por Endrigo Adonis Braga de Araújo
Dia 17 de abril o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, em Salvador, estará julgando em segunda instância um caso de corrupção na Prefeitura de Itiruçu, Bahia, em que os réus foram condenados em primeira instância na Comarca de Maracás. A população espera que os réus sejam novamente condenados, para livrar a cidade da praga da corrupção que a acompanha há décadas.Em 1996, em Itiruçu, no Sudoeste da Bahia, com 13.500 habitantes, foi eleito prefeito Wagner Pereira de Novaes e vice, Ailton Cezarino de Novais, ambos do PSDB, liderados pelo deputado federal Jutahy Magalhães Junior. Este, amigo do então ministro da Saúde, José Serra, conseguiu vários convênios federais de saúde com as cidades de Itiruçu e Boa Vista Tupin.A 21 de julho de 1997, o jornal Tribuna da Bahia informou que o presidente da Câmara Municipal de Itiruçu, Edvaldo Souza da Cruz, denunciou que o prefeito Novaes praticou superfaturamento nas obras de reforma do posto médico local, tendo sido pagas 40 caixas de descarga para apenas três banheiros. Quatro dias depois o jornal A Tarde publicou que, segundo o PT de Itiruçu, quatro dos seis cargos de primeiro escalão da Prefeitura eram ocupados por parentes do prefeito, que também demitiu 600 servidores, dos quais 450 concursados, e os substituiu por funcionários sem concurso. Este mesmo jornal divulgou, a 14 de outubro seguinte, que a Câmara Municipal de Itiruçu estava examinando denúncia de que a Prefeitura cobrava pagamentos do SUS por serviços não realizados. A Secretaria de Saúde reconheceu que houve “equívocos”.Na Folha de S. Paulo, a 28 de setembro de 2000 uma nota informava que o senador Antônio Carlos Magalhães denunciava que o Ministério da Saúde estava destinando verbas sem fiscalização a municípios como Itiruçu. Em entrevista à revista Veja, a 4 de outubro seguinte, ACM acusou o ministro José Serra de liberar 2 milhões de reais para Itiruçu apenas para beneficiar o tucanato local, em ano eleitoral. Itiruçu constou – em março de 2001, reeleito o prefeito Novaes – da lista de municípios que não prestaram contas da merenda escolar, segundo o ministro da Educação, Paulo Renato Souza.Em novembro de 2002, vereadores pediram auditoria do Tribunal de Contas da União em Itiruçu, que recebia mais verbas federais do que cidades dez vezes maiores, sem que os programas fossem realizados ou houvesse fiscalização da aplicação do dinheiro.Em janeiro de 2004, o prefeito Novaes foi acusado de sacar recursos para obras suspensas pelo Ministério da Integração, que exigiu a devolução de mais de 400 mil reais. Em setembro seguinte, o ministro da Saúde, Humberto Costa, suspendeu a liberação de verbas para Itiruçu, por irregularidades.Jutahy Magalhães Junior sempre conseguiu a maioria dos votos para deputado federal em Itiruçu, para o qual sempre obteve verbas mal aplicadas, desde 2005 pelo novo prefeito, Cezarino Novaes, também do PSDB. Agora, depois da condenação em primeira instância, a questão volta à Justiça.
Endrigo Adonis Braga de Araújo é técnico agrônomo.
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