terça-feira, novembro 30, 2010

Dia histórico para a Amazônia

Lula inaugura Eclusas de Tucuruí no dia 30/11 (T1 Comenta)
Enviada em 26 de novembro de 2010

Eclusas de Tucuruí
Depois de trinta anos, o Governo Federal venceu o desnível de 74 metros que impedia a navegabilidade no rio Tocantins desde a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Sistema de transposição vai permitir a navegabilidade em um trecho de 445 quilômetros no Rio Tocantins.
Nesta terça-feira (30/11), o presidente Luis Inácio Lula da Silva inaugura uma das maiores obras de infraestrutura logística do país, em uma área de expansão da fronteira agrícola e mineral.
São duas eclusas, com 210 metros de largura e 33 metros de comprimento cada uma, ligadas por um canal intermediário de 5,5 quilômetros. Clique na imagem para ampliá-la e ter uma melhor idéia da grandeza dessa obra.
Esse sistema  vai permitir a navegação de comboios de até 19 mil toneladas em uma extensão de 445 quilômetros entre o Porto de Vila do Conde/PA e a cidade de Marabá, onde está em fase de implantação uma plataforma multimodal que integrará hidrovia, ferrovia e rodovia.
O PAC - Programa de Aceleração do Crescimento viabilizou a conclusão das eclusas de Tucuruí.
De um total de um bilhão e seiscentos milhões de reais  necessários à finalização do sistema de transposição, R$ 1 bilhão foi investido por meio do PAC, a partir de 2007, ano da retomada das obras.
“Essa é uma vitória do trabalho sério e da persistência sobre a falta de vontade política, que havia paralisado os serviços diversas vezes desde que a obra começou em 1981”, comemora o diretor-geral do DNIT, Luiz Antônio Pagot.
A obra impressiona pela grandiosidade. O volume de concreto usado na obra seria suficiente para construir 25 estádios de futebol do tamanho do Maracanã.
Cerca de 3.500 operários  trabalharam continuamente nas obras desde a retomada.
As eclusas vão beneficiar o setor produtivo da região, principalmente no que diz respeito à mineração.
Hoje, os comboios carregados de minério navegam de Marabá a Tucuruí, onde é necessário realizar o transbordo para caminhões e, logo depois do desnível, a carga volta a ser transportada pelo rio até os portos de Belém e Vila do Conde.
Com a conclusão da obra, o transbordo deixa de ser necessário e a viagem ficará mais curta. Isso se reverte em redução de custos, o que viabiliza a implantação da siderúrgica Aços Laminados do Pará – ALPA. Essa indústria é um empreendimento avaliado em R$ 3,3 bilhões, cuja logística está inteiramente baseada no modal hidroviário.
Aliando sustentabilidade à economia, a conclusão das eclusas é mais um passo na mudança da matriz de transportes do país, dentro do que prevê o PNLT - Plano Nacional de Logística de Transportes.
De acordo com o PNLT, até 2025, 29% de todo o transporte será efetuado por hidrovias, meio que polui menos o meio ambiente e reduz custos de transporte, tornando os produtos mais competitivos.
Um comboio de 150 metros de comprimento, com capacidade de 6 mil toneladas, equivale a 172 carretas de 35 toneladas de capacidade.
Hoje, apenas 13% da carga no país é transportada por vias fluviais.
Histórico
Iniciada em 1980 pela extinta Portobras, a construção das eclusas de Tucuruí  teve andamento normal até 1984, quando o ritmo foi reduzido gradativamente até a paralisação, em 1989.
Em 1998 os serviços foram reiniciados, mas houve nova desaceleração por determinação do Tribunal de Contas da União. Reativadas mais uma vez em 2004, as obras seguiram até outubro de 2005.
Somente em março de 2007, após a inclusão no PAC e a assinatura do contrato de delegação firmado entre DNIT e Eletronorte, foi possível retomar a obra, que será entregue à população este mês.
Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA/DNIT
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Comentário T1:
Mais uma grande obra do PAC Logística é concluída e cada vez restará menos obras a concluir para fundamentar o discurso dos pessimistas de que as obras do PAC não saíram do papel, somente porque elas só foram concluídas nos prazos previstos e não nos prazos desejados.
Ela é um marco importante da retomada do modal aquaviário, visando o aumento da sua participação na matriz de transportes, como mencionado na matéria.
Ela é fundamental para a consolidação do Porto de Vila do Conde, no Pará, como um dos mais importantes do Norte-Nordeste e do país.
Ela mostra como foi importante elaborar e desenvolver o PNLT - Plano Nacional de Logística e Transportes, em 2006/2007, e que teve a coordenação do Diretor Técnico da Agência T1, José Augusto Valente, então Secretário de Política Nacional de Transportes.
É bom lembrar que o PNLT foi a referência para o PAC e continuará sendo referência para o PAC 2. O que significa que o governo Lula retomou (ou inaugurou) a elaboração do planejamento estratégico de longo prazo na área de infra-estrutura.
Finalmente, essa obra permitirá um passo importante na redução de emissão de CO2 produzido na operação logística das cargas brasileiras.


Canal T1



Um discurso que emocionou o presidente

GOVERNO FEDERAL EVITA CHACINA NO RIO DE JANEIRO

Os fatos que assistimos nos últimos dias no Rio de Janeiro estão diretamente ligados à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Esses eventos vão acontecer no Brasil em razão das políticas econômicas para os pobres do governo Lula e também pela potência da cidade mais bonita e carnavalesca do mundo.

Assim, a segurança precisava mudar e não seria admissível que nas localidades próximas desses eventos haja pessoas fortemente armadas, dominando territórios e trocando tiros com quem quisesse tomá-los. As UPPs vieram com o PRONASCI e o apoio do governo federal. Inicialmente, foram instaladas em certas áreas da cidade, chamadas, de maneira preconceituosa, de “nobres”, como se ainda vivessemos num sistema monarquista escravocrata. O tráfico armado saiu do local sem troca de tiros e foi se afastando para zona norte da cidade. Erroneamente, pensou que teria força para colocar a cidade em pânico ateando fogo em veículos, colocando em cheque os eventos internacionais. Mas diante de tais circunstâncias, o governo federal teve de entrar rápido para evitar uma chacina e um escândalo internacional.

Mas os neoescravocratas queriam uma guerra na cidade e ver a carnificina de jovens pobres, negros, macérrimos e moradores das favelas, em maior quantidade da que já acontece diariamente. O Rio de Janeiro é a cidade do mundo onde mais jovens de 14 a 25 anos morrem por atentado por arma de fogo, em quase sua totalidade, negros e pobres. A transmissão ao vivo das emissoras de televisão foi fundamental para evitar uma carnificina e para que se mostrasse a todas as autoridades do país o risco para a imagem internacional do Brasil. As imagens da correria de centenas de jovens fortemente armados, alvos desprotegidos naquele descampado, com uma pequena estratégia de guerra, demonstraram que uma matança seria fácil.

Mas a transmissão ao vivo, combinada com um linguajar que chama trabalhadores policiais de caveiras, mais os veículos queimados pela cidade, anunciava uma tragédia iminente. Felizmente, o governo federal, em parceria com o governo estadual, começou a compartilhar as decisões e participar com as Forças Armadas. O compromisso histórico dos membros do Governo Lula com os direitos humanos foi fundamental para a mudança de postura da polícia do Rio. Com a rápida entrada dos blindados da Marinha, helicópteros da Aeronáutica e o apoio do Exército, os esquálidos bandidos fugiram apavorados, pois viram que a parada era séria e que o armamento das Forças Armadas era bem mais poderoso. A mídia, que apresentava a linguagem da guerra carioca, também começou a enaltecer a estratégia de ocupação e rendição sem assassinatos. O discurso anterior de que `baixas eram inevitáveis numa guerra`, explanado pela direita e esquerda punitivas, começou a perder força. A mídia também divulgou o recado do governo federal ressaltando o respeito aos direitos humanos. A Rede Globo registrou que, quando foi preso o criminoso Zeu, condenado pelo assassinato de Tim Lopes, ele estava algemado, mas sem qualquer ferimento. Logo em seguida, um pai veio entregar seu filho. E aqueles dias de uma cidade sitiada terminaram, hoje, com a carnavalesca alegria carioca com um morto no hospital Getúlio Vargas, nenhum morador alvejado e o hasteamento das bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro.
O Governo Federal não entraria com a Marinha, a Aeronáutica, o Exército e as forças policiais federais para participar de uma chacina, como defendiam abertamente os neoescravocratas através de seus monopolizados meios de comunicação. O discurso que se via no início é que era o dia “D” para acabar com o tráfico e a guerra às drogas. Induziam o senso comum a apoiar o extermínio dos traficantes. Mesmo com o rápido e fundamental apoio das forças militares, continuam acusando constantemente o governo federal de ser culpado pela entrada de drogas e armas no Rio de Janeiro, culpando o governo Lula pelas fronteiras, discurso, inclusive, muito usado pelo candidato tucano. Agora, estamos vendo a apreensão de coletes, rádios granadas, armas de uso exclusivo das Forças Armadas e da polícia, mas nenhum arsenal foi até agora encontrado. E aí está a verdadeira questão, as armas.

O próprio comentarista de segurança da Globo disse que as armas apreendidas nas operåções sumiam e que nesta operação estavam sendo pintadas de branco, como uma demonstração de transparência. Trânsparência porque não seriam roubadas e vendidas por dinheiro vivo para os mesmo traficantes das armas apreendidas.

A impressionante quantidade de toneladas de substâncias ilícitas apreendidas é uma demonstração da força de um mercado consolidado e oligopolizado por financiadores e custeadores do tráfico, beneficiados pela criminalização da compra e venda de determinados produtos ilegais. Essa ilegalidade é que alimenta todo um mercado de circulação de milhões, em dinheiro vivo, que corrompe policiais, militares, políticos, que trabalham para empresários e banqueiros, que lavam muito bem bilhões, misturando e fazendo número no sistema bancário globalizado. Armas de uso exclusivo obviamente são vendidas por agentes das forças policiais e militares e outras armas pesadas por comerciantes do mercado lícito de armas. Todos sustentados por mercados de produtos tornado ilegais, que deita raízes na história da humanidade, de milhões de consumidores que buscam a alteração do psiquismo por meio de drogas lícitas ou tornadas ilícitas (ver `Proibições, Riscos, Danos e Enganos: as drogas tornadas ilícita`, de Maria Lúcia Karam).

Neste momento, o mais importante é assegurar a realização dos eventos internacionais. O tráfico vai continuar desarmado nas ditas áreas nobres e pacificadas. O que realmente esperamos é que as forças federais ajudem a desvendar as organizações de compra e venda de armas, principalmente na polícia e nas Forças Armadas, além do esquema privado desse valioso mercado.

Mas para debater com seriedade essa questão, é fundamental acabar com a sua criminalização e legalizar, pois é a ilegalidade que dá o monopólio da venda de drogas ilícitas aos traficantes, que devem ser banqueiros e empresários, que possuem ilhas registradas bem maiores que as banheiras de hidromassagem abandonadas e sem herdeiros no Complexo do Alemão. A descriminalização da plantação de dez pés de maconha, em casa para uso próprio, pode ser o início de todo esse processo de legalização para acabar com o monopólio da venda de substâncias proibidas pelos traficantes.

ANDRÉ BARROS, ADVOGADO DA MARCHA DA MACONHA

Enviado pelo autor

domingo, novembro 28, 2010

No hay duda de que desde nuestra perspectiva no hay duda de que la llegada al poder de Roberto Micheletti ha sido ilegítima

Wikileaks revela informe confidencial de EE.UU un mes después del golpe en Honduras
Un informe confidencial de la embajada de Washington en Honduras revelado este domingo por Wikileaks muestra que Washington no tiene duda de que en Honduras hubo golpe de Estado contra el entonces presidente, Manuel Zelaya, y agrega que "los militares, la Corte suprema y el Congreso Nacional conspiraron el 28 de junio en lo que constituyó un golpe ilegal e inconstucional contra el Ejecutivo".
De igual manera en el texto, la embajada de Estados Unidos en Honduras afirma que el gobierno de Roberto Michelleti fue completamente ilegítimo.
"No hay duda de que desde nuestra perspectiva no hay duda de que la llegada al poder de Roberto Micheletti ha sido ilegítima“, destaca el informe enviado por desde la Embajada de Estados Unidos en Honduras, en Tegucigalpa, en nombre de su responsable, el embajador Hugo Llorens.
La embajada afirma en los mensajes que los argumentos esgrimidos por los “defensores del golpe del 28 de junio” son “a menudo ambiguos”, por lo que dice haber consultado "expertos en legislación en Honduras” pero añade entre paréntesis que “(uno no puede encontrar una visión profesional no sesgada en una Honduras con un clima políticamente cargado)”.
En el texto revelado por Wikileaks, la embajada estadounidense en Honduras reconoce que nunca se demostró que el presidente Zelaya haya roto la ley y afirma que el argumento de que intentaba prolongarse en el poder en una suposición.
En el documento se revela los argumentos esgrimidos por Micheletti y los militares y políticos golpistas “no tienen ninguna validez sustancial” y agrega que “algunas son abiertamente falsas”.
El informe considera que varias de las medidas llevadas a cabo por los golpistas fueron “patentemente ilegales”, desde el hecho mismo de que “los militares sacaran a Zelaya del país sin autoridad para hacerlo”, algo que “violó múltiple garantías constitucionales, incluyendo la prohibición de expatriación, la presunción de inocencia y el derecho a un proceso legal”.
En el último de los comentarios, se concluye que “no importa cuáles sean los puntos fuertes del caso contra Zelaya, su salida forzada del país por parte de los militares fue claramente ilegal, y el acceso de Micheletti como “presidente interino” fue totalmente ilegítimo”.
Entre los destinatarios de este informe, aparece el embajador de Estados Unidos en Brasil en ese momento, Thomas A. Shannon, y el asistente especial de Barack Obama y director para Asuntos del Hemisferio Occidental del Consejo de Seguridad Nacional, Dan Restrepo.
La información suministrada por estos documentos dan luz para entender declaraciones emitidas en agosto de 2009 por el presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, cuando expresó su deseo de que el embajador de Estados Unidos en ese país, Hugo Llorens, no vuelva a retomar el cargo, luego que el Gobierno norteamericano decidiera retirarlo por supuestos "motivos personales"
EE.UU. fue el país que más se tardó en aplicar sanciones tras el derrocamiento de Zelaya, mientras que otros Gobiernos como los de la Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América (ALBA), y del Mercado Común del Sur (Mercosur), se pronunciaron en contra del golpe casi inmediatamente.
Después de transcurridos 73 días del suceso, EE.UU decidió suspender la ayuda de la Cuenta Reto del Milenio (CRM) para el país centroamericano, estimada en 11 millones de dólares.
Pasado menos de medio año del golpe, la secretaria de Estado estadounidense, Hillary Clinton, restableció las relaciones con Tegucigalpa, y reactivó nuevamente la ayuda financiera para el presidente sucesor del régimen de facto, Porfirio Lobo.
"Acabo de escribir una carta al Congreso de Estados Unidos notificando que vamos a restaurar la ayuda financiera a Honduras", manifestó Clinton durante su participación en la III Reunión Ministerial Caminos a la Prosperidad en las Américas, realizada en San José, Costa Rica, en marzo pasado.
Zelaya siempre sotuvo que EE.UU. intervino en el golpe
El ex presidente Zelaya comentó durante la entrevista con teleSUR el pasado mes de junio, que mientras fue mandatario de Honduras, Estados Unidos se incomodaba cuando se mostraba solidario o mantenía relaciones con el presidente de Venezuela, Hugo Chávez; el de Bolivia, Evo Morales: el de Ecuador, Rafael Correa, y otros Gobiernos que discuten las ideas del país del norte.
''Estados Unidos me prohibía, prácticamente, que tuviese relación con Evo Morales, Hugo Chávez, Rafael Correa. Era una molestia cuando yo establecía estas relaciones de solidaridad con estos pueblos, con Cuba, precisamente cuando defendíamos el derecho que tienen los pueblos y nuestra sociedad de mantener niveles de dignidad y democracia'', señaló.
Por último, agregó que la actual injerencia de EE.UU obstaculiza el proceso de reconciliación nacional.
''Si Estados Unidos saca sus manos de Honduras, los hondureños podemos entendernos'', enfatizó Zelaya.
El ex presidente Manuel Zelaya fue derrocado en un golpe de Estado llevado a cabo el 28 de junio de 2009 por efectivos militares de su país.
Posteriormente, fue desterrado en Costa Rica pero retornó clandestinamente a Honduras algunos meses después y se refugió en la embajada brasileña en Tegucigalpa hasta que asumió el poder Porfirio Lobo en enero de 2010, momento en el cual se exilió en República Dominicana.
Postado por zcarlos

Mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA revelam informação considerada secreta sobre como os EUA reúnem informações de inteligência e estratégicas políticas e militares

WIKILEAKS, pelo Twitter, 18h23, 28/11/2010
Guardian's Cablegate coverage is out: http://www.guardian.co.uk/#cablegate
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Msgs diplomáticas dos EUA vazam por WikiLeaks
28/11/2010, Guardian, UK
http://www.guardian.co.uk/world/2010/nov/28/us-embassy-cable-leak-diplomacy-crisis
• Mais de 250 mil telegramas revelam estratégias dos EUA
• Diplomatas receberam ordens para espionar também aliados (além de inimigos)
• Hillary Clinton comanda frenética tentativa de “conter danos”

Mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA revelam informação considerada secreta sobre como os EUA reúnem informações de inteligência e estratégicas políticas e militares [imagem: Foto de Rex Features]
Os EUA estão lançados em crise diplomática mundial, com o vazamento, para o jornal britânico Guardian e outros veículos internacionais de mais de 250 mil telegramas secretos de embaixadas dos EUA, alguns dos quais enviados em fevereiro de 2010.

Na primeira matéria de uma série sobre telegramas diplomáticos diários enviados pelas embaixadas dos EUA e classificados como “secretos” o Guardian já pode informar que líderes árabes têm pressionado privadamente a favor de ataque aéreo contra o Irã e que funcionários de embaixadas dos EUA receberam instruções para espionar líderes da ONU.

Essas duas primeiras revelações já reverberam em todo o mundo. Mas os telegramas secretos aos quais WikiLeaks teve acesso, também revelam avaliações feitas por Washington sobre várias outras questões internacionais altamente sensíveis.

Entre os telegramas vazados há notícias de importante alteração nas relações entre China e República Popular Democrática da Coreia, sobre a crescente instabilidade no Paquistão e detalhes dos esforços clandestinos dos EUA para combater a al-Qaeda no Iêmen.

Dentre centenas de outras revelações que causarão furor em todo o mundo, os telegramas detalham:

• Graves temores em Washington e Londres, quanto à segurança do programa de armas atômicas do Paquistão
Denúncias de laços entre o governo russo e o crime organizado
Crítica devastadora das operações militares inglesas no Afeganistão
Denúncias de comportamento não apropriado de um membro da família real britânica

Os EUA têm contatos particularmente íntimos com a Grã-Bretanha, e alguns dos telegramas saídos da embaixada de Londres em Grosvenor Square serão licos com extremo desconforto em Whitehall e Westminster. Incluem, desde sérias críticas políticas contra David Cameron até pedido para que a embaixada fornecesse informações especiais de inteligência sobre membros do Parlamento britânico.

O arquivo de telegramas inclui denúncias específicas de corrupção contra líderes estrangeiros, e duras críticas, feitas pelo pessoal diplomático de embaixadas dos EUA aos governantes do países onde estão instaladas, desde pequenas ilhas do Caribe até a China e a Rússia.

O material inclui uma referência a Vladimir Putin como “um cão alfa”, a Hamid Karzai como doido, “homem de reações paranóicas” e a Angela Merkel, da qual os norte-americanos dizem que “evita riscos e raramente tem alguma ideia criativa”. E há telegrama em que Mahmoud Ahmadinejad é comparado a Adolf Hitler.

Os telegramas incluem nomes de países envolvidos no financiamento de terroristas e descreve, i, “quase desastre ambiental” há cerca de um ano, com uma carga de urânio enriquecido de um “estado bandido” [ing. “rogue state”]. Há telegramas em que se expõem detalhadamente negociações secretas entre EUA e Rússia sobre um míssil nuclear em Genebra; há também um perfil do líder líbio Muammar Gaddafi, o qual, segundo o diplomata dos EUA andaria por toda parte acompanhado de uma “voluptuosa loura” enfermeira ucraniana.

Os telegramas cobrem as atividades da secretária de Estado Hillary Clinton no governo Obama, e há milhares de arquivos do governo de George Bush. A secretária Clinton comandou pessoalmente essa semana uma tentativa frenética de limitação de danos em Washington, preparando governos estrangeiros para as revelações. Contatou líderes na Alemanha, Arábia Saudita, no Golfo, na França e no Afeganistão.

Embaixadores dos EUA em outras capitais foram instruídos a informar antecipadamente seus respectivos hospedeiros sobre os vazamentos e sobre relatos pouco lisongeiros ou relatórios cruamente francos de transações entre eles e os EUA, que foram escritos para serem mantidos sob eterno sigilo. Washington enfrenta agora a difícil tarefa de convencer contatos em todo o mundo de que, no futuro, alguma conversação será mantida sob regras confiáveis de sigilo.

“Estamos nos preparando para o que vier e condenamos WikiLeaks pela divulgação de material secreto”, disse o porta-voz do departamento de Estado PJ Crowley. "Porão sob ameaça vidas e interesses. É atitude irresponsável”.

O conselheiro jurídico do departamento de Estado escreveu ao fundador de Wikileaks Julian Assange e a seu advogado londrino, advertindo que os telegramas foram obtidos por meios ilegais e que a divulgação geraria risco a vida de incontáveis inocentes (...) a operações militares em andamento (...) e à cooperação entre países”.

O arquivo eletrônico contendo os telegramas diplomáticos de embaixadas dos EUA em todo o mundo, ao que se sabe, foi recolhido por um soldado norte-americano no início do ano e entregue a WikiLeaks. Assange repassou o arquivo ao jornal britânico Guardian e a quatro outros jornais: o New York Times, Der Spiegel na Alemanha, Le Monde na França e El País na Espanha. Os cinco jornais planejam publicar excertos dos telegramas mais significativos, mas decidiram nem divulgar o arquivo completo nem publicar nomes que ponham em risco a vida de indivíduos inocentes. WikiLeaks diz que, ao contrário do que teme o departamento de Estado, também planeja divulgar só alguns excertos de telegramas e encobrir as identidades.

Os telegramas divulgados hoje revelam como os EUA usam suas embaixadas como parte de uma rede global de espionagem, com diplomatas encarregados de arrancar não só informações, dos seus contatos, mas também detalhes pessoais, como números e detalhes de cartões de créditos, de telefones e, até, material para exames de DNA.

Instruções secretas sobre “inteligência humana” assinadas por Hillary Clinton ou sua antecessora, Condoleeza Rice, instruen os funcionários a reunir informações sobre instalações militares, detalhes de armas e veículos de líderes políticos, além de scans de Iris, impressões digitais e DNA.

Os mais controversos alvos dessas ações são os líderes da ONU. Essa específica instrução exigia especificação de “sistemas de telecomunicações e de tecnologia de inteligência usados pelos mais altos funcionários da ONU e respectivas equipes e detalhes das redes VIP privadas usadas para comunicação oficial, incluindo upgrades, medidas de segurança, senhas, e chaves pessoais de decodificação”.

Quando o Guardian informou Crowley sobre o conteúdo desses específicos telegramas, o porta-voz do departamento de Estado disse: “Permita-me garantir a você: nossos diplomatas são apenas isso, diplomatas. Não se envolvem em atividades de inteligência. Representam nosso país em todo o mundo, mantêm contatos abertos e transparentes com outros governos e com figuras do mundo privado e reportam ao nosso governo. É o trabalho dos diplomatas há centenas de anos.”

Os telegramas também lançam luz sobre questões diplomáticas mais antigas. Um telegrama, por exemplo, revela que Nelson Mandela ficou “furioso” quando um alto conselheiro impediu que ele se encontrasse com Margaret Thatcher pouco antes de ser libertado da prisão, para explicar por que o Conselho Nacional Africano tinha objeções à política britânica de “engajamento construtivo” com o regime do apartheid. “Entendemos que Mandela desejasse muito encontrar-se com Thatcher, mas [o secretário Zwelakhe] Sisulu argumentou persuasivamente contra o encontro”, segundo o telegrama. E continua: “Mandela já várias vezes dissera o quanto desejava encontrar-se com Thatcher para manifestar as objeções co CNA à política britânica. Surpreendeu-nos portanto que o encontro não tenha acontecido em sua visita a Londres em meados de abril e desconfiamos que os linhas-duras do CNA intrometeram-se nos planos de Mandela”.

Os telegramas diplomáticos dos EUA levam a marca "Sipdis" – secret internet protocol distribution. Foram compilados como parte de um programa que seleciona telegramas considerados moderadamente secretos, mas que podem ser partilhados com outras agências e os descarrega automaticamente nos websites protegidos das embaixadas, e linkados com o sistema de internet Siprnet militar.

São classificados em vários níveis, até "SECRET NOFORN" [ing. no foreigners, “proibidos para estrangeiros”]. Mais de 11 mil telegramas são marcados como “secretos e cerca de 9,000 são “noforn”. As embaixadas de origem da maioria dos telegramas são Ankara, Baghdad, Amman, Kuwait e Tokyo.

Mais de 3 milhões de funcionários e soldados norte-americanos, muitos deles extremamente jovens, tem credencial que lhes dá possibilidade de acesso a esse material, apesar de os telegramas conterem nomes e identificação de informantes estrangeiros, e contatos considerados sensíveis em regimes ditatoriais. Alguns dos telegramas são identificados como “protegido” ou “estritamente protegido”.

Na primavera passada, um analista de inteligência de 22 anos Bradley Manning foi acusado de ter vazado muitos desses telegramas, com um filme em vídeo em que se via a tripulação de um helicóptero apache matando dois repórteres da agência Reuters em Bagdá em 2007, material que, depois, foi distribuído por WikiLeaks. Manning está preso e é provável que seja julgado por corte marcial. (...)

Um ex-hacker, Adrian Lamo, que denunciou Manning às autoridades norte-americanas, disse que o soldado lhe dissera, em mensagens por chat, que os telegramas diplomáticos mostravam “como o primeiro mundo explora o terceiro, em detalhes”.

Disse também, segundo Lamo, que Clinton “e vários milhares de diplomatas em todo o mundo vão ter um ataque do coração quando acordarem, um belo dia, e descobrirem que todo o arquivo de toda a política externa está acessível ao grande público, em formato que permite pesquisas” (...) “onde quer que haja um posto norte-norteamericano, ali há um escândalo diplomático que será revelado”.

Perguntado sobre por que material tão sensível circulava em rede acessível a milhares de funcionários do governo, o porta-voz do departamento de Estado disse ao Guardian: “Os ataques de 11/9 e o período imediatamente posterior revelaram falhas no sistema de distribuição de informações dentro do governo. Desde os ataquea de 11/9, o governo dos EUA tomou medidas para facilitar significativamente a partilha de informações. Esses esforços visaram a oferecer aos especialistas da diplomacia, aos militares e aos agentes de inteligência e da justiça acesso mais rápido e mais fácil a mais dados, para que pudessem fazer seu trabalho com mais eficácia”.

E acrescentou: “Temos tomado medidas agressivas nas últimas semanas e meses para aumentar a segurança de nossos sistemas e para evitar vazamento de informações”.
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Las embajadas de Estados Unidos en América Latina funcionan como centros de vigilancia por órdenes del Departamento de Estado


Las embajadas de Estados Unidos en América Latina funcionan como centros de vigilancia por órdenes del Departamento de Estado, según revelan los documentos secretos publicados este domingo por Wikileaks, donde se muestran entre otros los esfuerzos de Washington por aislar diplomáticamente al presidente venezolano Hugo Chávez y la solicitud de información sobre la salud mental de la presidenta de Argentina.
Según muestran los  250 mil documentos filtrados, algunas comunicaciones hablan sobre  "los esfuerzos por cortejar a países de América Latina para aislar al venezolano Hugo Chávez".
De 251 mil mensajes revelados por Wikileaks, cuatro mil 155 se refieren a Venezuela según indicó el periódico británico The Guardian.

Del mismo modo se menciona en los documentos, "las sospechas que la presidenta de Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, despierta en Washington, hasta el punto de que la Secretaría de Estado llega a solicitar información sobre su estado de salud mental".

En todos los documentos quedan en evidencia "las permanentes presiones que se ejercen sobre los diferentes gobiernos, desde Brasil a Turquía, para favorecer los intereses comerciales o militares de Estados Unidos".
El cometido de algunas embajadas es casi policial, y la solicitud del Departamento de Estado a su embajada en la Asunción es una muestra de ello, debiendo acumular datos físicos de los aspirantes a la presidencia de Paraguay en las elecciones de abril del 2008.
Uno de los mensajes publicado recaba datos biométricos , huellas dactilares, fotografías, escáneres del iris, DNA "y otras singularidades" de la entonces ministra de Educación, Blanca Ovelar, al ex vicepresidente Luis Alberto Castiglioni, al ex general Lino Oviedo y a Fernando Lugo, actual presidente.
La Secretaría de Estado solicita información a su delegación en la Asunción sobre la corrupción oficial, el lavado de dinero, las relaciones de Paraguay con Cuba, Venezuela, China, Taiwán y Rusia.
Un punto que llama la atención es la solicitud de información sobre la existencia de yacimientos de hidrocarburos en la región del Chaco paraguayo.
De igual manera solicitó información sobre la construcción de mezquitas en el país latinoamericano, limítrofe con Argentina, Brasil y Bolivia.
La información apetecida por el Departamento de Estado alcanza todos los aspectos de la política, la economía y las relaciones sociales de Latinoamérica.
Reacciones a las publicaciones de Wikileaks
La corresponsal de teleSUR en Washington, Aurora Sampeiro, reportó que el gobierno y los ciudadanos de Estados Unidos reaccionan progresivamente ante las revelaciones de los más de 250 mil documentos de las comunicaciones secretas de la diplomacia estadounidense hechas por wikileaks este domingo.
Según la corresponsal, el fin de semana feriado por motivo de Acción de Gracias en el país influye en la velocidad de respuesta de los ciudadanos, quienes tienden a ser pasivos ante los temas políticos de su país, y por lo general se colocan del lado de las versiones oficiales de su gobierno.
“Este domingo recibimos comunicados de prensa del Pentágono, la Casa Blanca y el Departamento de Estado dirigidos a revertir los daños que esta publicación puede ocasionarle a Estados Unidos (quien) ya estaba haciendo llamados tratando de adelantarse a las publicaciones, diciendo y rechazando que lo publicado era falso” añadió Sampeiro.
La diferencia fundamental, según Sampeiro, entre las primeras filtraciones de Wikileaks y la reciente radica en que por primera vez se revelan asuntos que involucran otros países en relación a la política exterior de EE.UU.


teleSUR/El País/rp-FC

2º Seminário Nacional da chapa O Partido que Muda o Brasil (PMB)


PT deve liderar processo de transformação e aprofundar debate político ideológico

27 de Novembro de 2010

O PT terá papel central no aprofundamento do projeto de país iniciado no governo Lula e que continua a partir de 2011, com a presidente eleita Dilma Rousseff. Essa foi uma das principais conclusões do 2º Seminário Nacional da chapa O Partido que Muda o Brasil (PMB), encerrado neste sábado (27) em Guarulhos, São Paulo.

Entre as tarefas que cabem ao PT, na avaliação dos participantes, estão o combate à onda conservadora desencadeada pela direita durante a campanha eleitoral; a ampliação do debate ideológico junto à sociedade; a formulação de políticas que garantam a continuidade do crescimento com distribuição de renda; a elaboração de um sistema tributário mais justo e eficiente; a articulação de uma reforma que fortaleça os partidos, reduza o financiamento privado e ponha fim à judicialização da política; a realização de programas que atendam às necessidades das novas classes médias; e atenção especial para áreas como saúde, educação, segurança pública e Juventude.

Mais de 200 dirigentes nacionais, parlamentares e governantes petistas participaram do evento, que também contou com a presença de integrantes de outras correntes partidárias, como a Democracia Socialista, a Articulação de Esquerda e o Movimento PT.

O seminário começou na sexta-feira (26), com uma mesa de Conjuntura Política formada por José Eduardo Dutra, presidente nacional do PT; Carlos Árabe, secretário nacional de Formação Política; e Iole Ilíada, integrante do Diretório Nacional.

Na mesa seguinte, sobre Conjuntura Econômica Nacional e Internacional, falaram Márcio Pochmann, presidente do IPEA; Nelson Barbosa Filho, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda; e Ricardo Berzoini, deputado federal.

No sábado de manhã, os participantes assistiram a uma palestra da professora Tânia Bacelar, que fez uma explanação sobre Desenvolvimento Regional, mostrando com o conjunto de políticas públicas do governo Lula vem provocando mudanças sociais, econômicas e demográficas no mapa do Brasil.

Ela reuniu vários estudos, dados e gráficos que apontam, pela primeira vez na História do Brasil, para um maior equilíbrio entre as condições que permitam o desenvolvimento das cinco regiões do país.

Para ver a apresentação, clique aqui.

Por fim, uma última mesa discutiu as Perspectivas Eleitorais para 2012.

O seminário dará origem a uma publicação com a transcrição das intervenções de todos os debatedores.

Dívida e democracia* (1/2)


11/11/2010, Chan Akya, Asia Times Online
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
  
As cartas mostram complicações em grande escala entre o que querem os mercados e o que querem os cidadãos, obrigados a escolher entre austeridade ou déficits sempre crescentes nas economias desenvolvidas. Pode acontecer de os compradores começarem a preferir papéis da dívida emitidos por ditaduras, aos papéis da dívida emitidos por democracias, como via simples para escapar de riscos e evitar incertezas. 

Os bancos centrais só fazem confundir ainda mais as coisas para os mercados, tanto quanto os estridentes comentários das agências multilaterais e de alguns compradores. Nada disso anuncia bom tempo para o crescimento potencial nos próximos anos. Possivelmente, tudo isso anuncia nuvens de tempestade na rota da própria democracia. 

Dívida e democracia

Há muitos anos, quando eu ainda engatinhava na análise dos mercados da dívida de países emergentes, um conhecido, mais velho, chamou-me de lado e contou-me o que para ele seria um dos “segredos do negócio”: sempre fugir de papéis da dívida emitidos por democracias. Claro, meu amigo era nativo de uma democracia ocidental, mas nem por isso sem opiniões sobre como os países mais pobres devem ser governados. 

A ‘lógica’ era a seguinte: democracias em geral são difíceis de governar e confusas, novos governos eleitos alteram antigos acordos construídos com muito trabalho com governos derrotados. Ao contrário, as ditaduras são confiáveis – oposições internas praticamente sempre acabam por sumir e todos os contratos sempre são honrados, porque “afinal de contas, o dinheiro do governo vem dos contratos firmados”. 

Esse meu ‘mentor’ mostrou-me um gráfico para comprovar sua tese; mas o que resultou bem claro daquela reunião foi que a democracia simplesmente não seria recomendável ou, no mínimo, que dificultaria muito gravemente a gestão da dívida externa de países. Não tenho aquele gráfico; mas dois outros, publicados essa semana por Bloomberg ajudam a demonstrar a mesma tese. No primeiro, veem-se os níveis do credit default swap (CDS) [1] de papéis de dívidas de cinco anos emitidos por várias democracias europeias: 


Comparem-se o mesmo gráfico e os CDS de várias sociedades não democráticas (p. ex. China, Rússia e Arábia Saudita, como se vê no gráfico abaixo, também de Bloomberg: 


Portanto, meu “guru” não errou – ditaduras são mais bem-sucedidas que democracias, pelo menos no que tenha a ver com o mercado da dívida externa[2]. Claro: raciocino aqui com os dedos cruzados, dentre outras razões porque estou trabalhando com amostras pouco representativas, colhidas dos dois pontos extremos do espectro das democracias e das ditaduras). 

Mas vale a pena constatar que as médias gerais do Credit Default Swaps (chamadas “Índices de CDS”) comprovam praticamente a mesma tese, se se comparam o alto risco relativo de empresas domiciliadas na Europa e o risco genérico de países da periferia da Europa (no gráfico abaixo, designados como CEEMEA (Central and Eastern Europe, Middle East and Africa). 


Interessante nesse gráfico é que, depois de terem andando juntos por longo período de tempo, desde junho de 2010 o custo de seguro para empresas europeias e de países emergentes de alto risco caiu consistentemente; simultaneamente, o custo equivalente dos seguros para papéis da dívida emitidos por países ricos e desenvolvidos (a linha branca) subiu consistentemente.

Por falar de decoupling [3]

A explicação mais simples para essa dicotomia aparece no quadro seguinte, produzido pelo Fundo Monetário Internacional [ing.International Monetary Fund (IMF)] e reproduzido em vários jornais, inclusive no Wall Street Journal semana passada; o quadro detalha os empréstimos a serem tomados por alguns governos, em relação ao PIB de vários países desenvolvidos, que alcançam a cifra espantosa de US$10,2 trilhões em empréstimos no próximo ano. Vale observar que o único país que prevê diminuição acentuada dos empréstimos em relação ao PIB é a Irlanda – país que implementou dramático plano de austeridade para reduzir os gastos do governo. 

Se você fosse ministro das Finanças de país que estivesse precisando de muito dinheiro para os próximos anos, e visse o custo dos seguros para seu empréstimo (seu CDS) subindo à estratosfera, quais, de fato, as escolhas que haveria à sua frente? O que diria aos cidadãos sobre a situação? E, sobretudo, o que você esperaria que os cidadãos de seu país lhe respondessem ou sugerissem?

Por tudo isso, assisti com alguma ironia aos eventos das últimas semanas em algumas democracias ocidentais. Destaco adiante as mais significativas:

a) Os resultados das eleições de meio de mandato contra as políticas do presidente Obama nos EUA, com retorno triunfante dos Republicanos à cena do crime (que eles cometeram), a saber, a crise financeira dos EUA de 2008.
b) A insistência dos alemães sobre novas políticas para a Europa que forcem os que invistam na dívida europeia a partilhar as dores de qualquer revés, mais do que esperar (ou cobrar o correspondente custo de seguro) algum simples ‘resgate’.
c) Greves que paralisaram a França por ainda poucos dias nas últimas semanas, mas que anunciam greves maiores para breve, nos setores de transportes, do funcionalismo público e dos bancos.
d) Ao mesmo tempo em que a disposição para mais austeridade no Reino Unido parece estar avançando com menos drama que em outros casos, houve greves no metrô de Londres, que causaram prejuízos de bilhões de pounds numa economia já fragilizada.
e) Aumentam os protestos contra o governo na Grécia; extremistas enviaram cartas-bomba a vários chefes de Estado europeus e a várias embaixadas e consulados em Atenas.

Simultaneamente, os bancos centrais passaram a defender alguma espécie de status quo nos próprios quintais:
1. O Federal Reserve dos EUA anunciou plano para comprar $600 bilhões em títulos, como nova ação de “flexibilização quantitativa” [ing. quantitative easing] (ver “The Incorrigibles”, Asia Times Online, 16/10/2010).
2. O Banco Central Europeu liberou os juros, reiterando sua preferência por governos europeus que trabalhem firmemente ligados a ele ao mesmo tempo em que implementem plano de austeridade fiscal mais realista.
3. O Banco da Inglaterra, mantendo os juros controlados, alertou para “longo período de inflação” – o que de fato manifesta sua disposição para permitir taxas reais de juros negativas, para manter o controle sobre a economia do Reino Unido.
4. Depois de ter vendido todos os tipos de títulos, inclusive papéis do governo, o Banco do Japão começou agora a vender estoques japoneses, principalmente fundos de investimentos imobiliários, ao mesmo tempo em que continua tentando manter desvalorizado o yen em relação às principais moedas.
5. Os bancos centrais da Austrália e da Índia subiram as taxas de juros durante a semana, preocupados com os efeitos da inflação importada sobre suas economias e sistemas políticos.

Mas os bancos centrais e suas políticas idiotas não são o tema desse artigo – escreverei mais detidamente sobre suas tolices noutra oportunidade. Em todos os casos, e para que as coisas não percam a graça, várias externalidades continuam absolutamente fora de qualquer controle:

a. A Alemanha criticou as políticas “incompreensíveis” dos EUA na tentativa de despertar a economia, com tal foco na austeridade fiscal, que Ludwig von Mises sentiria orgulho.
b. China preparou-se para um show contra os EUA na reunião do G-20, com um plano para implementar limites numéricos em déficits / surperávits, apesar de o Banco Central chinês ter lançado vários comentários contra a QE2 [ing. “quantitative easing” (flexibilização quantitativa) 2].
c. O presidente do Banco Mundial voltou a pedir novas discussões sobre a reintrodução do padrão-ouro, atualizado de modo a refletir a economia global atual. 

Todas essas medidas compõem o quadro do que acontece em democracias inibidas por pesadas dívidas externas em todo o mundo. 

PROVA n. 1: Obama foi rejeitado

O tema desse artigo é a escalada de revoltas populares contra governos, no mundo desenvolvido, nas últimas semanas. Nesse sentido, a principal evidência a ser considerada é a rejeição, pelos eleitores dos EUA, do presidente Obama. 

Seu Partido Democrata foi arrasado nas urnas pelos Republicanos, que conseguiram eleger uma folgada maioria da Câmara de Deputados, embora o Senado permaneça sob controle dos Democratas, mas por pequena diferença. Quem acompanhe o que a imprensa dos EUA tem dito sobre esse tema, poderá supor que a rejeição teve a ver com os fracassos de Obama que não conseguiu estimular a economia, continua gastando demais em projetos deteriorados e só cuidou de proteger quem não mereceria sua proteção (os banqueiros). 

Nesses termos, é difícil entender exatamente o que defende a oposição que de fato derrotou o partido político de Obama. O slogan mais repetido é “é preciso controlar os déficits”, apesar de qualquer professor de aritmética saber explicar que “déficit” significa, simplesmente, que se gasta mais do que se arrecada. Dado que os Republicanos jamais concordarão com medidas para aumentar a arrecadação, que alternativa restaria para cortar gastos? 

É onde, afinal, tudo volta ao chão, digamos assim. Muito me interessaria ver políticos, em plena recessão, discutindo modos para impor austeridade aos eleitores e, sobretudo, sugerindo cortes de direitos sociais e de bem-estar social de milhões de cidadãos. Para evitar qualquer dúvida sobre o significado da frase acima, explico que não espero que algum dia aconteça de vermos os Republicanos atirando no próprio pé, propondo medidas efetivas de austeridade. 

Esse fato nos leva de volta à questão de saber do que se trata, de fato, nesse drama: trata-se de mudar só para ‘variar’, não para mudar de fato alguma coisa essencial ou importante. Eleitores menos emocionais já teriam percebido que tudo começou pelos erros do Federal Reserve que desde 2000 erra sem parar na organização e comando do setor financeiro, auxiliado pelos deputados e senadores Republicanos no mesmo período. Por causa daqueles erros, aconteceram vários episódios de financiamento predatório e super-super expansão da alavancagem em todo o sistema financeiro. 

Se a oposição está sem rumo, o Partido do presidente tampouco parece ter qualquer ideia sobre o que quer e não dá sinais de ter aprendido qualquer lição da derrota nas urnas. Surgem várias sugestões – pela esquerda, do economista Prêmio Nobel e colunista do New York Times Paul Krugman & Co., que acusa o presidente de ter perdido as eleições porque não foi suficientemente “esquerdista”, i.e., não propôs maior intervenção do Estado na economia do que a intervenção que foi feita. Outros, no Partido, culpam o presidente por não ter sido suficientemente “centrista”.

O que tudo isto mostra a investidor estrangeiro que considere comprar papéis da dívida pública dos EUA  é, evidentemente, confusão em escala gigante. Não há saída à vista em termos de política governamental; e, embora não se possa dizer, de fato, que Obama já seja “pato manco”, a ideia tampouco parece completamente absurda.

A única certeza que se pode extrair de tudo isso parece ser um tipo de incerteza política semelhante àquela para a qual meu ‘guru’ alertou-me, sobre investimentos em mercados emergentes, à qual me referi no início desse artigo. O simples fato de que já se aprofundam as fissuras políticas em vários países, já agora, imediatamente depois de uma crise financeira, sugere que o caminho à frente está cheio de obstáculos para todas as democracias, para não falar dos golpes abaixo da linha da cintura que se devem temer como reações do mercado de dívidas, até que se estabilizem as tendências de crescimento.

A seguir: Pay up, or wiggle out: Part 2 de 2 [aprox. “Pague, ou libere a cadeira”]

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NOTAS
* Essa tradução precisa ser revista por especialista em finanças, que conheça a terminologia específica, que não conhecemos. O que aqui fazemos é apenas chamar a atenção para esse tipo de reflexão, de melhor qualidade e absolutamente mais interessante que as “análises” feitas por jornalistas e “especialistas” da Rede Globo ou dos jornalões paulistas, todas iguais(NT).

[1] Em geral a expressão não é traduzida no Brasil. Designa operação em que se trocam créditos duvidosos por créditos “melhores” (default). Também “contratos de proteção creditícia derivada”, de onde o substantivo “derivativos”. Ver em: Credit default swaps 
 
[2] Os Credit default swaps (CDS) são cotados por pontos: 100 pontos básicos = 1%; quanto mais alto o número, pior a qualidade do emissor considerado. Portanto, se os níveis dos CDS sobem, diz-se que o seguro do crédito subiu de preço, o que significa que o mercado avalia que aquele crédito tem baixa confiabilidade.

[3] O termo tem a ver com “separar” ou desconectar as economias nacionais e a economia dos EUA. Em “The Decoupling Debate”, lê-se um resumo simples da questão [aqui traduzido]: “Há três anos, a crise financeira que atingiu os EUA espalhou-se pelo planeta e arrastou o mundo para a pior recessão dos últimos 70 anos. Hoje, com o mundo já finalmente emergindo da recessão, a recuperação dos EUA mostra-se mais lenta do que o esperado. Os EUA arrastarão novamente o mundo de volta à recessão? Vários economistas dizem que não: dessa vez, mesmo que os EUA espirrem, o mundo não terá gripe”
[4/10/2010, Daily Finance. O artigo integral pode ser lido em: A Decoupling World Can Thrive Despite a Weaker U.S. Economy].