Ao lado de Néstor Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta quinta-feira (4) que exista um disputa entre os países e voltou a ressaltar a importância da integração sul-americana para o desenvolvimento de todos os países do Continente.
Os quatro presidentes deram entrevista coletiva em Puerto Iguazu, na Argentina, após reunião que tratou de questões energéticas e da nacionalização das reservas naturais bolivianas, decretada nesta semana por Morales.
Aos responder aos jornalistas, Lula disse não acreditar na possibilidade de uma aliança entre Venezuela e Bolívia para contrariar interesses de Brasil e Argentina. “É preciso pensar grande. O que vai nos dar dimensão internacional é a união da América do Sul”.
Para ele, os países devem agir como parceiros. “O Brasil não quer hegemonia, a Argentina não quer hegemonia, a Bolívia não quer hegemonia, a Venezuela não quer hegemonia. Queremos parceria. É assim que construiremos uma aliança continental. É assim que vamos negociar em todos os fóruns internacionais”, afirmou.
Lula lembrou que as nações do continente sempre privilegiaram as relações com os EUA e a União Européia, em detrimento dos interesses locais. “Agora resolvemos dizer que somos adultos, que temos dirigentes comprometidos com o nosso povo e que queremos estabelecer uma política de integração”, ressaltou.
O presidente brasileiro disse ainda que os conflitos, dentro dessa nova política, são naturais. “Mas é nos conflitos que vamos construir nossa unidade”, frisou, avaliando que todos os quatro presidentes têm maturidade, sabem o que representam e têm clareza do momento histórico pelo qual passa a América Latina.
“Estamos começando a fazer uma coisa que a Europa levou 50 anos para fazer”, afirmou Lula, lembrando que os europeus também tiveram “muita dor de cabeça”, mas que, no final, prevaleceu a idéia da unidade. “E nós temos uma vontade política imensa de dar uma chance à América do Sul”, concluiu.
Em relação aos negócios da Petrobras na Bolívia, Lula limitou-se a dizer que empresa, “como qualquer outra do mundo”, investirá onde houver possibilidade de retorno.
Chávez
Já o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, classificou a reunião como “franca e sincera”, afirmando ter sido uma das melhores das que já participou. Ele defendeu o direito boliviano à nacionalização de suas riquezas naturais.
“A Bolívia é um dos países mais pobres de todo o Continente. A nacionalização é um imperativo da História e de seu povo. Há divergências, mas temos de apoiar a soberania da Bolívia”, disse.
Chávez criticou a mídia por passar a idéia de que estaria havendo uma divisão entre os países. “Esta reunião acaba com qualquer especulação”, disse. E ressaltou: “Não temos outra alternativa a não ser a integração”.
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