segunda-feira, outubro 10, 2011

Colonos terroristas judeus juram vingança

29/9-6/10/2011, Khaled Amayreh, Al-Ahram Weekly, n. 1.066, Cairo
http://weekly.ahram.org.eg/2011/1066/re15.htm

Ramallah. Colonos judeus, doutrinados pela teologia talmúdica extremista, ameaçam transformar a Cisjordânia em vasto campo de matança.

Reagindo contra o até agora bem-sucedido movimento palestino para obter apoio internacional para um estado palestino nos territórios que Israel ocupou em 1967, alguns líderes de colonos em Israel ameaçaram transformar os centros de população palestina em outra Srebrenica.

Em 1995, soldados sérvios foram responsáveis por um genocídio, naquela cidade bósnia, onde cerca de 8.000 homens e meninos foram massacrados, mortos a sangue frio.

Líderes de colonos, nas colônias israelenses em terras palestinas, que são efetivamente apoiados pelo governo e pelo exército de Israel, têm feito repetidas declarações, sempre ameaçando massacrar palestinos, no caso de a ONU reconhecer o estado palestino, ou garantir à Autoridade Palestina o status de representante de estado membro.

Os colonos não fazem ameaças à toa. Terroristas judeus, reunidos numa organização paramilitar conhecida como “Hilltop Youth” [Juventude da Colina], estão ativos numa campanha de assassinato e terror em vários pontos da Cisjordânia, incendiando plantações de oliveiras e mesquitas e matando palestinos inocentes.

O rabino Kiryat Arba Rabbi Dov Lior, mestre talmúdico extremista, segundo os jornais, estaria pregando “castigo coletivo” para os palestinos. Relançou um antigo édito talmúdico incendiário, segundo o qual até as criança não judias devem ser mortas, “porque não há inocentes, na guerra”.

O mesmo rabino endossou um livro editado recentemente, em hebraico, que ordena o assassinato “das crianças do inimigo”, especialmente em tempos de guerra.

Em 1994, esse velho rabino abraçou apaixonadamente o massacre executado por um terrorista judeu norte-americano, Baruch Goldstein, de centenas de palestinos que rezavam na Mesquita Ibrahimi, no centro de Hebron, do qual resultaram centenas de mortos e feridos. O rabino declarou santo e grande herói, o assassino.

Esse rabino tem dezenas de milhares de apoiadores e seguidores fanáticos e sabe-se que é temido pelo establishmente político em Israel.

Dia 24 de setembro, colonos e soldados israelenses atirara contra um homem palestino desarmado, pai de cinco filhos na vila de Qusra, perto de Nablus, e o mataram. Testemunhas descreveram o assassinato de Isam Badran, 37, como assassinato a sangue frio.

Segundo o presidente do conselho da vila de Qusra, Abdel-Azim Wadieh, bandos de colonos judeus, pesadamente armados, invadiram a vila, para incendiar os olivais. “Quando os locais tentaram defender suas árvores, os soldados israelenses que assistiam à invasão sem intervir puseram-se a atirar massivamente contra os palestinos donos dos olivais.”

Wadieh disse que dúzias de soldados israelenses invadiram a vila, tarde da noite, atirando para todos os lados, aparentemente para aterrorizar a população. No final do assalto, havia um palestino morto, sete feridos à bala, ferimentos de muito graves a superficiais, e várias pessoas foram presas.

Há duas semanas, a principal mesquita da vila foi seriamente danificada, quando terroristas judeus incendiaram o prédio central. Os incêndios de mesquitas na Cisjordânia, por colonos judeus, já atingem grandes proporções, sem que o exército ou o governo do estado judeu tenham investigado ou prendido um único terrorista.

Observadores na Cisjordânia estão convencidos de que as gangues de judeus terroristas têm ‘mulas’ ou agentes infiltrados no exército do estado judeu nos territórios ocupados, o que permite que os terroristas executem atos de terror e vandalismo contra os palestinos, sem jamais serem presos.

Em Hebron, no sul da Cisjordânia, um colono israelense atropelou um palestino, que ficou gravemente ferido. Dia 23 de setembro, uma 6ª-feira, colonos judeus mobilizaram-se, exigindo que o exército de Israel atirasse e matasse palestinos que, naquele momento, paravam para ver um acidente de trânsito, no qual dois colonos haviam sido atropelados.

Os colonos dizem que o acidente aconteceu porque palestinos atiraram pedras contra o carro. O exército israelense distribuiu duas versões diferentes do incidente. Fontes palestinas citam testemunhas, que viram o carro aproximar-se em alta velocidade e capotar; e que não havia palestinos na área, quando ocorreu o acidente.

Antes disso, um colono atropelara uma criança palestina próximo do local onde ocorreu o acidente. A criança, Farid Jaber, de oito anos, morreu na 2ª-feira, por causa dos ferimentos no atropelamento. Fontes palestinas noticiaram que a opinião generalizada na área é que os colonos atropelam deliberadamente pedestres palestinos naquele ponto e, sempre, notificam os atropelamentos deliberados como acidentes de trânsito.

Os colonos, se não todos, com certeza a maioria, são defensores e pregadores de uma violenta ideologia religiosa que prega a aniquilação de todos os não judeus que vivem no estado judeu. Segundo essa ideologia, ainda que sejam pacificados e ‘passem a respeitar a lei’, os não judeus devem ser escravizados para “carregar água e cortar lenha”, a serviço dos senhores da raça superior.

Em anos recentes, vários colonos têm divulgado essa ideologia fascista, contra os palestinos. Citam “éditos” de antigos textos talmúdicos que – se aplicados – obrigariam milhões de palestinos a escolher entre viver como escravos dos judeus, ser expulsos por meios violentos ou o extermínio físico.

Os colonos israelenses, que seguem a ideologia do sionismo religioso, creem que a vida de um não judeu não é vida santificada e que um judeu pode, mesmo, matar um não judeu sem que se admita qualquer impedimento legal e sem remorso. Algumas autoridades rabínicas em Israel admitem até o assassinato de não judeus para extrair órgãos vitais, no caso de haver judeu que deles necessite.

A ideologia do Gush Emunim, também conhecido como Bloco do Sionismo Messiânico existe há várias décadas, mas sempre foi marginal na população de judeus israelenses. Hoje, porém, essa ideologia parece estar-se tornando dominante, ao tempo em que toda a sociedade judeu-israelense continua a caminhar, a passos largos, para o fascismo declarado.

Há alguns meses, o líder espiritual do partido Shas, poderoso partido político, de forte influência no atual governo, que representa judeus de estados árabes e muçulmanos, declarou, numa homilia do Sabbath, que o estatuto de não judeus em geral é equivalente ao de bestas de carga, e que Deus criou os não judeus, inclusive os que apóiam os cristãos, ainda que apóiem Israel, exclusivamente para que sirvam os judeus.

A Autoridade Palestina, que tem a seu serviço dezenas de milhares de soldados de segurança, não tem conseguido proteger os palestinos, sobretudo em vilas e vilarejos localizados em áreas próximas das colônias exclusivas para judeus. Além disso, ‘acordos’ e ‘entendimentos’ entre Israel e a Autoridade Palestina proíbem que as forças de segurança da Autoridade Palestina entrem em zonas definidas como Áreas C, nas quais se localizam a maioria das vilas e vilarejos palestinos atacados.

Um oficial da Autoridade Palestina disse recentemente que a Autoridade Palestina perde a própria razão de ser, se não consegue proteger os cidadãos palestinos contra o terrorismo judeu, sobretudo se o exército israelense de ocupação nada faz para deter os colonos terroristas judeus israelenses.