sábado, abril 17, 2010

Não se deixe manipular, não aceite fazer o jogo de quem se esconde no anonimato

Fique esperto, aquela mensagem anônima que você recebe de um amigo, não é tão inocente assim.
Hoje existem empresas especializadas em fazer campanha para destruir a imagem pública de candidatos.
Na superfície o candidato Serra aparece como bonzinho e educado, por baixo do pano o jogo sujo usando a mídia e a internet.
Existem bons sites na internet feitos por pessoas que não escondem de você de que lado estão jogando e que assinam o que escrevem.
Não se deixe manipular, não aceite fazer o jogo de quem se esconde no anonimato.
Depois somos nós que pagamos a conta. 
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Um pouquinho de ficção não faz mal a ninguém

por Luiz Carlos Azenha
Vamos que eu esteja planejando uma campanha insidiosa contra alguém. Assim sendo, autorizo um de meus repórteres a publicar uma ficha falsa na capa do Viomundo. Desconfio que seja falsa ou sei que é falsa. Mas sei, também, que se sair na capa de meu jorn… digo site, ganha um ar de credibilidade. Depois eu sempre posso alegar que não foi possível comprovar que a ficha é verdadeira, nem falsa. O importante é que a ficha atinja o grande público, fique impressa fotograficamente no cérebro de alguns milhares de eleitores.
Mais tarde a mesma ficha, mesmíssima, é distribuída a milhares de internautas em correntes que trazem o alerta:

Ela vai governar o Brasil ?
***Ao reenviarem apague meu endereço, como fiz a quem me enviou***
***E não deixe de enviar aos seus contatos***
Isso acrescenta à campanha um certo ar de “conspiração do bem”. É preciso guardar segredo, caso contrário seremos vítimas deles.
Ah, sim, e é preciso acrescentar alguma prova definitiva, fotográfica. Quem sabe isso:

Arte bem acabada, texto simples e direto.  Junto, aquela ficha que saiu no jornal.
Agora, em nossa novelinha ficcional, chegou a hora de provocar o assunto, fazer com que ele ingresse no dia-a-dia dos eleitores.
O que faço eu? Provoco a  vítima da campanha insidiosa a falar sobre o assunto. Mesmo que ela negue, tenho pela negação o assunto em pauta.
O eleitor que recebeu o e-mail fica com a pulga atrás da orelha: a candidata diz que é mentira, mas eu recebi aquele e-mail de um amigo e agora faço parte da corrente secreta do bem.
O ciclo se fecha com os comentaristas da internet, que invadem os blogs tentando associar o nome da candidata a codinomes que ela teria usado ou de fato usou noutros tempos.
Ou promovendo outro candidato como “o candidato do bem”, do Brasil que “pode mais”.
Ah, essa minha imaginação!!!
Fiquem com o artigo do Vermelho, que é uma leitura muito mais agradável:
16 de Abril de 2010 – 12h25
Dilma rechaça “campanha insidiosa” e nega ter feito ações armadas
Tão logo desembarcou em Porto Alegre na manhã de quinta-feira (15), a pré-candidata à Presidência Dilma Rousseff foi direto ao encontro da filha, Paula, grávida de quatro meses, para acompanhá-la em uma ecografia. Dilma saiu da sala de exames deslumbrada com as primeiras imagens de Gabriel, seu primeiro neto.
“É bem diferente da minha época”, relatou a candidata à tarde, durante entrevista ao jornal Zero Hora. Dilma — que cumpre um roteiro de três dias no estado — foi ao primeiro compromisso de campanha ao meio-dia, em um almoço com empresários na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). À tarde, deu entrevistas exclusivas aos veículos do Grupo RBS no salão nobre da empresa. Ela foi recebida pelo presidente emérito do grupo, Jayme Sirotsky, vice-presidentes e diretores.
À RBS TV, a candidata admitiu subir em dois palanques na campanha no Rio Grande do Sul, mas ressalvou que a aliança com o PMDB ainda não foi selada. Diplomaticamente, fez elogios a Tarso Genro (PT) e a José Fogaça (PMDB), candidatos ao Piratini.
“Tenho muito respeito pelo Tarso. Fomos colegas de ministério. Fogaça é um administrador exemplar. Fizemos muitas parcerias”, afirma Dilma, que não quis dizer o que fará se Tarso e Fogaça forem para o segundo turno: “Aprendi que a gente não deve falar sobre hipóteses”.
Leia a seguir trechos de sua entrevista ao Zero Hora:
Zero Hora – Circula pela internet um dossiê que atribui à senhora assaltos a bancos e atos de terrorismo no regime militar. A senhora se sente preparada para a campanha eleitoral?
Dilma Rousseff – Ninguém participa de governo sem aprender a conviver com críticas, deturpações e difamações. Há uma campanha insidiosa porque as pessoas pouco se lembram daquela época. No Brasil, não se podia falar, pensar, a imprensa estava sob censura pesada. Não tive nenhuma ação armada. Se tivesse ação armada, não teria recebido condenação de dois anos. Cumpri três anos de cadeia, mas fui condenada a dois.
ZH – Quem estaria por trás dessa campanha que a senhora chama de insidiosa?
Dilma – Acho que as reações são de setores inconformados com a abertura democrática e que acham que uma pessoa que esteve presa, numa situação de derrota durante todo o período da ditadura, não pode ser hoje vitoriosa.
ZH – Seus adversários levantam dúvidas sobre o que seria o seu governo em matéria de liberdade de expressão. Qual é o seu compromisso?
Dilma – Adversário só não fala que a gente é bonita, o resto tudo fala. Eu sei o que é viver na ditadura, e sei a pior parte dela. Não acho que faz bem para nenhuma geração o que a minha passou. Você não consegue se desenvolver em toda a plenitude.
Foram, ao que consta, as três primeiras perguntas do Zero Hora à candidata.

http://www.viomundo.com.br/politica/um-pouquinho-de-ficcao-nao-faz-mal-a-ninguem.html

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DEBATE ABERTO

Datafolha: uma rodada de inutilidades significativas

A pesquisa Sensus foi questionada judicialmente pelos aliados de Serra. Já o Datafolha e o Ibope devem ser “interpretados com maior rigor científico," para o que são chamados "cientistas políticos”do Instituto Millenium, versão moderna do velho IPES, um dos catalisadores do golpe de 64.
Após nova rodada de pesquisa do Datafolha, tudo terminou como fora previsto. O instituto confirmou o desejo dos donos do jornal, os vaticínios de seus articulistas militantes e a vocação partidária da grande imprensa corporativa. Como era de se prever, o levantamento, sob geral e justificada descrença, revela um mero exercício de acrobacia. Uma inutilidade tão grande que é legítimo se perguntar a quem interessa a pantomima?

Ao justificar o motivo de pesquisas em intervalos tão curtos, o jornalista Fernando Rodrigues explica que "O Datafolha realizou esta pesquisa agora porque também havia feito um levantamento em 24 e 25 de fevereiro, cinco dias após o lançamento oficial da candidatura da petista Dilma Rousseff. Agora, a coleta dos dados se dá também cinco dias após a festa do PSDB para José Serra se lançar na disputa."

Nem o Barão de Itararé teria produzido melhor script. Nem o circo pegou fogo, nem os trapezistas caíram da corda bamba. Até os diversos palhaços já não conseguem provocar o riso. A platéia, outrora tão influenciável, faz parte do espetáculo e as feras, embora soltas, nada mais fazem senão aprofundar a crise de credibilidade de certos institutos e meios de comunicação. A arte da política comporta cálculos arriscados. Dependendo da estatura ética do atirador, qualquer disparo só alveja o próprio pé.

Se a sondagem indica que há 54% de eleitores sem voto definido, qual a relevância da dobra superior da edição de sábado da Folha de S. Paulo que, em manchete, alardeia: “Serra mantém dianteira sobre Dilma"? O que significa, a crer na honestidade metodológica do Datafolha, uma vantagem de 10 pontos de um pré-candidato sobre o outro? Nada, rigorosamente nada. Salvo o que até o mundo mineral sabe: há uma tendência à polarização entre Dilma e José Serra, o filho dileto do bloco liberal-conservador. Para elegê-los os recursos são variados. Vão de manchetes desmentidas no corpo da matéria à censura da imagem do presidente Lula nos telejornais da TV Globo.

Faltando seis meses para as eleições, e com tanta coisa indefinida (composição das chapas, alianças, montagem das candidaturas estaduais), as intenções de voto são muito fluidas para grande parte do eleitorado. Fazer pesquisas em intervalos reduzidos de tempo só interessa comercialmente aos institutos e, como espetáculo, às corporações midiáticas que, conforme seus objetivos político-partidários, dão maior ou menor destaque aos resultados das sondagens que lhe interessam.

Assim, se a pesquisa Sensus foi desqualificada e, posteriormente judicializada, Datafolha e Ibope devem ser “interpretados com maior rigor científico." Para isso são chamados os mesmos “cientistas políticos”, a maioria, por sinal, colaboradora ativa do Instituto Millenium, versão moderna do velho Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), um dos principais catalisadores do golpe contra João Goulart, em 1964.

O que pode ser mensurado é o fetichismo atávico de segmentos que, desde sempre, controlaram o aparelho do Estado e não se conformam em terem sido apeados de lá pelo voto popular. Entronizado no altar de devoção de suas lideranças orgânicas, a prestidigitação golpista é uma possibilidade renovada. Para isso, no caso do diário paulista, há sempre um funcionário de plantão na segunda página. Ora inventam epidemias e caos aéreos, ora legitimam sondagens que interessam à família Frias.

Eles já aprenderam que, terminada a temporada, a troupe mambembe, avalia o prejuízo, amarra a lona e parte para a estrada, mais uma vez tentando distorcer a realidade, mais uma vez na contramão da democracia. As determinações de classe não falham.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

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Dá para confiar em pesquisa eleitoral feita por quem edita a realidade dessa forma? Aos fatos: a notícia de que o Brasil criou 657 mil empregos apenas no 1º trimestre, recorde histórico, mereceu uma nota de 33 linhas no pé da pág B7 da edição de hoje da Folha. O espaço das manchetes da 1º página foi dedicado a assuntos como "Às escuras, norte-coreno celebra líder morto em 94', ou ainda o palpitante anúncio: ' Kassab decide ampliar restrição a caminhão na Bandeirantes'. Dá para levar a sério pesquisa eleitoral da família Frias?
(Folha, uma credibilidade em ruína; Carta Maior, 16-04)
 
Os jornalões e os interesses de fora