Se os números da demanda forem confirmados pelo IBGE, ficará claro que a economia brasileira vive um novo ambiente macroeconômico, apoiado sobretudo na absorção doméstica (consumo das famílias, investimento, consumo do governo e variação de estoques).
Por Osvaldo Bertolino
Esse deve ser o retrato a ser apresentado pelo IBGE na quarta-feira, quando serão divulgados os números do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre. A previsão é de uma expansão da ordem de 1,5% em relação ao trimestre anterior, na série livre de influência sazonais, o equivalente a mais de 6% em termos anualizados. A aposta é de crescimento forte da indústria e da construção civil, favorecidas por juros em queda, expansão dos gastos públicos, aumento de renda e crédito ainda farto. A recuperação da agropecuária será outro destaque.
Para o restante de 2006, a aposta é num avanço continuado da atividade econômica, mas a um ritmo um pouco menor a partir do segundo trimestre, com a indústria avançando menos na ponta após a forte expansão de dezembro a março. Do lado da demanda, o grande destaque do primeiro trimestre deve ser o investimento, impulsionado pelos juros em queda. "Nossa previsão para a formação bruta de capital fixo (que mede o investimento na construção civil e em máquinas e equipamentos) é de aumento de 4,4% sobre o primeiro trimestre de 2005, mas uma estimativa calculada com base nos dados mensais da produção da indústria aponta para uma taxa de 9,3%, na mesma base de comparação", diz Estevão Kopschitz, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Outro ponto que chama a atenção é o resultado da construção civil, que responde por 60% da formação bruta de capital fixo (FBCF). O aumento dos gastos públicos num ano eleitoral e a expansão da oferta de crédito para o setor deram fôlego à atividade entre janeiro e março - quando a produção de insumos típicos para a construção civil cresceu 6,9% em relação ao mesmo período de 2005. A aposta de que o investimento foi bem entre janeiro e março também se deve ao consumo de bens de capital. No período, a produção doméstica de máquinas e equipamentos cresceu 9,2% sobre o primeiro trimestre do ano passado.
Produção industrial
As importações desses bens aumentaram 33,6%. Estima-se um aumento de 7,7% da FBCF ante o primeiro trimestre de 2005, e de 1,5% em relação ao quarto, em termos dessazonalizados. O consumo das famílias também vai dar um impulso importante para o PIB, num ano em que a demanda doméstica deve puxar o crescimento. Vários fatores impulsionam o consumo privado em 2006, como queda dos juros, aumento do salário mínimo e ampla oferta de financiamentos - nos 12 meses terminados em março, o volume de crédito aumentou 19,6%. Estima-se um crescimento de 6% do consumo das famílias no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2005.
Os números da produção industrial têm sido fundamentais para esses números. No primeiro trimestre, a indústria cresceu 1,2% em relação ao trimestre anterior, na série livre de influências sazonais, com destaque para a produção de bens de capital e bens duráveis. Prevês-se, ainda, um superávit comercial na casa de US$ 40 bilhões para 2006, mas as importações já crescem a um ritmo superior ao das exportações - no primeiro trimestre, as quantidades importadas aumentaram 14,5%, e as exportadas, 7,2%.
Com informações dojornal Valor Econômico
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