Que índio o índio quer para o Brasil?
Cismou de grassar por aí um proselitismo mofado e demagógico, da era jurássica do movimento ambientalista.
Aqui e ali, personalidades falam de índio como peça decorativa, como coadjuvante colorido de novela global.
Política indigenista para madame é deixar o índio "bonitinho", na beira do rio, pelado, posando os fotógrafos da National Geographic.
É gente que nunca esteve numa comunidade indígena de verdade. É gente que não sabe a diferença que faz, por exemplo, a penicilina num ajuntamento humano.
Essa teoria de "deixar o índio viver a sua vida" parece politicamente correta, mas somente parece.
Índios morrem de doenças tratáveis em um posto de saúde. Índios se suicidam quando não veem perspectivas de vida. Índios (vejam só!) gostam de ter energia elétrica.
Índio (muito longe da estupidez da letra do Ultraje a Rigor), gosta de viver de forma sustentável, recebendo a justa retribuição por seu esforço laboral.
Belo Monte, por exemplo, tem um grande projeto de manejo de comunidades nativas.
Porque o país de hoje mudou. Ouve seus índios, tentar incluí-los na sociedade, facilita-lhes o acesso à universidade e ao mundo digital.
Nem tudo são rosas e ainda há muita desolação, pobreza e desrespeito. Ninguém nega. Mas existe quem se preocupe, seja na Pastoral Indigenista, seja na Funai, seja no STF, seja no Ministério da Justiça ou no Ministério da Agricultura.
O Brasil oficializou como terras indígenas 109.741.229 hectares, cerca de 13% da área total do país. Isso para 800 mil índios, o equivalente a 0,4% da população brasileira.
Curiosamente, a maior parte das "ONGs" que se espalham pela Amazônia tem origem nos EUA, um país que NÃO FEZ sua lição de casa na questão indigenista.
Começou com os extermínios do general Custer e prosseguiu com políticas de segregação ou de inclusão forçada, destinadas a suprimir a cultura nativa.
Ainda hoje, os descendentes dos Sioux, Cheyenne e Apache são tratados na base do cassetete e do spray de pimenta quando se reúnem para reclamar da miséria, do descaso e do preconceito.
As celebridades da Globo parecem entender o índio como aquela figura excêntrica que fuma o cachimbo da paz e dança em volta da fogueira, nos filmes da Sessão Coruja.
Assim como seus mentores corporativos nem pensam em chutar o nativo quando o interesse direto é o do agrobusiness.
Aí, não se vê sutiã arrancado nem cara nem caretas, porque o que abunda é a hipocrisia.
Walter Falceta