domingo, janeiro 15, 2012

2011: Anonymous contra polícia, ditadores e ameaça existencial

11/1/2012, Quinn Norton, Wired (Parte III)
Ver também
3/1/2012, “Anonymous” 101: Introdução ao Lulz[1]”, Quinn Norton, Wired (Parte I)
3/1/2012, “Anonymous 101: O moralismo derrota o Lulz”, Quinn Norton, Wired (Parte II)
Essa matéria é a terceira de uma série especial de Quinn Norton para a revista Wired. Quinn Norton está vivendo com manifestantes #Occupy e quer ler por trás das manchetes, acompanhando os Anonymous. O projeto de seu trabalho pode ser lido em http://www.wired.com/threatlevel/2011/10/quinn-norton-occupy/ (em inglês).

Nota dos editores: Cobertura decente do que são e fazem os Anonymous andará sempre muito próxima, em alguns pontos, de material NSFW[2]. Inclui imagens e linguajar não recomendáveis.

Legenda da imagem: Um homem, nos protestos de 17/11 de Occypy Wall Street, em New York, com a máscara icônica de Guy Fawkes/Anonymous, pintada com as cores da bandeira dos EUA.
“A III Guerra Mundial é guerra de guerrilha por informação
sem divisão entre a participação de militares e civis.” – Marshall Mcluhan

“Eles são feitos de dinheiro. Nós somos feitos de galos.”[3]
— Antisec Anonymous, contra prisões de Anons.

Desde que aprendemos que populações, distâncias e dólares podem ser medidos aos milhões, depois aos bilhões, a humanidade luta em busca de resultados: o que cada ser humano pode fazer, que faça alguma diferença em mundo tão gigantesco? E em 2011, depois de deixar para trás a identidade autoindulgente dos 4channers, os Anonymous enfrentaram esse dilema existencial.

Uma simples pergunta assombrava todos os vídeos, todas as matérias, todos os canais das AnonOps [Operações de Anonymous] no Internet Relay Chat (IRC): O que os Anonymous fazem tem consequências? Não que ter consequências seja indispensável; não esperamos que todos os atos das estrelas do esporte e das celebridades em geral tenham consequências. Não esperamos qualquer consequência, sequer, do que fazem os políticos eleitos!

Mas os Anonymous haviam abraçado a ideia de que as operações do final de 2010 teriam de fazer alguma diferença, mudar alguma coisa no mundo. Sim, sim, os Anonymous são bombásticos, engraçados, às vezes bem espertos, às vezes cruéis, quase sempre perversos e eternos amadores adolescentes mal informados. Mas... as operações dos Anonymous mudam alguma coisa no mundo?

Com o passar dos dias, com Anonymous, seu público online e a imprensa a avaliar seus movimentos, foi-se tornando cada vez mais claro que, dados os crescentes movimentos de protesto coletivo de 2011, o problema de ter ou não ter consequências não era problema só para os Anonymous.

Em todos os casos tratava-se de descobrir se ações que se empreendam de fora do sistema – das quais nós, ou alguns de nós, podemos participar – podem, de fato, mudar o mundo. Quando julgamos os Anonymous, estamos julgando também nossa própria disposição para agir de fora dos limites da sociedade normal. Não discutimos apenas se os Anonymous podem deixar sua marca no mundo: discutimos também se nós mesmos podemos – ou devemos, ou deveríamos – fazê-lo.

No final de 2010, o problema das consequências das operações dos Anonymous já estava no ar, mas foi preciso a primeira faísca que incendiou a Primavera Árabe, para que o problema chegasse afinal ao centro do palco.

Relações Internacionais dos Anonymous
Legenda da imagem: Imagem que parece ser de Bouazizi, em selo postal emitido pelo Governo de Transição da Tunísia.
Mohamed Bouazizi era um vendedor de frutas na vila de Sidi Bouzid no interior da Tunísia. Sempre foi homem simples, cuja vida ou morte não teriam consequências para o mundo. Você nunca ouviria o nome dele. Então, por nenhum motivo explicável, tudo isso mudou, dia 17/12/2010. As frutas que ele vendia foram confiscadas pela polícia e Bouzid foi espancado. Menos de uma hora depois disso, Bouzid andou para o meio da rua com uma lata de tiner e a roupa encharcada de tiner, gritando “E como é que eu vou ganhar a vida?” e deixou cair um fósforo aceso.

Bouazizi estava no fim da sua capacidade de aguentar, em silêncio, a dor, o abuso, que o haviam acompanhado por toda a vida. Mas aconteceu que, assim como ele, toda a Tunísia e todo o Oriente Médio também haviam chegado ao limite da capacidade de aguentar.

Em algumas horas, as ruas começaram a encher-se de pessoas que queriam manifestar-se contra a corrupção sistêmica que havia arrastado Bouazizi até a autoimolação; e nas duas semanas seguintes as manifestações espalharam-se como fogo pela Tunísia.

Era dia 2/1/2011. Dali a 12 dias, Ben Ali estaria fora do poder. Mas ninguém sabia disso.

“Havia dois postados no canal #operationpayback. O primeiro, sobre uma lei a ser aprovada na Hungria. O segundo, sobre alguma coisa na Tunísia. Por alguma razão, li o postado sobre a Tunísia, e outros também leram” – disse um Anon que participou da Operação Tunísia (OpTunisia)[4]. O postado dizia que o ditador da Tunísia Ben Ali estava censurando os telegramas de Wikileaks que falassem da Tunísia. Havia notícias desencontradas sobre Bouazizi (que seria estudante de computação, o que não é verdade); e que teria posto fogo ao próprio corpo, para protestar contra a corrupção policial (o que ele fez); e outras coisas.

Algumas pessoas constituíram a rede #optunisia no IRC e começaram a discutir o que fazer. O Anon de OpTunisia que falou com Wired.com disse que não supunha que nem a operação nem a revolução tivessem qualquer chance. O mesmo Anon escreveu no chat online:
“Ninguém se preocupava muito com a Tunísia, porque não é país muito conhecido. A coisa foi meio “Essa porra é impossível. OK. Vam’bora fazer essa porra”.
Nas semanas seguintes, o pequeno grupo atacou [“DDoSed”] e desfigurou páginas do governo tunisiano na internet e transportou notícias sobre o levante popular na Tunísia, de dentro para fora e de fora para dentro do país.
“Também distribuímos um care package[5] com ferramentas para fugir das restrições de privacidade na Tunísia, inclusive um script Greasemonkey para evitar que o governo da Tunísia interceptasse usuários do Facebook” – disse o mesmo Anon. (Scripts Greasemonkey são poderosos plug-ins de browser[6].)
No pacote, ia também uma mensagem ao povo da Tunísia, enviada pelos Anonymous:
“Essa é a revolução *de vocês*. Ela não será tuitada nem televisionada nem [sic] IRCada. Vocês *têm* de sair às ruas, ou vocês *perdem* a luta. Cuidem da segurança, se vocês forem presos, não podem [sic] fazer nada, nem por vocês nem pelo seu povo. O governo *está* de olho em vocês.”
Alguns no canal #optunisia eram tunisianos, entre eles slim404, cujo verdadeiro nome é Slim Amamou, blogueiro tunisiano muito conhecido[7]. Amamou e outros arriscaram-se muito, passando notícias e softwares de uns para outros, entre os Anons e o mundo exterior, e gente que já estava nas ruas.

Amamou foi preso dia 6/1/2011. Os Anons na #optunisia praticamente não dormiam. A polícia estava atirando contra manifestantes, o governo censurava páginas, inclusive do Facebook, mas as notícias continuaram a circular, e os protestos cresciam. Então, menos de um mês depois da imolação de Bouazizi, 23 anos de ditadura brutal chegaram ao fim, quando Ben Ali fugiu da Tunísia.
“Lembro que acordei dois dias depois, e minha casa ainda estava cheia de garrafas de champanhe vazias” – contou o Anon. – “Mas, em seguida, começamos OpEgypt [Operação Egito], quer dizer, ninguém descansou.”
Os Anonymous fizeram alguma diferença na Tunísia?
“Melhor você perguntar aos tunisianos, se acham que ajudamos” – respondeu o Anon. – “Fui fazendo o que achava que podia fazer. Meu grãozinho de areia.”
Amamou saiu da prisão para ser Secretário de Estado de Esportes e Juventude – talvez tenha sido o primeiro ministro dos Anonymous –, mas renunciou em maio, em protesto contra a censura que o governo de transição impôs à rede.

Talvez nunca saibamos o quanto os Anonymous foram importantes para a Tunísia. Mas a Tunísia mudou tudo, para os Anonymous. A OpTunisia foi a primeira das operações que ficaram conhecidas como “Operações Liberdade”, as Freedom Ops, operações dos Anonymous que, quase todas, começaram em países do Oriente Médio, em apoio à Primavera Árabe, mas espalharam-se.

Em seguida, veio a OpEgypt, onde os protestos eram muito maiores, e a situação muito mais complexa.

Desde o início da ocupação da Praça Tahrir e do dia 25 de Janeiro, “Dia da Revolta”, os Anonymous trabalharam para criar conexões ao vivo de internet e atacaram servidores do governo, para derrubá-los (DDoS), como haviam feito na Tunísia.

Três dias depois, Mubarak desconectou a internet. Os Anonymous enfureceram-se, tanto pela evidente ameaça existencial a toda a rede como meio de expressão política, como por verem-se reduzidos à impotência no caso, como aquele, de todo um país ser desconectado.

Mas Mubarak caiu dia 11/2; não durou muito mais que Ben Ali. Mais uma vez, os Anons gostaram da sensação de ser parte da história. Por algumas semanas, os doidos-por-internet convertidos em ativistas eram reconhecidos em todo o mundo por lutar um bom combate, ao lado do povo. E os Anons gostaram. As Operações Liberdade proliferaram.

As Operações Liberdade são úteis para explicar como acontecem as operações dos Anonymous. A qualquer momento do dia ou da noite, havia operações em andamento pelo IRC para vários países, não só no Oriente Médio. Havia canais para Grã-Bretanha, Itália, Irlanda, EUA, Venezuela, Brasil e muitos outros países, e também para Síria, Bahrain, Iêmen, Líbia e praticamente todos os países do Oriente Médio. Muitas das operações tinham poucos participantes conectados a um vídeo ou press-release sobre problemas naquele país, com convocação à ação; mas por longos períodos nada acontecia.

Tudo bem. Esse é o modo como os Anonymous propõem-se ideias e questões a eles mesmos. Esse sistema invertia a ordem à qual a imprensa estava habituada. Em praticamente todo o mundo, as proclamações surgem depois da decisão de agir. Os manifestos hiperbólicos dos Anonymous, suas ações que convocam para ações apocalípticas, mostram, sempre, que ali está uma questão sobre a qual eles querem falar. Para muitos jornalistas que escreveram sobre eles, os Anonymous deram a impressão de ser muito vento e pouca ação.

Mas esse é o modo errado de vê-los. Para a forma mentis do enxame movido a lulz, a agitação do vento pode ser exatamente o aspecto que mais conta. Outras vezes, ações menos dramáticas, menos barulhentas, brotam e enchem o canal, que, na sequência, volta a silenciar, quando os Anons já se mudaram e já operam em outra ação. Para as Operações Liberdade, não era vergonha passar algum tempo em silêncio; e, de repente, operações deixadas adormecidas voltavam à vida, ‘acordadas’ para responder a novos eventos, numa ou noutra determinada região relevante.

É importante entender o tipo de cada operação, se se quer entender se tiveram sucesso ou não. Mas às vezes nem isso é possível.

A mal fadada #OpCartel – convocação para atacar um cartel mexicano de drogas – fracassou, se foi lançada com o objetivo de deflagrar verdadeira guerra entre os Los Zetas e os Anonymous. Mas, se foi lançada para criar confusão e ganhar espaço na mídia, nesse caso os Anons que estiveram por trás daquilo sim, ganharam grandes dividendos em lulz; como operação de trolagem, foi um sucesso. Mas sem saber sequer quem criou aquela operação, nunca saberemos por que aquela operação foi lançada – e essa, precisamente, é a situação em que se está sempre, em muitas, talvez na maioria, das operações.

O mês de janeiro dos Anonymous foi integralmente doado à Tunísia, ao Egito e à Primavera Árabe, e foi o momento mais sério da história do enxame Anonymous. Mas o mês seguinte dos Anonymous, fevereiro, foi integralmente doado a uma até ali obscura empresa de segurança chamada HBGary Federal – e talvez, para os Anonymous, tenha sido o momento de mais pleno de lulz de todos os tempos.

O estranho caso de HBGary e HBGary Federal
Começou com um artigo publicado no Financial Times no qual Aaron Barr, presidente de uma obscura empresa de segurança que trabalhava para o governo e com ligações a outra empresa, mais conhecida, também de segurança, HBGary, dizia ter descoberto e identificado o líder dos Anonymous. Dizia que seriam cerca de 30 membros, com dez membros “núcleo” que tomariam as decisões. Barr dizia também que conseguira ligar suas identidades no IRC aos seus nomes reais, usando análise de redes sociais. Estava marcando uma conferência de segurança, para divulgar sua pesquisa.
“Estou fazendo belo trabalho, identificando nomes chaves e iluminando o modo como trabalham. Tudo está sendo feito com análise de redes sociais. Algumas organizações governamentais talvez se interessem pelos meus dados, antes que eu divulgue tudo (...). Acho que será um estouro” – Barr escreveu a um colega, por e-mail.
Os Anonymous reagiram como se tivessem recebido um choque elétrico, mas não pelo motivo que se aventou. Não se assustaram com a ameaça de prisão em si – o risco de serem presos já é parte da rotina dos Anons, ao longo dos anos, desde que derrubaram a página da Igreja da Cientologia[8]. Os Anonymous ficaram absolutamente furiosos, sim, mas por motivo mais próximo da indignação ante uma heresia, do que do medo de alguma eventual invasão em suas fileiras. Ao dizer que o coletivo sem líder teria líderes aos quais os demais obedeceriam secretamente, foi como se Barr tivesse invadido o Vaticano dos Anonymous e declarado que a Virgem Maria viveu de prostituição. Os Anonymous responderam em fúria, em surto de ira santa.

O desmanche do website de HBGary Federal
Uma equipe de Anons (cinco, segundo disseram) entrou em ação. Invadiram o servidor de HBGary Federal, abriram caminho, com recursos de engenharia social também para os servidores da empresa-mãe, HBGary, e derrubaram até a página rootkit.com, do fundador de HBGary, Greg Hoglund, que rastreia rootkits in the wild. Extraíram de lá mais de 71 mil e-mails e documentos secretos. Desmontaram as páginas. Na página de HBGary Federal, publicaram a seguinte mensagem: “Esse domínio foi invadido pelos Anonymous, nos termos da regra 14 das Regras da Internet” (a Regra 14 diz: “Não discuta com trolls. Discutir com troll significa que o troll ganhou a guerra”[9]).

A declaração pública sobre a invasão foi, em parte, dirigida a Aaron Barr:
“Você acha que tem nomes completos e endereços residenciais dos ‘líderes’ dos Anonymous? Você não tem. Você pensa que Anonymous tem um fundador e vários co-fundadores? Não têm. Você espera vender ao FBI as suas informações? Falso. Os detalhes pessoais de ‘membros’ dos Anonymous que você pensa que tem são, simplesmente, besteira.

Por que você não consegue vender suas informações ao FBI, como planejou? Simples. Porque nós vamos dar tudo a eles, grátis.”
Na primeira vez, distribuíram, principalmente, material que pertencia a Aaron Barr e a HBGary Federal; o material de Greg Hoglund e HBGary permaneceu sem ser divulgado, sob a guarda de alguns poucos Anons. Mas nem Barr nem os outros eram usuários ingênuos de computadores; e Barr já fora Anonymous em canais de IRC durante algum tempo. Dia 7 de fevereiro, dois dias depois do artigo no Financial Times que iniciara a barulheira, Aaron Barr; Greg Hoglund, fundador da HBGary; e Penny Leavy, presidenta de HBGary e esposa de Hoglund, entraram no IRC para falar diretamente no centro vivo do enxame.

Num diálogo que parece extraído de novela ciberpunk, os três executivos discutiram em #ophbgary, negociaram, imploraram pelo futuro de suas empresas com Anons cujos apelidos eram heyguise, PewPewPew, Sabu e n0pants. Barr apresentou-se, ele mesmo, como CogAnon.

O chat foi rápido e errático, semeado de piadas, declarações adocicadas de apoio e aparente franqueza dos dois lados. Leavy e Hoglund assumiram tom conciliador no contato com o coletivo – a certa altura, Leavy tentou seduzir a audiência, falando sobre o jogo Fallout.

Mas Barr dava a impressão de não conseguir controlar-se no contato direto com os Anons, nem em nome de ajudar seus colegas cujas mensagens de e-mail haviam sido extraídas das empresas mas ainda não haviam sido divulgadas. “Repito que só se trata de pesquisa sobre vulnerabilidades das mídias sociais” – escreveu ele. “Vocês pisaram na bola.”

A resposta foi rápida: “Nada disso, CogAnon. Você pisou na bola.”

Os Anons que tinham em seu poder os e-mails de HBGary fizeram uma proposta a Leavy e Hoglund. Exigiram que Barr fosse demitido. E que depositasse certa soma de dinheiro na conta aberta a contribuições para pagar os advogados de Bradley Manning.

Leavy começou a discutir com os Anons sobre a moralidade das ações de Manning, mas os Anons a declararam “fora do tópico”. Ela entendeu, mas não antes de quase toda a sala voltar-se contra ela. Era território virgem para todos os envolvidos. Ninguém ali, nem os Anons nem os altos executivos das empresas de segurança, tinha sequer ideia de alguma etiqueta que se aplicasse a negociações online entre os EUA das grandes corporações e a rapaziada casca grossa do enxame em rede.

Mas os Anons não divulgaram imediatamente os e-mails de Hoglund, até que se tornou evidente que a atitude dos empresários no IRC não passara de tática de negociação. Os Anonymous examinaram os e-mails e encontraram uma conversa em tom de triunfo entre duas empresas, sobre o trabalho de Barr, em que Hoglund discutia o que HBGary publicara:
Acho que os caras vão ser presos e será interessante dar a boa impressão de que foi Aaron quem os pegou e de que, sem Aaron, os Federais nunca saberiam tirá-los do caminho. Deixe que Aaron apareça como herói para o público. De um jeito ou de outro, eles vão ser presos.
Essa e algumas outras mensagens hostis de Hoglund, contra os Anonymous, para a imprensa, encerraram as negociações. Todos os e-mails foram divulgados.

Apesar das sombrias previsões de Hoglund quanto ao futuro dos Anonymous, nenhuma mão pesada da lei caiu sobre eles. Até hoje, os raros Anons que chegaram a ser presos estavam envolvidos em sofisticadas operações de hacking, e dada a natureza do enxame, é difícil saber se alguém prendeu as pessoas certas, caso a caso.

Os empresários de HBGary mostraram aos Anons que aqueles contatos podiam ser excitantes e cheios de lulz, e que a Polícia não estava à porta, pronta para prendê-los. Aprenderam que sabiam ser mais frios e mais engraçados do que supunham. Que tinham meios para capturar a imaginação da mídia e que não estavam sendo caçados como cães. Haviam distribuído muitos dados por toda a internet, e, em todo o planeta, muita gente pôde vasculhar os e-mails de HBGary e descobrir sobre os esquemas do mundo da segurança, inclusive complôs em preparação contra WikiLeaks. HBGary ensinara aos Anonymous que eles poderiam continuar cheios de lulz e, ao mesmo tempo, poderiam ser também uma espécie de heróis anti-establishment.

Mas esse novo modo de ser Anonymous não desabrocharia plenamente senão em maio, quando o Lulzsboat [Barco Lulz] foi posto n’água e partiu, de velas pandas.

Depois da Operação Tunísia e da Operação HBGary, a maioria das grandes ações dos Anonymous em 2011 ficaram em um de dois campos: o ativismo ou o puro hacking em nome do lulz. A velha cultura também continuou, com os lolcats do 4chan, os protestos à frente da Igreja da Cientologia. Os Anonymous tornaram-se ainda mais difíceis de caracterizar, e nenhum Anon concordava com tudo que o coletivo fazia, exceto, talvez, que todos continuavam a gostar de gatos.

Como em qualquer cultura, havia facções que se detestavam entre elas. Para alguns Anons, os Anons hackers estavam estragando o enxame, criando riscos para todos os Anons; para outros, meter-se a ajudar revoluções em países minúsculos, distantes, era perda de tempo. E alguns só gostavam, mesmo, de arranjar brigas e de enviar pizzas não solicitadas para ‘vítimas’ definidas ao acaso.

Em abril, os Anonymous encontraram mais alguém para adorar detestar, além de HBGary e ditadores no Oriente: a empresa Sony. O console Sony PS3 havia sido um dos favoritos de muitos hackers, que usaram uma entrada [orig. jailbreak] criada por George Hotz (geohot) em 2010 para instalar programas customizados e rodar Linux e outros sistemas operacionais. Rodar Linux era recurso que a Sony usara originalmente para promover o PlayStation, mas o recurso foi depois removido com um patch.

Em janeiro de 2011, a Sony processou Hotz e outros, acusados de violação de legislação federal contra invasão de encriptação. Hotz aceitou um acordo em abril, o que não o impediu de continuar a criticar a Sony em seu blog pessoal e de convocar outros a unir-se e boicotar produtos Sony.

Anonymous fez mais: relançou a Operação “Dar o Troco” [Op Payback[10]] para derrubar (DDoS) as páginas da Sony. Alguns Anons deram-se por satisfeitos, mas outros queriam castigar a empresa. Em abril, foram invadidas e hackeadas 77 milhões de contas da PlayStation Network. A Sony acusou diretamente os Anonymous; vários Anons negaram tudo. Hackers atacaram novamente em maio, dessa vez a rede de Sony Online Entertainment: 24,6 milhões de contas foram invadidas.

A Sony PlayStation Network esteve fora do ar entre 20 de abril e 14 de maio. Quando os Anonymous afinal cansaram-se da Sony, o preço das ações da empresa já caíra de $31 por ação, para perto de $25.

Apesar das terríveis falhas na segurança da Sony[11] terem sido expostas ao mundo em cerca de 19 ou 20 quebras de segurança entre abril e junho de 2011, o caso que mais deu o que falar aconteceu com um ramo que se separara dos Anonymous – Lulzsec[12].

Velas ao vento, num mar de Lulz
Legenda da imagem: O dandy enofílico (logo de Lulzsec e, depois, também de Antisec).
Em maio, um pequeno grupo de Anons separou-se do enxame e passou a identificar-se como Lulzsec, abreviatura de Lulz Security. Começaram com uma florada de hacking que durou 50 dias, durante os quais germinaram as sementes que o ataque contra HBGary deixara plantadas. No início de 2011, os Anonymous, apesar do modo bombástico como editavam seus vídeos, ainda se mostravam em certo sentido tímidos, atentos aos efeitos que os alvos sofressem, preocupados com alguma eventual retaliação. Mas HBGary ensinara muitos Anons a pensar maior e picar mais forte. Lulzsec ensinaria os Anonymous a mirar a Lua ou, pelo menos, a trabalhar para derrubar (DDoS) a Lua.

Os Lulzsecs, sob o slogan “Líderes mundiais de entretenimento de alta qualidade à custa de vocês”, puseram-se a movimentar-se entre o político e engraçado, e o completamente randômico e hilário. No início dos movimentos, hackearam o sistema público de rádio e televisão dos EUA, PBS[13] – para criticar um documentário sobre WikiLeaks que o sistema pusera no ar; e divulgaram informações de login do sistema. Mas enquanto permaneceram dentro do sistema, inseriram lá notícias falsas, de que os rappers Tupac e Biggie Smalls (falecidos) estariam vivos, morando na Nova Zelândia.

Adiante, Lulzsec telefonou para magnets.com e, em seguida, disseram, pelo Twitter, que o serviço de Atendimento ao Consumidor não explicava aos consumidores como os ímãs (magnetos) funcionavam. (Wired especulou que a pergunta teria sido “Fucking magnets, comé que aquilo funciona?”[14]) Como retaliação, por não terem sido informados sobre o funcionamentos dos ímãs, os Lulzsecs não só derrubaram (DDoSed) a página da empresa, como também invadiram e desmontaram o sistema telefônico. No mesmo dia, derrubaram (DDoSed) a página cia.gov. Embora a página não tenha sido realmente invadida, a ação mostrou o que, para muitos, seria excesso de autoconfiança e arrogância: os Lulzsecs estariam dizendo ao mundo que não havia ninho de formigas carnívoras que eles não chutassem.

Invadiram e hackearam seis vezes a página da Sony; duas vezes a página do Senado dos EUA; um vez uma empresa contratada pelo FBI (da qual tiraram dados que foram distribuídos na rede). Atacaram Minecraft, Eve Online e Nintendo. Distribuíram dados de contas, logins e senhas de uma página de pornografia e da polícia do Arizona. Atraíram para eles todos os holofotes da mídia em maio e junho, mais do que qualquer grupo de hackers jamais antes conseguira, em tempo algum.

Parte significativa da indústria da segurança de computadores apaixonou-se pelos Lulzsecs. Não porque tivessem usado esquemas ultrassofisticados, mas por razão bem diferente. Durante anos e anos, os empregados das empresas de segurança repetiram aos chefes e gerentes que a segurança tinha falhas e que em matéria de “privacidade”, os seus clientes estavam já bem perto do zero. E em todos os casos, ouviam de chefes e gerentes que não havia dinheiro para melhorar a segurança. Então, de repente, caía do céu aquele grupo de hackers, que faziam o que ninguém antes conseguira fazer: chamar a atenção para questões de segurança.

Em postado intitulado “Por que amamos secretamente os LulzSec”[15] Patrick Gray admitiu que via com muito prazer aquela imensa confusão.
“LulzSec anda por aí detonando [sic] algumas da empresas mais poderosas do ramo. Por quê? Pelo lulz! Para darem boas gargalhadas” – escreveu. “Não há dúvidas de que agora todos sabemos o mais importante, sobre segurança de computadores: não existe”.
Mas depois de 50 dias de ação, Lulzsec anunciou que deixava o campo (e a polícia já estava chegando perto). Silenciosamente, se reintegraram ao enxame e criaram os Antisecs – uma ala ‘grã-fina’ dos Anonymous. Embora os Antisecs mantivessem o humor e a voz sarcástica dos Lulzsecs, eles também sucumbiram aos eventos da hora, e seus ataques tornaram-se progressivamente mais políticos. Eventos em todo o mundo mais uma vez estavam à beira de modificar os Anonymous, incluindo a procura e a prisão de gente acusada de ser associada aos próprios Lulzsecs.

Ensaio geral para a revolução

Legenda da imagem: Durante a Operação BART, um Anon carrega cartaz em que se lê “Parem de matar pobres”.

A operação BART (OpBART) havia levado os Anonymous para terreno improvável para eles: o mundo complexo, distante da internet, das relações raciais e da violência policial da segurança do sistema de trens urbanos da California Bay Area. Os protestos contra a brutalidade policial passaram a ser frequentes em San Francisco e Oakland desde os tiros, em 2009, que mataram Oscar Grant numa estação, em Oakland, do sistema de trens Bay Area Rapid Transit (BART).

Dia 11 de agosto, ativistas anti-BART estavam planejando uma manifestação na estação Civic Center, em San Francisco, de protesto contra a morte, a tiros, de um morador de rua, Charles Hill. A manifestação foi noticiada em todo o país, e não seria preciso mais que um tiroteio de rua para mobilizar os Anonymous, mas a reação da empresa BART, contra a manifestação que estava sendo planejada, pôs a empresa diretamente no colo dos Anonymous. (...)

Para impedir que os manifestantes coordenassem seus movimentos por telefones celulares, a empresa BART bloqueou o sinal para celulares nas estações do centro da cidade.[16] Pode não parecer muito, mas uma coisa é ler e outra é estar lá. Encarar uma coluna de policiais paramilitares não foi novidade para mim, e já os vi várias vezes, quando cobria as manifestações dos movimentos OCCUPY para Wired. Os policiais berraram à minha frente, empurraram, jogaram granadas de gás lacrimogêneo. Na estação da BART em San Francisco, os policiais não se mexiam e até pareciam entediados. Mas o meu celular estava mudo, e eu, impedida de me comunicar com o resto do mundo. Foi pior.

Quando a notícia espalhou-se, os Anonymous decidiram vingar-se da BART. Começaram a aparecer dezenas de avisos da manifestação no YouTube; surgiram contas de Anons Anti-BART no Twitter; #OpBart logo apareceu no IRC. Ao longo de todo o mês, os hackers Anon atacaram as páginas muito mal protegidas da empresa e páginas de MyBART, e, num movimento que provocou discussões públicas entre os próprios Anons, tentaram chantagear o porta-voz da BART, Linton Johnson: queriam que se demitisse, ou divulgariam fotos muito explícitas – o que, adiante, fizeram.

À medida que a Operação BART avançava, foi-se tornando completo circo midiático. Os Anonymous divulgaram dados de consumidores e da polícia, e anunciavam protestos eternos, sem data para terminar. Estavam aperfeiçoando suas ferramentas para hackear também a mídia, e às vezes enviavam mensagens diretamente aos jornalistas.

Alguns Anons apareceram nas manifestações de rua, usando máscaras. E foram cercados por jornalistas. Amplificavam e estimularam vozes nas manifestações, sobretudo os grupos de militantes que há muito tempo exigiam o fim da segurança policial da própria empresa BART. “No Justice No BART”. Ninguém, na imprensa, sabia dizer onde terminava a manifestação dos Anonymous e começava a cobertura jornalística.

Entre o bombástico apoio dos Anonymous online e as ramificações nacionais de uma pequena força policial regional ter poder sobre toda a infraestrutura de telecomunicações (a agência federal de comunicações FCC abriu inquérito), representantes de todos os níveis da imprensa apareceram em vários protestos (às 2ªs-feiras), com helicópteros que sobrevoavam as manifestações, saudados pelos policiais. Algumas vezes, havia mais policiais e jornalistas nas manifestações, que, propriamente, manifestantes. A polícia privada da empresa BART fechou algumas estações. O departamento de polícia de San Francisco prendeu alguns ativistas fora das estações.

Ninguém sabia, naquele momento, mas foi um ensaio geral para o que seria o mais amplo esforço de mobilização que os Anonymous jamais empreenderam até agora: o apoio ao movimento Occupy Wall Street. Não houve nem pausa: Occupy Wall Street começou no momento em que a OpBART arrefecia.

Anonymous <3 Occupy
Legenda da imagem: Um monstro-tenda Anon dança na praça, em Occupy Oakland.

Occupy Wall Street não foi nem projeto nem plano dos Anonymous, mas os Anonymous acorreram em seu apoio no final de agosto[17], e conseguiram atrair muita atenção da mídia. Entre as pessoas que andaram de Lower Manhattan, dia 17/9, e chegaram ao Parque Zuccotti, a imprensa só tinha olhos para quem usava máscaras de Guy Fawkes, sempre seguidos pelos fotógrafos. Os Anonymous estavam usando as técnicas que haviam aprendido durante a Operação BART, para criar alarido midiático.

Com as ocupações avançando pelo país, houve Anons em cada passo, estimulando. “Acho que algum Anon leu meus tuítes e escreveu que eu devia começar um movimento Occupy Boston” – disse Robin Jacks, em Boston. – “E pensei: acho que vou fazer isso mesmo.”

Durante os primeiros dias do movimento Occupy, o espírito que se via pelas praças era contagiante: o humor normalmente cínico que sempre predominara no enxame, começou a soar um pouco mais feliz – às vezes, quase pareciam hippies –, em apoio àquele pessoal das praças.

“Todos, em todos os cantos, ocuparão as cidades, os Parlamentos e outros espaços públicos” – ouvia-se num vídeo dos Anonymous, muito popular. “Vocês já fizeram imensos avanços. A coisa hoje já é maior que você ou eu. Agora, é 99% coletivo.”

Nem todos os Anons apóiam Occupy Wall Street. Mas muitos Anons disseram, quando perguntei sobre Anonymous e OWS: “Mesma coisa.” Não estou parafraseando. Disseram exatamente essas palavras: “Mesma coisa”. Depois de setembro, Occupy parecia ter deglutido boa parte da energia ativista dos Anonymous.

Mas por que Occupy é tão importante para os Anonymous? Em parte, porque foi mais fácil para os Anons (imersos na cultura norte-americana e inglesa) conectarem-se com Ocupantes locais próximos, do que com a Primavera Árabe.

Mas foi mais que isso. No movimento Occupy, os Anonymous parecem ter encontrado um corpo no qual seu espírito peripatético pode encarnar.

Occupy Wall Street não foi como a Praça Tahrir no Egito, nem como as manifestações do verão na Espanha. Tahrir atraiu heróis jovens, da elite letrada, culta, do Egito e seus grupos ativistas. Na Espanha, reuniram-se todos os estratos da sociedade.

Mas Occupy, manifestação menor e mais pulverizada que os demais levantes no resto do mundo, acolheu os desajustados, os sem lugar na sociedade. Muitos, os esquecidos da sociedade, aos quais a sociedade não dá nenhum poder. Em Occupy não se viram as massas oprimidas que havia em outros locais. As pessoas que se mudaram para as praças em todos os EUA e que em setembro criaram suas cidades de barracas nas quais viveram até meados de outubro, são os rejeitados, os fodidos, o pessoal derrotado pelas dívidas do financiamento universitário e da metanfetamina.

Eram o exército dos sem-lugar, o exército dos desajustados, desarmado, mas resolvido a sair do silêncio e da invisibilidade. Esse foi o espaço físico em que os
Anonymous sentiram-se bem. Os dois coletivos ligaram-se porque ali estava a gente que nunca antes encontrara lugar confortável na sociedade.

Quando começou a repressão, o que os ocupantes só tinham, para usar contra a polícia, os próprios corpos. E usaram.

Os Anonymous viram as expulsões, as prisões, os espancamentos, as armas químicas durante semanas e semanas, às vezes pela internet, às vezes ao vivo, presentes nas ocupações. Ante as imagens terríveis que não paravam de surgir, a retórica do enxame escureceu. Os Antisecs começaram a atacar o próprio estado policial.

Recentemente, quando invadiram a página do Instituto Stratfor – empresa privada de inteligência –, um dos Antisecs explicou, pelo IRC:
“Eles [Stratfor] promovem a estabilidade do mercado global. Nós queremos que o mercado global quebre” – quebradeira provocada contra, especificamente o 1%. “Trata-se de criar sociedade igualitária, sem patrões nem mestres, de tratar de redistribuir à força a riqueza e o poder na sociedade.”
O mesmo Anon disse à revista Wired.com, sobre a campanha de Natal (Lulzxmas) e o ataque ao estado policial em geral:
“Achamos que temos pleno direito de nos reunir em praças e dizer o que queremos. E eles sistematicamente miram contra nós, para nos eliminar. Para muitos, as 18 cidades em que o movimento Occupy foi atacado há um mês foi a gota d’água. Resolvemos que era hora de nós mesmos coordenarmos um raid, nós mesmos.”
5ª-feira passada [5/1/], um Anon revelou, pelo Twitter, que os Antisec conseguiram usar os logins de Stratfor, para chegar a 100 das principais empresas contratadas pelo governo dos EUA. Sugeriram que podem hackear aquelas empresas e que divulgarão mais material nas próximas semanas.

É difícil dizer como esses raids agressivos ajudam os movimentos Occupy, e a maioria dos ocupantes não entende nem jamais ouviu falar das ações dos Anonymous. “Antes de nosso primeiro ataque” – disse o Anon que escreveu sobre a OpTunisia –, “a causa parecia causa perdida”. [Pensávamos] que ninguém se importaria com eles. Eles me inspiraram a ter esperança na humanidade. Foi a primeira vez.”

Mas pouca esperança pode ser coisa perigosa.

A questão existencial que os Anonymous ainda enfrentam é: E isso faz diferença? Se faz, quanta diferença fazem os Anonymous? Nossa vida algum dia mudará, por algum papel que os Anonymous tenham na história?

2011 trouxe a pergunta, não a resposta. Mas mostrou que Anonymous modificou os Anons. Os Anonymous ficaram mais assertivos, mas estranhos, mais ameaçadores e, em diferentes momentos que se alternam, mais reconfortantes. Em 2011, os Anonymous, como a Primavera Árabe e Occupy Wall Street, aceitaram a luta contra os sistemas da sociedade. 2012 talvez nos mostre algum vencedor.

(Fotos: Quinn Norton/Wired)
Uns poucos agradecimentos, por essa série. Agradeço a várias pessoas que, direta e indiretamente, ajudaram no processo de aprender e escrever sobre os Anonymous e suas origens, ao longo de alguns meses: Biella Coleman[18], Gregg Housh, Moot, Alan Moore, Anonymous, Anonymous, Eris Discordia, Anonymous, Nate Anderson, Anonymous, Google, Anonymous, Tom Cruise & the Church of Scientology, Anonymous, Anonymous, Anonymous e, sobretudo, agradeço o estímulo de meu Anon preferido, Anonymous.

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[1] Lulz: corruptela de “LOL” (na taquigrafia da comunicação online, significa “gargalhada”, “risos, risos, risos”. Também grafado “\o/”, “\O/” e “1O1”).
[2] NSFW, Not Safe For Work (Não Seguro para Ambiente de Trabalho). No mundo da internet, a sigla é usada para indicar que o website inclui material que o chefe ou os colegas considerarão inadequado para ser visto/lido em ambiente de trabalho (o oposto de SFW, Safe For Work, Seguro para Ambiente de Trabalho) [NTs].
[3] Orig. “They are made of money. We are made of cocks”. A tradução acima é tentativa. Todas as correções são bem-vindas [NTs].
[7] Dia 13/1/2012, às 20h20, slim404 tuitou a seguinte msg: “UN Israeli arabs are spies that aproach US arabs masquerading as US officials” [Árabes israelenses da ONU são espiões que se aproximam de árabes nos EUA como se fossem funcionários dos EUA] wapo.st/y50qtR [NTs].
[8] Sobre isso, ver 3/1/2012, “Anonymous” 101: Introdução ao Lulz ”, Quinn Norton, Wired (Parte I)
[10] Sobre isso ver 3/1/2012, “Anonymous 101: O moralismo derrota o Lulz”, Quinn Norton, Wired (Parte II) http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/anonymous-101-o-moralismo-derrota-o.html [NTs].
[18] Autora de “Hacker and Troller as Trickster”, 7/2/2010, em Social Text, em http://www.socialtextjournal.org/blog_dev/2010/02/hacker-and-troller-as-trickster.php (em inglês), citado em 3/1/2012, “Anonymous” 101: Introdução ao Lulz ”, Quinn Norton, Wired (Parte I) http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/anonymous-101-introducao-ao-lulz-1.html [NTs].