sexta-feira, novembro 11, 2011

EUA: saindo às pressas do Afeganistão 5/11/2011, MK Bhadakumar, Indian Punchlinehttp://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2011/11/05/us-may-hasten-afghan-troop-drawdown/

A reunião do Grupo dos 20 (G-20) em Cannes deixou à vista o quanto todos os líderes ocidentais foram encurralados contra as cordas[1].

Ao oferecer-se para sediar a reunião do G-20, o presidente Nicolas Sarkozy da França contava com servir-se do evento para exibir ao mundo seus talentos de liderança. O fracasso da reunião do G-20 pode ter comprometido todas as chances de Sarkozy reeleger-se nas eleições presidenciais marcadas para daqui a seis meses.

Sarkozy está em boa companhia, todos também encurralados contra as cordas: George Papandreou, Silvio Berlusconi, Jose Luis Rodriguez Zapatero, David Cameron; a crise na zona do euro pode ter custado alto preço político a todos esses.

Nos EUA, o impacto da situação no Afeganistão também pode ser muito forte. Com a casa pegando fogo, a guerra será a menor das preocupações dos governos ocidentais. Nesse quadro, só restará Barack Obama, condenado ao triste posto de ‘líder do ocidente’, quando seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) reunirem-se em maio, para a Cúpula de Chicago.

Nesse sentido, nada há de surpreendente na matéria publicada no Wall Street Journal
[2] – sobre o governo Obama já estar considerando apressar a ‘mudança de função’ dos soldados dos EUA no Afeganistão, de soldados combatentes para “funções de aconselhamento”, para viabilizar uma ‘retirada mais rápida’, antes do final de 2014, prazo limite.

Muito claramente, trata-se de tirar da linha de combate as tropas dos EUA, para reduzir o número de baixas e, também, os riscos políticos contra Obama, em ano de campanha eleitoral.

Evidentemente, esse tipo de decisão sempre pode ser explicada em termos das exigências da guerra – quanto antes as forças afegãs assumirem a responsabilidade pela segurança do país, melhor, etc. etc. etc. Mas trata-se, essencialmente, de retirada.

Mais importante que isso: os guerrilheiros afegãos interpretarão o movimento dos EUA como retirada apressada. Dessa percepção virá a sensação de triunfalismo que reforçará a decisão para uma avançada mais forte até a vitória, que eles já veem ao alcance da mão.

A análise da AFP sobre a ideia de apressar a retirada termina numa nota sombria: “A OTAN supervisionou expansão dramática das forças de segurança [afegãs]; até outubro de 2012, o exército terá aumentado para 195 mil homens, e a polícia, para 157 mil. Mas, dos 173 batalhões afegãos, só um, segundo avaliação pelo Pentágono, foi considerado capaz de operar independentemente da coalizão liderada pelos EUA”.
[3]