A má notícia sobre a mídia, nesta semana, vem do exterior.
Não se trata da enézima matéria de jornal estrangeiro detonando a imagem do Brasil, ao meramente reportar com honestidade o que acontece por aqui, como fez o diário francês Libération.
Trata-se de notícia que afeta o futuro da própria mídia em todo o planeta, uma vez que ela procede do centro do Império.
Os Estados Unidos estão a menos de um mês de acabarem com a chamada “neutralidade de rede” na internet – a proibição de que os provedores de serviço bloqueiem ou desacelerem a velocidade de conexão, conforme o preço pago pelo usuário, ou pelo site que ele está visitando.
Estão em risco o acesso igualitário à Internet e também a liberdade de expressão, porque os provedores poderão arbitrar que conteúdos terão maior ou menor acesso, simplesmente controlando a sua velocidade de transmissão.
O presidente do Comitê Federal de Comunicações, a ANATEL de lá, anunciou que o fim da neutralidade de rede será votado em 14 de dezembro.
Como o órgão tem maioria republicana e a proposta é do Governo Trump, a aprovação é dada como certa, embora já desperte reações e a política progressista já opere contra ela.
Derrubada lá, a neutralidade de rede fica imediatamente ameaçada aqui.
“O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, diz a velha máxima colonialista cunhada em 1964 pelo embaixador Juracy Magalhães, num arroubo de subserviência.
Essa mentalidade governa o país desde abril de 2016 e é certo que ela cuidará de ajustar este quintal dos Estados Unidos ao que decidirem os donos da casa.
Além de pagar mais para assistir vídeos no You Tube ou Netflix, por exemplo, os usuários de internet vão penar para acessar sites que os provedores tornarem mais lentos, a seu critério.
Não é difícil intuir como isso ameaça toda a mídia independente, refugiada no mundo digital, com o derretimento econômico dos suportes tradicionais.
O sistema de poder antinacional e antipopular instalado no Brasil desde o golpe não se cansa de combater o Marco Civil da Internet e faz vista grossa à violação constante da neutralidade de rede que ele obriga.
A decisão americana pode ser a vitamina que ele precisa, para destruir mais esse direito do povo brasileiro.