sábado, março 31, 2012

No DIA DA MENTIRA...

"TOP SECRET" - A Conspiração contra o Brasil
Enviado por madboyfull em 31/12/2011
Título original - O Dia que durou 21 anos
Extraordinário Documentário que revela minuciosamente a participação do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964 que durou até 1985 e instaurou a ditadura no Brasil.
Pela primeira vez, documentos do arquivo norte-americano, classificados durante 46 anos como "Top Secret" são expostos ao público.
Textos de telegramas, áudio de conversas telefônicas, depoimentos contundentes e imagens inéditas fazem parte desse documentário, narrado pelo jornalista Flávio Tavares.

O Dia que durou 21 anos é uma coprodução da TV Brasil com a Pequi Filmes, com direção de Camilo Tavares. Roteiro e entrevistas de Flávio e Camilo Tavares.
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Esqueçam Policarpo: o chefe é Roberto Civita


Enviado por luisnassif, sab, 31/03/2012 - 12:18
Autor: Luis Nassif
Veja se antecipou aos críticos e divulgou um dos grampos da Policia Federal em que o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o araponga Jairo falam sobre Policarpo. Pinça uma frase – “o Policarpo nunca vai ser nosso” – para mostrar a suposta isenção do diretor da Veja em relação ao grupo.
É uma obviedade que em nada refresca a situação da Veja. Policarpo realmente não era de Carlinhos Cachoeira. Ele respondia ao comando de Roberto Civita. E, nessa condição, estabeleceu o elo de uma associação criminosa entre Cachoeira e a Veja.
Não haverá como fugir da imputação de associação criminosa. E nem se tente crucificar Policarpo ou o araponga Jairo ou esse tal de Dadá. O pacto se dá entre chefias – no caso, Roberto Civita, pela Abril, Cachoeira, por seu grupo.
Como diz Cachoeira, “quando eu falo pra você é porque tem que trabalhar em grupo. Tudo o que for, se ele pedir alguma informação, você tem que passar pra mim as informações, uai”.
O dialogo abaixo mostra apenas arrufos entre subordinados – Jairo e Policarpo.
Os seguintes elementos comprovam a associação criminosa:
  1. Havia um modus operandi claro. Cachoeira elegeu Demóstenes. Veja o alçou à condição de grande líder politico. E Demóstenes se valeu dessa condição – proporcionada pela revista – para atuar em favor dos dois grupos.
  2. Para Cachoeira fazia trabalho de lobby, conforme amplamente demonstrado pelas gravações até agora divulgadas.
  3. Para a Veja fazia o trabalho de avalizar as denúncias levantadas por Cachoeira.
Havia um ganho objetivo para todos os lados:
  1. Cachoeira conseguia afastar adversários, blindar-se contra denúncias e intimidar o setor público, graças ao poder de que dispunha de escandalizar qualquer fato através da Veja.
  2. A revista ganhava tiragem, impunha temor e montava jogadas políticas. O ritmo frenético de denúncias – falsas, semi-falsas ou verdadeiras – conferiu-lhe a liderança do modelo de cartelização da mídia nos últimos anos. Esse poder traz ganhos diretos e indiretos. Intimida todos, anunciantes, intimida órgãos do governo com os quais trabalha.
  3. O maior exemplo do uso criminoso desse poder está na Satiagraha, nos ataques e dossiês produzidos pela revista para atacar Ministro do STJ que votou contra Daniel Dantas e jornalistas que ousaram denunciar suas manobras.
Em “O caso de Veja”, no capítulo “O repórter e o araponga” narro detalhadamente – com base em documentos oficiais – como a cumplicidade entre as duas organizações permitiu a Cachoeira expulsar um esquema rival dos Correios e se apossar da estrutura de corrupção, até ser desmantelado pela Polícia Federal. E mostra como a Veja o poupou, quando a PF explodiu com o esquema.
Civita nem poderá alegar desconhecimento desse ganho de Cachoeira porque a série me rende cinco ações judiciais por parte da Abril - sinal de que leu a série detalhamente.
Desde 2008 – quando escrevi o capítulo – sabia-se dessa trama criminosa entre a revista e o bicheiro. Ao defender Policarpo, a revista, no fundo, está transformando-o em boi de piranha: o avalista do acordo não é ele, é Roberto Civita.
Em Londres, a justiça processou o jornal de Rupert Murdoch por associação indevida com fontes policiais para a obtenção de matérias sensacionalistas. Aqui, Civita se associou ao crime organizado.
Se a Justiça e o Ministério Público não tiverem coragem de ir a fundo nessa investigação, sugiro que tranquem o Brasil e entreguem a chave a Civita e a Cachoeira.
Da Veja
Cachoeira, em gravação: 'O Policarpo nunca vai ser nosso'
Conversa telefônica mostra Cachoeira reclamando a ex-agente da Abin Jairo Martins porque ele havia passado informações ao jornalista, um dos redatores-chefes de VEJA e diretor da sucursal da revista em Brasília
Poleto desmascarado em 2005: ele mentiu sobre Policarpo e quase saiu preso do Senado
Convocado em 2005 por uma comissão do Senado a explicar sua participação no transporte de mais de 1 milhão de dólares ilegais usados na campanha petista de 2002, o economista Vladimir Poleto disse que fora violentamente constrangido pelo jornalista Policarpo Junior, que teria obtido a declaração gravando-o sem seu consentimento. O sistema de som do plenário, então, reproduziu a íntegra da entrevista. A conversa entre Policarpo e Poleto foi transmitida pela TV Senado para todo o Brasil. Diante da gravidade das denúncias feitas pelo economista, Policarpo pediu autorização para gravar a entrevista, registrando a hora, o local e o contexto em que ela estava ocorrendo. Poleto respondeu em voz clara: "Pode gravar". Os senadores em plenário caí­ram na gargalhada. Desmascarado, Poleto tentou desajeitadamente se explicar, mas foi interrompido pelo então senador Tasso Jereissati: "É melhor se calar, senhor Poleto, pois o correto seria o senhor sair preso daqui por ter mentido sob juramento".
Assim, com total transparência de propósitos, trabalha o jornalista Policarpo Junior, um dos redadores-chefes de VEJA e diretor da sucursal da revista em Brasília. Seu nome é citado algumas vezes nas gravações legais de conversas telefônicas entre Carlinhos Cachoeira e o ex-agente da Abin Jairo Martins, apontado pela Polícia Federal como um dos vários agentes públicos pagos pelo contraventor para fechar casas de jogos que não integravam sua "franquia" da jogatina. VEJA teve acesso ao diálogo, captado em 8 de julho do ano passado. Cachoeira - que foi fonte de informações de Policarpo e de muitos outros jornalistas - reclama com o policial porque soube que ele havia passado informações ao diretor da sucursal de VEJA em Brasília. A íntegra em texto e áudio da conversa interceptada se encontram a seguir:
Cachoeira: Fala, Jairo.
Jairo: Fala, doutor, tranquilo? Deixa eu te falar: o Dadá ontem me ligou, pô, me falando uma história aí que você ficou puto comigo, me xingou e o casseta, disse que eu tô trabalhando contra você e tal... Eu falei: pô, cara, de novo o homem lá fala um negócio desse, cara? Eu falei: porra, cara, se eu fiz um favor pro cara lá é justamente pra ficar próximo dele, pra saber o que ele anda me falando. Por quê? Eu pessoalmente uso da minha atividade, eu não preciso dele... Nem... E ele pra mim não influencia em nada, entendeu? Mas se ele me pediu um favor e eu fiz é pra ficar próximo dele e ouvir o que ele anda me falando, entendeu? Como me falou ontem à noite umas coisas. Como me falou anteriormente que eu contei pro Dadá, entendeu? Eu falei: porra, não tô entendendo o homem, não.
Cachoeira: Não, Jairo, foi isso não. Deixa eu falar pra você. Se Dadá estiver aí pode pôr até no viva-voz. Olha, é o seguinte: a gente tem que trabalhar em grupo e tem que ter um líder, sabe? O Policarpo, você conhece muito bem ele. Ele não faz favor pra ninguém e muito menos pra você. Não se iluda, não. E fui eu que te apresentei ele, apresentei pro Dadá também. Então é o seguinte: por exemplo, agora eu dei todas as informações que ele precisava nesse caso aí. Por que? É uma troca. Com ele tem q ser uma troca. Não pode dar as coisas pra ele, igual você sai correndo pra fazer um favor pra ele, pega e dá de graça, enquanto isso ele mete o pau no Dadá pra mim, e deve meter o pau no Dadá pra você também. Então você não deve aceitar ele falar mal do Dadá porque você não trabalha pra ele. E eu também não trabalho pro Policarpo. Eu já ajudei ele demais da conta. Entendeu? Demais da conta! Então, quando eu falo pra você é porque tem que trabalhar em grupo. Tudo o que for, se ele pedir alguma informação, você tem que passar pra mim as informações, uai.
Jairo: Não, beleza. Eu te peço até desculpa disso ai. Mas eu não tô sabendo que você tá. Ultimamente eu não tô sabendo quando você vem aqui, às vezes a gente não se fala. Muito difícil a gente se falar, e eu não ter ido aí, às vezes quem vai é o Dadá. Então de repente eu não tô sabendo que você tá trocando alguma informação com ele. E também não admito ele falar mal do Dadá pra mim. Não admito, corto logo, falo: "O cara é meu amigo, é meu parceiro". Entendeu? Esses dias ele veio falar uma historia que tava rolando aqui na cidade, de um negócio aí, entendeu, de um dinheiro, de uma gravação. Eu chamei o Dadá, falei: Dadá, liga pra ele, fala porque tem uma história assim, assim, eu já falei pra ele. Isso não existe, não é ele, não sou eu, isso não é a empresa, entendeu? Aí o Dadá ligou pra ele, tal, tal tal. Mas, então, cara, eu te peço desculpas. E não é trabalhar nunca contra você. Pelo contrário, pô. Eu não sou louco, né, Carlinhos!? Eu não posso ser burro.
Cachoeira: Jairo, põe um trem na sua cabeça. Esse cara aí não vai fazer favor pra você nunca isoladamente, sabe? A gente tem que trabalhar com ele em grupo. Porque os grande furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz. Todos eles fomos nós que demos. Então é o seguinte: se não tiver um líder e a gente trabalhar em conjunto... Ele pediu uma coisa? Você pega uma fita dessa aí e ao invés de entregar pra ele fala: "Tá aqui, ó, ele tá pedindo, como é que a gente faz?". Entendeu? Até pra fortalecer o Dadá. Por que Dadá... Ele tá puto. E ele vai pegar o Dadá na revista ainda, você pode ter certeza. Ele vai pegar o Dadá na revista. Ele não gosta do Dadá. Falou ontem pro Cláudio. Porra, tá arrumando tudo pra ele... Eu fiquei puto porque ontem ele xingou o Dadá tudo pro Cláudio, entendeu? E você dando fita pra ele, entendeu? Então, o seguinte: você não fala mais do Dadá, porque a gente trabalha em conjunto. Entendeu? Então chega. [Diz a ele:] Então qualquer coisa agora você conversa com o Carlinhos. Fala assim, porra.
Jairo: Não, beleza, porra. Agora eu tô orientado dessa maneira. Eu não to sabendo q vocês tão tratando de outro assunto com ele, entendeu? Até ele me falou realmente que falou com o Cláudio uma época aí. Ele me falou: “Ah, falei com o Cláudio, o cara parece que é gente boa”. Eu falei: "Não, o cara é gente boa, tal, tal, tal, é um cara sério. Mas outras coisas eu não tô sabendo. Não tá chegando até a mim. Por exemplo, não tão falando comigo. Aí eu te digo o seguinte: eu te peço desculpa porque realmente eu errei, porque ele quando me pediu esse favor eu poderia realmente ter falado contigo, mas tem tanto tempo que a gente não senta e não conversa que pra mim você não tava nem falando com ele. Eu não tô sabendo dessa articulação.
Cachoeira: Olha, Jairo. É porque, assim mesmo, você tem que chegar perto de mim qualquer pedido dele. Cara, ele não vai fazer nada isolado. E outra coisa: com ele, daqui pra frente tem que ser na base da troca. Porque dessa forma tá te fortalecendo, fortalecendo o Dadá, fortalecendo eu, o Cláudio. Entendeu? Porque com ele, você sabe, ele não vai fazer nada procê. Ainda mais meter o pau no Dadá? Ah, vai pra puta que pariu, uai.
Jairo: Pô, eu não tava sabendo, cara. Eu não tava sabendo. Mesmo. Eu peço desculpa pra você, pro Cláudio. Não admito. Sempre quando ele vem falar do dadá eu não admito.. nunca admiti dele falar de Dadá ou de você. Nunca admiti. Não admito. Quando ele veio falar do Claudio eu só rasguei de elogio. Então aí realmente eu te peço desculpa, realmente eu errei. Eui deveria ter dfalado contigo realmente. Mas passei assim batido, sabe? Quando ele me chegou me abordou, me pediu, porra você travbalha aqui na ´parea você me conhece. conheço, tal. Não eu falei com eles, tal. Então tem como você ver isso pra mim? Eu falei: tem. Aí eu peguei esse negócio tão rápido. Ainda comentei com Dadá: pô o cara me peiu um negócio assim, assim, eu vou ajudar esse filho da puta porque tem q ficar perto dele, pra saber algumas coisas que ele anda me falando ai sobre o que interessa à gente. Mas passei assim batido, entendeu?
Cachoeira: Pois é. Mas ele não vai soltar nunca nada pra você, o Jairo. Eu conheço o Policarpo, você conhece também. O Policarpo é o seguinte, ele pensa que todo mundo é malandro. E o seguinte, ele pensa que você e o Dadá trabalham pra ele, rapaz. Você sabe disso. Eu já cansei de falar isso pro Policarpo: ‘Policarpo, põe um negócio na sua cabeça, o Jairo e o Dadá não trabalham pra você. A gente trabalha no grupo. Então se tiver algum problema, você tem que falar comigo´. Já discuti com ele, você sabe disso, já presenciou eu falando com ele. Ele pensa que o Dadá, devido àqueles problemas que o Dadá teve, tinha de passar por ele sempre. Vai tomar no rabo. Nunca fez nada pra gente, rapaz. Que que esse cara já fez?
Jairo: É, não, isso é verdade aí. Aí eu te peço desculpa cara, mas nunca foi negócio de trabalhar contra vocês, trabalhar contra o grupo, estar passando a perna em vocês e admitir que ele fale mal do Dadá. Isso aí nunca, nunca. Falo na frente dele. Nunca. Sempre falei, ´O, lá é meu parceiro, tal´ Os caras, sempre... Em lugar nenhum eu menti que sou amigo do Dadá, em lugar nenhum eu menti que sou teu amigo, entendeu? Não é falando não, mas porra hoje eu tenho até restrição na minha ficha devido a reportagem de Globo lá, que consta na minha ficha que eu disse que sou seu amigo. E quem me pergunta, eu falo. Então às vezes a gente erra aí, mas não é errando querendo sacanear não, é errando às vezes sendo burro realmente como você falou. Sendo burro.
Cachoeira: Não. Tá tudo tranquilo. Agora, vamos trabalhar em conjunto porque só entre nós, esse estouro aí que aconteceu foi a gente. Foi a gente. Quer dizer: mais um. O Jairo, conta quantos foram. Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí. Quantos já foram, rapaz. E tudo via Policarpo. Agora, o cara vai pensar que o Dadá trabalha para ele? Porque o Dadá não fez o que ele queria ele tem o direito de ficar chateado com o Dadá, rapaz? Um dia ele chegou perto de mim e falou assim: ‘Não, o Jairo eu gosto, mas aquele rapaz eu não gosto dele não. Aquilo é um malandro’. Vai tomar no cu. Ninguém trabalha para ele não, rapaz.
Jairo: E nós não estamos aqui para ele gostar da gente ou desgostar. A gente tem uns objetivos que às vezes infelizmente tem que passar por ele. Mas não tem nada de ele gostar ou deixar de gostar. Mas realmente eu nunca admiti que ele falasse mal do Dadá na minha frente não, nunca aceitei. E eu não tava sabendo dessa situação toda que você me colocou agora, entendeu, de ele ter metido o pau no Dadá pro Claudio. Aí é sacanagem dele, entendeu? Aí mais uma vez eu peço desculpa aí, Carlinhos. Desculpa mesmo. Jamais eu tive a intenção de sacanear nada, de sacanear ninguém. Pelo contrário, entendeu?
Cláudio: Não, porque se fosse com você, ô Jairo, eu tomaria as mesmas dores. Agora, não é bom você falar isso com o Policarpo não, sabe. É só afastar dele, sabe? Você tem que afastar dele e a barriga dele doer, sabe? É isso que nós temos de fazer. Tem que ter a troca, ô Jairo. Nunca cobramos a troca.
Jairo: Isso é verdade. De antemão ele está atrás de uma outra situação aí que veio me perguntar. Ou eu afasto dele ou se eu conseguir, aí eu te passo aí, tá? Mas, de antemão eu vou me afastar.
Cachoeira: E fala pra ele, Jairo, na hora que ele falar com você: ´O Policarpo, não vou ajudar mais não, sabe por que? Eu fiquei chateado aí, o Dadá está chateado com você porque você anda falando mal dele. O problema é que eu não trabalho para você, cara, eu não fico indo atrás das coisas para trabalhar pra você. Eu ganho algum centavo seu, Policarpo? Não ganho. Então o seguinte, na hora que eu pedi alguma coisa pra você, você nunca pode fazer. Você nunca faz, você corre. Então você tem que pôr isso na sua cabeça. Quantas matérias nós já te demos, o grupo já te deu? Quantas? E você nunca fez nada em troca, cara.
Jairo: Não. Beleza, beleza. A partir de agora eu vou me afastar dele. Apesar de ele ter um negócio aí de um retorno aí já antes dessa situação que você tá me colocando. Mas se eu colocar a mão nesse negócio, aí eu vou te entregar aí e tu decide o que faz aí.
Cachoeira: Certamente, rapaz. Nós temos de ter jornalista na mão, ô Jairo. Nós temos que ter jornalista. O Policarpo nunca vai ser nosso. A gente vai estar sempre trabalhando para ele e ele nunca traz um negócio. Entendeu? Por exemplo, eu quero que ele faça uma reportagem de um cara que está matando a pau aqui, eu quero que eles façam uma reportagem da educação, sabe, um puta de um projeto de educação aqui. Pra você ver: ontem ele falou para mim que vai fazer a reportagem, mas acabando esse trem ai, ele pega e esquece de novo. Quer dizer, não tem o troco sabe.
Jairo: É, não tem não, não tem não. Ele não tem mesmo não. Ele é f...
Cachoeira: Não, não (Glória a Deus - ?) Então tá, um abraço, Jairo.
Jairo: Falou, meu irmão, Desculpa aí, tá?

A cantilena da “impossibilidade”

A cúpula dos BRICS e o boicote da mídia ocidental

Do Blog do Mauro Santayana - 30/01/2012

Mauro Santayana
A cada ano, quando chega a época da Cúpula Presidencial dos BRICS – a quarta edição desse encontro acaba de terminar em Nova Delhi, a capital indiana – torna-se cada vez mais evidente, para o observador atento, o patético esforço da mídia “ocidental” (entre ela boa parte da nossa própria imprensa) de desconstruir a imagem de uma aliança geopólítica que reúne quatro das cinco maiores nações do planeta em território, recursos naturais e população e que está destinada a modificar a o equilíbrio de poder no mundo, no século XXI.

Essa estratégia – com a relativa exceção dos meios especializados em economia - vai de simplesmente ignorar o encontro, à tentativa de diminuir sua importância, ou semear dúvidas sobre a unidade dos principais países emergentes, tentando ressaltar suas diferenças, no lugar do reconhecer o que realmente importa: a política comum dos BRICS de oposição à postura neocolonial de uma Europa e de um EUA cada vez mais instáveis, que se debatem com um franco processo de decadência econômica, diplomática e social.

Para isso, a mídia ocidental – incluindo a “nossa” - ignora os despachos das agências oficiais dos BRICS, principalmente as russas e as chinesas, que ressaltam a importância do Grupo e de suas iniciativas para suas próprias nações – o Brasil inexplicavelmente ainda não possui serviços noticiosos em outros idiomas, coisa que até mesmo Angola utiliza, e muito bem – e se concentra em procurar e entrevistar observadores “ocidentais” ou pró-ocidentais situados em esses países, que se dedicam a repetir a cantilena da “impossibilidade” do estabelecimento de uma aliança geopolítica de fato entre o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul, baseados nos seguintes argumentos:

- A “distância” entre o Brasil, a África do Sul, e a Rússia, a índia e a China, como se em um mundo em que a informação é instantânea e um míssil atinge qualquer ponto do globo em menos de quatro horas, isso tivesse a menor importância.

- O fato de a África do Sul, o Brasil e a Índia serem democracias, e a China e a Rússia não serem democracias “plenas ” segundo o elástico conceito ocidental, que não considera a Venezuela uma democracia “plena”, mas o Kuwait ou a Arábia Saudita – autocracias herdadas e governadas pelo direito de sangue - sim.

- A concorrência da Índia, da China e da índia no espaço asiático, como se esses três países não cooperassem, até mesmo no campo militar, e não mantivessem reuniões, há muitos anos, para resolução de problemas eventuais.

- A rotulagem desses países em “exportadores de commodities” como a Rússia e o Brasil, “provedores de serviços”, como a India, e “fábricas do mundo”, como a China, como se essa situação, caso fosse verdadeira, não pudesse ser usada a favor de uma aliança intercomplementar, ou como se Rússia, Brasil e índia também não produzissem manufaturados, e entre eles produtos industriais avançados, como aviões, por exemplo.

É óbvio que uma aliança como os BRICS, que reúne um terço do território mundial, 25% do PIB, e praticamente a metade da população humana não se consolidará, política e militarmente, de uma hora para a outra. Mas também é igualmente claro, que não se trata de um grupo heterogêneo de nações que não tenham nada a ver uma com a outra.

Se assim fosse, o Brasil não estaria fornecendo aviões-radares para a índia, não estaríamos desenvolvendo mísseis ar-ar e terra-ar com a DENEL sul-africana, ou comprando helicópteros russos de combate, ou não teríamos, há anos, um programa de satélites de sensoriamento remoto com a China.

O primeiro traço comum entre os grandes “brics” como a Rússia, a China, a índia e o Brasil, e, em menor grau, a África do Sul, é, como demonstra a sua oposição à política ocidental para com a Libia e a Siria, o respeito ao princípio de não intervenção.

Porque o Brasil, a Rússia, a índia, a China, não aceitam que se intervenha em terceiros países, em função de questões relacionadas aos “direitos humanos”, por exemplo, ou devido à questão nuclear ?

Porque, como são países que prezam a sua soberania, não aceitam que, amanhã, o mesmo “ocidente” que hoje ataca a Libia, a Siria, ou o Irã, venha se unir contra um deles, qualquer deles, por causa de outras questões, como poderia acontecer conosco, eventualmente, no caso dos “ direitos” indígenas, ou da defesa da Amazônia, o “pulmão do mundo”.

Quem tem telhado de vidro não joga pedra nos outros. Que atire a primeira quem nunca pisou na bola. Qual é o país, hoje, que pode acordar pela manhã, olhar-se, enquanto sociedade, no espelho, e dizer que não tem nenhum problema de direitos humanos?

E mais, quem arvorou à Europa e aos norte-americanos a missão de julgar o mundo? Pode um país como os Estados Unidos, que invadiu e destruiu o Iraque, por causa de outro mito intervencionista, o da existência – comprovadamente falsa - de armas de destruição em massa naquele país, falar em direitos humanos ?

Pode uma Nação que inventou e usou, no Vietnam, centenas de toneladas de um veneno químico chamado agente laranja, contaminando para sempre o solo e as águas de milhares de hectares de selva, falar em defesa da natureza e das florestas tropicais?

Ou pode um país que jogou duas bombas atômicas sobre dezenas de milhares de velhos, mulheres e crianças desarmadas, queimando-as até os ossos - quando poderia – se quisesse – tê-las testado sobre soldados do exército ou da marinha japonesa, falar, em sã consciência, de controle de armamento atômico e da não proliferação nuclear?

A realidade por trás do discurso de defesa dos direitos humanos e da natureza é muito mais complexa do que Hollywood mostra às nossas incautas multidões em filmes como Avatar. Por mais que muitos espíritos de "vira-lata" queiram - mesmo dentro do nosso país - que Deus tivesse dado à Europa e aos Estados Unidos o direito de governar o mundo, para defender seu artificial e efêmero “american way of life”, ele não o fez.

Pequenos países, como a Espanha ou a Itália, na ilusão de se sentirem maiores, podem – assim o decidiram suas elites - abdicar de sua soberania política e econômica e bombardear a população civil na Líbia, no Iraque, no Afeganistão, em defesa de uma impossibilidade quimérica como a Europa do euro, e do mandato da “Pax Americana”.

Nações como o Brasil, a Índia, a China e a Rússia, se aferram ao direito à soberania, ao recurso à diplomacia, à primazia da negociação. Não se pode salvar vidas distribuindo armas para um bando descontrolado de açougueiros que espanca e mata prisioneiros indefesos, desarmados e ensanguentados – mesmo que eles se chamem Khadaffi – e obriga jovens muçulmanos a desfilarem em fila, de joelhos, repetidas e infinitas vezes, sob a lente da câmera e a ameaça de armas e chicotes, para mastigar e engolir nacos de cadáveres de cães putrefatos. O futuro da humanidade no século XXI e nos próximos, depende cada vez mais da emergência de um mundo multipolar que se oponha à pretensa hegemonia “ocidental”. E é isso – queiram ou não os jornais e comentaristas europeus e norte-americanos – que está em jogo a cada nova Cúpula dos BRICS, como a de Nova Delhi.

sexta-feira, março 30, 2012

A omissão é a regra.

Da série: os postes de São Luís.
Dia 30.03.12, 8h da manhã, na frente do Palácio do Governo.
O poste pendurado nos fios. Nenhuma intervenção da CEMAR, Bombeiros, Polícia, Guardas de Trânsito... A omissão é a regra.



E na Av. Litorânea...



quinta-feira, março 29, 2012

CACHOEIRA DE RATOS...


Do site Brasil 247:
Relações incestuosas e, portanto, desvirtuadas entre jornalistas e fontes já causaram prisões e fecharam uma publicação secular. Na Inglaterra, ano passado. Diretora executiva da News Corp., o conglomerado de mídia do magnata Ruppert Murdoch, a jornalista Rebekah Brooks chegou a ser presa pela polícia inglesa, interrogada por 12 horas e libertada sob fiança somente após contar o que sabia a respeito do trabalho de apuração que incluía escutas ilegais sobre personalidades do país e aquisição de informações com policiais mediante pagamentos em dinheiro.
O jornal The News of the World, que veiculava o material obtido na maior parte das vezes por aqueles métodos, teve de ser fechado por Murdoch, depois de mais de cem anos de publicação, por força dos protestos dos leitores e do público em geral. Eles se sentiram ultrajados com o, digamos, jeitinho que a redação agia para obter seus furos. Os patrões Ruppert e seu filho James precisaram dar explicações formais ao Parlamento Britânico sobre as práticas obscuras. Ali, foram humilhados até mesmo por um banho de espuma a contragosto.
No Brasil, neste exato momento, a revista impressa de maior circulação do país está com seus métodos de apuração igualmente colocados em xeque. Afinal, o caso das duzentas ligações telefônicas grampeadas pela Polícia Federal, nas investigações da Operação Monte Carlo, envolve num circuito fechado, e privilegiado, um contraventor especializado em se infiltrar em grandes estruturas do establishment e o atual número dois da revista. O jornalista Policarpo Jr., que acumula o cargo de diretor da sucursal de Brasília, pode até ser visto como o número três ou quatro na hierarquia interna, à medida em que, em seu último arranjo de poder, o diretor de redação Eurídes Alcântara estabeleceu o singular modelo de ter três editores-chefe na publicação. Mas com pelo menos quinze anos de serviços prestados à revista no coração do poder, Policarpo, reconhece-se, é “o cara”. Ele foi repórter especial e seu estilo agressivo de atuar influenciou a atual geração de profissionais de Veja. Eles são temidos por sua capacidade de levantar escândalos, promover julgamentos morais e decretar o destino de reputações. A revista, a cada semana, se coloca como uma espécie de certificadora da moral e dos bons costumes no País, sempre pronta a baixar a marreta sobre o que julga fora dos seus padrões.
O problema, para Veja, é que o jogo de mão entre Policarpo Jr. e Carlinhos Cachoeira pode ter sido pesado, apesar de ainda não estar claro. O silêncio da revista a respeito não contribui em nada para o seu esclarecimento. A aparente relação de intimidade pessoal entre editor-chefe e o contraventor não apenas não é um fato como outro qualquer, como pode ser a ponta do maior escândalo de mídia já visto no Brasil. A não publicação, na edição de Veja que está nas bancas, da surpreendente descoberta de ligações perigosas entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) – que na terça-feira 26, sob intensa pressão, renunciou ao posto de líder do partido no Senado – e Cachoeira acentuou a percepção generalizada de que o bicheiro e o jornalista tinham um ou alguns pactos de proteção e ajuda. Será?
Em nome de ter a notícia em primeira mão, é admissível, do ponto de vista ético, ao profissional da mídia, manter relacionamentos privilegiados com quem ele considerar importante para este fim. Inclusive contraventores. O que não é eticamente aceitável é fazer com que esses relacionamentos derivem para a não publicação de notícias ou a divulgação parcial dos fatos.
O ex-governador José Serra, recentemente, foi apontado pelo ex-ministro em plena queda Wagner Rossi como um dos pauteiros (aquele que define os assuntos a serem abordados) de Veja. Pode ter sido um efeito de retórica do Rossi flagrado pela revista como dono de uma mansão incompatível com seu histórico de homem público. Mas jamais, como agora, houve a suspeita real de que um contraventor pudesse exercer o mesmo papel de, digamos, pauteiro externo da revista. A interrogação é procedente à medida em que, especialmente em Brasília, circulam rumores de que Policarpo comentaria abertamente com Cachoeira os assuntos que seriam abordados em edições futuras da revista e as angulações editoriais das reportagens.
Para qualquer um que trabalhe com informação, conhecer por antecipação o conteúdo de Veja é uma grande vantagem competitiva. Um assessor de imprensa, por exemplo. A posse desse tipo de ativo pode representar a diferença entre um bom contrato e nenhum contrato. Se se abre o espaço para a indicação de assuntos, então, ai o lobista entra no paraíso, passando a ter condições de posicionar seus interesses em espaços nobres que vão da capa à última folha do papel tipo bíblia de Veja, passando pela prestigiada sessão de entrevistas, as páginas amarelas. Será?
Na Inglaterra, em meio às primeiras informações sobre o real modo de agir dos jornalistas do The News of the World, a primeira reação da casa foi também a de silêncio. Em seguida, negativas. Mas os desdobramentos do caso, que incluíram o suicídio de um ex-alto funcionário do governo britânico, levantaram o véu da farsa e a verdade, finalmente, mostrou sua face. Na versão tupi, a suspeita é de que tenha ocorrido, entre Policarpo e Cachoeira, bem mais do que acontece num relacionamento normal entre jornalista e fonte de informação. Cachoeira, via Policarpo, talvez tenha se tornado um observador privilegiado da construção semanal da pauta política da revista, especialmente durante a eclosão do escândalo do mensalão, como afirmou ao 247 o ex-prefeito de Anápolis, Ernani de Paula.
Em nome de ter a notícia em primeira mão, é admissível, do ponto de vista ético, ao profissional da mídia manter relacionamentos privilegiados com quem ele considerar importante para este fim. Mas quase nunca é aceitável fazer com que esses relacionamentos derivem para a não publicação de notícias ou a divulgação parcial dos fatos.
Normalmente, o mundo político espera uma edição da revista Veja para conhecer o conteúdo que ela apresenta sobre os outros. Neste final de semana, o que se quer saber é o que Veja falará dela mesma.

terça-feira, março 27, 2012

Veja que bandidagem...

Luis Nassif

Está na hora de se começar a investigar mais a fundo a associação da Veja com o crime organizado. Não é mais possível que as instituições neste país - Judiciário, Ministério Público - ignorem os fatos que ocorreram.
Está comprovado que a revista tinha parceria com Carlinhos Cachoeira e Demóstenes. É quase impossível que ignorasse o relacionamento entre ambos - Demóstenes e Cachoeira.
No entanto, valeu-se dos serviços de ambos para interferir em inquéritos policiais (Satiagraha), para consolidar quadrilhas nos Correios, para criar matérias falsas (grampo sem áudio).
Até que a Polícia Federal começasse a vazar peças do inquérito, incriminando Demóstenes, a posição da revista foi de defesa intransigente do senador, através dos mesmos blogueiros das quais se valeu para tentar derrubar a Satiagraha.
Aproveitando a falta de coragem do Judiciário, arvorou-se em criadora de reputações, em pauteira do que deve ser denunciado, em algoz dos seus inimigos, valendo-se dos métodos criminosos de aliados como Cachoeira. Paira acima do bem e do mal, um acinte às instituições democráticas do país, que curvam-se ao seu poder.
O esquema Veja-Cachoeira-Demóstenes foi um jogo criminoso, um atentado às instituições democráticas. Um criminoso - Cachoeira - bancava a eleição de um senador. A revista tratava de catapultá-lo como reserva moral, conferindo-lhe um poder político desproporcional, meramente abrindo espaço para matérias laudatórias sobre seu comportamento. E, juntos, montavam jogadas, armações jornalísticas de interesse de ambos: do criminoso, para alijar inimigos, da revista para impor seu poder e vender mais.
Para se proteger contra denúncias, a revista se escondeu atrás de um macartismo ignóbil, conforme denunciei em "O caso de Veja".
Manteve a defesa de Demóstenes até poucas semanas atrás, na esperança de que a Operação Monte Carlo não conseguisse alcança-lo. Apenas agora, quando é desvendada a associação criminosa entre Cachoeira e Demóstenes, é que resolve lançar seus antigos parceiros ao mar.

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Carlos Alberto Saraiva
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domingo, março 25, 2012

A voz dos muitos!

25/3/2012, em Occupy Wall Street
Distribuído por Schlockumentaries [vejam o vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=J2Low2KFSSQ]

O rapaz falou, frente aos policiais, como se vê no vídeo, durante três minutos. Disse [aqui traduzido, na medida do possível e todas as correções são bem-vindas]:

“Acho que vocês também são gente, só que só sabem obedecer ordens. Que ideia mais estúpida é essa de nos tratar como se fôssemos bandidos? Por que vocês não acordam e largam essa vida fodida de vocês? Não entendo como é possível que um homem faça isso da própria vida. Eu, que sou um João ninguém, posso parar aqui e falar o que penso. Vocês, nem isso podem fazer. De onde tiraram a ideia de que nós algum dia desistiremos? Será que nunca passa pela cabeça de vocês que só um passo nos separa? Que é só resolver viver com mais dignidade e, pronto, vocês têm todo o direito de viver melhor, de serem mais felizes? Onde já se viu isso? As pessoas estavam se manifestando sossegadas. Vocês chegaram como doidos, prenderam gente, feriram gente. Que sentido tem isso? E agora? Estamos aqui, outra vez. De que adiantou aquela loucura toda de vocês? Estamos vivendo. E vocês aí, fazendo esse papel idiota, fodendo a vida de vocês. Estou falando com vocês, não porque tenha mais poder que vocês. Mas eu quero falar e falo. E vocês? Será que são tão idiotas que não percebem nem isso? Que eu não sou bandido? Vão com Deus. Beijos nas crianças.”
Dizia-se aqui na ocupação, que o nome dele é Daniel Murphy.
Tem nas mãos uma faixa do movimento Occupy Wall Street. Um segundo antes, estive conversando com ele. Estava sentado no meio fio. Disse que não dormia há 24 horas. Que foi preso duas vezes e espancado duas vezes, naquelas últimas 24 horas. Que saiu de casa para participar da Marcha “Eu sou Trayvon Martin” – que reuniu mais de um milhão de pessoas e converteu-se, no final, em reocupação de Union Square.

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sábado, março 24, 2012

Mais de 300 empresas financiam e mantêm esta indústria bélica

Sección: Comercio de armas
Viernes 9 de marzo de 2012 0 comentario(s) 128 visita(s)

Thalif Deen
IPS

A indústria mundial de armas nucleares é financiada e mantida viva por mais de 300 bancos, fundos de pensão, companhias de seguros e gestores de ativos, segundo um novo estudo.
Essas instituições realizam substanciais investimentos na fabricação de armas atômicas.
Divulgado pela Companhia Internacional para Abolir as Armas Nucleares (ICAN), o estudo de 180 páginas assinala que as nações com poder nuclear gastam mais de 100 milhões de dólares por ano fabricando novas ogivas, modernizando as velhas e construindo mísseis balísticos, bombardeiros e submarinos para lançá-las.
Grande parte deste trabalho é realizado por corporações como BAE Systems e Babcock International na Grã-Bretanha, Lockheeed Martin e Northrop Gurmman nos Estados Unidos, Thales e Safran, na França, e Larsen & Toubro, na Índia.
“Instituições financeiras investem nessas companhias provendo empréstimos e comprando ações e bônus”, indica o informe, considerado o primeiro nesta pesquisa.
Intitulado “Don’t Bank on the Bomb: The Global Financing of Nuclear Weapons Producers” (“Não confiem na bomba: O financiamento mundial dos produtores de armas nucleares”), o estudo contém detalhes das transações financeiras com 20 empresas intensamente envolvidas na fabricação, manutenção e modernização das forças atômicas estadunidenses, britânicas, francesas e da Índia.
É necessário uma URGENTE CAMPANHA MUNDIAL COORDENADA, PELO NÃO INVESTIMENTO EM ARMAS NUCLEARES, adiciona.
Um movimento assim poderia ajudar a parar os programas de modernização e fortalecimento de armamentos e impulsionar as negociações em direção a uma PROIBIÇÃO UNIVERSAL DESSE TIPO DE BOMBAS. “Deixar de investir nas companhias de armas nucleares É UMA FORMA EFETIVA QUE O MUNDO CORPORATIVO AVANCE À META DE UMA ABOLIÇÃO NUCLEAR”, afirma o estudo.
O trabalho chama as instituições financeiras para que deixem de investir na indústria armamentista atômica.
“Qualquer uso de armas nucleares violaria o direito internacional e teria catastróficas conseqüências humanitárias. Ao investir nos fabricantes, as instituições financeiras estão de fato facilitando a construção de forças atômicas”, indica.
No prólogo do informe, o arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, assinala: “Ninguém deveria fazer lucros com esta terrível indústria da morte, que nos ameaça a todos”. O líder pacifista instigou as instituições financeiras que apóiem os esforços para eliminar a ameaça atômica, e destacou que o término dos investimentos foi vital na campanha para colocar fim ao apartheid (sistema de segregação racial contra a maioria negra) na África do Sul. A mesma tática poder e deve ser empregada para enfrentar a criação mais maligna do homem: a bomba nuclear adicionou.
Por sua parte, TIM Wright, diretor de campanhas da ICAN e co-autor do informe, disse a IPS que algumas das instituições identificadas no trabalho já expressaram sua “intenção de adotar políticas proibindo os investimentos na fabricação de armas atômicas”.
A campanha para que cessem os investimentos “provavelmente será mais exitosa nos países onde a oposição às armas nucleares é mais forte”, por exemplo, os escandinavos e o Japão, indicou.
Destacou que cada vez mais, os bancos reconhecem que se deve aplicar algum tipo de critério ético aos investimentos, e que apoiar a fabricação de armas capazes de destruir cidades inteiras num instante, era algo claramente contrário à ética.
Das 322 instituições financeiras identificadas no informe, quase a metade tem sede nos Estados Unidos e um terço na Europa. O estudo também denuncia a instituições da Ásia, Austrália e Meio Oriente.
AS MAIS ENVOLVIDAS COM A INDÚSTRIA DE ARMAS NUCLEARES SÃO: BANK OF AMERICA, BLACKROCK E JP MORGAN CHASE nos Estados Unidos, BNP PARIBAS, na França, ALLIANZ E DEUTSCHE BANK, na Alemanha, MITSUBISHI UJF FINANCIAL, no Japão, BBVA e BANCO SANTANDER, na Espanha, CREDIT SUISSE e UBS, na Suíça e BARCLAYS, HSBC, LLOYDS e ROYAL BANK OF SCOTLAND, na Grã- Bretanha.
Consultado sobre se seria viável uma campanha para boicotar essas entidades, Wright disse a IPS: “Se os bancos resistem a ceder, os clientes terão que buscar alternativas éticas”.
Muitos outros bancos, particularmente pequenos, negam-se a ter qualquer tipo de vínculo com esta indústria, destacou: “Se multidões de pessoas começarem, isto enviará um poderoso sinal ao banco de que seu apoio às companhias de armas nucleares é inaceitável”. No caso das instituições multinacionais, uma campanha coordenada de boicote em vários países seria efetiva, sustentou.
O estudo também cita Setsuko Thurlow, sobrevivente da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos sobre a cidade japonesa de Hiroxima em 1945, o qual fez um chamado para investir de uma forma ética e a não contribuir com atividades que ameacem a Terra.
Trad. Vera Vassouras


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A Rússia comanda o Óleo-gasodutostão

23/3/2012, Pepe Escobar, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Central_Asia/NC23Ag04.html

O novelão perene do Óleo-gasodutostão chama-se “Nabucco” – o suposto Santo Graal do gás, do Mar Cáspio para a Europa, 4.000km, da Turquia à Áustria.

Parte do gás a ser transportado pelos tubos de Nabucco pode vir do Azerbaijão. Outra parte, talvez – e “talvez” muito problemático – vem do Turcomenistão. Mas analista de questões de energia que se dê ao respeito sabe que Nabucco só poderá funcionar, se receber gás natural do Irã. Só acontecerá sobre o cadáver coletivo do pessoal em Washington.

Assim sendo, vê-se que, mais uma vez, a ‘liderança’ política sem espinha dorsal da União Europeia (UE) – mais uma vez em atuação digna de poodles de desfile –, sabotou, gloriosamente, o que sempre fora apresentado como seu mais ambicioso projeto energético; afundou, sob pressão dos EUA; e, bem feitas as contas, sacrificou a própria independência energética da Europa. E, isso, feito por aquela gente que não perde oportunidade de gemer que a Europa é “refém do gás” da Gazprom russa.

Como em tudo, também no Óleo-gasodutostão há camadas e camadas de nuanças. Moscou liberou geral e está usando todas as armas para impedir que o Irã venha algum dia a unir-se ao projeto Nabucco – porque o item 1 da agenda política dos russos é estender a 30% o que controlam do suprimento de gás para a União Europeia.

O aspecto crucial do gás do Azerbaijão depende dos campos gigantes de Shah Deniz 2. Para o que se conhece como Corredor Sul, via Itália, há dois possíveis gasodutos em competição. E há dois outros que competem numa rota Norte/Bálcãs; um deles é o Nabucco; o outro, fiel ao etos das siglas do Óleo-gasodutostão, é o gasoduto SEEP, South East Europe Pipeline (Gasoduto Sul-Leste da Euroa). Só ano que vem o mundo conhecerá o último capítulo desse infindável novelão.

Para o Corredor Sul, o favorito é o TAP (Gasoduto Trans-Adriático), joint-venture suíço-alemã-norueguesa. O TAP usará infraestrutura já implantada e ainda precisa de investimentos só para um pequeno trecho de tubos submersos, da Grécia à Itália. A empresa norueguesa Statoil é sócia, com 25,5%, na exploração dos campos de Shah Deniz 2, o que facilita muito as coisas.

Para a rota Norte/Bálcãs, é possível que a cantora gorda da ópera decida-se a favor de Nabucco. Mas o mais cotado para vencer é o projeto da British Petroleum (BP), muito mais barato que Nabucco, e que não exige, para operar, suprimento de gás do Turcomenistão.

A British Petroleum – de grande fama como poluidora do Golfo do México – é, nada mais nada menos, que acionista majoritária dos campos Shah Deniz 2. O Azerbaijão – atolado em corrupção – pode ser descrito, sem exagero, como terra (e subsolo) da British Petroleum. Até sua mais íntima aliada, Washington, sabe que o presidente Ilham Aliyev do Azerbaijão, é uma variante local de capo mafioso. Os azeris, por falar deles, andam muito populares em Washington, por cortesia do lobby israelense.

Jogamos xadrez de estilo ganha-ganha
Vencedora indiscutível, nessa complexa batalha no Óleo-gasodutostão, é a Turquia. Afinal, todo o gás que viaje do Azerbaijão até a Europa tem de cruzar a Turquia. Desde dezembro último, de fato, a Turquia e o Azerbaijão já têm, assinado e vigente um memorandum, pelo qual se comprometem a construir o óleo-gasoduto Trans-Anatólia (Trans-Anatolian Pipeline, TANAP). O TANAP, eventualmente, se integrará ao Corredor Sul.

Ainda que o Azerbaijão decida vender seu excedente de gás à Rússia, mesmo assim a Turquia ganha. A Turquia autorizou que o óleo-gasoduto Corredor Sul Rússia-Itália (Vladimir Putin-Silvio Berlusconi?) atravesse território turco, em troca de comércio e laços energéticos mais robustos com a Rússia.

O caso é que a Rússia ganha sempre. O Corredor Sul é caso de sucesso. E a Gazprom, por sua vez, já ampliou a pegada ofensiva por toda a Ásia Central; significa que quanto mais gás a Gazprom importar deles, menos gás sobrará para a Europa (a menos que decidam comprar gás que só a Rússia terá para vender...).

Com Putin de volta à presidência em maio, a estratégia que traçou em 2000 está muito claramente valendo muito mais do que pesa.

Alexei Miller, presidente da Gazprom – nomeado por Putin – está empenhado de corpo e alma em criar uma complexa economia de escala, com energia fornecida aos países da região, em espírito muito “ganha-ganha” à moda chinesa.

O governo no Azerbaijão, por exemplo, sabe muito bem que a Rússia é o único player capaz de determinar o que se faz no Cáucaso – e, além disso, oferece excelentes negócios com energia. Com o quê se chega facilmente o que os muros já gritam: a Rússia, governada por Putin, será ainda mais influente, do Cáucaso à Ásia Central.

Para que isso funcione, a Rússia tem de torpedear o projeto Nabucco. Em boa parte, já foi torpedeado pela vasta crise financeira europeia. É possível que Nabucco acabe custando gordíssimos $25 bilhões (e aumentando). “É possível” que a construção do complexo Nabucco comece ao final de 2014 e esteja concluída ao final de 2017; mas todas essas datas já foram marcadas e adiadas incessantemente, há anos. O Azerbaijão só pode fornecer menos da metade do gás. Ninguém, em lugar algum, sabe de fato qual será o jogo do Turcomenistão. E o Irã já foi descartado pela Voz do Dono – Washington.

Só o Óleo-gasoduto Trans-Cáspio (TCP Trans-Caspian Pipeline) – entre o Turcomenistão e o Azerbaijão – continua a aparecer nas cartas. Em teoria, poderia ser a ponte para que a Europa finalmente consiga algum acesso (indireto) até a riqueza energética do Mar Cáspio na Ásia Central. Ashgabat e Baku parecem estar sincronizadas – em negociações construídas por negociadores da União Europeia, com endosso dos turcos. Mas a Rússia de Putin fará o diabo, para detonar os planos do Óleo-gasoduto Trans-Cáspio, TCP.

A questão mais dramática, que mais pressiona por todos os lados, parecer ser a seguinte:

– quando, afinal, alguém acordará em Bruxelas, sairá do barato masoquista em que a União Europeia continua mergulhada, porá fim à sandice norte-americana das sanções, e começará a conversar sobre energia com o Irã?!

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Mensagem (um escândalo!) de Obama ao Irã, por ocasião do Ano Novo iraniano (Now-ruz)

22/3/2012, distribuída por Juan Cole (vídeo e resumo traduzido)
http://www.juancole.com/2012/03/obamas-hypocritical-message-to-iran.html


Em versão resumida, Obama disse aos iranianos que:

Os EUA e o Irã estão à beira da guerra, porque vocês têm um programa nuclear civil de enriquecimento de combustível atômico, semelhante ao que muitos outros países têm. Mas os EUA amamos vocês de verdade e queremos que vocês leiam sobre nosso amor fraterno pelos iranianos, pela internet.

Para isso, estamos fornecendo gratuitamente softwares de espionagem, para podermos nos infiltrar e controlar a Internet também no Irã, ao mesmo tempo em que vamos impondo controles cada vez mais mais rígidos sobre a internet no ocidente e vamos também processando – com fúria jamais vista – os vazadores que vazaram provas das ilegalidades que nosso governo comete.

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Hackers do Espaço: nenhum território inacessível

22/3/2012, Peter Geoghegan, London Review of Books, vol. 34, n.6, Blog
http://www.lrb.co.uk/blog/2012/03/14/peter-geoghegan/access-all-areas/
Em janeiro, a empresa Transport for London, do Metrô de Londres, requereu à polícia que emitisse uma “Ordem de Restrição de Comportamento Antissocial” contra quatro jovens do sexo masculino cujas identidades não foram divulgadas. Nos termos daquela Ordem, os quatro estão proibidos de falar/escrever entre eles por dez anos; de carregar equipamento que possa ser usado para explorações noturnas; e de publicar em blogs sobre ‘exploração urbana’.

O crime dos quatro? Na madrugada da 2ª-feira depois da Páscoa do ano passado, quando a segurança era máxima em torno de Londres e dentro da cidade, por causa do casamento do príncipe, aqueles quatro entraram na estação Russell Square do metrô, e caminharam pelos trilhos desertos e por dentro dos túneis fechados da estação Aldwych, abandonada.

Os quatro são militantes da organização London Consolidation Crew (LCC)[1], a mais ativa (e conhecida) equipe de exploração urbana da capital britânica. Para muitos, o grupo pratica o que se conhece como “hacking do espaço” ou “hacking de territórios”. Entre 2008 e 2011, o pessoal da LCC escalou, invadiu ou vangloriou-se de ter-se “apropriado” de espaços como a Heron Tower[2], a Strata Tower,[3] de prédios de New Court (Rothschilds Bank)[4], Eagle House[5], Temple Court[6] e de prédios de 100 Middlesex Street[7] e do complexo Shard[8].

Pessoas infiltram-se em locais onde não se deve entrar desde tempos imemoriais, mas o hacking urbano – com ênfase em locais proibidos, provas fotográficas e comentários em rede, pela internet, sobre os territórios hackeados – é fenômeno mais recente. O termo parece ter sido cunhado pelo falecido Jeff Chapman, mais conhecido pelo apelido Ninjalicious.[9] No livro
Access All Areas: A User’s Guide to the Art of Urban Exploration (2005) [Chegue a todos os lugares: guia do praticante da arte da exploração urbana], Chapman definiu a exploração urbana, ou o hacking urbano, como “infiltrar-se ou invadir áreas ou espaços restritos ou de acesso proibido, inclusive esgotos, encanamentos, torres, igrejas, respiradouros de subterrâneos, túneis em desuso, prisões, áreas militares, asilos, hospitais, minas, teatros, fábricas e estações de trem”.

Bradley Garrett, membro do LCC, que concluiu recentemente uma tese de doutoramento[10]
sobre hacking urbano, estima que haja cerca de 3.000 hackers espaciais urbanos no Reino Unido. “Para algumas pessoas, trata-se de ter contato direto com a história e com ruínas”, diz ele. “Para outros, é o desejo de estar em espaços onde não se pode(ria) estar”. Os hackers urbanos típicos trabalham em pequenos grupos fortemente coesos; e tem ativa presença online. Garrett atribui o crescente interesse pelo “hacking de espaços” ao crescimento da tecnologia de vigilância e ao estreitamento do espaço público.

Mas até os espaços acessíveis quase que exclusivamente aos hackers espaciais parecem estar também se estreitando. Estudo sobre pontos ‘frágeis’ do sistema de Metrô da cidade de Londres concluiu que é necessário gastar £240 mil [R$ 694.464,00] para reforçar os portões de aço e instalar novas portas contra-fogo em 16 estações do metrô, entre as quais Tower Hill, Mansion House e Warren Street.

Simultaneamente, uma ‘atualização de medidas antiterrorismo/extremismo para a comunidade comercial da cidade de Londres’[11]
distribuída pela Polícia da Cidade de Londres no final do ano passado, alertava contra hackers urbanos, os quais, como manifestantes dos movimentos Occupy e gangues urbanas, poderiam estar “conduzindo operações hostis de reconhecimento”.

Depois de alertar também contra o risco de uma greve de eletricitários, o memorando concluía: “Todos devem tomar as necessárias providências para que seus equipamentos de segurança sejam adequados, robustos e operantes em todas as horas do dia e da noite. Informem imediatamente à autoridade policial qualquer atividade suspeita.”


[2] Sobre o prédio, com imagens, em http://www.herontower.com/the_building/
[6] Sobre a área, com imagens, em http://en.wikipedia.org/wiki/Temple,_London
[7] Sobre o complexo, com imagens, em http://www.skyscrapernews.com/buildings.php?id=69
[9] Sobre ele, falecido em 2005, ver http://en.wikipedia.org/wiki/Ninjalicious
[10] A tese, “Place Hacking: Tales of Urban Exploration” [Hacking de espaços: contos de exploração urbana] foi defendida dia 28/1/2012; pode ser lida, na íntegra, em inglês, em http://www.placehacking.co.uk/thesis/