ECONOMIA & POLÍTICA - LIII 22/02/2006
From: evaristoalmeida
a) Porque uma boa parcela do empresariado não apóia Lula
Na matéria do jornal Valor Econômico publicado em 20/02/2006 deixa nas entrelinhas o porque do empresariado no geral não apoiar Lula. O fato está na clareza de que o governo Lula não vai fazer a reforma trabalhista, continuar a previdenciária, não vai dar autonomia ao Banco Central nem realizar privatizações. Os empresários brasileiros vivem reclamando da necessidade da reforma trabalhista, que segundo eles poderia aumentar o número de empregos e reduzir a informalidade. O básico da reforma é aumentar a flexibilidade na admissão de funcionários por parte das empresas. Isso implica em redução de custos, como os 40% de multa sobre o FGTS, quando o funcionário é demitido sem justa causa. Eles também querem que o 13º salário possa ser extinto ou pago em várias parcelas ao longo do ano seguinte, além da extinção do pagamento do 1/3 das férias, licença maternidade e paternidade e redução do poder dos sindicatos na negociação salarial, prevalecendo à negociação empresa a empresa, o que enfraquece os trabalhadores. Essa lei chegou a ir ao Congresso Nacional no desgoverno do FHC, mas o governo Lula mandou retirá-la. Ela simboliza a revogação da Lei Áurea e não acrescenta nada aos trabalhadores a não ser perda da renda real e da participação dos salários na riqueza nacional. Na Argentina houve a flexibilização das leis trabalhistas e houve aumento do desemprego. O que cria emprego formal é o crescimento econômico puxado pela melhoria de renda da população. Ao retirar o 13º salário a massa salarial não cresce no final do ano, como conseqüência há diminuição do consumo e do nível de emprego. A proposta dos empresários brasileiros visa apenas aumentar o lucro das empresas e diminuir o nível salarial dos trabalhadores. E o PSDB encampou a reforma trabalhista como parte da sua agenda de reformas. Só que eles não falam para o povo do que se trata essa reforma. Vão falar superficialmente, pois a população não aprova essa reforma e só através do engodo para os tucanos ganharem voto defendendo tal barbaridade. A continuação da reforma previdenciária visa dificultar a aposentadoria dos trabalhadores, sendo que FHC em palestra deixou claro que eles pretendem colocar os 65 anos como idade mínima para a aposentadoria. Na concepção dos empresários e dos tucanos, o governo gasta muito com a previdência social, principalmente no pagamento de aposentadorias. Dessa forma eles querem acabar com um dos principais programas de redução da pobreza que existe no Brasil e que beneficia a população mais pobre e os pequenos municípios, principalmente os localizados no Nordeste. De novo, ao invés de priorizar a redução dos juros, que beneficiam os mais ricos, o PSDB, junto com os empresários querem tungar os mais pobres. A autonomia do Banco Central é vista como essencial principalmente pelos bancos. A idéia é que um banco central autônomo possa fazer políticas monetárias mais exeqüíveis e consistentes. Na verdade a autonomia do banco central fortaleceria o setor financeiro que de uma vez por todas estaria livre de qualquer ingerência do controle social exercido pela sociedade. A Argentina deu autonomia ao banco central e isso não evitou a catástrofe que se abateu sobre sua economia, pelo contrário, o banco central com sua política conservadora ajudou que ela acontecesse e houve muita dificuldade para demover o presidente por causa de corrupção. O mesmo acontece na Itália em que o presidente do banco central, vinculado ao Opus Dei, segundo os jornais italianos, é acusado de corrupção, tem mandato vitalício e não pode ser desalojado da direção do banco. Falar em autonomia, quer dizer prender o banco central ao controle dos mais ricos. A política monetária tem de ser deliberada pelo presidente da República que ganha do povo o direito de exercê-la. Um punhado de tecnocratas, que desconhecem as demandas do povo e agem em interesse de grandes bancos e financeiras não estão acima do bem e do mal para saber o que é bom para a nação. Não há nenhuma evidência empírica de que num banco central autônomo a política monetária vá ser mais eficiente. O sistema financeiro também está descontente porque a tendência da queda da taxa de juros é eminente e o sistema fatura muito em cima disso. Dessa forma eles vão ter de se contentar em ter um lucro menor. Não custa lembrar que no governo do PSDB a taxa de juro básica da economia chegou a 45% ao e o juro real chegou a superar mais de 20% ao ano. E justamente a autonomia do banco central constará do programa tucano, daí os amores desses empresários por esse partido. E por fim as privatizações. Os tucanos em 8 anos repassaram aos empresários 75% do patrimônio público que levou décadas para ser construído. Foi uma verdadeira festa, 50% das ações da Vale do Rio Doce foi vendida por R$ 3 bilhões e a empresa hoje vale no mercado mais de R$ 100 bilhões. Não há paralelo na história econômica mundial. O sistema elétrico foi desmontado com a promessa de que as tarifas seriam menores. O que diminuiu foram os empregos de qualidade que essas empresas tinham, pois quem ficou com elas demitiu em massa os funcionários e contratou terceirizados, precarizando ainda mais o mercado de trabalho brasileiro. Esta é uma das causas da queda do poder aquisitivo da classe média, que tinha no serviço nas empresas estatais o baluarte da sua posição social. E o resultado prático foi desastroso, pois além da tarifa de energia elétrica ter subido muito mais do que a inflação, o serviço ter piorado, ainda houve o apagão, que custou ao país 1,5% de crescimento do PIB, ou seja, a sociedade brasileira perdeu R$ 30 bilhões, fora o custo extra para os consumidores que tiveram que arcar com o seguro apagão. Se tal incompetência fosse forjada por um governo de esquerda teria caído, pois a mídia não perdoaria e faria uma campanha sistemática para desestabilizá-lo. Mas o dotô FHC pôde terminar o seu mandato de forma tranqüila e cúmplice da imprensa. Também no processo chamado por Aloysio Biondi de privataria, não esqueçamos das fitas da privatização do sistema Telebrás em que o próprio FHC foi flagrado num esquema corrupto para ajudar o Dantas, dono do Oppotunity, para ficar com uma das empresas de telefonia. É lógico que o FHC deveria ter sido escorraçado, como uma ratazana prenhe, mas com o beneplácito dos endinheirados está ai até hoje pregando ética. As privatizações servem para deixar o grande empresário mais rico e o povo mais pobre. A chamada 2ª geração de reformas do programa tucano, engloba a privatização do Banco do Brasil, da Nossa Caixa, de Furnas, da Petrobras e redução do poder de financiamento do BNDES. O objetivo é a redução do poder regulatório do estado brasileiro deixando –o submisso aos ditames do capital privado, e todos sabem qual a sanha dele. Essas empresas constituem hoje a espinha dorsal da economia brasileira, seja na oferta de serviços e créditos ou bens como o petróleo, cuja cadeia produtiva é muito ampla e vai da fabricação de tubos até de superpetroleiros como os 46 que a Transpetro vai construir no Brasil. O desenvolvimento do Brasil como nação soberana passa pelo controle estatal dessas empresas e suas políticas de desenvolvimento econômico e social. Outra coisa que desagrada aos empresários é a fiscalização rigorosa que o governo Lula está fazendo. Os balanços estão cada vez mais apresentado lucros altos, pelo medo deles da fiscalização da Receita Federal, tendo que pagar mais impostos. “Empresários” têm sido pegos praticando contrabando como na Daslu. E todos já sabem que o PSDB é no mínimo leniente com essas práticas. Não custa lembrar que o governador tucano Alckmin foi à inauguração da loja, e que inclusive emprega duas parentas dele. A Polícia Federal está enquadrando 18 bancos, entre os quais o Bradesco, Itaú, Unibanco, Banco do Brasil, Citibank, HSBC, Bankboston, entre outros, que entre 1997 e 2003 se envolveram com uma rede internacional de doleiros para beneficiar clientes. A movimentações podem chegar a US$ 8 bilhões. Outra grande dor de cabeça do empresariado nacional, principalmente o escravocrata é a fiscalização do Ministério do Trabalho, que tem obrigado as empresas a assinar a carteira dos funcionários e atacado às fazendas que empregam trabalho escravo. Não custa lembrar que se fosse um governo tucano nenhuma dessas ações teria sido efetivada deixando o povo à própria sorte. Esses são alguns dos motivos pelos quais os empresários gostam tanto dos tucanos e não apoiarão o governo Lula. Simplesmente o presidente Lula quer uma sociedade civilizada no Brasil, coisa que hoje não existe e os empresários querem continuar e aprofundar a barbárie na sociedade brasileira, tirando o lombo do trabalhador e o esfolando para aumentar os lucros. Isso sintetiza bem a luta de classes. O velho Marx deve estar rindo na tumba.
Secos & Molhados
Rebelião pra chuchu – Rebeliões agitam o sistema penitenciário no estado de São Paulo, governado há mais de 11 anos pelo PSDB e tendo o inoperante Alckmin como governador do estado. Os tucanos não conseguiram implantar nesse período uma política consistente que considerasse recuperar o preso. Enquanto isso com a cumplicidade da mídia o desaparecido governador só pensa em fazer campanha pelo país afora. Nenhum colunista da imprensa se manifestou sobre o assunto.
Ruim pra chuchu - A Escola Estadual Soldado Eder, localizada na zona leste da cidade de São Paulo, está caindo aos pedaços. Além do prédio apresentar condições precárias os alunos são obrigados a fazer rodízio. Cada turma tem aula em dias alternados nas poucas salas que restam em condições de uso. E o “gerente” Geraldo Alckmin anda pelo país afora em campanha política. Cadê os colunistas da Folha?
CPI pra chuchu – São 67 pedidos de CPIs protocolados na Assembléia legislativa de São Paulo para averiguar irregularidades acontecidas no governo do “gerente” Geraldo Alckmin. Até agora nada, o governador barrou todas. CPI só para investigar os outros.
Licença para matar - Se a interpretação do direito dominante no tribunal de Nuremberg (aquele que julgou os crimes nazistas) fosse o mesmo do Tribunal de Justiça de São Paulo, nenhum criminoso nazista seria punido, pois todos alegariam que cumpriam ordens.
Eleitoreiro pra chuchu – Após 11 anos no governo, só agora o “gerente” Alckmin deu um kit de material escolar para os alunos da rede pública estadual. Em ano de eleição vale tudo.
Tucanaram a OAB – Foi o tempo que a Ordem dos Advogados do Brasil era uma instituição democrática. Se for levado em conta a atuação do seu presidente Roberto Busato, a instituição virou um instrumento político dos tucanos.
Tucanaram a Cultura – Os comentários do Alexandre machado no Jornal da Cultura, coincidentemente são todos favoráveis aos tucanos e o apresentador Heródoto Barbeiro dá sempre um sorrisinho de puta velha para ficar no emprego.
Contraponto
FHC disse que política é conversa. Pela conversa dele só se for fiada.
Boas Novas
Lucro recorde do BNDES – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social teve lucro de R$ 3,2 bilhões em 2005. É o maior lucro registrado na história do banco que tem prestado bons serviços ao Brasil.
Lucro recorde da Petrobras – A Petrobras registrou lucro de R$ 23,7 bilhões em 2005. O resultado é 40% acima do lucro registrado em 2004 e é o maior lucro líquido já registrado na história da empresa. Isso demonstra bem o compromisso de eficiência e gerência do governo Lula, que tem administrado as empresas públicas com o maior zelo. E também prova que o fato de ser uma empresa estatal não a priva de ser competitiva.
Banco do Brasil tem lucro recorde de R$ 4,1 bilhões. É o maior lucro da história do banco, que teve inédito retorno sobre patrimônio líquido de R$ 26,8%.
Lucro recorde da Caixa Econômica Federal – A caixa apresentou em 2005 o maior lucro da sua história, R$ 2,073 bilhões.
Show de bola – O governo Lula é brilhante também na gestão das empresas estatais. Afinal essas empresas são patrimônio de TODOS os brasileiros. No governo passado a ordem era torná-las ineficiente para convencer a sociedade da necessidade de privatizá-las. Quem não se lembra dos constantes acidentes envolvendo a Petrobras, que mais pareciam sabotagens. O drama maior da empresa foi quando a maior plataforma de petróleo do mundo a P – 36 afundou, causando perdas de vidas humanas e econômicas para o país. Atualmente a Petrobras é orgulho para todos os brasileiros com a anunciada auto-suficiência na produção de petróleo, os investimentos recordes e a empresa está ser tornando uma gigante mundial, com negócios em todos os continentes do planeta. Quando se gerencia com competência, patriotismo e ética TUDO muda e evolui.
O mapa que vai mudar a história do Brasil
Localidades de implantação de nova universidade federal e extensão de campus, feita pelo governo Lula. Todas elas são localizadas no interior do país ou na periferia das capitais.
Frases
“Nós, ao terminar o ano de 2006, vamos estar construindo um quinto de tudo o que foi feito de curso universitário em toda a história de cursos universitários neste país”.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“É um sonho estar aqui, porque Lula luta não só contra a pobreza no Brasil, mas também contra a pobreza no mundo, como na África. Estou muito animado com isso”.
Bono Voz, líder do u2.
“Obrigado presidente Lula”.
Bono Vox, no encerramento de show no Morumbi.
“...Dizer que a lista é falsa só porque não tem ninguém do PT é um argumento muito frágil. Quando o Serra estava à frente nas pesquisas eleitorais, elas eram confiáveis. Agora que ele está “apanhando” de Lula, a pesquisa é mentirosa e o governo é acusado de fraudar o levantamento. Tenham a santa paciência! O PSDB pode ser tucano, hiena, jacaré e muitos outros bichos. Só não podem achar que o povo brasileiro é burro.”
Carlos Marcelo, Cartas Capitais, revista Carta Capital Nº 381.
“Vou ganhar dinheiro PRA CHUCHU, aliás vou ganhar dinheiro DO CHUCHU! E deposito no Caribe! E um bom slogan seria esse: “Vai dar mais que chuchu atrás do Serra”.
José Simão, Folha de São Paulo, 22/02/2006.
“...eu tenho um slogan pro Serra Vampiro Anêmico: Serra presidente, tomara que o nosso fiofó agüente”.
José Simão, Folha de São Paulo, 22/02/2006.
Poesia
· O PROFETA
· Pushkin
· Errava, espírito sedento,
· pelo deserto e, frente a mim,
· surgiu com seis asas ao vento,
· na encruzilhada, o serafim;
· ele roçou, com dedos vagos
· qual sono, meus olhos pressagos
· que abriram-se com a presteza
· dos olhos de uma águia surpresa.
· Roçou então os meus ouvidos
· e eles se encheram de alarido;
· notei que o céu fremia lento,
· e anjos voavam nas alturas,
· répteis rojavam na água escura,
· crescia no vale o sarmento.
· Chegou-me à boca e me pôs fora,
· rasgada, a língua pecadora,
· afeita a empáfia e fingimento,
· e introduziu, entre meus lábios
· gelados, com punho sangrento,
· um aguilhão de ofídio sábio.
· Vibrando o gládio com porfia,
· tirou-me o coração do peito
· e introduziu carvão que ardia
· dentro do meu tórax desfeito.
· Jazia eu hirto no deserto
· e Deus me disse: “Olhos abertos,
· de pé, profeta e, com teu verbo,
· cruzando terras e oceanos
· cheio do meu afã soberbo,
· inflama os corações humanos!”
· ( Tradução de Boris Schnaiderman/ nelson Ascher )
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