terça-feira, novembro 26, 2013

O IMPEACHMENT DE JOAQUIM BARBOSA OU A DEMOCRACIA ENTRE A JUSTIÇA E O JUSTICEIRO

RENATO ROVAI26 DE NOVEMBRO DE 2013 ÀS 09:13

Um justiceiro sim. No seu figurino cabem o discurso da moral, da honra, da legalidade, do combate à corrupção e de tudo o mais que não precisa levar em conta um projeto para o país, mas atende ao senso comum
A OAB aprovou documento assinado por todos os seus conselheiros federais cobrando do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) uma investigação sobre a conduta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se de uma medida inédita da entidade. Algo que demonstra o quanto o atual presidente do Supremo esgarçou todos os limites do jogo democrático.
Há algum tempo, Barbosa não age mais como juiz. Fez do seu cargo um instrumento de justiciamento daqueles a quem investiga. E avançou, inclusive, contra os seus colegas de toga.
Do ponto de vista institucional, uma das mais absurdas de todas as medidas tomadas por Barbosa foi a da substituição, sem justificativa plausível, do juiz responsável pela execução das penas na Ação Penal 470, Ademar Silva Vasconcelos. E fez isso para colocar em seu lugar o juiz Bruno André da Silva Ribeiro, filho de um dirigente do PSDB no Distrito Federal.
Barbosa mandou às favas qualquer zelo mínimo pela democracia ao tomar essa decisão. Não desrespeitou apenas o juiz que afastou do cargo, como também o judiciário. Porque se essa sua decisão vier a prevalecer haverá uma clara sinalização de que ele está acima de todo o sistema.
Impeachment – O impeachment de Barbosa vem sendo pedido nos últimos dias por importantes juristas, como Dalmo Dallari e Celso Bandeira de Mello. E talvez seja exatamente isso o que o presidente do Supremo deseje. Todos os seus atos apontam mais para o desejo de ser compreendido como um justiceiro e não como um juiz. E para que se torne ainda mais forte esta marca, o justiceiro precisaria ser perseguido.
A “perseguição” perfeita seria um processo de impeachment contra ele. E se possível acompanhado de um movimento do executivo atacando-o por alguma de suas ações. Não à toa, Barbosa já provocou a presidenta Dilma de todas as formas para que ela o ataque.
Com uma investigação aberta contra ele, viria a renúncia ao STF. E a candidatura presidencial. Em que um ou dois partidos lhe garantiriam uns 3 a 4 minutos de tempo de TV, o que lhe permitiria somar forças à oposição.
No atual cenário político, a candidatura que falta para garantir um segundo turno talvez seja a de Barbosa. Ele seria a referência para uma direita babona e que está faltando na disputa. Nem Aécio e nem Eduardo Campos servem bem a este figurino. Um é muito mauricinho. Outro estava até ontem com o PT.
Um justiceiro sim. No seu figurino cabem o discurso da moral, da honra, da legalidade, do combate à corrupção e de tudo o mais que não precisa levar em conta um projeto para o país, mas atende ao senso comum. Se bem embalada do ponto de vista do marketing, uma candidatura com essa pode ter de 15% a 25% num primeiro turno.
De qualquer forma, mesmo sendo este o provável desejo de Barbosa, o de se fazer de vítima para poder pular a cerca do judiciário para uma candidatura presidencial, cabe enfrentar a questão. Barbosa não pode mais ser encarado como um problema localizado. Sua atuação autocrática no STF está contaminando a democracia brasileira. Sua sanha pelo “que seja feita a minha vontade”  resgata o espírito de um tempo que parecia ter ficado para trás.
A OAB faz bem em solicitar ao CNJ investigação do procedimento de Barbosa. Juristas sérios fazem muito bem em pedir impeachment dele. Outras entidades fazem bem em cobrar responsabilidade de Barbosa. Enfrentar sua sanha ditatorial é democrático. E esse enfrentamento não pode ser feito apenas a partir de cálculo eleitoral. Tem de ser feito a partir de cálculo democrático.


sexta-feira, novembro 15, 2013

O STF e a direita vão começar a entender que não é fácil prender homens como José Dirceu e José Genoíno.




O STF e a direita vão começar a entender que não é fácil prender homens como José Dirceu e José Genoíno.
Num determinado momento muita gente mal informada ou omissa vai na onda, como sempre acontece na história.
Mas depois vem a luta e a moral da verdade que sempre colocam as coisas no devido lugar.
Os companheiros estão no coração e nas mentes de muitos.
Todos nós sabemos exatamente o que foi que aconteceu, e nenhum de nós vai abandonar a luta.
O tempo vai medir a força moral de cada lado.
Vamos continuar fazendo o que fazemos todo tempo. 
Somos incansáveis. Aguardem.

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O ex-ministro José Dirceu afirmou nesta sexta-feira (15) à Folha que a prisão não vai abatê-lo nem tirá-lo da vida política. “Eu não vou me dobrar. Eu vou continuar lutando. Nenhuma prisão vai prender a minha consciência.”

Dirceu deu a afirmação por telefone de sua casa, em Vinhedo (a 100 km de São Paulo). Ele está na cidade esperando as definições do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre como serão efetivadas as prisões dos réus do mensalão.

Com ele estão as três ex-mulheres e os quatro filhos –Zeca Dirceu, Joana, Camila e Antonia. O ex-ministro não quis dar entrevista. Mas fez um rápido desabafo.

“O que eu não posso aceitar é essa coisa medieval, de inquisição. Não basta as pessoas serem condenadas, elas têm que ser linchadas? Como é que publicam a foto da minha filha de 3 anos nos jornais? Isso é proibido em qualquer lugar do mundo, é o direito de uma menor”, disse ele, referindo-se a uma fotografia divulgada por jornais e sites em que ele aparece na praia ao lado de sua filha, Antonia, na Bahia.

“Eu faço a disputa de peito aberto, mas esse tipo de linchamento eu não aceito.” “Estão plantando o ovo da serpente. E a primeira vítima será a própria imprensa, os jornalistas. Foi assim em 1937 [ditadura do Estado Novo], em 1964 [ditadura militar]. Os que apoiaram [os golpes] foram os primeiros a sofrer depois.”

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Leia nota assinada pelo presidente Rui Falcão sobre as decisões do STF a respeito da Ação Penal 470

A determinação do STF para a execução imediata das penas de companheiros condenados na Ação Penal 470, antes mesmo que seus recursos (embargos infringentes) tenham sido julgados, constitui casuísmo jurídico e fere o princípio da ampla defesa.
Embora caiba aos companheiros acatar a decisão, o PT reafirma a posição anteriormente manifestada em nota da Comissão Executiva Nacional, em novembro de 2012, que considerou o julgamento injusto, nitidamente político, e alheio a provas dos autos. Com a mesma postura equilibrada e serena do momento do início do julgamento, o PT reitera sua convicção de que nenhum de nossos filiados comprou votos no Congresso Nacional, nem tampouco houve pagamento de mesada a parlamentares. Reafirmamos, também, que não houve da parte dos petistas condenados, utilização de recursos públicos, nem apropriação privada e pessoal para enriquecimento.
Expressamos novamente nossa solidariedade aos companheiros injustiçados e conclamamos nossa militância a mobilizar-se contra as tentativas de criminalização do PT.

Rui Falcão
Presidente Nacional do PT
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Raimundo Pereira ao relatar este fato no programa Roda Viva, primeiramente assumiu uma expressão arguta e irônica. Em seguida, “olhou direto nos olhos do telespectador” e disse com voz firme e clara: “Eu posso afirmar com toda a convicção possível que não existe desvio de recursos públicos do Banco do Brasil. Se ele (Joaquim Barbosa) acha que quem diz isto é “pena de aluguel” ele deve processar pessoas como eu.” - See more at:http://www.ocafezinho.com/2013/09/04/raimundo-pereira-desafia-golpistas-do-roda-viva/#sthash.ORmNiIDM.dpuf

quarta-feira, novembro 13, 2013

terça-feira, novembro 12, 2013

Os revolucionários que vivem entre nós


11/11/2013, Chris Hedges, Truthdig
http://www.truthdig.com/report/item/the_revolutionaries_in_our_midst_20131110


NEW YORK – Jeremy Hammond estava sentado no Centro Correcional Metropolitano de New York, semana passada, numa pequena sala reservada para visitas dos advogados. Vestia o macacão de prisioneiro, largo demais. Muito alto e muito magro, o cabelo cai-lhe sobre as orelhas e está com uma barbicha rala. Falou com a clareza e a intensidade que se espera de um dos mais importantes prisioneiros políticos hoje presos nos EUA.

Sexta-feira, o ativista, de 28 anos,[1]comparecerá para ouvir a sentença ante a Corte Distrital Sul de New York em Manhattan. Depois de ter-se declarado culpado, em troca de um acordo para reduzir a sentença, encara agora a possibilidade de ser condenado a 10 anos de prisão, por ter invadido os computadores da empresa de segurança privada Strategic Forecasting Inc., ou Stratfor, do Texas, que presta serviços sob contrato ao Departamento de Segurança Interna dos EUA; ao Marine Corps; à Agência de Inteligência do Departamento de Defesa e a inúmeras empresas entre as quais a Dow Chemical e a Raytheon.

Quatro outros envolvidos na mesma ação de hacking foram condenados na Grã-Bretanha, e todas as penas deles somadas – a mais longa foi de 32 meses – são muitíssimo menores que a pena possível de 120 meses que ameaça Hammond.

Hammond entregou o material todo à página WikiLeaks e à revista Rolling Stones[2] e a outras publicações. Os três milhões de e-mails, quando tornados públicos, expuseram as ações de infiltração, monitoramento e vigilância contra manifestantes e dissidentes, sobretudo do movimento Occupy, feitas a serviço de empresas privadas e do estado de segurança nacional. Foi quando todos ficamos sabendo, comprovadamente, e talvez seja a revelação mais importante, que as leis antiterrorismo estão sendo aplicadas rotineiramente pelo governo federal dos EUA para criminalizar dissidentes democráticos não violentos, e para associar, falsamente, dissidentes norte-americanos e organizações internacionais terroristas. Hammond não procurava ganho financeiro. E nada recebeu.

Os e-mails que Hammond tornou de conhecimento público são parte das provas que instruem a ação que movi contra o presidente Barack Obama, nos termos da seção 1.021 da Lei de Autorização de Defesa Nacional [orig. National Defense Authorization Act (NDAA)]. Essa seção 1.021 permite que militares prendam cidadãos que o estado acuse de serem terroristas, permite negar-lhes o devido processo legal e mantê-los presos por tempo indefinido em instalações militares. Alexa O'Brien, estrategista de conteúdo e jornalista, co-fundadora de “US Day of Rage” [Um dia de Fúria-EUA], organização criada para reformar o processo eleitoral, é um dos coautores, comigo, naquela ação.

Empregados da empresa Stratfor tentaram – e sabe-se pelos documentos que Hammond vazou – associar falsamente ela e sua organização a islamistas radicais e respectivas páginas de Internet, e à ideologia jihadista, pondo-a sob a ameaça de ser presa, nos termos da nova lei. A juíza Katherine B. Forrest decidiu, em parte por causa das informações vazadas, que nós tínhamos motivos razoáveis para medo, e anulou os efeitos da lei – decisão que foi anulada num tribunal de apelação, quando o governo Obama recorreu contra ela.

O estado-empresa já cancelou a liberdade de imprensa e a proteção legal a quem exponha abusos e mentiras praticados pelo estado e pelo governo. Daí resultaram o autoexílio de jornalistas investigativos como Glenn GreenwaldJacob Appelbaum e Laura Poitras, além do processo contra Barret Brown. Todos os atos de resistência – inclusive o protesto não violento – já foram decididos, pelo estado-empresa, como atos terroristas. A imprensa foi castrada pelo uso repetido, pelo governo Obama, da Lei Antiespionagem [orig. Espionage Act], para acusar e condenar os tradicionais ‘tocadores de alarme’ [orig. whistle-blowers].

Funcionários do estado e do governo norte-americano, que tenham consciência, estão aterrorizados e não procuram jornalistas, sabendo que o controle ‘no atacado’ de tudo que se diga ou escreva pelos veículos de comunicação eletrônica é material rastreado e os torna facilmente identificáveis. E políticos eleitos ou o Judiciário já não impõem qualquer restrição à espionagem contra os cidadãos, ou eles mesmos nos espionam.

A última linha de defesa que nos resta são gente como Hammond, Julian Assange, Edward Snowden e Chelsea Manning, capazes de entrar dentro dos registros do estado de vigilância e controle, e que têm a coragem para entregar aos cidadãos o que lá encontrem. Mas o preço da resistência é muito alto.

“Nesses tempos de secretude e abuso de poder, só há uma solução: a transparência”, escreveu Sarah Harrison, a jornalista britânica que acompanhou Snowden à Rússia e, de lá, partiu para o exílio, em Berlin.

“Se os nossos governos já estão tão comprometidos a ponto de não dizer jamais a verdade, temos de avançar e pegá-la. Desde que se tenha em mãos as provas inequívocas, documentos, fontes primárias, é possível lutar e resistir. Se o governo não nos dá informação verdadeira, temos de tomá-la, nós mesmos.”

“Quando os ‘vazadores’, ‘tocadores de alarme’, nossos sentinelas, avançam e chegam à verdade, temos de lutar por eles, para que outros se sintam encorajados a avançar”, continua ela...

“Quando caem, temos de ser a voz deles. Quando são caçados, temos de garantir-lhes abrigo e escudo. E quando são encarcerados, temos de libertá-los. Dar a verdade à maioria não é crime. Os dados são nossos, a informação é nossa, é nossa história. Temos de lutar por eles. Coragem é contagiosa.”

Hammond sabe desse contágio. Estava em casa, em Chicago, vivendo em regime de prisão domiciliar das 7h às 19h, condenado pela prática de vários atos de desobediência civil, quando Chelsea (então ainda Bradley) Manning foi presa por entregar a WikiLeaks informação secreta sobre crimes de guerra praticados por militares e mentiras do governo. Hammond, naquela época tocava programas sociais de ajuda para alimentar pobres famintos e enviar livros a prisioneiros. Ele tem, como Manning, especial talento para ciências, matemática e linguagens de computador, e sempre teve, desde menino. Invadiu os computadores de uma loja local da Apple, aos 16 anos. Invadiu a página do departamento de ciência computacional da University of Illinois-Chicago, no primeiro ano de universidade, ato pelo qual a universidade não o admitiu à universidade no ano seguinte, quando voltou das férias.

Foi precoce apoiador da “ciber-libertação” e em 2004 iniciou um jornal “jornal de desobediência eletrônica(o)” que batizou de Hack This Zine. Conclamou os hackers, em palestra na Convenção DefCon,[3] em 2004, em Las Vegas, a usar suas competências e talentos para tumultuar a Convenção Nacional Republicana anual. Quando foi preso, em 2012, era uma das invisíveis estrelas do underground  do ativismo hacker, dominado por grupos como Anonymous e WikiLeaks, nos quais só o anonimato e rígidas regras de segurança eletrônica, com frequentes troca de apelidos, garantiam o sucesso e a sobrevivência. A coragem de Manning induziu Hammond a praticar o seu próprio grande gesto de ciber-desobediência civil, embora soubesse que corria alto risco de ser identificado.

“Vi o que Chelsea Manning fez” – disse Hammond, quando falou na 5ª-feira passada, sentado a uma mesa de metal.

“Com seu hacking, ela entrou no jogo e tornou-se alguém que mudou o mundo. Correu riscos tremendos, para mostrar a feia verdade sobre a guerra. Perguntei a mim mesmo: se ela pode correr esse risco, por que eu não poderia? Não estaria errado eu, ali, confortavelmente sentado, trabalhando nas páginas de “Comida, não bombas”, quando eu tinha competência para fazer algo parecido? Eu também podia fazer diferença. A coragem dela empurrou-me a agir.”

Hammond – que tem tatuagens pretas nos dois antebraços, num o símbolo do movimento de ciberativistas a favor da fonte aberta, conhecido como “o glider[4]; no outro, o hexagrama 7 do I Ching, “A Multidão”[5] – é versado no pensamento radical. Na adolescência, migrou sem conflito, da ala liberal do Partido Democrata para a militância dos Black Bloc anarquistas.[6] Foi leitor ávido, no ginásio, de material publicado pelo coletivo anarquista CrimethInc,[7] que publica literatura e manifestos anarquistas. Seu pensamento foi moldado por radicais da velha escola, como Alexander Berkman[8] e Emma Goldman e revolucionários negros como George Jackson, Elaine Brown e Assata Shakur, além de membros do Weather Underground.

Disse que, enquanto esteve em Chicago fez várias viagens para visitar o Monumento aos Mártires de Haymarket[9], que homenageia quatro anarquistas enforcados em 1887 e outros que lutaram nas guerras do trabalho nos EUA. Aos pés do monumento de mais de 4m de altura, leem-se as últimas palavras de um dos condenados, August Spies: “Dia virá, quando nosso silêncio será mais poderoso que a voz que vocês sufocam hoje”. Emma Goldman está sepultada ao lado.

Hammond tornou-se bem conhecido do governo por uma série de atos de desobediência civil ao longo da última década. Vão de pintar graffitis antiguerra em muros de Chicago, para protestar contra a Convenção Nacional do Republicanos em 2004, a invadir a página do movimento direitista Protest Warrior, ação pela qual foi condenado a dois anos de prisão no Instituto Correcional em Greenville, Illinois.

Disse que hoje luta como “comunista anarquista” contra “a autoridade do estado centralizado” e contra “corporações exploradoras”. Seu objetivo é construir “coletivos sem líderes baseados na livre associação, no consenso, na ajuda mútua, na autossuficiência e na harmonia com o meio ambiente.” É essencial, ele disse, que todos cortemos nossos laços pessoais com o capitalismo e nos engajemos na “organização de protestos, greves e boicotes de massa”. Hackear e vazar, ele disse, são parte dessa resistência – “ferramentas eficientes para revelar as feias verdades do sistema.”

Hammond passou meses dentro do movimento Occupy em Chicago. Abraçou suas “estruturas sem liderança nem hierarquia, como as assembleias gerais e os consensos, e ocupando espaços públicos.” Mas criticou fortemente a, como disse, “política vaga” em Occupy, que acolheu seguidores do libertarista Ron Paul, gente do Tea Party, além de “liberais reformistas e Democratas”. Hammond disse que não estava interessado em movimento que queria “apenas uma forma “mais suave” de capitalismo, e trabalhava por reformas, não por revolução.” Permanece firmemente enraizado no ethos do Black Bloc.

Disse que “Estar preso foi o que realmente abriu meus olhos para a realidade do sistema da justiça criminal”...

“... não é sistema de justiça criminal que tenha algo a ver com segurança ou reabilitação. Só fazem recolher os lucros do encarceramento em massa. Há dois tipos de justiça – uma para os ricos e poderosos que cometem os grandes crimes e se safam; outra para o resto de nós, especialmente para pretos pobres e os que perderam tudo. Julgamento justo é coisa que não existe. Em mais de 80% dos casos as pessoas são pressionadas para confessar, em vez de se beneficiar do direito de serem julgadas, sob a ameaça de sentenças longuíssimas. Acredito que não há reforma satisfatória possível. Temos de fechar todas as prisões e libertar todos os presos, sem condições.”

Disse que esperava que seu ato de resistência encorajasse outros, como a coragem de Manning o inspirou. Disse que os ativistas “têm de conhecer e aceitar a repercussão pior possível” antes de iniciar qualquer ação, e que “têm de estar conscientes das operações de contrainteligência/vigilância que existem contra nossos movimentos.”

Um informante que se fez passar por companheiro, Hector Xavier Monsegur,[10] conhecido online como “Sabu”, entregou Hammond e outros, réus no mesmo processo, ao FBI. Monsegur armazenou dados obtidos por Hammond num provedor externo em New York. Essa tênue conexão com a cidade permitiu que o governo processasse Hammond em New York, por ação de  hacking feito de sua casa, em Chicago, contra uma empresa privada de segurança cuja sede está no Texas. New York é o centro das ações judiciais que o governo Obama move, em sua chamada ciberguerra; é exatamente onde as autoridades federais, pelo que se viu, queriam que Hammond fosse investigado e acusado.

Hammond disse que continuará a resistir de dentro da prisão. Algumas infrações menores, como ter tido resultado “positivo” em testes para consumo de drogas, com outros prisioneiros de sua ala, que contrabandearam maconha para dentro da prisão, custaram-lhe o direito de receber visitas por dois anos e “tempo na caixa” [cela solitária]. Pode ver jornalistas, mas meu pedido de entrevista demorou dois meses para ser aprovado. Disse que prisão implica “muito tédio”. Joga xadrez, ensina guitarra e ajuda outros prisioneiros nos estudos para os exames do General Educational Development (GED). Quando nos encontramos, ele estava trabalhando na redação da declaração, um manifesto pessoal, que lerá no tribunal, essa semana.

Insistiu que não se vê como diferente dos demais prisioneiros, especialmente os negros pobres, presos por crimes comuns, quase todos relacionados a drogas. Disse que há ali muitos outros prisioneiros políticos, encarcerados injustamente por um capitalismo totalitário que sufocou as oportunidades básicas para a divergência democrática e a sobrevivência econômica.

Disse que “a maioria dos pobres que estão na prisão fizeram o que fizeram, para sobreviver”.

“Quase todos eram muito pobres. Foram apanhados na guerra às drogas que, hoje, é o modo de ganhar a vida se você é pobre. A razão verdadeira por que estão na cadeia por tanto  tempo é que, assim, as empresas que administram as cadeias podem lucrar muito. Não se trata de justiça. Não vejo diferença alguma entre eles e eu.

Cadeia é, na essência, aguentar abuso e condições de desumanização, com frequentes solitárias e espancamentos. Você tem de constantemente lutar pelo respeito dos guardas, às vezes já sabendo que vai acabar na solitária. Mas não é porque estou preso que vou mudar o modo como vivo. Continuarei a desafiar, agitar e organizar sempre que conseguir.”

Disse que a resistência tem de ser um modo de vida. Planeja voltar às tarefas de organização de comunidades quando for solto, embora, disse, vá fazer o possível para não ser novamente preso. “A verdade”, disse, “sempre aparece”. Alertou os ativistas para manterem-se hipervigilantes e conscientes de que “um erro pode ser para sempre.” Mas, ele completou: “Não deixem a paranoia e o medo afastá-los do ativismo. Derrubem tudo!”

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O Blog Viomundo publicou tradução desse artigo, na qual a frase final aparece traduzida como "Façam tudo em silêncio". Nós traduzimos como "derrubem tudo".

Conversa que conversa e pesquisa que pesquisa, descobrimos que a expressão "Do the down thing" é gíria dos hackers para "trabalhem anônimos" -- que, afinal, é a tradução mais correta e mais precisa, dentre as três que já estão circulando.

Então, fica aí a correção e o registro de uma solução melhor.
Correções e comentários são bem-vindos.
Abs.
VV


[1] Sobre o caso, ver http://www.huffingtonpost.com/2013/05/28/jeremy-hammond-anonymous-hacker-guilty-stratfor_n_3347215.html
[2] http://www.rollingstone.com/culture/news/the-rise-and-fall-of-jeremy-hammond-enemy-of-the-state-20121207
[3] Sobre isso, ver http://en.wikipedia.org/wiki/DEFCON
[4] O glider (lit. “uma espécie de asa, para voo controlado; variante do paraquedas”) não tem nem marca registrada nem copyrighs. Se quiser usá-lo em sua página, aqui vão as linhas que você pode copiar-colar:
<a href='http://www.catb.org/hacker-emblem/'>
<img src='http://www.catb.org/hacker-emblem/glider.png' alt='hacker emblem' /></a>
O glider tem a forma que se vê aqui:
[NTs, com informações de http://www.catb.org/hacker-emblem/]

[5] http://carlafilizzola.blogspot.com.br/2010/05/hexagrama-7-shih-multidao.html
[6] http://revistaforum.com.br/blog/2013/08/black-bloc-fazemos-o-que-os-outros-nao-tem-coragem-de-fazer/ [NTs].
[7] Ver, interessante: http://www.crimethinc.com/blog/2013/10/30/the-2103-uprisings-in-brazil-speaking-tour/. Entre os dias 8-23/11, a organização está promovendo um circuito de palestras, por várias cidades dos EUA, a serem apresentadas por “companheiros do Brasil”, que falarão sobre “Os levantes de 2013 no Brasil”. Bom serviço prestariam se falassem aqui. Mas... pois é. [NTs]
[8] Ver 3/11/2013, “A Ideia É a Coisa”, Anarchist Archives, traduzido em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/11/a-ideia-e-coisa.html [NTs].
[9] http://en.wikipedia.org/wiki/File:Haymarket_Martyr%27s_Memorial.jpg

[10] http://en.wikipedia.org/wiki/Hector_Xavier_Monsegur

domingo, novembro 10, 2013

PED 2013



Só no PT você escolhe quem escolhe. Não deixe de comparecer ao seu diretório ou zonal para votar no #PED2013!

Consulte se você está apto a votar e o seu local de votação:http://ped.pt.org.br/noticias/pesquise-aqui-se-o-filiado-esta-apto-e-o-local-de-votacao-para-ele/

Não se esqueça de assinar os projetos de iniciativa popular!

Durante a votação do #PED2013, que vai até as 17 horas deste domingo (10) em todo o país, os diretórios devem disponibilizar os formulários dos projetos de lei de iniciativa popular pela #ReformaPolítica e pela Democratização da Mídia.

Participe e Assine! Conheça o site da campanha pela Reforma Política:http://www.pt.org.br/reformapolitica