sábado, janeiro 28, 2017

A última trincheira ainda não conquistada pelo golpe é a consciência dos brasileiros que seguem resistindo, mesmo que em silêncio, para não sucumbir a esta era de pós-verdade. A principal luta hoje se dá no íntimo de nós mesmos. Se nos aprofundarmos na metafísica do golpe, veremos que ele nos pôs em face de um grande desafio espiritual, que devemos vencer sem ajuda de ninguém. As instituições públicas foram todas contaminadas: judiciário, ministério público, polícia federal, imprensa. As instituições privadas ou sociais progressistas (movimentos, partidos, sindicatos) foram tão atacadas que hoje precisam gastar o resto de energia que ainda possuem para não serem aniquiladas. O lutador contra o golpe nunca se sentiu tão sozinho. Ele sabe que existem milhões como ele, mas são milhões de solitários, isolados uns dos outros. Mas essa solidão absoluta pode ser o casulo de onde sairão grandes pensamentos, grandes ideias, grandes projetos. No enterro de Teori Zavascki, o juiz Sergio Moro o chamou de “heroi”. Ora, Teori, com todo o respeito, não foi heroi. O heroi não é o juiz com supersalários, superluxos, paparicado pela mídia, recebendo prêmios aqui e lá fora, andando de jatinho privado de empresários, aceitando o golpe em troca de conforto e blindagem midiática. O heroi, numa democracia, jamais pode ser um beleguim do Estado autoritário, como se tornaram hoje delegados, procuradores, juízes, e jornalistas da grande mídia.


Acho que nunca foi tão difícil viver no Brasil. Já passamos por outras crises, mas…
OCAFEZINHO.COM|POR MIGUEL DO ROSARIO