publicado em 5 de dezembro de 2013 às 9:39
04/12/2013 – Copyleft
A sina da oposição: sobrevivência e terrorismo
A oposição não se dará por vencida, e poderá promover um
terrorismo político, econômico, moral e midiático jamais visto na política
brasileira.
Depois da incandescência das ruas em junho, análises
apressadas pintavam um cenário de terra arrasada para a Dilma. Foi incrível a
seletividade de determinados analistas, que alardeavam o pior dos mundos para a
Presidenta, mas omitiam que a insatisfação era generalizada e difusa, e
abarcava todo o sistema político, a política, os governos e os políticos.
Passado o rescaldo daqueles acontecimentos, sucessivas
pesquisas de opinião indicam um ambiente de melhora do desempenho eleitoral de
Dilma. Em todas as simulações — de todos os institutos de pesquisa –, a
Presidenta ostenta considerável chance de reeleição, inclusive no primeiro
turno.
A oposição, entretanto, segue colecionando dificuldades.
Para ela, o cenário mais alentador é, curiosamente, aquele no qual figuram as
“candidaturas-sombras” de Marina Silva e José Serra. Os até agora “candidatos
titulares” Eduardo Campos e Aécio Neves peleiam com seus fantasmas para
manterem suas candidaturas, podendo chegar em 2014 menores do que são hoje.
A potencial reeleição de Dilma, que culminaria um ciclo de
16 anos de governos dirigidos pelo PT, levará o reacionarismo capitaneado pelo
PSDB, PPS e DEM ao ocaso. Com sua visão de um país arcaico, excludente e
colonizado, aqueles partidos perdem a capacidade de interpretação e de
aderência ao Brasil contemporâneo. A profecia deles, do “fim da raça”,
finalmente terá se realizado; porém, com as setas invertidas – em desfavor
deles mesmos.
Nesse contexto, a candidatura do Aécio é tão sólida quanto a
chance de se converter em pó. O PSDB, pela primeira vez na trajetória do
partido, enfrenta a perspectiva real de uma derrota acachapante no próximo ano.
Para os tucanos [mas também para seus satélites PPS e DEM], a eleição de 2014
terá como prioridade a sobrevivência partidária e a preservação dos espaços de
poder ameaçados de mudar de guarda.
Não se pode descartar, por isso, a hipótese da candidatura
presidencial de José Serra em lugar da de Aécio. Alckmin e Aécio teriam, assim,
a função de proteger a jóia da coroa do PSDB: os governos de SP e MG. Aliás,
uma tarefa difícil, para quem terá de se explicar sobre escândalos escabrosos:
cartel do metrô e o genuíno mensalão.
Adicionalmente, outros dois espectros rondam as eleições. O
primeiro, de nome Joaquim Barbosa. Sua candidatura, se confirmada,
materializaria eleitoralmente o bloco de poder conformado pela mídia
conservadora e setores reacionários do Judiciário. É esse bloco que, na
realidade, agenda e articula o combate ideológico ao PT e ao governo Dilma,
substituindo os partidos da direita, que estão aos frangalhos e minguando sua
audiência na sociedade.
Não existe espaço no Brasil contemporâneo para uma nova
farsa do gênero “caçador de marajás”. A Rede Globo não conseguirá converter
Joaquim Barbosa em um santo; aliás, um Ministro adepto de manobras fiscais para
investir em Miami. O império da família Marinho não conseguirá construir essa
nova mitificação da política brasileira, como fez com Fernando Collor em 1989
para derrotar Lula.
A opção Joaquim será calculada não pela aspiração de vitória
com ele, mas como variável para levar a eleição para o segundo turno. O
contexto proclive para a ocorrência de segundo turno é aquele que apresenta na
cédula eleitoral os nomes de Dilma, Serra, Marina e Joaquim. O justiceiro,
jacobino, vingativo, exemplar e inexpugnável Barbosa seria um veículo para se
tentar barrar a reeleição direta de Dilma.
O outro espectro que ronda a próxima eleição de 2014 atende
pelo nome de Lula.
Com considerável insistência é cogitada a candidatura dele
em lugar da de Dilma; insinuação que se propaga na base de apoio do governo,
nos meios empresariais, no sistema financeiro e junto a setores militantes. Os
pretextos são uníssonos, tanto dentro como fora do PT: a heterodoxia econômica
e o estilo da Presidenta.
Embora o próprio Lula rechace, essa insinuação paira no ar
como uma bruma, fomentada na mídia pelas manjadas “fontes próximas ao
ex-Presidente”.
É problemático esse procedimento, porque involuntariamente
[ou deliberadamente?] expõe Dilma a tensões conservadoras [e inclusive
regressivas] na definição do programa e no perfil do eventual segundo governo.
Porém, ao mesmo tempo, não deixa de ser cômodo para o governo – e terrível para
a oposição — saber que pode contar com um suplente eleitoralmente insuperável,
caso a conjuntura econômica e política degringole.
Hoy por hoy — como se diz em castelhano –, a perspectiva é
desalentadora para a oposição conservadora, que vive o dilema de tentar
sobreviver enfrentando uma tendência de derrota e de definhamento de sua
representação política. A realidade para a direita é tão mais dramática quanto
mais evidente é a obsolescência programática e a incapacidade de oferecer uma
visão generosa de futuro para um país que, não sem importantes limites e
contradições, finalmente passou a ingressar na modernidade.
Devemos nos preparar para uma conjuntura complicada até as
eleições de 2014. A oposição não se dará por vencida, e poderá promover um
terrorismo político, econômico, moral e midiático jamais visto na política
brasileira. Não se pode menosprezar a capacidade de sabotagem, de difusão de
ódio e a vilania deles nessa luta derradeira de sobrevivência. Eles querem
sequestrar o Brasil dos brasileiros.
Leia também: