[ José Dirceu ] E como você a interpreta?
terça-feira, dezembro 25, 2007
José Dirceu entrevista Ciro Gomes
[ José Dirceu ] E como você a interpreta?
segunda-feira, dezembro 24, 2007
quarta-feira, dezembro 19, 2007
Quem julga a vida não tem moral para defender a vida
O Natal da discórdia
Texto publicado em 18 de dezembro no site da Agência Carta Maior
Minha crítica à greve de fome de Dom Luís ofendeu leitores e constrangeu Carta Maior. A direção segurou o texto por dois dias e quando o publicou, dele se dissociou: “Posições oficiais da Carta são assinadas por mim, Editor Chefe, pelo seu diretor-presidente, Joaquim Ernesto Palhares, ou por ambos”. Assinado: Flávio Wolf de Aguiar, Editor Chefe. Leitores em penca reclamaram indignados contra sua publicação.
Já havia sentido a rejeição de muitos leitores ao modo irônico ou à crítica ao movimento ambientalista. Desta vez, parece que mexi num vespeiro. Levei o maior cacete. De fato, meu texto chega ao limite do sarcasmo porque fiquei revoltado com a distorção de informações sobre o projeto do São Francisco. Era preciso chocar para romper o emparedamento do debate. Mesmo porque está em jogo um divisor de águas no campo progressista que vai muito além do Rio São Francisco. Apesar de fugir ao meu estilo analítico costumeiro, adotando uma retórica dramática, eu tinha a boa informação.
Gostei do novo estilo. A maioria dos leitores, não. Vários me acusaram de desqualificar o bispo em vez de discutir seus argumentos. Quando enviei o artigo à redação, no domingo, dia 9, (com data para o dia 10), o bispo não havia explicitado seus argumentos em texto assinado. Só fez isso na Folha de S. Paulo do dia 12. Meu objetivo, que muitos leitores não captaram, era decifrar as razões da segunda greve de fome, já que, ao contrário da primeira, não a movia o motivo clássico desse gesto, que é forçar uma negociação. A partir dos pressupostos de que um governo democrático não poderia ceder à chantagem e o bispo, como um general da Igreja, sabia disso conclui que o Dom Luís queria mesmo era morrer. Foi ele quem se desqualificou. Eu apenas matei a charada, como diz um dos raros leitores que me apoiaram.
Agora, que o bispo explicitou seus argumentos, é possível refutá-los. Mas antes, quero falar de minhas divergências mais gerais. A primeira é em relação ao lugar do governo Lula na nossa história. Concordo com a maioria dos leitores que o governo Lula ficou aquém do que esperávamos, em especial na fase paloccista, e continua afogado em contradições. Lula fez uma aliança estratégica com os bancos? Fez. Eu mesmo apontei isso na Carta Maior. Mas criou o Pró-Uni, o Bolsa-Família, o programa Luz para Todos e o programa Quilombola; o programa de Agricultura Familiar, aumentou substancialmente o salário mínimo, dialoga com os movimentos populares; vestiu o boné do MST, o dos petroleiros e o das margaridas. Contribuiu para a o enterro da ALCA e promove a integração latino-americana. Criou o Banco do Sul e a TV Pública. Não é pouca coisa. Não sei se tudo isso “mudará o Brasil”. Sei que não quero entrar na história como um dos linchadores de Lula e de um governo que eu ajudei a eleger . Como disse Maria da Conceição Tavares, parodiando a confusão que se estabeleceu no Chile no governo Allende: “É um governo de merda mas é o nosso governo de merda.”
Minha segunda divergência diz respeito à dimensão política da luta pela defesa do meio ambiente. Uma coisa é levar essa luta debaixo do tacão de um regime militar, outra coisa é no interior de um governo democrático, sensível às demandas populares e sobre o qual temos enorme influência, em especial nos aparelhos de Estado que cuidam do meio ambiente e dos programas sociais.
Divirjo também da doutrina de muitos movimentos ambientalistas. Quando fui procurado pelo Greenpeace, para participar de sua fundação no Brasil, lá pelos anos 80, instintivamente recusei. Digo instintivamente porque somente há poucos meses topei com a teoria da minha recusa. Num pequeno artigo no Jornal do Brasil, Emir Sader dizia ser impossível tratar temas como a economia, sem considerar conceitos básicos da economia política, entre os quais o conceito de “imperialismo.”
É isso. Uma coisa é uma agenda ambientalista endógena, concebida por nós, que considere nosso estágio de desenvolvimento, nossas necessidades básicas e nossa correlação interna de forças. Outra coisa é aceitar acriticamente a agenda que vem de fora. Ou não perceber que também na luta ambientalista, incidem o fator de classe e o fator imperialismo. O Norte com renda per capita de 30 mil dólares pode propugnar até mesmo crescimento zero ou de emissão zero de CO2. O Sul com renda per capita de três mil dólares tem que se orientar necessariamente pelo conceito do desenvolvimento sustentado, aquele que preserva o meio ambiente e os recursos naturais, mas garantindo as necessidades básicas da população presente.
Uma parte do movimento ambientalista brasileiro não se orienta pelo conceito do desenvolvimento sustentado e sim por um paradigma criado por sociedades já bem abastecidas em tudo, e que preferem atribuir ao nosso território o papel de uma gigantesca reserva florestal, indígena e de biodiversidade do planeta Terra. Não estão nem aí para as necessidades básicas da população brasileira.
Para atender essas necessidades e nos tornarmos uma sociedade minimamente civilizada, precisamos construir cinco milhões de moradias, e levar a elas água, eletricidade e esgoto. Precisamos criar pelo menos trinta milhões de empregos. Erguer dezenas de escolas, hospitais e postos do Ibama e da Polícia Federal. Implantar vastas redes de transporte de massa, metrôs, hidrovias e ferrovias, tudo isso obedecendo padrões avançados de controle ambiental. Os números são todos grandes. Mas temos recursos para isso. Nunca se ganhou tanto dinheiro no país com as exportações. É preciso lutar por políticas públicas que aloquem esses recursos em benefício da população, Mas os ambientalistas foram tomados pela cultura do não. Nada pode ser feito e, se for grande, é ainda mais condenável. Temos uma frente nacional “contra” os transgênicos, outra contra o projeto do São Francisco, e logo logo teremos, se é que já não temos, a frente nacional contra as barragens, contra o uso de células tronco e contra as estradas de integração continental. É o autismo frente às carências do povão, o fundamentalismo na luta pelo meio ambiente, e o ludismo na reação contra os avanços da biotecnologia.
Deveríamos ter, isso sim, uma frente nacional pelo zoneamento agrícola, outra pelo imposto sobre a exportação de commodities, e mais outra pela atualização dos índices de produtividade agrícola (sem o que é impossível a desapropriação para fins de reforma agrária). Uma frente nacional pela ocupação ordenada da Amazônia, outra pela integração continental. Tínhamos que pressionar pela recuperação das pequenas hidrelétricas, desativadas pelo regime militar e lutar ao mesmo tempo pela construção das de maior porte, por gerarem energia limpa, renovável e barata, a um baixo custo social.
Na oposição ao projeto da adutora do São Francisco, os traços de fundamentalismo se adensaram perigosamente, quando a Igreja se meteu na história. Leiam de novo a mensagem de apoio de Leonardo Boff a Dom Luiz, enviada por um dos leitores indignados com meu artigo. O mesmo Leonardo Boff que observou dias atrás ser incorreto discutir a existência de Deus à luz da ciência, porque a fé é uma questão de imaginação e espiritualidade, agora convoca a fé para combater um projeto terreno de captação de águas de um rio. “Acompanho com respeito e sustento com todo o coração sua decisão de doar a vida para que haja mais vida para os pobres e para o rio São Francisco... Sua opção não é a de um suicida mas de um homem livre, capaz de amar até o fim, amparado no Deus de Jesus ...” E vai por aí a fora, citando passagens da escritura e invocando repetidamente o nome de Deus.
Lembrei-me do segundo mandamento: “Não invocarás o nome de Deus em vão”. E também do oitavo: “Não levantarás falso testemunho.” Isso porque são falsos os argumentos de Dom Luiz, da CPT e da CNBB contra o projeto. Há restrições e críticas sérias ao projeto, mas as dos bispos são inconsistentes, resvalando para o demagógico.
O bispo começa pelo argumento de que Lula não tinha mandato para tocar esse projeto porque evitou discuti-lo durante a campanha eleitoral. Disso conclui que Lula governa autoritariamente, que Lula e não ele é o inimigo da democracia. “Vivêssemos numa democracia republicana, real e substantiva, não teria que fazer o que estou fazendo,” escreve Dom Luís. Outro bispo, Dom Tomás Balduíno, em artigo no Estadão, vai além: diz que “quem dividiu o país, e até a Igreja, foi Lula e não Dom Luís Cappio.”
Vamos perdoar a menção a uma “democracia republicana” por parte de uma Igreja que se opõe ao divórcio e ao uso da casmisinha. Digamos que foi um erro de digitação. Esses bispos se esquecem que depois de Lula ser eleito, a história seguiu seu curso e ele também foi re-eleito, numa segunda campanha em que a prioridade dada ao projeto já era notória. E mais: o presidente recebeu votação esmagadora na re-eleição exatamente nos Estados do Nordeste, onde vai se dar essa importante intervenção.
Lembro ainda que, por ordem do presidente, o ministro Ciro Gomes agendou uma rodada de discussões com Dom Luiz , como parte do acordo para acabar com sua primeira greve de fome. Mas Dom Luís não compareceu. Foi ele que não quis discutir.
O bispo escreve e repete que 70% da água transposta vai para uso industrial, 26% para uso agrícola e 4% para a população difusa. Isso provaria que o projeto foi feito para servir grandes empreendimentos agro-pecuários e industriais. Mas a verdade é que as águas vão perenizar os mesmos rios e abastecer exatamente os mesmos sistemas municipais, açudes e sabespes, atualmente em operação, e que já sofrem crises periódicas de abastecimento mesmo na ausência de secas.
Não encontrei no Relatório de Impacto Ambiental, (RIMA) os números do bispo, por mais que procurasse. Encontrei sim este trecho: “A demanda urbana das áreas que serão beneficiadas pelo empreendimento foi avaliada em aproximadamente 38 metros cúbicos por segundo no ano de 2025. Desse total, cerca de 24 metros cúbicos por segundo correspondem ao consumo humano e 14 metros cúbicos à demanda industrial”. Portanto, pelo menos em relação à proporção demanda humana-demanda industrial, o bispo está errado. Diz ainda o RIMA: “o projeto foi planejado procurando atender o maior número de pessoas possível.”
Confira em www.mi.gov.br/saofrancisco/integracao.rima.asp.
A adutora não foi feita para abastecer nenhum projeto especifico de agro-business ou industrial; ela reforça as adutoras e açudes já existentes, dando ao Nordeste uma perspectiva de longo prazo de desenvolvimento econômico, urbano, agrícola. O bispo não menciona quais seriam esses projetos gigantes. Procurei exaustivamente e acabei encontrando a origem da desinformação: um documento da Comissão Pastoral da Terra, hoje a principal produtora de falácias contra o projeto ao ponto de desbancar a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) que não admitia perder uma gota do rio que aciona seus geradores em Paulo Afonso.
A CPT alega que a adutora “vai servir para a siderúrgica do Pecém, vai servir para a agroindústria do Apodi.”. Ora, a siderurgia do Pecém fica próxima ao litoral, no Ceará, distante centenas de quilômetros do ramo Norte do projeto, que mal entra no Ceará, desviando-se em direção à Paraíba e Rio Grande do Norte, depois de reforçar o Riacho dos Porcos. Desse riacho até Pecém são centenas de quilômetros de rios que até mudam de nome e passam por açudes diversos. Não tem nada a ver com a siderúrgica, que já tem abastecimento local assegurado de 2 metros cúbicos por segundo, para um consumo de apenas 1,73 metros cúbicos por segundo.
Esses dados foram admitidos pela Agência Brasil, do MST ( www.brasildefato.com.br) Como contradizem o argumento da CPT, a agência alega que no futuro, quando outras indústrias forem atraídas pela siderúrgica, “caso o complexo prospere, a demanda de água superará a oferta atual”. Notem o ato falho na utilização da palavra “prospere”. Eles não querem que nada prospere. Também omitem que a siderúrgica vai produzir placas grossas, para exportação, e não as placas finas que atrairiam empresas metalúrgicas de processamento.
Mais falacioso ainda é chamar a agricultura de Apodi de agro-business, ao modo de um palavrão que desclassifica tudo. Apodi é uma história de sucesso e exuberância agrícola e grande diversidade de produção e formas de propriedade. Ali cresce, graças à Embrapa, a mais produtiva variedade de acerola. Ali o governo federal está implantando um projeto específico de financiamento da agricultura familiar. Ali existem seis assentamentos agrícolas e três cooperativas de produtores. Ali o governo instalou também um projeto de três mini-fábricas familiares para o processamento da castanha do caju, e um outro que vai beneficiar 400 pequenos produtores de mel. Um único projeto de irrigação em andamento no Apodi, com água pressurizada, vai atender mais de 200 agricultores.
Todas essas falácias e mais algumas foram inventadas pela CPT depois que se desmoralizou o argumento principal anterior de que a adutora ia secar o Rio São Francisco. Ocorre que em julho de 2004, depois de intensos debates técnicos, o governo inverteu a lógica do antigo projeto pelo qual as águas do São Francisco seriam transpostas para os sistemas do semi-árido sempre que seus açudes estivessem baixos, sem levar em conta o nível da represa de Sobradinho. Ficou decidido que será retirada uma quantidade mínima para garantir o consumo humano, e só quando Sobradinho tiver excesso de água, a captação será maior. Na sua nova formulação são retirados 26,4 metros cúbicos por segundo, cerca de 1% da vazão no local da captação, e somente quando Sobradinho estiver vertendo, ou seja, botando fora excesso de água, a captação pode aumentar, mesmo assim até o limite de 87,9 metros cúbicos. O RIMA estima que na média anual, a perda do rio vai ficar em 65 metros cúbicos por segundo.
Mas no sertão beneficiado o ganho é muito maior porque ao eliminar a insegurança a adutora diminui a necessidades de armazenamento dos açudes existentes, reduzindo as perdas por evaporação de seus espelhos de água em 22,5 metros cúbicos por segundo. É um efeito de “sinergismo, que segundo o RIMA, nunca existiu antes em projetos de adutoras. Por tudo isso, a nota técnica 492 da Agência Nacional de Águas (ANA) de setembro de 2004 avalizou o projeto.(www.ana.gov.br). Um ano depois a ANA concedeu ao Ministério da Integração a outorga definitiva para o uso dessas quantidades, através das resoluções 411 e 412. Está tudo na internet. Aliás, o portal do Ministério do Meio Ambiente, que abriga a maioria dessas informações, é muito abrangente.
Sem o argumento de que o rio vai secar, os padres passaram a argumentar que há um outro projeto, o Atlas do Nordeste, elaborado pela ANA, mais barato, custando apenas R$ 3,6 bilhões, metade do custo do São Francisco, e beneficiando três vezes mais gente, 44 milhões. É tudo falso, no atacado e no varejo. Ou um “equívoco”, como diz educadamente o presidente da ANA, José Machado: “Em primeiro lugar o Atlas não pode ser considerado um programa ou projeto. É na verdade, um portfolio de eficientes soluções técnicas para serem eventualmente financiadas. Não visou equacionar o problema da segurança hídrica do Nordeste, uma vez que não se tratou do atendimento de usos múltiplos da água, como a produção de alimentos e irrigação. Também não foi considerado o abastecimento das sedes municipais com menos de cinco mil habitantes, dos distritos, vilas e núcleos rurais. Por outro lado, o projeto de Integração do São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) é um projeto de desenvolvimento regional com perspectiva de conseguir benefícios que se estendam para além de 2025. O Atlas e o PISF são, pois, iniciativas distintas, em sua gênese, seus objetivos e em sua área de abrangência. Não são conflitantes”.
Apenas um quinto dessas soluções técnicas já tinha projetos, mesmo assim abandonados. O Atlas é um mapeamento do que prefeitos deveriam ter feito e não fizeram. Mostra que é assustador o número de municípios com mais de cinco mil habitantes em situação critica de abastecimento de água: 90% deles em Alagoas, 81% no Ceará, 65% no Rio Grande do Norte e assim por diante. O motivo é simples: é o controle da maioria dessas prefeituras por grupos locais de interesse, fazendeiros e forças conservadores ou prefeitos corruptos. Além disso, abarca apenas metade dos 2116 municípios dos dez estados analisados, os que tem mais de cinco mil habitantes. Portanto é o oposto do argumento dos bispos, de que suas soluções atendem os pequenos enquanto a transposição atende os grandes. É falso também que beneficiariam 44 milhões de habitantes. Essa é população total da região e não a população específica dos municípios mapeados.
Outro argumento falacioso é o de que o governo preferiu o grande para favorecer as empreiteiras e por isso abandonou o projeto das cisternas. Trata-se da falácia da falsa premissa. Não é verdade que o governo preteriu o projeto das cisternas. O governo apoiou com entusiasmo desde o início a proposta da Articulação do Semi Árido , que reúne 700 ONGs, incluindo-a no seu programa de Combate à Fome. Foi criada uma entidade especial para gerir o programa, que recebe recursos do governo e de empresas privadas. Lula inaugurou a primeira cisterna, justamente para dar força ao projeto. Trata-se de um projeto sofisticado, em que os moradores mesmo constroem as cisternas recebendo treinamento e suporte de uma rede de ONGs. Quando as ONGs, para as quais foram repassados os recursos se revelaram vagarosas demais, o governo entrou de sola para acelerar o programa e no último mês de julho o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome lançou o edital 13/07, oferecendo mais R$ 10 milhões a entidades que queiram entrar no programa. A meta de construir um milhão de cisternas está de pé. Já foram construídas 220 mil. Cada cisterna consegue armazenar pelo menos 10.500 litros de água, o suficiente para necessidades básicas de uma família de cinco pessoas. Mas não o bastante para uso agrícola, mesmo no caso da agricultura de subsistência. As cisternas são a solução para água de beber, de banho, de cozinhar e lavar em residências isoladas, esparsas, na área rural, onde os sistemas municipais de abastecimento não chegam. Não podem ser construídas nas cidades. Um projeto complementa de forma ideal o outro.
Nos últimos documentos da CNBB, em textos de Frei Betto, de Leonardo Bosff e outros, surgiu um novo argumento, o de que o projeto “não vai levar água aos índios e quilombolas”. Tanto quilombos quanto aldeamentos indígenas por definição se situam em regiões isoladas mas com boa oferta de água. Foram os locais onde se fixaram, fugindo dos bandeirantes assassinos e capitães de mato. A esses locais o Luz para Todos está levando eletricidade, que não havia. Mas água já tem.
Os padres também alegam que o projeto é pleno de ilegalidades. É bem o contrário. Seus opositores é que vem se valendo de truques legalísticos, para obstar projetos que passaram por todos os crivos técnicos das agencias reguladores e todos as votações de comitês de bacias. Entram na justiça com pedidos de liminares, sabendo que justiça vai demorar anos para entrar no mérito. Sempre que o mérito é julgado, o projeto é aprovado. Além disso, ambientalistas tem impedido o fechamento de atas de audiências públicas à força. Várias das audiências do São Francisco foram interrompidas à força. Eu pergunto: de que lado está o autoritarismo?
Termino perguntando: Será que por trás dessa campanha contra a adutora do São Francisco não está o ressentimento pela perda do rebanho dos pobres, que hoje tem um cartão Bolsa-Família? Ou dos pobres que se libertariam da opressão da falta de água no Nordeste? Ou será que estamos testemunhando o enquadramento da Igreja de Libertação na encíclica Spe Salvi , lançada pelo papa e ex-corregedor da fé, Ratzinger, o mesmo que pediu a expulsão de Leonardo Boff da Igreja? Essa encíclica reafirma a renúncia à libertação terrena em nome de uma salvação na dor e na morte. Além de lembrar vivamente a tragédia de Dom Luís, é imobilista e reacionária. Deixa o campo da história para as forças conservadoras deitarem e rolarem, impedindo a Igreja de Libertação de disputá-lo com um projeto secular de transformação social.
Bernardo Kucinski é jornalista.
http://www.pt.org.br/portalpt/index.php?option=com_content&task=view&id=9581&Itemid=201
///
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Lula: 'Rejeição da CPMF pelo Senado não é o fim do mundo'
Café com o presidente
http://cafe.radiobras.gov.br/Aberto/Cafe/Presidente
BRASÍLIA e MONTEVIDÉU - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira em seu programa de rádio "Café com o presidente" que a não-prorrogação da CPMF pelo Senado não é o fim do mundo e faz parte do jogo democrático. Ele voltou a descartar a criação de imposto como compensação à perda de arrecadação. O presidente assegurou que o governo encontrará uma solução sem ameaçar o desempenho da economia.
- Não há motivo para qualquer precipitação, para anunciar medidas de forma extemporânea, para anunciar novos impostos. Vamos sentar e vamos ver qual foi o estrago, o que fazer para colocar no lugar. Obviamente, nós vamos ter que arrumar uma grande parte desse recursos - completou.
Medidas serão anunciadas até o fim de semana, diz Mantega
Em Montevidéu, onde participa de uma reunião de ministros do Mercosul, Mantega afirmou nesta segunda que pretende anunciar até o final da semana quais medidas serão adotadas pelo governo para compensar o fim da CPMF. Ele disse que ainda não é o momento de se pensar em PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para criação de novos tributos.
- Até o final da semana serão anunciadas medidas para compensar as perdas da CPMF. Até lá não tenho nada a dizer, vamos discutir. Não é o momento de falar em PEC porque temos que, emergencialmente, adaptar o Orçamento à nova realidade. Em um segundo momento, vamos tratar da questão do orçamento da Saúde. O país precisa crescer o ano que vem. As medidas vão ser construídas e elaboradas de forma a causar o menor dano à economia - disse Mantega.
Mantega também disse que não há nada definido sobre congelamento de salários e que as medidas do governo não serão motivadas por disputas eleitorais.
- Não há nada definido sobre isso, não adianta fazer especulações. Estamos analisando todas as medidas, sem pensar no período eleitoral - afirmou o ministro.
'Vamos tomar todas as medidas para não mexer no PAC'
Lula admitiu que o governo terá de repensar os cálculos para 2008, porém destacou que ainda debaterá o assunto com a equipe econômica e repetiu várias vezes que não tomará medidas que coloquem em risco a economia. Na quarta-feira, Lula vai se reunir com os ministros para avaliar os impactos do fim da CPMF.
- O Brasil está aprendendo a gostar das coisas boas que estão acontecendo. O povo está recuperando sua auto-estima e, finalmente, o Brasil se encontrou consigo mesmo. Não vou permitir que nada, nada, absolutamente nada atrapalhe os bons momentos que vive o Brasil - afirmou.
O presidente disse ainda que não mexerá no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ou nas políticas sociais por conta do fim da CPMF.
- As políticas sociais vão continuar acontecendo. Vamos tomar todas as medidas para não mexer no PAC, para não mexer nas políticas sociais. Se a economia crescer, certamente vamos ter possibilidade de arrecadar mais dinheiro. Se for necessário fazer algumas mudanças, vamos, com muito cuidado, com muito critério, tomar essas medidas nos próximos dias, mas sem criar qualquer problema para a tranqüilidade que vive a economia brasileira - acrescentou.
- As pessoas ficam se perguntando quem perdeu, se foi o Lula, se foram os governadores, ou seja, na verdade, quem perdeu foi o país. Perderam quase 6 mil prefeitos do Brasil, perderam 27 governadores de estado e perdeu toda a população brasileira que utiliza o Sistema Único de Saúde, que utiliza o SUS - afirmou.
>>>
"o resultado da CPMF é daquelas coisas importantes da democracia"
Apresentador: Olá, você, em todo o Brasil. Começa agora o programa de rádio do presidente Lula. Tudo bem, presidente?
Presidente: Tudo bem, Luiz.
Apresentador: Presidente, o Senado Federal não aprovou a prorrogação da CPMF. São R$ 40 bilhões a menos no orçamento a partir do ano que vem. O que o governo vai fazer para manter a estabilidade do país e os diversos programas sem esses recursos, presidente?
Presidente: Luiz, primeiro, manter a estabilidade não dependia da CPMF, dependia única e exclusivamente da nossa responsabilidade em manter uma política de ajuste fiscal dura, de controlar a inflação e não permitir que o Estado gaste mais do que aquilo que é a sua capacidade de arrecadar. Isso é uma coisa sagrada, isso eu aprendi a fazer na minha casa com meu orçamento durante a vida inteira e eu faço como presidente da República. A segunda coisa é que o resultado da CPMF é daquelas coisas importantes da democracia. Nós tivemos a maioria, mas não ganhamos. Por que? Porque a emenda constitucional exigia que nós tivéssemos 49 votos e nós tivemos quatro pessoas, teoricamente, da nossa base que votaram contra. As pessoas ficam se perguntando quem perdeu, se foi o Lula, se foram os governadores, ou seja, na verdade, quem perdeu foi o país. Perderam quase 6 mil prefeitos do Brasil, perderam 27 governadores de estado e perdeu toda a população brasileira que utiliza o Sistema Único de Saúde, que utiliza o SUS. Acabou o mundo? Não. Agora, vamos ter que pensar, vamos ter que refletir, vamos ter que ver como vamos arrecadar uma parte desses recursos, porque nós não podemos ser irresponsáveis com a saúde brasileira, em função dos votos de alguns senadores. Vamos trabalhar com muita maturidade, com muita compreensão e vamos encontrar uma solução.
Apresentador: O que o senhor está pensando em fazer, presidente? Mexer no orçamento, criar novos impostos, como é que o senhor está pensando em renovar esse dinheiro perdido da CPMF?
Presidente: Não há nenhum motivo para qualquer precipitação, não há nenhum motivo para anunciar medidas de forma extemporânea, para anunciar novos impostos. Vamos sentar e vamos ver qual foi o estrago, o que fazer para colocar no lugar. Obviamente, nós vamos ter que arrumar uma grande parte desse recursos. Como fazer? Eu preciso discutir com o ministro da Fazenda, discutir com o ministro do Planejamento, para que a gente possa tomar as atitudes mais maduras possíveis, mais conscientes, sem nenhum atropelo. Eu preciso ter em conta, Luiz, que o Brasil está indo bem, a economia está bem, o trabalho está crescendo. Nós temos uma boa perspectiva para 2008 e eu não quero que nada atrapalhe. O Brasil está aprendendo a gostar das coisas boas que estão acontecendo no Brasil. O povo está recuperando sua auto-estima e, finalmente, o Brasil se encontrou consigo mesmo e eu não vou permitir que nada, nada, absolutamente nada atrapalhe os bons momentos que vive o Brasil.
Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente. Falamos sobre a CPMF, sobre a economia brasileira. Presidente, segundo uma pesquisa do Datafolha, e foi destaque na Folha de São Paulo deste domingo, o crescimento econômico tirou 20 milhões de pessoas das classes D e E, levando essas pessoas para a classe C. Como é que o senhor analisa essa pesquisa?
Presidente: Luiz, eu não poderia ter um final de ano melhor, ou seja, nós trabalhamos para isso. Quando fizemos o sacrifício do ajuste fiscal em 2003, era porque nós achávamos que mais à frente nós iríamos colher. Há um conjunto de políticas sociais que foram implantadas a partir de 2003 e que vêm ganhando força a cada ano. E, sobretudo, o crescimento da economia, o crescimento do emprego na construção civil, na indústria, no comércio vem possibilitando que a gente comece a perceber que a geração de empregos como em nenhum outro momento da história do Brasil. Isso demonstra que as coisas vão acontecendo no Brasil. Então fiquei feliz, obviamente, fiquei muito feliz e quero mais boas notícias dessas. Nós queremos, na verdade, é que o Brasil tenha menos pobre e tenha mais gente na classe média brasileira.
Apresentador: Como ficam os programas sociais, presidente, juntando essas duas notícias: crescimento por um lado e perda da arrecadação da CPMF por outro?
Presidente: As políticas sociais vão continuar acontecendo. Nós vamos tomar todas as medidas para que a gente não mexa no PAC [o Programa de Aceleração do Crescimento], para que a gente não mexa nas políticas sociais. E vamos ver: se a economia crescer, certamente nós vamos ter possibilidade de arrecadar mais dinheiro. Se for necessário fazer algumas mudanças, nós vamos com muito cuidado, com muito critério, tomar essas medidas nos próximos dias, mas sem criar qualquer embaraço ou qualquer problema para a tranqüilidade que vive a economia brasileira.
Apresentador: Presidente, nos últimos dias, o senhor dedicou parte de seu tempo em visitas a países da América do Sul. Nós estamos gravando aqui na Base Aérea de Brasília, onde o senhor daqui a pouco embarca para a Bolívia. Como está a integração desse bloco?
Presidente: Eu estou muito satisfeito com a integração da América do Sul, sobretudo com os bons resultados no Mercosul. Eu tenho dito que o Brasil, como é a maior economia da América do Sul, como é a maior economia do Mercosul, o Brasil paga o preço de ser a economia mais forte, o país mais industrializado, o país que tem mais tecnologia, de fazer concessões para que os outros países possam crescer junto com o Brasil. Ou seja, Brasil e Argentina têm que ajudar a Bolívia, têm que ajudar o Uruguai, têm que ajudar o Paraguai, permitindo que a gente compreenda que a integração é a saída melhor para todos os países da América do Sul.
Apresentador: Obrigado, presidente e até semana que vem
Presidente: Obrigado a você, Luiz e obrigado aos nossos ouvintes. Até a semana que vem.
Apresentador: O Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira. Até lá e um abraço para você.
sábado, dezembro 15, 2007
Existem hoje no Brasil, como existiram em 1964, novos traidores do país
História trágica:
Ouça como foi pedida, na Casa Branca, a cabeça de um presidente brasileiro
- por Luiz Carlos Azenha (http://viomundo.globo.com/)
Uma conversa telefônica entre o então presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, e um de seus assessores, George Bell, subsecretário de Estado, em março de 1964, deveria fazer parte do currículo de História do Brasil.
Agora, que a internet facilita a transmissão e a consulta a dados em áudio e vídeo, a conversa poderia ser usada tanto para ensinar inglês quanto para ensinar História e Geografia.
Os dois discutiam medidas políticas e militares para garantir o sucesso da "Revolução Redentora". Graças ao fato de que os americanos prezam a preservação de sua própria História, a gravação da conversa hoje pode ser ouvida por qualquer um.
Um dos momentos mais bizarros dela se dá quando Johnson, que não parece aceitar um resultado que não seja a derrubada do governo brasileiro, pergunta ao assessor quantos são os estados no Brasil. O assessor consulta o assessor do assessor e responde 19, depois muda para 21, depois diz que não importa, os estados mais importantes estavam com eles (Guanabara de Carlos Lacerda, São Paulo de Adhemar de Barros e Minas Gerais de Magalhães Pinto, o homem do guarda-chuva do Banco Nacional, um dos primeiros patrocinadores do Jornal Nacional).
Os assessores de Johnson acreditavam que o Brasil estava a caminho de se tornar um país comunista em pleno quintal americano. Um novo Vietnã? Outra Cuba? O que ninguém te conta é que Johnson concorreria à reeleição naquele ano, tinha herdado o poder depois do assassinato de John Kennedy e a Guerra Fria corria solta. Johnson queria se eleger presidente, como qualquer outro político faria. Qual era o maior risco para ele - e continua sendo para qualquer presidente americano? Ser taxado de fracote, de molenga com o "inimigo", seja ele Fidel Castro, bin Laden, Hugo Chávez ou o Zebedeu.
Johnson deu gás à guerra do Vietnã, o que em 1968 custaria a ele a carreira política. Mas, quando recebeu a chamada, estava de olho em seus financiadores de campanha e queria evitar a qualquer custo a acusação de "perder" o Brasil para o bloco soviético. Johnson, é óbvio, conhecia o Brasil de "ouvir dizer". O negócio dele era a reeleição.
A TV Viomundo, sempre preocupada com a sua informação e diversão, proporciona a você este momento histórico, em que um caipira do interior americano decide o destino de milhões de brasileiros.
Clique aqui:
JOHNSON PEDE A CABEÇA DE JOÃO GOULART
Publicado em 13 de dezembro de 2007
///
quinta-feira, dezembro 13, 2007
ACABOU O JOGO DUPLO, A BANCADA DA FOME MOSTROU A CARA
CPMF: CONSERVADOR E TRABALHISTA
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 818
. Uma das vantagens – talvez a única – de acabar com a CPMF é deixar claro quem é conservador e quem é trabalhista.
. Os tucanos são conservadores
. O PT é trabalhista (*).
. O PMDB é o partido de centro, governista, o PSD da República de ’45.
. Os tucanos são a UDN, os “marmiteiros” do Brigadeiro Eduardo Gomes.
. O PT, o PTB de Vargas.
. É uma divisão clássica, que se observa em sociedades maduras e se consolidava no Brasil, até que se instalaram os anos militares.
. Como em qualquer país de democracia madura, os conservadores querem cortar impostos e os trabalhistas querem dar dinheiro aos pobres.
. Nos casos extremos, os conservadores incorporam o neo-liberalismo.
. Na América Latina, o neo-liberalismo foi a doutrina que aplicaram Salinas, do México (refugiado na Irlanda), Fujimori do Peru (preso), Menem da Argentina (na mira da Justiça, permanentemente) e o Farol de Alexandria, ideólogo do fim da CPMF (além de Mário Covas, direto do além).
. A vantagem de o quadro político ficar assim mais nítido é que, com o fim da CPMF, os tucanos não podem mais fazer o jogo duplo – o jogo dos “esquerdistas a favor do avanço” e ser barriga de aluguel dos bancos, da Fiesp e da Associação Comercial.
. E, na hora da verdade, derrubar o imposto que financiava a saúde, o Bolsa Família e a previdência do trabalhador rural.
. Não dá mais para o Farol de Alexandria fingir que ainda é marxista e trabalhar para os bancos, a Fiesp e a Associação Comercial - os clientes preferenciais de suas palestras de R$ 50 mil.
. Chegar em Brown e posar de “estadista progressista”.
. Porque no Governo de FHC – que criou a CPMF –, o dinheiro da CPMF ia para o Ministro Malan pagar a dívida interna ...
. Também não dá mais para José Serra ficar de boca fechada e seus epígonos dentro e fora do PIG espalharem que ele é um progressista, adversário ferrenho do neo-liberalismo.
. Como disse na Folha de S. Paulo, o filósofo Paulo Arantes: “o que pensa esse rapaz ?” – o Serra ?
. Não precisa pensar nem falar: ele é o presidente eleito de um partido em que TODOS os treze senadores votaram contra a CPMF.
. Vai ser interessante Serra explicar isso na Favela do Real Parque, ao lado do Farol de Alexandria e de Arthur Virgilio Cardoso.
(*) Por falar em trabalhistas, louve-se a posição do PDT, que votou em bloco pela manutenção da CPMF, depois de receber um documento assinado pelo Ministro José Múcio, em que o Governo se comprometia com a austeridade fiscal e recursos para a saúde e educação.
Clique aqui para ler "Não Coma Gato por Lebre".
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/470001-470500/470224/470224_1.html
Sobre esse assunto, o Conversa Afiada também publicou:
QUEM TRAIU O GOVERNO
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 819
. Senadores que fazem parte da “base aliada” e votaram para acabar com a CPMF:
. Cesar Borges (PR-BA)
. Expedito Junior (PR-RO)
. Geraldo Mesquita (PMDB-AC)
. Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)
. Mão Santa (PMDB-PI)
. Romeu Tuma (PTB-SP)
///
quarta-feira, dezembro 12, 2007
A avaliação do governo Lula chegou em dezembro ao maior patamar do ano
Para o diretor de relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marco Antônio Guarita, três fatores influenciaram o crescimento da avaliação positiva do governo Lula. O primeiro deles é a percepção de melhora da economia,o segundo é o aumento da visão de que o noticiário é positivo ao governo e o terceiro é sensação, presente em 50% da população, de que a vida melhorou nos últimos dois anos.
- Esse último é o mais importante. A gente sabe que pesquisas feitas no final do ano podem ser influenciadas pelo otimismo das festas e do 13º, mas o desempenho da economia realmente contaminou a população - disse.
Guarita também credita à percepção de evolução econômica a grande crença dos jovens da melhora de suas vidas.
- Eles são muito sensíveis às perspectivas no mercado de trabalho. Quando a economia mostra aquecimento, isso impacta muito nos jovens - afirmou.
Entre os pontos de melhora nas expectativas está a queda do número de pessoas que acredita que a inflação vai aumentar (de 52 % para 49%) e dos que crêem que o desemprego vai crescer (de 52% para 46%).
Aprovação de Lula permanece alta
A aprovação do presidente Lula permaneceu elevada. O patamar saiu de 63% em setembro para 65% agora, dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais. O índice de desaprovação a Lula caiu, de 33% para 30% nessa comparação. O saldo entre aprovação e desaprovação ficou positivo em 35 pontos, frente aos 30 pontos do estudo antecedente.
2007 foi ano bom ou muito bom para 79%
Para 8% dos entrevistados na pesquisa CNI/Ibope, 2007 foi um ano muito bom; foi bom para 71%. Sendo assim, soma 79% de avaliação positiva do ano. Consideraram 2007 ruim ou muito ruim 15% e 5% dos respectivamente.
O contentamento em relação a 2007 cresceu em relação a setembro por dois pontos: o percentual de bom cresceu de 71% para 68% e o de ruim caiu de 18% para 15%. Os demais fatores não se alteraram nos três meses.
A expectativa para 2008 cresceu nos últimos três meses: em setembro 18% esperavam que 2008 fosse muito bom, agora são 36%. O percentual de "bom" caiu de 63% para 52%. Por outro lado, a expectativa ruim caiu de 10% para 4% e a muito ruim se manteve em 3%. Somado bom e muito bom, a expectativa positiva cresceu de 81% para 88%.
A pesquisa foi realizada entre 30 de novembro e 5 de dezembro. Foram 2.002 entrevistas em 141 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
A notícia de que os brasileiros estão poupando mais tem um significado especial, porque desmente cabalmente os abutres que tentavam desqualificar as políticas federais de ampliação do crédito popular alegando que elas estariam endividando o povo e conduzindo a um cenário de calotes. Há algumas semanas, inclusive, o Globo estampou manchetão na primeira página que atribuía a queda no lucro da Caixa Econômica Federal ao calotes de pequenos devedores. Eu denuncei a farsa e o volume recorde da poupança aponta para uma situação inversa. Os brasileiros não apenas estão pagando suas contas como estão conseguindo guardar um pouco. Naturalmente, há discrepâncias profundas na sociedade, com gente gastando o que não tem e outros fazendo verdadeiros milagres para conseguir guardar uma merreca qualquer no fim do mês.
terça-feira, dezembro 11, 2007
SUICÍDIO MIDIÁTICO
sábado, dezembro 08, 2007
QUEM É CONTRA A CPMF?
FIQUE ESPERTO,
TEM JORNALISTA
QUE ANDA NA COLEIRA...
O problema do pobre
Adib D. Jatene*
Nenhum dos argumentos catastróficos contra a CPMF se confirmou. O que é inegável é que ela é um indicador da sonegação
Quando ocupei a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (1979 a 82), chamou a minha atenção a diferença gritante entre o número e a qualidade dos centros de saúde no interior e os existentes na Grande São Paulo.
Era difícil entender que os municípios do interior, com 49% da população do Estado, tivessem 549 centros de saúde -quase a totalidade- em prédios especialmente construídos, e a Grande São Paulo, com 51% da população, tivesse 257, dos quais só 54 especialmente construídos. Os demais ocupavam casas alugadas, totalmente inadequadas, na periferia da capital e em cidades-dormitório.
A perplexidade começou a se desfazer quando resolvi atender a convites para ir a assembléias populares, convocadas pela população, apoiadas nas comunidades eclesiais de base. Eram reuniões agressivas e difíceis, mas me ensinaram aquilo que todo homem público deve incorporar. Ficou claro, para mim, que os pleitos eram simples e legítimos, como ter onde vacinar seus filhos -e não tinham!
Foi a partir daí que criei a frase: "O grande problema do pobre não é ele ser pobre, é que o amigo dele também é pobre!". Ele não tem amigo que fale com quem decide, que marque uma audiência, que o ajude a elaborar um projeto, que negocie financiamento.
Ele está confinado em áreas pobres, com deficiência de saneamento básico, problemas de segurança, transporte, educação, saúde, lazer etc. Isso nos moveu a elaborar o Plano Metropolitano de Saúde: propusemos construir 490 centros de saúde e 40 hospitais nas áreas mais carentes. Passados 25 anos, menos de dois terços da proposta foram construídos -e a população saltou de 12 milhões para 18 milhões de habitantes.
Quando, em 1999, estudei a distribuição dos leitos hospitalares na cidade de São Paulo, com 10 milhões de habitantes e dividida em 96 distritos, a situação continuava da maior gravidade. Em 25 distritos, com 1,8 milhão de pessoas, existiam 13 leitos por mil habitantes, concentrando os maiores e melhores hospitais; nos outros 71 distritos, onde estavam 8,2 milhões de pessoas, existiam apenas, na média, 0,6 leito por mil habitantes.
Essa realidade perversa -menos de 20% da população tem todos os recursos mais modernos, enquanto 80% sofrem todo tipo de restrições- é difícil de ser aceita como razoável. Por isso venho, há muito tempo, tentando convencer os que vivem com conforto e com os mais modernos recursos de saúde à sua disposição de que a distribuição dos recursos é injusta e não pode ser perpetuada.
A discussão sobre a prorrogação da CPMF mostra claramente isso. A parcela mais bem aquinhoada da sociedade -a que financia as campanhas políticas e sustenta a mídia- lança mão de todos os recursos para subitamente constranger o governo a abrir mão de cerca de R$ 40 bilhões, quase a metade destinada ao SUS, e não se constrange de induzir pessoas que dependem desses recursos a assinar listas e mais listas, convencendo-os de que estão sendo explorados.
Não tenho dúvida de que o chamado excesso de arrecadação ocorre porque a eficiência da Receita, nos três níveis de governo, graças à informática e aos cruzamentos possíveis, está resgatando parte da sonegação, que permitiu a escandalosa concentração de renda existente no país.
Todos os argumentos contra a CPMF vêm sendo repetidos desde quando a propusemos, em 1995. Nenhum dos argumentos catastróficos se confirmou. O país nunca exportou tanto, o saldo comercial vem ano a ano crescendo, a dívida externa, que em 2002 era de 43% do PIB, é hoje de 14%. As reservas do Banco Central atingiram inacreditáveis US$ 170 bilhões, a taxa de inflação é a mais baixa dos últimos 30 anos e a indústria automobilística produziu neste ano, até aqui, incríveis 2 milhões de carros. Portanto, não se confirmam os prejuízos apregoados. O que é inegável é que a CPMF é um indicador da sonegação.
Quando de sua regulamentação, foi proibido, na lei, o cruzamento de informações para efeito de Imposto de Renda, afinal revogado quando o secretário da Receita à época mostrou que, dos 100 maiores contribuintes da CPMF, 62 nunca tinham pago Imposto de Renda e que existia microempresa -que, para ser micro, não podia movimentar mais que R$ 120 mil/ano- que chegava a movimentar R$ 100 milhões/ano. O simples cruzamento de informações elevou a arrecadação de cerca de R$ 7 bilhões para mais de R$ 20 bilhões/mês.
Quero crer que a luta pela extinção da CPMF, isoladamente, não tenha relação com o fato de ser um eficiente indicador de sonegação, mas esteja vinculada à idéia -para mim, equivocada- de que a carga tributária é muito elevada e toda redução é bem-vinda. Sou dos que acreditam que a carga tributaria é elevada para os que ganham pouco e baixa para os que têm muito, daí a concentração de renda.
Melhor seria se o esforço que está sendo feito para extinguir a CPMF fosse dirigido para uma discussão séria e abrangente da sempre lembrada e nunca conseguida reforma tributária, capaz de compatibilizar os recursos públicos com a riqueza ostensiva de parcela minoritária da população.
Nunca é demais lembrar que todas as convulsões sociais na história da humanidade ocorreram quando a desigualdade se tornou aguda. A distribuição de leitos hospitalares na cidade de São Paulo é exemplo gritante dessa desigualdade, melhor dizendo, dessa desumanidade para com os mais pobres.
*Adib D. Jatene, 78, cardiologista, é professor emérito da Faculdade de Medicina da USP. Foi ministro da Saúde (governos Collor e FHC) e secretário da Saúde de São Paulo (governo Maluf). É idealizador da CPMF.
http://www.unafisco.org.br/publicar/principal/texto_noticias.php?ID=7687
>>>
CPMF: POR QUE O WAACK NÃO FALA DOS BANCOS ?
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 800
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil.
. O Conversa Afiada recebeu o seguinte e-mail de um leitor que prefere não se identificar.
“Estou aqui assistindo ao Jornal da Globo, que está em feroz campanha contra a CPMF. William Waack, hoje, saiu com uma pérola: "Apesar de todos os especialistas concordarem que a CPMF afeta toda a economia, o presidente Lula continua dizendo que só os ricos pagam a contribuição, que ele chama de imposto"...
Então, resolvi fazer uma conta: peguei o meu salário digno da elite branca e observei o quanto paguei no mês de novembro a título de CPMF (R$ 43,61, sendo que o mês foi atípico, porque vendi um carro e parte do dinheiro foi colocado na minha conta) e quanto paguei ao Banco X em taxas diversas (R$ 58,16). O Banco X é um banco popular, e eu não tenho nenhum daqueles benefícios especiais para grandes clientes. Então, eu pergunto: é melhor pagar a CPMF ou pagar as taxas do Banco X ? O ideal seria não pagar nada. Mas fica a questão: por que o William Waack e o Arthur Virgílio nunca fizeram uma campanha raivosa contra as tarifas bancárias? Pela lógica deles, o Banco X pesaria mais no preço do pãozinho do que a CPMF, não?”
Em tempo: William Waack, para quem não sabe, é a versão noturna, trevosa, da Miriam Leitão, do Bom (?) Dia Brasil. O Waack derruba o Governo Lula quando você vai dormir e a Miriam Leitão derruba o Governo Lula quando você acorda. É a liberdade de imprensa no Brasil – a liberdade dos donos da imprensa e seus epígonos.
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/469501-470000/469619/469619_1.html
///
quinta-feira, dezembro 06, 2007
326 mil petistas participaram do PED 2007
Números finais mostram que mais de 326 mil petistas participaram do PED 2007
Mais de 326 mil petistas participaram do primeiro turno do PED 2007, que iniciou o processo de escolha dos dirigentes do PT, em todos os níveis, para os próximos dois anos.
O total, divulgado às 11h30 desta quarta-feira (5) pela coordenação de apuração do PED, é superior ao registrado nas eleições internas de 2005 (314.926) e não inclui os votos de 1.413 municípios onde o PT está organizado em Comissões Provisórias. Nestas cidades, os filiados puderam votar apenas nas chapas e candidatos locais – motivo pelo qual não aparecem no cálculo nacional.
A divulgação da sétima e última parcial confirmou que a presidência nacional do PT será definida em segundo turno, no próximo dia 16, entre os deputados federais Ricardo Berzoini e Jilmar Tatto.
Dos 326.147 votos apurados, Berzoini obteve 131.699 (43,42%) e Tatto 61.440 (20,25%). Na seqüência aparecem José Eduardo Cardozo (19,02%), Valter Pomar (12%), Gilney Viana (3,71%), Markus Sokol (0,99%) e José Carlos Miranda (0,61%).
Também foi concluída a votação para as chapas, cujos percentuais irão definir a composição do próximo Diretório Nacional.
Os dados estão sujeitos a pequenas alterações, já que a totalização oficial ainda depende de alguns votos não computados e da conferência das atas de votação – que deverá ser concluída até sexta-feira.
Confira abaixo a votação dos candidatos e chapas nacionais, de acordo com a sétima e última parcial do PED 2007.
Candidatos
Ricardo Berzoini – 131.699 - 43,42%
Jilmar Tatto – 61.440 - 20,25%
José Eduardo Cardozo – 57.694 - 19,02%
Valter Pomar – 36.401 - 12%
Gilney Viana - 11.249 - 3,71%
Markus Sokol – 3.015 - 0,99%
José Carlos Miranda - 1.846 - 0,61%
Brancos – 16.212 - 4,9%
Nulos – 6.591 - 2%
TOTAL – 326.147
Chapas
Construindo um Novo Brasil – 42,58%
Partido é Pra Lutar – 19,42%
Mensagem ao Partido – 16,87%
A Esperança é Vermelha – 11,76%
Militância Socialista – 4,89%
Movimento Popular – 1,48%
Terra, Trabalho e Soberania – 1,23%
Democracia Pra Valer – 1,16%
Programa Operário e Socialista – 0,61%
Brancos -8,2%
Nulos - 2%
http://www.pt.org.br:80/portalpt/index.php?option=com_content&task=view&id=9253&Itemid=195
///
segunda-feira, dezembro 03, 2007
NA VENEZUELA SOBRA DEMOCRACIA. NO BRASIL FALTA JORNALISMO.
Clique aqui para ler "Não Coma Gato por Lebre".
Leia também:
Venezuela derrota o Datafolha
Venezuela: De Gaulle pode, Chávez não
Primeiras sondagens indicam vitória de Chávez