Deputado acusa Alckmin de chefiar esquema em Banco
Durante entrevista à rádio CBN, o deputado estatual Afanásio Jazadji (PFL), de São Paulo, acusou ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB) de negociar pessoalmente esquema supostamente promovido pelo Palácio dos Bandeirantes para beneficar, com verbas de publicidade da Nossa Caixa, emissoras de rádio, TV e revistas ligadas a integrantes da base aliada - dentre eles o próprio Jazadji, que é apresentador de televisão. Neste domingo, Alckmin afirmou que "não tem veracidade" a denúncia de que sua gestão teria utilizado recursos do banco estatal Nossa Caixa para favorecer políticos da base aliada e negou que irá investigar o caso.
Foi há muito tempo atrás, em um de nossos primeiros contatos", disse Jazadji. Segundo ele, que integra um partido prestes a se aliar com Alckmin na corrida para o Palácio do Planalto, o governador o procurou se oferecendo para "prestigiar" a programação da emissora do deputado com verbas do govreno do Estado. O deputado garante que a suposta promessa nunca se concretizou.
Procurado pela CBN, Alckmin se negou a comentar a acusação porém, mais cedo, negou todas as denúncias: "Não (vou investigar)", afirmou, questionado sobre o suposto uso de verbas da Nossa Caixa para "comprar" apoio político. "A investigação foi feita pela Nossa Caixa. Ela fez a sindicância, concluiu, encaminhou ao Ministério Público e ao Ministério Público. Há 500 veículos de comunicação e nós estamos falando de cinco casos. Agora, concluir que tenha ingerência política em 500 veículos", questiou o governador, que dia 31 renuncia ao cargo para concorrer à Presidência da República.
Porém o Ministério Público do Estado de São Paulo já tomou a iniciativa de apurar o caso e, desde dezembro, está realizando as investigações em caráter preliminar, baseado em denúncia anônima.
O suposto favorecimento de aliados por meio da ingerência sobre os contratos de publicidade foi divulgado no último fim de semana pelo jornaç Folha de S.Paulo. De acordo com a reportagem, o Palácio dos Bandeirantes pressionou a Nossa Caixa para direcionar os recursos para deputados da base aliada - dentre eles ex-ministro da Comunicação Luiz Carlos Mendonça de Barros, cotado para compor a equipe econômica de Alckmin.
A denúncia cita e-mails trocados entre pessoas supostamente envolvidas e indica que o assessor especial de Comunicação do governo, Roger Ferreira, teria coordenado o esquema. As alegadas pressões também constam de um dossiê de 42 páginas elaborado pelo ex-gerente de marketing do banco Jaime de Castro Júnior - demitido por justa causa em dezembro passado, por conta das acusações. Ele teria efetuado as denúncias porque outros funcionários supostamente foram protegidos pela auditoria interna realizada pela Nossa Caixa.
Ontem, Alckmin também negou que irá punir Roger Ferreira e garantiu que ele permanecerá no governo.
Redação Terra