SEGUNDA CARTA ABERTA de Occupy Dallas, à Polícia 7/11/2011, OccupyDallas
http://www.occupydallas.org/letter-police-0
Ao Departamento de Polícia de Dallas, Texas
À atenção do Tenente Anthony W. Williams
Depois de examinar vídeos e de conversar com membros de sua organização policial, vimos que o senhor era o oficial que comandava a operação policial contra nossa passeata de ontem, que começou na praça Bank of America.
Esperávamos que lá estivesse um comandante de operação policial contra cidadãos desarmados capaz de manter o equilíbrio emocional. O que vimos foram vídeos em que o senhor aparece pessoalmente algemando manifestantes. Por isso, essa carta aberta dirigida ao Departamento de Polícia de Dallas vai endereçada ao senhor.
Primeiro, oferecemos alguns fatos, para seu conhecimento.
Não somos revolução violenta. Estamos tentando evitar uma revolução violenta.
Ontem, o movimento Occupy Dallas participava de protesto nacional, que aconteceu em todos os EUA, contra os bancos multinacionais comerciais privados que receberam bilhões do nosso dinheiro de contribuintes, a título de “resgate”. Esses bancos destruíram a economia dos EUA, recusaram-se a assumir qualquer responsabilidade e, até agora, ainda não foram criminalmente denunciados e legalmente processados, de modo a responder por seus crimes. Enquanto a economia dos EUA padecia, aqueles bancos acumulavam quantidades ridículas de dinheiro, cobrando taxas antiéticas.
Segundo a CUNA (Credit Union National Association), mais de 650 mil novas contas foram abertas em cooperativas de crédito em todo o país. Um total de 4,5 bilhões de dólares já foram transferidos de grandes bancos comerciais para cooperativas de créditos sem finalidades lucrativas e para pequenos bancos comunitários. Estamos promovendo mudanças e assim continuaremos.
Nos termos do que declarou a Assembleia Geral de New York City: “Nos dirigimos a vocês, num momento em que empresas gigantes – que põem o lucro acima das pessoas; o autointeresse empresarial, acima da justiça; e a opressão, acima da busca de igualdade para todos – comandam o governo dos EUA. Nos reunimos aqui, como é nosso direito, para tornar conhecidos esses fatos.”
Temos direito constitucional de nos reunir. E continuaremos, sem nunca nos cansar, a defender nosso direito de fazer o que estamos fazendo nas ruas e nas praças, com barracas ou sem barracas. Mesmo que nosso grupo seja agredido por intervenção policial violenta, nem assim deixaremos de exercer nosso direito de nos reunir nas ruas, pacificamente.
Ontem, vários policiais comandados pelo senhor escolheram nos atacar com violência. Há vídeos gravados em que se veem cidadãos empurrados por policiais, das calçadas públicas onde caminhavam, para o meio da rua. Um policial protegido por escudo antitumultos, com um cassetete elétrico, espanca cidadãos que se manifestavam. Empurrados para o meio da rua e cercados por meia dúzia de policiais, muitos manifestantes foram atacados com sprays de pimenta por uma policial feminina que carregava uma câmera. Essa policial pode ser vista na fotografia que acompanha essa carta, em nossa página na internet: vê-se que ela, escondida atrás de um carro, segura a pistola lança-pimenta e a câmera (http://www.occupydallas.org).
Via-se também bem claramente que vários policiais à paisana andavam pela rua, com câmeras, filmando rostos. Estamos solicitando, nos termos do Freedom of Information Act, que os filmes feitos por esses policiais não identificados como policiais nos sejam entregues, para que integrem o dossiê que está sendo preparado, com outras provas da ação ilegal da polícia em outras cidades dos EUA.
Preocupam-nos, de modo especial, as ações da Policial Jay Hollis, crachá de identificação #6896. Em vídeo filmado por manifestantes, essa policial aparece puxando uma pessoa de cima de uma mureta de mais de um metro de altura, e jogando-a ao chão. Perguntado mais tarde por manifestantes, sobre por que atacara um manifestante, a policial Jay Hollis respondeu, dando de ombros: “Ele pediu para descer”. Em vários desses vídeos, pode-se ver que o senhor estava próximo da cena, observando. Nas imagens que se veem em http://www.youtube.com/watch?v=q93BYDp9HEA, o senhor mesmo pode ver-se.
No momento, estamos tomando as seguintes providências:
1) Estamos recolhendo declarações de todos os que assistiram às ações policiais naquela manifestação. Várias dessas declarações são de pessoas que não estão participando diretamente do movimento Occupy Dallas. E um dos membros da organização Move On Dallas, que declarou que também foi agredido, manifestou interesse em iniciar processo legal. Nesse momento, o movimento Move On Dallas está redigindo sua declaração, que encaminharão para nós.
2) Estamos reunindo todos os vídeos existentes filmados durante o incidente, e especialistas já os estão examinando para identificar todos os policiais que violaram direitos constitucionais dos manifestantes. Nos interessam especificamente os vídeos nos quais se vê um policial que, com uma mão, agita uma pistola lança-pimenta e, com a outra, opera uma pequena câmara filmadora.
3) Um de nossos advogados já está redigindo os documentos necessários para iniciar ações civis contra policiais e contra o Departamento de Polícia de Dallas.
4) Daqui em diante, todos os locais de manifestações serão examinados e instalaremos câmeras filmadoras em pontos estratégicos.
5) Distribuiremos observadores com apitos entre os manifestantes. Se algum policial fardado for visto agindo de modo não compatível com a função de proteger os cidadãos que se manifestam legalmente e pacificamente, soará um apito. A esse sinal, os manifestantes estarão instruídos para imediatamente se sentarem no chão, em silêncio e calmamente, para que todos possam identificar o policial.
6) Estamos reexaminando o modo como, até aqui, temos coordenado nossos eventos com o que a Polícia nos pediu. A segurança de todos é, sem dúvida, ponto do nosso mais alto interesse, mas não se pode aceitar que informações que fornecemos ao Departamento de Polícia sobre localização e horário das nossas manifestações sejam usadas em ações violentas, de agressão policial contra as manifestações e que violam o direito constitucional de todos se reunirem em manifestações pacíficas.
7) A não violência é nossa defesa contra a violência. Quando seus policiais marcham conosco, eles apóiam, conosco, a causa de todos. Quando usam força desnecessária, os policiais, de fato, contribuem para nossa campanha de relações públicas. Nesse sentido, agradecemos sua participação.
8) Estamos encaminhando as providências necessárias para imediata soltura de todo os manifestantes que continuam detidos e que se retirem todas as acusações feitas contra eles. E também outras providências legais cabíveis.
Ontem à noite, servimos café aos membros do Occupy Dallas que se recusam a dormir até que todos os manifestantes presos sejam soltos. A caminho do centro da cidade,, vimos pelo menos uma centena de indivíduos que andavam pela rua, uma hora depois de todos os bares e clubes fecharem. Muitos deles cambaleavam, embriagados, na direção de onde seus carros estavam estacionados. Assistimos a várias brigas de rua, uma das quais filmamos em vídeo. Contamos cinco viaturas policiais ao longo de cinco quarteirões da Main St. Três delas estavam juntas, num estacionamento, a dois quarteirões de distância de uma das brigas. Ontem à noite, não há dúvidas de que o acampamento de Occupy Dallas era o ponto mais seguro de todo o centro da cidade. Subimos um vídeo, para que o senhor veja. Está em http://www.youtube.com/watch?v=pZgs1oRwDKI
Temos certeza que há mais policiais agora, vigiando nossa passeata que deverá começar dentro de uma hora – e que andará até o Memorial JFK –, do que ontem à noite, nas ruas, para impedir que pessoas embriagadas dirigissem carros pela cidade.
Nosso evento é pacífico, não se recomenda consumo de bebidas alcoólicas, e é feito como homenagem aos mais de 35 mil mortos em outros países, mártires que foram mortos na tentativa de conseguir direitos que nós, nos EUA, consideramos que são direitos humanos básicos.
Hoje, há oito de nós detidos na prisão do Condado de Lew Sterrett: um, detido por assalto; sete, detidos sob a acusação de “uso indevido de uma calçada”. Três, desses sete, à espera de investigação, para que sejam acusados de “incitar ao tumulto”.
O movimento Occupy Dallas já tomou as providências necessárias para que todos sejam libertados sob fiança. Essas providências estavam tomadas já antes das 10h da manhã do domingo. Até agora, os manifestantes ainda não foram libertados. Fomos informados de que o Departamento de Polícia de Dallas não passou as informações que deveria ter passado para os encarregados da soltura, na prisão. É flagrante violação do direito de habeas corpus já garantido aos nossos membros.
Vê-se aí que a Polícia de Dallas pratica abuso da autoridade que a polícia só tem, porque essa autoridade lhes é dada pelos cidadãos dessa cidade. É normal que os cidadãos entendam que a resposta excessiva do Departamento de Polícia de Dallas só se explique por uma das violências contra as quais estamos protestando: a corrupção.
Agradecemos, Tenente Williams, por sua colaboração.
[assinam] Os 99% de muitas décadas.
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http://www.occupydallas.org/letter-police-0
Ao Departamento de Polícia de Dallas, Texas
À atenção do Tenente Anthony W. Williams
Depois de examinar vídeos e de conversar com membros de sua organização policial, vimos que o senhor era o oficial que comandava a operação policial contra nossa passeata de ontem, que começou na praça Bank of America.
Esperávamos que lá estivesse um comandante de operação policial contra cidadãos desarmados capaz de manter o equilíbrio emocional. O que vimos foram vídeos em que o senhor aparece pessoalmente algemando manifestantes. Por isso, essa carta aberta dirigida ao Departamento de Polícia de Dallas vai endereçada ao senhor.
Primeiro, oferecemos alguns fatos, para seu conhecimento.
Não somos revolução violenta. Estamos tentando evitar uma revolução violenta.
Ontem, o movimento Occupy Dallas participava de protesto nacional, que aconteceu em todos os EUA, contra os bancos multinacionais comerciais privados que receberam bilhões do nosso dinheiro de contribuintes, a título de “resgate”. Esses bancos destruíram a economia dos EUA, recusaram-se a assumir qualquer responsabilidade e, até agora, ainda não foram criminalmente denunciados e legalmente processados, de modo a responder por seus crimes. Enquanto a economia dos EUA padecia, aqueles bancos acumulavam quantidades ridículas de dinheiro, cobrando taxas antiéticas.
Segundo a CUNA (Credit Union National Association), mais de 650 mil novas contas foram abertas em cooperativas de crédito em todo o país. Um total de 4,5 bilhões de dólares já foram transferidos de grandes bancos comerciais para cooperativas de créditos sem finalidades lucrativas e para pequenos bancos comunitários. Estamos promovendo mudanças e assim continuaremos.
Nos termos do que declarou a Assembleia Geral de New York City: “Nos dirigimos a vocês, num momento em que empresas gigantes – que põem o lucro acima das pessoas; o autointeresse empresarial, acima da justiça; e a opressão, acima da busca de igualdade para todos – comandam o governo dos EUA. Nos reunimos aqui, como é nosso direito, para tornar conhecidos esses fatos.”
Temos direito constitucional de nos reunir. E continuaremos, sem nunca nos cansar, a defender nosso direito de fazer o que estamos fazendo nas ruas e nas praças, com barracas ou sem barracas. Mesmo que nosso grupo seja agredido por intervenção policial violenta, nem assim deixaremos de exercer nosso direito de nos reunir nas ruas, pacificamente.
Ontem, vários policiais comandados pelo senhor escolheram nos atacar com violência. Há vídeos gravados em que se veem cidadãos empurrados por policiais, das calçadas públicas onde caminhavam, para o meio da rua. Um policial protegido por escudo antitumultos, com um cassetete elétrico, espanca cidadãos que se manifestavam. Empurrados para o meio da rua e cercados por meia dúzia de policiais, muitos manifestantes foram atacados com sprays de pimenta por uma policial feminina que carregava uma câmera. Essa policial pode ser vista na fotografia que acompanha essa carta, em nossa página na internet: vê-se que ela, escondida atrás de um carro, segura a pistola lança-pimenta e a câmera (http://www.occupydallas.org).
Via-se também bem claramente que vários policiais à paisana andavam pela rua, com câmeras, filmando rostos. Estamos solicitando, nos termos do Freedom of Information Act, que os filmes feitos por esses policiais não identificados como policiais nos sejam entregues, para que integrem o dossiê que está sendo preparado, com outras provas da ação ilegal da polícia em outras cidades dos EUA.
Preocupam-nos, de modo especial, as ações da Policial Jay Hollis, crachá de identificação #6896. Em vídeo filmado por manifestantes, essa policial aparece puxando uma pessoa de cima de uma mureta de mais de um metro de altura, e jogando-a ao chão. Perguntado mais tarde por manifestantes, sobre por que atacara um manifestante, a policial Jay Hollis respondeu, dando de ombros: “Ele pediu para descer”. Em vários desses vídeos, pode-se ver que o senhor estava próximo da cena, observando. Nas imagens que se veem em http://www.youtube.com/watch?v=q93BYDp9HEA, o senhor mesmo pode ver-se.
No momento, estamos tomando as seguintes providências:
1) Estamos recolhendo declarações de todos os que assistiram às ações policiais naquela manifestação. Várias dessas declarações são de pessoas que não estão participando diretamente do movimento Occupy Dallas. E um dos membros da organização Move On Dallas, que declarou que também foi agredido, manifestou interesse em iniciar processo legal. Nesse momento, o movimento Move On Dallas está redigindo sua declaração, que encaminharão para nós.
2) Estamos reunindo todos os vídeos existentes filmados durante o incidente, e especialistas já os estão examinando para identificar todos os policiais que violaram direitos constitucionais dos manifestantes. Nos interessam especificamente os vídeos nos quais se vê um policial que, com uma mão, agita uma pistola lança-pimenta e, com a outra, opera uma pequena câmara filmadora.
3) Um de nossos advogados já está redigindo os documentos necessários para iniciar ações civis contra policiais e contra o Departamento de Polícia de Dallas.
4) Daqui em diante, todos os locais de manifestações serão examinados e instalaremos câmeras filmadoras em pontos estratégicos.
5) Distribuiremos observadores com apitos entre os manifestantes. Se algum policial fardado for visto agindo de modo não compatível com a função de proteger os cidadãos que se manifestam legalmente e pacificamente, soará um apito. A esse sinal, os manifestantes estarão instruídos para imediatamente se sentarem no chão, em silêncio e calmamente, para que todos possam identificar o policial.
6) Estamos reexaminando o modo como, até aqui, temos coordenado nossos eventos com o que a Polícia nos pediu. A segurança de todos é, sem dúvida, ponto do nosso mais alto interesse, mas não se pode aceitar que informações que fornecemos ao Departamento de Polícia sobre localização e horário das nossas manifestações sejam usadas em ações violentas, de agressão policial contra as manifestações e que violam o direito constitucional de todos se reunirem em manifestações pacíficas.
7) A não violência é nossa defesa contra a violência. Quando seus policiais marcham conosco, eles apóiam, conosco, a causa de todos. Quando usam força desnecessária, os policiais, de fato, contribuem para nossa campanha de relações públicas. Nesse sentido, agradecemos sua participação.
8) Estamos encaminhando as providências necessárias para imediata soltura de todo os manifestantes que continuam detidos e que se retirem todas as acusações feitas contra eles. E também outras providências legais cabíveis.
Ontem à noite, servimos café aos membros do Occupy Dallas que se recusam a dormir até que todos os manifestantes presos sejam soltos. A caminho do centro da cidade,, vimos pelo menos uma centena de indivíduos que andavam pela rua, uma hora depois de todos os bares e clubes fecharem. Muitos deles cambaleavam, embriagados, na direção de onde seus carros estavam estacionados. Assistimos a várias brigas de rua, uma das quais filmamos em vídeo. Contamos cinco viaturas policiais ao longo de cinco quarteirões da Main St. Três delas estavam juntas, num estacionamento, a dois quarteirões de distância de uma das brigas. Ontem à noite, não há dúvidas de que o acampamento de Occupy Dallas era o ponto mais seguro de todo o centro da cidade. Subimos um vídeo, para que o senhor veja. Está em http://www.youtube.com/watch?v=pZgs1oRwDKI
Temos certeza que há mais policiais agora, vigiando nossa passeata que deverá começar dentro de uma hora – e que andará até o Memorial JFK –, do que ontem à noite, nas ruas, para impedir que pessoas embriagadas dirigissem carros pela cidade.
Nosso evento é pacífico, não se recomenda consumo de bebidas alcoólicas, e é feito como homenagem aos mais de 35 mil mortos em outros países, mártires que foram mortos na tentativa de conseguir direitos que nós, nos EUA, consideramos que são direitos humanos básicos.
Hoje, há oito de nós detidos na prisão do Condado de Lew Sterrett: um, detido por assalto; sete, detidos sob a acusação de “uso indevido de uma calçada”. Três, desses sete, à espera de investigação, para que sejam acusados de “incitar ao tumulto”.
O movimento Occupy Dallas já tomou as providências necessárias para que todos sejam libertados sob fiança. Essas providências estavam tomadas já antes das 10h da manhã do domingo. Até agora, os manifestantes ainda não foram libertados. Fomos informados de que o Departamento de Polícia de Dallas não passou as informações que deveria ter passado para os encarregados da soltura, na prisão. É flagrante violação do direito de habeas corpus já garantido aos nossos membros.
Vê-se aí que a Polícia de Dallas pratica abuso da autoridade que a polícia só tem, porque essa autoridade lhes é dada pelos cidadãos dessa cidade. É normal que os cidadãos entendam que a resposta excessiva do Departamento de Polícia de Dallas só se explique por uma das violências contra as quais estamos protestando: a corrupção.
Agradecemos, Tenente Williams, por sua colaboração.
[assinam] Os 99% de muitas décadas.
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