede Globovision, disse que a multa é “impagável” e levaria ao “colapso da empresa”. Disse que a Globovision apelará na justiça contra a multa, que chamou de violação da liberdade de imprensa.

O diretor Maldonado disse que as violações ao código das telecomunicações da Venezuela estão configuradas na repetição (mais de 300 vezes) de entrevistas com familiares dos presos. As entrevistas foram editadas, de modo que se ouviam sons de tiros. E a rede não divulgou nenhuma das matérias e dos informes à população divulgados pela rede estatal.

Guillermo Zuloaga, acionista majoritário da Globovisión disse que “asseguro que não nos derrubarão com uma multa.”'

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