segunda-feira, fevereiro 20, 2006


Investimento em energia reduz exportação de cabos

Ao contrário dos últimos anos, quando os fabricantes de cabos de alumínio cresceram impulsionados pela sua atuação no mercado externo, os investimentos em linhas de transmissão e o programa do governo federal Luz para Todos fizeram da demanda interna a maior responsável pelo crescimento do setor no ano passado. Segundo a Abal, entidade que reúne os fabricantes, a produção de cabos subiu 13,5%, passando de 111 mil para 126 mil toneladas. Grande parte deste crescimento foi devido ao mercado brasileiro, que consumiu um volume 56% maior ante o ano anterior.As exportações, que chegaram a representar metade das vendas, tiveram uma queda de 29%, totalizando 41 mil toneladas. Além do aquecimento da demanda, a valorização do real foi a maior responsável pela redução, porque diminuiu a rentabilidade das vendas externas. Este ano, as exportações devem continuar caindo, a não ser que o dólar chegue perto de R$ 2,80, de acordo com a entidade. "As empresas só estão cumprindo os contratos já estabelecidos, mas pararam de buscar novos clientes no exterior", afirmou Roberto Seta, diretor da área de cabos da Abal.Este é o caso da fabricante francesa Nexans, que continua fornecendo para alguns clientes da América Latina mas não pretende renovar os contratos, segundo o diretor-geral Octávio Carvalho. As exportações, que em 2004 representavam 25% dos negócios, começaram a cair no ano passado e hoje representam cerca de 2%.Mesmo assim, o consumo interno garantiu um crescimento de 18% no volume de produção. Segundo Carvalho, cada leilão de transmissão de energia promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) gera uma demanda de 50 mil toneladas de cabos para o mercado; já o Luz para Todos deve consumir anualmente 35 mil toneladas entre 2005 e 2008. Assim como as outras empresas do setor, a Nexans não precisou investir no aumento de capacidade porque sua fábrica em Lorena (SP) tem uma ociosidade superior a 15%, mas vai contratar 100 funcionários este ano.Carvalho disse que um dos desafios no setor tem sido lidar com a falta de planejamento nas compras de cabos para o programa Luz para Todos. Segundo ele, mesmo com capacidade superior à demanda, o parque nacional tem enfrentado momentos de sobrecarga porque os prazos estipulados pelos clientes são muito curtos. Apesar dos bons resultados no mercado brasileiro, o diretor da Nexans espera elevar as exportações para 20% assim que a cotação do dólar alcançar R$ 2,40. "É recomendável manter uma porta aberta no exterior caso os investimentos em energia no Brasil voltem a cair".Este também é o objetivo da Prysmian (ex-Pirelli Cabos), que exporta cabos de alumínio para países como Chile, Peru, Colômbia e Bolívia. Afetada pelo câmbio, a empresa conseguiu crescer 25% impulsionada pelo mercado nacional. A capacidade atual, com sobra de quase 30%, será suficiente para o crescimento que deve continuar este ano, disse o gerente nacional de concessionárias da Prysmian, Amauri Negrini.Com menor porte, a Ficap é uma das poucas empresas do setor voltada para o mercado interno. No ano passado, a fabricante, controlada pelo grupo chileno Madeco, teve um crescimento superior a 60% na produção, segundo o diretor-presidente Agílio Macedo. Em 2003, aproveitando um momento de retração no consumo nacional, a empresa fechou uma de suas fábricas de cabos de alumínio na Bahia e transferiu seus equipamentos para as unidades de Americana (SP) e do Rio de Janeiro.Além de reduzir seus custos fixos, a Ficap optou pela mudança para se aproximar dos mercados consumidores. "Este já era um plano da empresa; apenas esperamos um momento de retração de mercado, que ocorreu em 2003", afirmou. O fato de 2005 ter sido o primeiro ano em que a empresa atuou com todos os equipamentos que foram transferidos impulsionou os resultados do ano. Apesar de otimistas, os executivos estão apreensivos sobre o futuro dos investimentos em energia nos próximos anos. "A partir das eleições o setor estará diante de uma incógnita", disse Negrini, da Prysmian. (Fonte: Valor Econômico)

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