domingo, maio 22, 2011

Atenção jornalistas brasileiros! Jornalismo real JÁ!

A coisa tá pegando prô lado de vocês!

Quando se diz que o jornalismo brasileiro é o pior do mundo, é porque é pior, até, que os mais tradicionais jornalões de direitona do planeta.

O que aí se lê [adiante] é um dos blogs do jornal El País, de Madrid, hiper jornalão hiperconservador, fonte de copiação-repetição infindável do Estadão. Contudo, aí abaixo se vê a capa de domingo, de El País. E hoje, por exemplo, o Estadão pôs na capa uma ‘arte’, em que todas as chamadas e manchetes aparecem dentro de moldurinhas de... modelos comerciais de aparelhos de telefones celulares: publicidade COMERCIAL, disfarçada como ‘notícia’!

Isso, essa engambelação fascisitizante, é o ‘jornalismo’ que é diariamente impingido aos leitores-consumidores brasileiros, que PAGAM para ser engambelados por esse ‘jornalismo’ de sarjeta que há no Brasil. O Estadão, a Folha de S.Paulo, O Globo são, sim, o PIOR jornalismo DO MUNDO. Muuuuuuuuuuuuuuuito piores, até, que El País. Vejam aí.

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Madrid: Trabalhando (de outro jeito)

22/5/2011, Trending Topics Madridhttp://blogs.elpais.com/trending-topics/2011/05/jugando-a-trabajar-de-otra-manera.html

Victoria dizia-me essa manhã, no acampamento de Valencia: “sou empresária desde os 23 anos, tenho 31”. Tem um estúdio de desenho. Por isso, diz, para demonstrar que há gente de todos os tipos reunida na praça “del Ayuntamiento”, criou, com alguns colegas, a página Reflexionando.org. Mostra-me, num Mac conectado a uma tomada emprestada por um dos quisques que vendem flores no centro da cidade. É um projeto fotográfico que mostra todos os que queiram posar para uma fotografia no estúdio improvisado: um lençol branco pendurado num dos lados do quisque. A ideia surgiu ontem à noite. Ao meio dia de hoje, a rede estava montada e mais de 300 pessoas já haviam sido fotografadas por Tania e Xaume, fotógrafos de jornal. Todos eles, mais Sonia, que fotografa interiores, dividem um espaço de trabalho cooperativo, SN4.

Durante a assembleia de ontem, decidiram fazer algo para contribuir para a jornada de reflexão. E, como tantos outros, decidiram que, nessa jornada tão ordenada, todos estavam trabalhando rápido e bem – e que tinha de ser assim.

Um traço dos que mais surpreende todos os que passam pelas praças nos protestos na Espanha é a eficiência com que se organizaram pequenos territórios, como pequenas cidades, com todos os tipos de serviços. Cada um aparece e faz o que sabe fazer.
A rede wifi que alimenta o celular de Victoria vem do “barco pirata”, uma espécie de cabana feita de papelão e coberto com um guarda-sol, coroado por uma antena que distribuiu banda larga para toda a praça. Dali se atualizam as páginas (http://www.facebook.com/acampadavalencia) e contas (http://twitter.com/#!/acampadavlc) nas redes do acampamento. O barco foi montado com a ajuda de Juan, Vicent e José Vicente, todos com cerca de 20 anos, que estudam telecomunicações na Universidad Politécnica de Valencia. “Há 22 horas, estava cravando um pau num cubo”, conta José Vicente, que não dorme desde então e apontando, porque ali está, o pau cravado num cubo, que funciona como antena … e de mastro para a nave pirata. A pirataria é licença poética: o pessoal têm autorização para usar a rede, cedida por um hotel da rua de baixo.

Aproveitaram que uma das casas estava em reformas, e ali instalaram uma antena que leva o sinal até o barco. “Podíamos roubar sinal de redes sem fio, mas preferimos fazer assim. É melhor que as pessoas colaborem”.
Além da rede, montaram ontem um canal de televisão que transmite diretamente das assembleias através de Megalive (http://www.megalive.com/?v=6NAS8INB), uma divisão de Megavídeo. Foi o canal mais visto ontem dessa rede, e de fato, o excesso de acessos derrubou a rede. É sucesso, dado que a eletricidade vem de baterias e que a transmissão cai quando acaba a bateria de um celular e é preciso passar para outro.

José Vicente colou na camiseta um recorte de del Google Map (
http://www.thetechnoant.info/campmap/) onde as pessoas marcam cada nova manifestação que surge no mundo.
Como os rapazes da Teleco, Kelsang também é muito jovem e estuda na Universidade de Valencia. Tem 20 anos, 2º ano de jornalismo e atende a imprensa com profissionalismo. Veio para cá na 4ª-feira, com colegas da universidade; os outros se foram, ele ficou. Pos-se a falar, tomar decisões e, depois, perceberam que estava organizando as coisas. Nesse jogo, diferente do mundo do trabalho ‘normal’, as horas de trabalho voam. “Sinto-me muito mais jornalista aqui, do que quando estou trabalhando”. Pergunto-lhe por que, em outros acampamentos, a imprensa nem sempre é bem recebida. Diz que está atendendo e atenderá todos os jornalistas. Que se os veículos quiserem distorcer o que virem e ouvirem, distorcerão. É sempre assim e faz sentido, porque os meios são parte do sistema contra o qual se protesta.

Mas também penso na assembleia Del Sol, onde muitos de meus amigos jornalistas passam todos os dias, quando saem do jornal. De fato, as assembleias pelas praças estão cheias de jornalistas, profissão especialmente precária.

Em Valência houve uma assembleia que recebeu o nome de “Jornalismo Real Já” (
http://twitter.com/#search?q=%23periodismorealya). A divisão entre o que fazem os veículos e o que pensam os jornalistas empregados é cada vez maior e mais evidente.
Um grupo põe em pé, ao lado de uma barraca, a capa de El País (http://img.kiosko.net/2011/05/21/es/elpais.300.jpg), que hoje mostra uma foto, de fotógrafo amador, do exato momento em que manifestantes trocaram o nome da Praça del Ayuntamiento por “Praça 15 de Maio”.

A mesma foto esteve ontem nesse blog (http://blogs.elpais.com/trending-topics/2011/05/los-virales-de-spanishrevolution-2.html), sem eu saber que seria capa do jornal, porque estava circulando como viral, e todos a distribuíam para todos. Fiquei sabendo que o jornal viu a imagem no Twitter, alguém passou pelo Flickr e conseguiram localizar o autor no Facebook. A foto foi comprada por telefone. Uma cadeia de acasos e oportunidades impensável há apenas poucos anos.
As garrafas de água e as bisnagas de protetor solar circulam de mão e mão. Jornalistas, técnicos de telecomunicações e informática, especialistas em artes gráficas, todos, fazem o que sabem fazer. Outra forma, outro lugar, outro objetivo.

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