segunda-feira, outubro 31, 2011



A jornalista Monalisa Perrone passou por momentos de tensão nesta segunda-feira (31). Assim que entrou no ar por meio de um link ao vivo para o “Jornal Hoje” direto do hospital onde o ex-presidente Lula iniciou tratamento contra um tumor, a repórter foi violentamente empurrada por dois homens. Chocados com o incidente, os apresentadores Sandra Annemberg e Evaristo Costa cortaram a imagem e retomaram a atração direto do estúdio. Assista ao momento no vídeo abaixo:
http://colunistas.ig.com.br/natv/2011/10/31/reporter-da-globo-e-empurrada-durante-link-ao-vivo-para-o-jornal-hoje-assista/


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“O que falta de civilidade na mídia sobra de civilidade no presidente Lula.
Imagine o que aconteceria se Lula não fosse o democrata convicto que sempre foi e resolvesse responder na mesma moeda.
Cuidado senhores jornalistas, o poder de vocês não é maior que o do povo enfurecido..." Grupo Beatrice


“O coração do povo brasileiro pulsa junto com o coração de Lula neste momento”
(Emiliano José)





Lula, a voz do Brasil que nunca teve voz

outubro 30th, 2011 by mariafro

A voz do Brasil que nunca teve voz
Saul Leblon, Carta Maior
30/10/2011
Lula completou 66 anos esta semana: a metade deles emprestando a voz rouca e grave à defesa da democracia e da justiça social no seu país e no mundo. Avant la lettre, ele deu voz à ‘primavera árabe’ brasileira. Mesmo quando lhe faltaram microfones, nas assembléias históricas da Vila Euclides, no ciclo das grandes greves do ABC paulista, nos anos 80, a voz rouca e grave se propagou através de outras vozes para se fazer ouvir em todos os cantos e lares mais humildes do vasto território nacional.
A economia e a sociedade que essa voz ajudou a construir hoje falam por ele. E torcem por ele, na certeza de que ele ainda falará por ela durante muito tempo, como líder político incontestável da grande frente progressista que deu voz a um Brasil que nunca antes teve voz nem vez na política e no poder.
Na campanha de 2002, num discurso emocionado, quando a vitória ainda era incerta, Lula disse que se considerava uma obra coletiva do povo brasileiro. E que assim persistiria , fosse qual fosse o resultado da disputa. De fato. Lula se transformou no intérprete mais fiel das lutas e sonhos da gente brasileira, a ponto de o seu nome ter se incorporado ao vocabulário nacional  (‘agora é Lula!’) como uma espécie de sinônimo do orgulho, da resistência e do discernimento de uma população que, ao seu modo, nele se enxergou como fonte de poder e de direitos .
Essa força tamanha não vai silenciar. Não apenas porque Lula em breve voltará a expressá-la, mas porque em qualquer tempo, e em qualquer lugar , sempre que interesses de uma elite anti-social e demofóbica ameaçarem as conquistas e anseios dessa gente, haverá quem cante, assovie, murmure ou mencione o refrão que enfeixa um punhado de significados e entendimentos, todos eles porém imiscíveis com a prepotência e a humilhação que encontrou nesta voz um contraponto de alteridade e hegemonia que as ruas dificilmente esquecerão: ‘olê, olê, olê, olá, Lula, Lula…’
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Globo não tem razão de reclamar

Diariamente Ali Kamel agride a inteligência de seus telespectadores.
Eis o resultado:


Agressão à imprensa não é novidade. Relembre esta:

http://contextolivre.blogspot.com/2011/10/globo-nao-tem-razao-de-reclamar.html

Como a anunciada “solidariedade humana” da mídia é apenas da boca para fora – embora possa, sim, haver várias e honrosas exceções – existe, neste momento, um grande ponto de interrogação em seus estrategistas.
O que devem fazer?
Aproveitar-se do recesso forçado a que terá de se submeter a mais carismática figura da política brasileira e aguçar ainda mais os ataques ao Governo? Ou acreditar que a notícia do problema de Lula causou um estado de espírito na população que torna um acirramento de sua ofensiva de ataques um elemento de evidenciação de seus propósitos e de seu inconformismo com os resultados das eleições?
É provável que nossa mídia siga sua vocação de escorpião e recrudesça seus ataques, após alguns dias de perplexidade.
Mas, neste momento, sua capacidade de ação está limitada.
Hoje mesmo estão mandando suas pesquisas à rua – duvidam? – para saber o impacto da notícia.
A causa da direita brasileira é muito ruim, é indefensável.
De início, seu projeto manter o Brasil colonizado, com uma elite incapaz de um projeto próprio de país e uma classe média-alta que se compraz da pobreza geral, como forma de achar-se especial, com um “cosmopolitismo-provinciano” já se mostrou inviável ao primeiro sopro de progresso havido no Brasil.
Trilhou-se, nos últimos anos, um caminho sem volta, porque dissolveu-se o fatalismo da pobreza e do atraso nacionais.
Depois, por falta de projeto confessável para o país, ela está sem projeto político e, como não o tem, só lhe resta apontar o dedo para os governos progressistas e, não importando se verdadeiros ou falsos, apontar-lhes os malfeitos.
Como a UDN fazia, nos anos 50 e 60, mas sem um ingrediente que alimentava a velha direita, que era a polarização da Guerra Fria e o pavor ao “comunismo ateu e apátrida”. E sem a esperança que ela nutria – e, afinal, conseguiu – de rondar os quartéis.
Ainda assim, vão tentar atacar pela via que lhes resta. E contar com que, atacado, o Governo não possa contar com seu grande fiador: Lula.
Limitados como são, talvez não percebam que Lula, forçadamente calado, fala muito alto com a consciência dos brasileiros.
O acordo de 26-27/10 (Grécia) é inaceitável
O movimento #Occupy Wall Street pôs em movimento processo criativo e emancipatório. Tem de ser apoiado e estimulado.

30/10/2011, CADTM – Committee for the Abolition of Third World Debt [Comissão para a Abolição da Dívida do Terceiro Mundo]
Trad. do grego ao inglês, de Mike Krolikowski, in Rede de Tradutores Tlaxcala, editorial
http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=6096

O acordo firmado na madrugada de 27/10/2011 não é solução para a crise na zona do euro, nem para a crise dos bancos, nem para a crise da dívida, nem para a crise do euro. Aquelas decisões nada resolvem de modo aceitável: apenas prorrogam a crise, sem resolver coisa alguma. Na avaliação dessa Comissão para a Abolição da Dívida do Terceiro Mundo, o acordo é inaceitável.

Chefes de Estados, chefes de governos, líderes da Comissão Europeia (CE) [ing. European Commission (EC)], banqueiros privados e o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) reuniram-se em Bruxelas para encontrar solução que evitasse o risco de quebra em série de vários dos principais bancos europeus, com especial preocupação por bancos franceses, espanhóis, gregos, italianos, alemães, portugueses e belgas... Os mesmos bancos que, antes de 2007-8, aumentaram imensamente os riscos que assumiram para auferir lucros de curtíssimo prazo para seus acionistas e garantir os bônus delirantemente altíssimos que pagam a seus diretores e corretores. Os empréstimos domésticos e a pequenas empresas são apenas uma mínima parte do giro desses bancos: entre 2-5%. Os massivos incentivos que aqueles bancos receberam dos Estados, do Banco Central Europeu ou do Federal Reserve, jamais foram usados na economia produtiva: sempre foram desviados para as atividades mais altamente especulativas.

Os bancos privados são financiados para o curto prazo e, ao mesmo tempo, assumem papéis de longíssimo prazo: bônus públicos ou privados, negócios no mercado futuro de commodities, troca de moeda e posições em derivativos sobre os quais não há qualquer tipo de controle público. A falência do banco franco-belga Dexia, no início desse mês de outubro de 2011, é resultado direto dessas políticas. O medo de que a falência do banco Dexia desencadeie um ‘efeito dominó’ na Europa e nos EUA foi decisivo para que se organizasse a reunião de ‘cúpula’ dos dias 26/27 de outubro de 2011.

A decisão de cortar em 50% os papéis gregos que estão com os banqueiros, em vez do corte de 21% decidido dia 21 de julho, já era inevitável desde agosto, depois que perderam 65-80% do valor no mercado secundário da dívida. Embora os líderes governantes tenham anunciado que impuseram importantes sacrifícios aos bancos, os bancos saíram-se muito bem, como sempre. Por isso, precisamente, todas as bolsas de valores do mundo mostraram, nos últimos dias, significativos movimentos de alta.

O acordo de 27/10 não é solução para o povo grego sobre o qual recaem os mais pesados efeitos da crise, agravados pelas medidas de ‘austeridade’ que o governo impôs aos gregos. Toda essa operação é comandada pelos credores e está rigorosamente pensada para salvar seus interesses. Esse plano de redução da dívida grega é a versão europeia dos “planos Brady”, que tiveram efeitos tão devastadores nos países em desenvolvimento nas décadas dos 80s e 90s.

O plano Brady – batizado em homenagem ao secretário do Tesouro dos EUA naquele momento) envolveu reestruturar a dívida por troca de papéis, nos principais países endividados que aceitaram o Plano: Argentina, Brasil, Bulgária, República Dominicana, Equador, Jordânia, México, Nigéria, Panamá, Peru, Filipinas, Polônia, Rússia, Uruguai, Venezuela e Vietnã.

Naquele momento, Nicholas Brady anunciou que o volume das dívidas seria reduzido em 30% (mas as reduções, quando de fato aconteceram, foram muito menores; em alguns casos, as dívidas até aumentaram) e que novos papéis (“Bônus Brady”) garantiam taxa fixa de juros de cerca de 6%, muito interessante para os credores. Também se impuseram as medidas de ‘austeridade’ ditadas pelo FMI e pelo Banco Mundial. Hoje, em outras latitudes, a mesma lógica provoca os mesmos desastres.

A ‘Troika[1] (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) impõe infindáveis medidas de ‘austeridade’ ao povo grego, ao povo da Irlanda, aos portugueses. E se gregos, irlandeses e portugueses não reagirem e resistirem, logo logo muito mais gente estará sofrendo: espanhóis, belgas, franceses...

Esse plano de modo algum permitirá que a Grécia resolva seus problemas por pelo menos duas razões:

1. A redução da dívida é absolutamente insuficiente; e

2. As políticas econômicas e sociais aplicadas para atender às demandas do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia e do FMI (a ‘Troika’) fragilizarão ainda mais a Grécia. Essa é a característica odiosa dos atuais acordos financeiros firmados com a Grécia, para futuros empréstimos e para reestruturar dívidas futuras.

A Grécia tem de escolher entre duas possibilidades:

– Jogar a tolha e ficar, outra vez, entregue aos desmandos do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia e do FMI (a ‘Troika’). E

– Recusar a ditadura dos mercados e do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia e do FMI (a ‘Troika’) e suspender todos os pagamentos, e ordenar que a dívida grega seja auditada, para que seja possível rejeitar toda a parte ilegítima daquela dívida.

Outros países já estão, ou em breve estarão, empurrados para a mesma escolha: Espanha, Irlanda, Itália, Portugal... E a lista não pára aí. Em todos os casos em que se apliquem essas sempre mesmas políticas, em doses diferentes, em toda a União Europeia.

Todos esses planos de ‘austeridade’ devem ser recusados e é indispensável proceder a auditoria das respectivas dívidas públicas nacionais, em processos sob controle público.

Os eventos de 2007-2008 não levaram os governos a adotar medidas de estrita prudência.

O que se deve fazer é, ao contrário, adotar medidas que impeçam que as instituições financeiras, bancos, empresas de seguros e os fundos ‘hedge’ causem danos ainda maiores.

É preciso acusar judicialmente, formalmente, diretamente, as autoridades públicas, diretores de empresas e seus cúmplices responsáveis pelas quebras de bancos e do mercado de ações.

É urgente expropriar os bancos e pô-los a serviço do bem comum – nacionalizando-os e pondo-os sob controle dos trabalhadores e dos cidadãos.

Deve-se recusar, não só qualquer forma de indenização aos acionistas, mas é preciso que entreguem seus bens pessoais para cobrir os custos da reestruturação do sistema financeiro.

É necessário rejeitar todos os meios ilegítimos pelos quais bancos privados controlam autoridades públicas e governos eleitos.

Evidentemente, se devem impor também uma série de medidas complementares: controle público sobre movimentação de capitais, proibir a especulação, proibir movimentação de dinheiro para paraísos fiscais, criar impostos que promovam a justiça social, dentre outras.

Na União Europeia, devem-se repelir alguns tratados, como os de Maastricht e de Lisboa.

Também é indispensável mudar radicalmente os estatutos do Banco Central Europeu. Antes que a crise avance para o pior, é mais que hora de mudar radicalmente o rumo do Banco Central Europeu.

Essa Comissão para a Abolição da Dívida do Terceiro Mundo, CADTM, apóia, com outras organizações, as iniciativas já tomadas em alguns países a favor da auditagem da dívida pública, promovida por instituições democráticas públicas de cidadãos.

O movimento #Occupy Wall Street pôs em movimento processo criativo e emancipatório. Tem de ser apoiado e estimulado.


[assina] CADTM Europa
Pascal Franchet
Giorgos Metraliás Γιώργος Μητραλιάς
Griselda Piñero
Éric Toussaint

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CADTM (Committee for the Abolition of Third World Debt [Comissão para a Abolição da Dívida do Terceiro Mundo]) está presente na Grécia, França, Bélgica, Espanha, Suíça e Polônia. A rede CADTM é ativa em 33 países.

A mais recente publicação do CADTM é MILLET, Damien; TOUSSAINT, Eric (coord.) 2011, La dette ou la vie, 2011, Bruxelas: ADEN (http://www.cadtm.org/La-Dette-ou-la-Vie).


[1] A palavra troika (ru. ‘trio’, triunvirato) tem longa e interessante história desde antes da Guerra Fria e durante toda a Guerra Fria, mas sempre designou ‘juntas’ políticas mais ou menos ilegítimas e sempre autoritárias de governo. Interessante, nessa história é que nunca, antes, desde o início do século 20, até o início do século 21, a palavra troika designou, como hoje designa, também no discurso jornalístico, uma junta de governo ilegítimo e autoritário de três votos, dois quais dois votos são... bancos! (Para saber mais, ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Troika) [NT]. 
Arábia Saudita e Emirados Árabes vão doar 300 milhoes de dólares para a campanha de Obama


Obama curva-se diante do rei saudita. Reparem na turma de pedintes logo atrás

A doação é em agradecimento ao assassinato de Kadafi.

Esse é o mundo no qual vivemos, hoje subjugado pela indústria de entretenimento e pela mídia.

 Ambas associadas ao Império.

Que lhes recompensa regiamente pela servidão.

E as migalhas que sobram ele distribui à mídia terceiro-mundista.

Entre elas a mídia da Casa Grande que já está com o bico torto de tanto ciscar.


Vejam que eu escrevi mídia terceiro-mundista e não do Terceiro Mundo.

Mas voltemos ao Hijaz.

Hijaz, como os leitores deste blog já sabem, é o atual território geograficamente surrupiado pelos colonialistas ingleses e presenteado à tribo saudita e aos emires do golfo.

Eles sempre odiaram Kadafi em razão de seus apelos às populações daquela região para derrubarem seus governantes-opressores.

Que ele chamava de "infiéis, hereges e de ofenderem o Alcorão".

E ao invés de iniciar seus discursos como habitualmente fazem os muçulmanos: “Em nome de Deus, o Clemente e Misericordioso”, ele o iniciava com outra frase do Alcorão: “Tudo o que há no céu e na terra a Deus pertence”.

O recado era bem claro.

Toda riqueza é impura.

Todo acúmulo de bens ofende Allah.

E como exemplo ele mostrava como distribuía a riqueza da Líbia.

Isso, evidentemente, irritava profundamente os governantes perdulários da região.

Hoje, sauditas e golfistas desconfiam de todo muçulmano e sua segurança pessoal é feita por agentes da CIA estadunidense e pelo MOSSAD  Israelense.

Mas esses ditadores travestidos de reis e emires sabem que até a paciência de Deus tem limites.

Daí porque eles contam com Obama ou qualquer outro governante  dos Estados Unidos para livrá-los de qualquer incômodo.


E a recompensa é régia.


Não escolhe lado.


Até o pré-candidato republicano  Mitt Romney será recompensado se ajudar a derrubar o presidente sírio Bashar al-Assad.


Mitt declarou que "Deus criou os Estados Unidos para que o país liderasse o mundo".


Outro que poderá receber apoio será o pastor  evangélico, e agora candidato  a presidente, Terry Jones.


Terry Jones foi aquele pastor que queimou publicamente o Alcorão.


Tudo em nome de Deus.


Pobre diabo.

Autor:
Não há porque o jornalista Gilberto Dimenstein se espantar com a falta de educação de leitores da Folha em relação à doença de Lula. Nem pode se supreender quando olhar as caixas de comentários dos portais do Estadão, do Globo e da Veja, por exemplo.
A selvageria, que se esconde muitas vezes sob o manto do anonimato, nada mais é do que a continuidade do primitivismo jornalístico praticado por muitos dos seus próprios colegas de trabalho, seja na Folha, seja nos outros veículos acima citados.
O modo como os blogueiros selvagens da Veja - com especial atenção aos dois leões de chácara Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes - se referem ao ex-presidente, e o ódio que eles encarnam, não é muito diferente do modo como alguns representantes de uma classe média deseducada - felizmente, minoritária - se refere àquele que saiu do poder com 80% de aprovação.
Exercícios de falta de educação e decoro jornalístico podem ser encontrados em editoriais - um espaço que, por definição, deveria representar a voz respeitosa dos veículos - do Globo, da Folha e do Estadão, com xingamentos e referências sem escrúpulos a Luis Ignácio da Silva.
Assim como a repulsa mostrada por comentaristas e parajornalistas contra os eleitores de Lula resultou num clima de xenofobia e preconceito jamais observado publicamente neste país, a voz carregada de nojo e ódio de uma Lucia Hipólito - que não conseguiu esconder o júbilo pela doença de Lula - ou de um Arnaldo Jabor, ou ainda de um Merval Pereira, produzem seus ecos no comportamento de leitores que não conheceram a civilidade e as regras de comportamento do espaço público.
Autores desqualificados produzem ou pelo menos atraem leitores desqualificados. Antes de se envergonhar dos leitores, Gilberto Dimenstein deveria se envergonhar de alguns nomes que compartilham com ele o mesmo ambiente midiático.
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O que falta de civilidade na mídia sobra de civilidade no presidente Lula.
Imagine o que aconteceria se Lula não fosse o democrata convicto que sempre foi e resolvesse responder na mesma moeda.
Cuidado senhores jornalistas, o poder de vocês não é maior que o do povo enfurecido...

sábado, outubro 29, 2011

A Mentira tem pernas curtas e cassetetes longos.

Eu Não Vou me Mover - Curta Metragem - Uma obra prima sobre a Hipocrisia




http://www.youtube.com/watch?v=_cu00tQp4Ng&feature=youtu.be

Em nota, presidenta Dilma Rousseff deseja rápida recuperação ao ex-presidente Lula

Nota OficialA presidenta Dilma Rousseff divulgou hoje (29) nota à imprensa em que deseja a “rápida recuperação do presidente Lula”. No texto, ela diz que como “Presidenta da República e ex-ministra do presidente Lula, mas, sobretudo, como sua amiga, companheira, irmã e admiradora” estará ao lado dele com apoio e amizade para acompanhar a superação de mais esse obstáculo.
Leia abaixo a nota oficial.
Em meu nome e de todos os integrantes do governo, junto-me neste momento ao carinho e à torcida de todo o povo brasileiro pela rápida recuperação do presidente Lula.
Graças aos exames preventivos, a descoberta do tumor foi feita em estágio que permite seu tratamento e cura. Como todos sabem, passei pelo mesmo tipo de tratamento, com a competente equipe médica do Hospital Sírio Libanês, que me levou à recuperação total. Tenho certeza de que acontecerá o mesmo com o presidente Lula.
O presidente Lula é um líder, um símbolo e um exemplo para todos nós. Tenho certeza de que, com sua força, determinação e capacidade de superação de adversidades de todo o tipo, vai vencer mais esse desafio. Contará também, para isso, com o apoio e a força de D.Mariza.
Como Presidenta da República e ex-ministra do presidente Lula, mas, sobretudo, como sua amiga, companheira, irmã e admiradora, estarei a seu lado com meu apoio e amizade para acompanhar a superação de mais esse obstáculo.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil

http://blog.planalto.gov.br/em-nota-presidenta-dilma-rousseff-deseja-rapida-recuperacao-ao-ex-presidente-lula/

sexta-feira, outubro 28, 2011


Ocupar, Resistir e Produzir: o público de Nova York recebe o MST

28 de outubro de 2011


Por Julia Landau
Do Slow Food Movement

 
Recentemente, Nova York teve a honra de receber o MST à nossa cidade, e a Organização de Nações Unidas (ONU) também teve o privilégio de ouvir o Movimento, como parte de uma série de palestras do Dia Internacional da Alimentação (16 de outurbo) e o Dia Internacional da Mulher Rural (15 de outubro). 
E quem seria melhor para falar de alimentação e mulher trabalhadora, do que uma líder de um dos movimentos camponeses mais reconhecidos do mundo? Janaina Stronzake, falando na ONU como parte do MST em um painel sobre segurança alimentar: o lado da política e o de base, sem dúvida representou o lado comunitário da discussão.
“Segurança alimentar é um passo tático”, explicou Janaina frente ao entendimento limitado do sistema alimentar que demonstraram os representantes da ONU e a FAO. “Mas segurança alimentar não significa nada se não existe dentro de uma estrutura de soberania alimentar.”

Traduzindo para Janaina, escaneei a sala e vi a maioria das pessoas acenando com a cabeça, concordando. A mensagem principal do MST ficou bem clara: só soberania alimentar representa a verdadeira liberdade. Liberdade de comunidades para não depender de tecnologia corporativa, liberdade para fazer suas próprias decisões sobre suas plantações, e liberdade para alimentar suas famílias do jeito que escolherem.

Mulheres, como as agricultoras, as primeiras defensores de casa, tem um papel central aqui – mas têm que se organizar, tem que ter acesso à educação. Soberania alimentar fala de questões que vão muito além da alimentação. São soluções comunitárias, é empoderamento da comunidade.  
Depois disso, outros painelistas reconheceram a soberania alimentar como algo desejável, ideal até, mas ninguém parecia saber como implementar a política para apoiá-la. A mensagem saliente deles? “Fala com a gente,” eles encorajavam às organizações de base presentes na sala. “Precisamos ouvir suas vozes – não somos os especialistas.”  O MST agarrou a oportunidade. “Vamos marcar uma reunião!” Janaina sugeriu imediatamente, “Como podemos manter o contato?” Mesmo que aos membros da FAO e a ONU acabou faltando caminhos diretos de comunicação, eles sem dúvida ouviram a posição do MST: queremos falar com vocês, queremos ampliar a voz da nossa comunidade. 
No final do painel, várias pessoas do público procuraram o MST, fazendo fila para conversar com Janaina. Eles queriam fazer contato, queriam apoiar, queriam aprender mais. “Do painel todo,” uma mulher falou, “você foi a única com novidade para falar. Nós todos aprendemos alguma coisa com o MST hoje.” 
E o público da ONU não foi o único que teve a chance de aprender com o MST naquele fim de semana. Dois dias depois, chegamos à Wall Street para ver a versão novaiorquina de ocupação, e para a Janaina falar à multidão.
A medida que andávamos pela praça com a bandeira do MST, gente de todo tipo vinha falar com a Janaina para conversar sobre o movimento e o vínculo do mesmo com os EUA. Finalmente, Janaina subiu num banco para se dirigir à multidão. Ela falou sobre produção por meio de ocupação: produção de educação, produção de empoderamento, produção de independência das multinacionais. A mensagem ressonou com todos, e levantamos a mão esquerda, como classe, gritando “Ocupar, Resistir e Produzir!” 
Vídeos da repressão em Oakland











EUA semeiam discórdia no sul da Ásia 27/10/2011, M K Bhadrakumar, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/South_Asia/MJ28Df02.html


Dois traços atuais da política da região enfraquecem seriamente a campanha dos EUA para pôr de joelhos o Paquistão na fase de atual de encerramento da guerra do Afeganistão. Primeiro, que a Índia não se deixou envolver na campanha norte-americana e busca política independente no relacionamento com Islamabad.

O segundo fator que está minando as políticas dos EUA para isolar o Paquistão no sul da Ásia é a simpatia das nações sul-asiáticas, em relação ao Irã. O Paquistão estaria bem mais isolado se houvesse alguma aguda rivalidade entre Paquistão e Irã, no quadro atual da guerra do Afeganistão. Mas o atual nível de cordialidade nessas relações permite que Islamabad se concentre na disputa com os EUA e até receba sinais de encorajamento de Teerã.

É conversa fiada

Em declaração recente sobre a questão que separa EUA e Paquistão, o ministro de Relações Exteriores da Índia S M Krishna destacou que a Índia não aprova a abordagem dos EUA (ver “US puts the squeeze on Pakistan”, Asia Times, 22/10/2011, em
http://www.atimes.com/atimes/South_Asia/MJ22Df02.html). A declaração foi cuidadosamente cronometrada para indicar a Washington (e a Islamabad) que Delhi de modo algum aprova qualquer forma de ação militar dos EUA contra o Paquistão.

Há várias evidências a sugerir que o governo do Paquistão aprova a posição da Índia. O quartel-general em Rawalpindi mobilizou-se sem alarde, no domingo, para devolver à Índia, em apenas algumas horas, um helicóptero com três altos oficiais militares, que fizera pouso de emergência em território paquistanês, durante uma tempestade, no setor altamente sensível de Siachen. O porta-voz oficial em Delhi manifestou-se em seguida, para registrar que a Índia muito apreciara o movimento do Paquistão. Esses gestos de conciliação são raros (dos dois lados), na crônica das relações entre Paquistão e Índia.

Outra vez, semana passada, a Índia aprovou a candidatura do Paquistão a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU; e o embaixador paquistanês imediatamente respondeu que trabalharia com seu contraparte indiano em New York. É surpreendente, num contexto em que a ONU tem sido teatro de frequentes confrontos entre Índia e Paquistão, sobre o problema da Caxemira.

No futuro imediato, os primeiros-ministros de Índia e Paquistão deverão encontrar-se durante o encontro da Associação Sul-asiática para a Cooperação Regional, no Mali, dias 10-11 de novembro. Seria de esperar que Washington rapidamente se apresentasse como “facilitador”, insistindo em melhorar o clima das relações entre Índia e Paquistão. Calibrar as tensões entre Índia e Paquistão é, tradicionalmente, elemento chave da diplomacia regional dos EUA. Mas, dessa vez, os EUA só estão observando, com certo grau de desconforto, que a cacofonia está diminuindo, nessa complexa sinfonia asiática.

Washington ‘retaliou’, depois da declaração de Krishna: emitiu um alerta de viagens para cidadãos norte-americanos sobre o risco de visitar a Índia, por causa de fortes indícios de ameaças terroristas. Delhi, por sua vez, desqualificou o movimento de Washington: considerou-o “desproporcionado” – modo elegante de dizer que o alerta não passava de conversa fiada.

Jundallah em retirada

O que está acontecendo nas relações Paquistão-Irã é ainda mais preocupante, para os EUA. Houve várias visitas de alto nível entre Islamabad e Teerã, e as duas capitais chegaram a entendimento em várias questões de segurança. Semana passada, Teerã reconheceu que não houve nenhum ataque pelo grupo terrorista Jundallah, que partisse do lado paquistanês da fronteira na região do Baloquistão, nos últimos dez meses.

Teerã acusou os EUA de controlar os terroristas do Jundallah para, através deles, conduzir operações secretas para desestabilizar o Irã. E, desde a prisão de Raymond Davis, agente da CIA preso em Lahore em janeiro, Islamabad já prendeu centenas de agentes da inteligência dos EUA que operavam em solo paquistanês, o que comprometeu seriamente a capacidade dos EUA para continuar a mandar terroristas do Jundallah em ataques ao Irã.

Teerã está satisfeita por o establishment de segurança paquistanês estar afinal agindo decididamente para destruir a rede terrorista Jundallah, apoiada pelos EUA; e retribuiu a boa vontade dos paquistaneses, trabalha para harmonizar sua política afegã e escrupulosamente nunca mais repetiu acusações ao Paquistão pelo assassinato do presidente do Supremo Conselho Afegão para a Paz Burhanuddin Rabbani, aliado íntimo de Teerã.

Na essência, o Irã avalia que a atitude de “desafio estratégico” do Paquistão contra os EUA terá efeitos positivos na estabilidade regional; é outro modo de dizer que Teerã encoraja a ideia de forçar as tropas norte-americanas a deixar a região.

Teerã foi bem-sucedida na luta por objetivo semelhante no Iraque, onde trabalhou para que as elites políticas xiitas em Bagdá não acedessem às súplicas desesperadas dos EUA para que permitissem a permanência de soldados dos EUA mesmo depois de esgotado o prazo máximo para a retirada (dezembro de 2011) previsto no Acordo SOFA vigente. Mas no Afeganistão os problemas são diferentes, e uma estratégia comum com o Paquistão muito beneficiará o Irã.

O Paquistão mantém uma posição ambígua sobre a questão da permanência de longo prazo dos EUA no Afeganistão, mas pode contar com a robusta oposição dos Talibã aos projetos das bases norte-americanas permanentes. Não surpreendentemente, o Irã investe numa abordagem de vários braços estendidos na direção dos Talibã.

Esforço concertado

Em resumo, o cenário geral na região vai-se configurando cada vez mais desfavorável para os EUA. A redução das tensões nas relações entre o Paquistão e a Índia e entre o Paquistão e o Irã minam a estratégia norte-americana para tentar ‘inserir-se’ na região.

O alerta contra viagens à Índia, feito pelos EUA visava a despertar desconfianças e temores, na Índia, quanto à possibilidade iminente de ataques terroristas patrocinados pelo Paquistão. A guerra de desinformação patrocinada pelos EUA reaparece também em notícias de que China e Paquistão estariam conspirando contra a Índia, em referência a instalação de bases militares chineses em áreas do norte do Paquistão, que é parte da Caxemira.

O movimento de desinformação patrocinado pelos EUA coincide com avanços significativos na melhoria da situação da segurança no Vale Caxemir, a ponto de o ministro-chefe Omar Abdullah ter abertamente defendido, semana passada em Srinagar, que se suspendam progressivamente as leis de emergência vigentes há décadas; e que Delhi inicie processo para engajar seriamente o Paquistão em negociações para resolver o problema da Caxemira.

A campanha de propaganda conduzida pelos EUA, sobre possíveis bases militares chinesas na Caxemira paquistanesa, visa a dois objetivos: criar discórdia entre Paquistão e Índia e, também, entre China e Índia.

O primeiro-ministro da Índia Manmohan Singh fez importante declaração semana passada, em que se disse “convencido” de que as lideranças chinesas querem solução pacífica para os problemas entre Índia e China, incluídas aí as antigas disputas de fronteiras. Significativamente, manifestou sua “sincera esperança de que seja possível que encontremos meios e modos pelos quais os dois vizinhos possam viver em paz e amizade, apesar do persistente problema de fronteiras”.

A declaração de Manmohan ganha significado especial, no momento em que os dois países estão prestes a iniciar uma 15ª rodada de conversações sobre as questões de fronteiras, em New Delhi. Em movimento também significativo, o ministro de Relações Exteriores da China logo respondeu à abertura política de Manmohan. Pequim disse que a China está “pronta a trabalhar com a Índia, para aprofundar a parceria estratégica China-Índia. A declaração dizia:

“Como vizinhos mutuamente importantes, China e Índia têm-se empenhado consistentemente nas relações bilaterais. Quanto à questão das fronteiras, que se arrasta pela história, os dois lados têm buscado solução justa, razoável e aceitável por ambas as nações, mediante consultas amigáveis. À espera de uma solução definitiva, os dois lados continuam comprometidos com manter a paz e a tranquilidade nas áreas de fronteira.”

Temporada de propaganda

Outra vez, surgem relatos especulativos, sem fontes, sem autores – e impossíveis de confirmar – sobre os chineses pretenderem estabelecer bases militares no extremo norte da região da Caxemira paquistanesa, e surgem em momento inicial da reconstrução local da segurança regional. A elaborada tese que subjaz àqueles relatos é que Delhi deveria desconfiar profundamente das intenções “perversas” de China e Paquistão e que deve ir mais devagar no processo de normalização de relações com esses vizinhos “traiçoeiros”.

Delhi também está sendo bombardeada, ao mesmo tempo, por propaganda dos EUA, segundo a qual Washington estaria ‘costurando’ uma “grande barganha” relacionada ao Afeganistão, pela qual haveria possibilidade de acomodarem-se todas as preocupações de todos – e barganha que poderia incluir a intervenção dos EUA como mediador das discussões sobre a Caxemira, em troca de Delhi pressionar a favor de os EUA permanecerem no Afeganistão.

Em artigo carregado de entrelinhas, publicado na revista Foreign Policy, semana passada, às vésperas da visita da secretária Hillary Clinton a Islamabad, dois destacados especialistas de um think-tank conectado ao establishment de Washington tentavam atrair o Paquistão e assustar a Índia e puseram sobre a mesa os ingredientes da tal “grande barganha”. Não há dúvidas: estamos em plena temporada de propaganda.

O cerne da questão é que os EUA tentam desesperadamente arrancar um acordo estratégico com o governo do presidente Hamid Karzai em Kabul que resulte na fixação da presença militar de longo prazo dos EUA no Afeganistão.

Na 2ª-feira, centenas de afegãos manifestaram-se em Kabul contra as bases norte-americanas. No mesmo dia, a Câmara Baixa do parlamento afegão rejeitou, por entender que violaria a soberania do país, um projeto para orientar os procedimentos do governo afegão na execução do acordo hoje vigente com os EUA. O Parlamento afegão não dá sinais de ver com simpatia a presença permanente dos norte-americanos no país.

Karzai está convocando uma loya jirga (grande conselho) buscando apoio para um ‘pacto’ EUA-Afeganistão. As coisas esquentarão, quando a loya jirga reunir-se, dia 16 de novembro. Karzai prometeu que qualquer pacto EUA-Afeganistão será levado ao Parlamento para exame e aprovação, depois de discutido na jirga. Washington insiste que a jirga já tenha aprovado uma primeira redação desse pacto, antes da Conferência Bonn II, em dezembro. O futuro político de Karzai depende de entregar ou não, aprovado, o tal pacto.

Foram convidados para a jirga todos os deputados, alguns ex-deputados, 1/3 dos membros dos conselhos provinciais, representantes da sociedade civil e figuras de destaque na sociedade, intelectuais religiosos e influentes líderes tribais. 230 representantes das comunidades de afegãos que vivem como refugiados no Paquistão, no Irã e em países ocidentais também participaram dessa jirga, que terá a força de 2.300 participantes votantes.

Dia 13 de setembro, Dadfar Spanta, Conselheiro de Segurança Nacional do Afeganistão disse a parlamentares afegãos que, depois de assinar o pacto, os EUA poderão instalar bases militares no Afeganistão, mas que nenhum pacto será assinado antes de aprovado pelo parlamento afegão. Spanta acrescentou: “São genuínas as preocupações de nossos vizinhos [sobre o pacto EUA-Afeganistão], mas não permitiremos que nosso território seja usado contra eles.”

O que o parlamento afegão teme, contudo, é que Karzai opte por ‘passar por cima’ do parlamento, depois de arrancar a concordância de uma jirga complacente, acolhendo a interpretação de que a jirga manifestaria a opinião coletiva dos afegãos. Na 2ª-feira, o parlamento encarregou seu presidente, de enviar comunicado oficial a Karzai, para lembrá-lo de que aprovar acordos em questões de política externa é prerrogativa constitucional do parlamento.

A guerra do Afeganistão está entrando em fase crucial. O fim da guerra dependerá, muito, da política regional. O pior, em todos os casos, para os EUA, será um cenário em que, trabalhando para reduzir as disputas intrarregionais entre Paquistão, Irã, Índia e China, esses países construam opinião convergente, partilhada, de oposição a bases militares norte-americanas permanentes.

Aprofundar as mesmas disputas, portanto, interessa muito, na atual conjuntura, aos objetivos geopolíticos dos EUA. É velha estratégia dos EUA, de “dividir para governar”.

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Sobreviver, cercado pelos 1% 27/10/2011, Michael Moore, “Carta”, Michael Moore Blog
http://www.michaelmoore.com/words/mike-friends-blog/life-among-1
(dica do Eliseu, que nos acompanha da Itália)

Amigos,

Há 22 anos, que se completam na 3ª-feira, eu estava com um grupo de operários, estudantes e desempregados no centro da cidade onde nasci, Flint, Michigan, para anunciar que o estúdio Warner Bros, de Hollywood, afinal comprara os direitos para distribuir meu primeiro filme, “Roger & Me”. Um jornalista perguntou: “Por quanto você vendeu?”

“Três milhões de dólares” – respondi com orgulho. Houve um grito de admiração, do pessoal dos sindicatos que me cercava. Nunca acontecera, nunca, que alguém da classe trabalhadora de Flint (ou de lugar algum) tivesse recebido tanto dinheiro, a menos que um dos nossos roubasse um banco ou, por sorte, ganhasse e grande prêmio da loteria de Michigan. Naquele dia ensolarado de novembro de 1989, foi como se eu tivesse ganho o grande prêmio da loteria – e o pessoal com quem eu vivia e lutava em Michigan ficou eufórico com o meu sucesso. Foi como se um de nós, afinal, tivesse conseguido, tivesse chegado lá, como se a sorte afinal tivesse sorrido para nós. O dia acabou em festa. Quando você é trabalhador, de família de trabalhadores, todos cuidam de todos, e quando um se dá bem, ou outros vibram de orgulho – não só pelo que conseguiu ter sucesso, mas porque, de algum modo, um de nós venceu, derrotou o sistema brutal contra todos, sem mercê, que comanda um jogo cujas regras são distorcidas contra nós.

Nós conhecíamos as regras, e as regras diziam que nós, ratos da fábricas da cidade, nunca conseguimos fazer cinema, ou aparecemos em entrevistas na televisão ou conseguimos nos fazer ouvir em palanque nacional. Nossa parte deveria ser ficar de bico calado, cabeça baixa, e voltar ao trabalho. E, como que por milagre, um de nós escapara dali, estava sendo ouvido e visto por milhões de pessoas e estava ‘montado na grana’ – santa mãe de deus, se preparem! Um palanque e muito dinheiro... agora, sim, é que os de cima vão ver só!

Naquele momento, eu sobrevivia com o salário-desemprego, $98 por semana. Saúde pública. Meu carro morrera em abril: sete meses sem carro. Os amigos me convidavam para jantar e sempre pagavam a conta antes que chegasse à mesa, para me poupar do vexame de não poder dividir a conta.

E então, de repente, lá estava eu montado em três milhões de dólares. O que eu faria do dinheiro? Muitos rapazes de terno e gravata apareceram com muitas sugestões, e logo vi que, quem não tivesse forte senso de responsabilidade social, seria facilmente arrastado pela via do “eu-eu” e muito rapidamente esqueceria a via do “nós-nós”.

Em 1989, então, tomei decisões fáceis:

1. Primeiro de tudo, pagar todos os meus impostos. Disse ao sujeito que fez a declaração de rendimentos, que não declarasse nenhuma dedução além da hipoteca; e que pagasse todos os impostos federais, estaduais e municipais. Com muita honra, paguei quase um milhão de dólares pelo privilégio de ser norte-americano, cidadão desse grande país.

2. Os 2 milhões que sobraram, decidi dividir pelo padrão que, uma vez, o cantor e ativista Harry Chapin ensinou-me, sobre como ele próprio vivia: “Um para mim, um para o companheiro”. Então, peguei metade do dinheiro – e criei uma fundação para distribuir o dinheiro.

3. O milhão que sobrou, foi usado assim: paguei todas as minhas dívidas, algumas que eu devia aos meus melhores amigos e vários parentes; comprei uma geladeira para os meus pais; criei fundos para pagar a universidade das sobrinhas e sobrinhos; ajudei a reconstruir uma igreja de negros destruída num incêndio, lá em Flint; distribuí mil perus no Dia de Ação de Graças; comprei equipamento de filmagem e mandei para o Vietnã (meu movimento pessoal, para reparar parte do mal que fizemos àquele país, que nós destruímos); compro, todos os anos, 10 mil brinquedos, que dou a Toys for Tots no Natal; e comprei para mim uma moto Honda, fabricada nos EUA, e um apartamento hipotecado, em New York City.

4. O que sobrou, depositei numa conta de poupança simples, que paga juros baixos. Tomei a decisão de jamais comprar ações. Nunca entendi o cassino chamado Bolsa de Valores de New York, nem acredito em investir num sistema com o qual não concordo.

5. Sempre entendi que o conceito do dinheiro que gera dinheiro criara uma classe de gente gananciosa, preguiçosa, que nada produz além de miséria e medo para os pobres. Eles inventaram meios de comprar empresas menores, para imediatamente as fechar. Inventaram esquemas para jogar com as poupanças e aposentadorias dos pobres, como se dinheiro dos outros fosse dinheiro deles. Exigiram que as empresas sempre registrassem lucros (o que as empresas só conseguiram porque demitiram milhares de trabalhadores e acabaram com os serviços de saúde pública para os que ainda tinham empregos). Decidi que, se ia afinal ‘ganhar a vida’, teria de ganhá-la com meu trabalho, meu suor, minhas ideias, minha criatividade. Eu produziria produtos tangíveis, algo que pudesse ser partilhado com todos ou de que todos gostassem, como entretenimento, ou do qual pudessem aprender alguma coisa. Meu trabalho, sim, criaria empregos, bons empregos, com salários decentes e todos os benefícios de assistência médica.

Continuei a fazer filmes, a produzir séries de televisão e a escrever livros. Nunca iniciei um projeto pensando “quanto de dinheiro posso ganhar com isso?”. Nunca deixei que o dinheiro fosse a força que me fizesse fazer qualquer coisa. Fiz, simplesmente, exatamente o que queria fazer. Essa atitude ajuda a manter honesto o meu trabalho – e, acho, ao mesmo tempo, resultou em milhões de pessoas que compram ingresso para assistir aos meus filmes, assistem aos programas que produzo e compram meus livros.

E isso, precisamente, enlouqueceu a Direitona. Como é possível que alguém da esquerda tenha tanta audiência no ‘grande público’?! Não pode ser! Não era para acontecer (Noam Chomsky, infelizmente, não aparece na lista dos 10 programas mais vistos da televisão; e Howard Zinn, espantosamente, só chegou à lista dos mais vendidos do New York Times, depois de morto). Assim opera a mídia-máquina. Está regulada para que ninguém jamais ouça falar dos que, se pudessem, mudariam todo o sistema, para coisa muito melhor. Só liberais babacas, que vivem de exigir cautela e concessões e reformas lentas, aparecem com os nomes impressos nas páginas de editoriais dos jornais ou nos programas da televisão aos domingos.

Eu, de algum modo, encontrei uma brecha na muralha e meti-me por ali. Sinto-me abençoado, podendo viver como vivo – e não ajo como se tudo fosse garantido para sempre. Acredito nas lições que aprendi numa escola católica: que se você se dá bem, maior a sua responsabilidade por quem não tenha a mesma sorte. “Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.” Meio metido a comunista, eu sei, mas a ideia é que a família humana existe para partilhar com justiça as riquezas da terra, para que os filhos de Deus passem por essa vida, com menos sofrimento.

Dei-me bem – para autor de documentários, dei-me super bem. Isso, também, faz pirar os conservadores. “Você está rico por causa do capitalismo!” – eles gritam. Hummm... Não. Não assistiram as aulas de Economia I? O capitalismo é um sistema, um esquema ‘pirâmide’ que explora a vasta maioria, para que uns poucos, no topo, enriqueçam cada vez mais. Fiz meu dinheiro, à moda antiga, honestamente, fabricando produtos, coisas. Nuns anos, ganho uma montanha de dinheiro, noutros anos, como o ano passado, não tenho trabalho (nada de filme, nada de livro); então, ganho muito menos. “Como é que você diz defender os pobres, se você é rico, exatamente o contrário de ser pobre?!” É o mesmo argumento de quem diz que, “Você nunca fez sexo com outro homem! Como pode ser a favor do casamento entre dois homens?!"

Penso como pensava aquele Congresso só de homens que votou a favor do voto para as mulheres, ou como os muitos brancos que foram às ruas, marchar com Martin Luther Ling, Jr. (E lá vêm a Direitona, aos gritos, ao longo da história: “Hei! Você não é negro! Você nem foi linchado! Por que está a favor dos negros?!”). Essa desconexão impede que os Republicanos entendam por que alguém dá o próprio tempo ou o próprio dinheiro, para ajudar quem tenha menos sorte. É coisa que o cérebro da Direitona não consegue processar. “Kanye West ganha milhões! O que está fazendo lá, em Occupy Wall Street?!”. Exatamente – lá está, exigindo que aumentem os impostos cobrados dele mesmo. Isso, para a Direitona, é definição de loucura. Todo o resto do mundo somos muito gratos que gente como ele se tenha levantado, ainda que – e sobretudo porque – é gente que se levantou contra seus pessoais interesses financeiros. É precisamente a atitude que a Bíblia que aqueles conservadores tanto exaltam por aí exige de todos os ricos.

Naquele dia distante, em novembro de 1989, quando vendi meu primeiro filme, um grande amigo meu disse o seguinte: “Eles cometeram erro muito grave, ao entregar tanto dinheiro a um sujeito como você. Essa grana fará de você homem perigosíssimo. É prova do acerto do velho dito popular: ‘Capitalista é o sujeito que vende a você a corda para enforcar ele mesmo, se achar que, na venda, ele pode ganhar algum.”

Atenciosamente,
Michael Moore
MMFlint@MichaelMoore.com

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