segunda-feira, janeiro 09, 2006






Combater fogo,
com fogo.


Acabo de receber a msg de publicidade do Estadão, querendo ME vender assinaturas.
No clique do "Reponder", já estou mandando, de volta, o 'manifesto' de hoje.
Se mais gente fizer o mesmo, é possível que atrapalhemos um pouco esse coro de contentes. 8-)

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‘Mídia’, política e grana: o “pôquer de doido” dos jornalões paulistas

Aparentemente, no Brasil, na disputa pré-eleitoral pelos jornalões e televisões, já estamos totalmente enrolados num jogo de “duplo cego”, como se diz de um certo tipo de pôquer, em que se deixa quase tudo entregue ao acaso e todas as cartas são fechadas. Os metidos a macho chamam esse pôquer de “pôquer de macho”. Os capitalistas chamam de “pôquer de doido”.
De qualquer modo, não tenho dúvidas de que está em andamento, na luta entre a mídia-empresa e a opinião pública, no Brasil, na disputa eleitoral, dois tipos simultâneos de pôquer de “duplo cego”.
De um lado, a mídia-de-jornalão pega cada dia mais pesado e, pra piorar, pega cada dia mais explicitamente muuuuuuuuuuuuuito pesado, contra o governo. E isso já está cansando o leitor-telespectador.
Não pode haver dúvidas de que TODOS os leitores já estão cansados da sem-vergonhice 'midiática' no Brasil, nos últimos meses, em que Lula e o PT fazem sempre ‘tudo errado’, sempre, sempre; e em oposição a um tucanato ‘preventivamente’ absolvido de todas as suas muitas falcatruas e maracutaias fartamente comprovadas; e desse tucanato apresentado como “acima de qualquer suspeita”, a leitores que são tratados, pelos jornalões, como perfeitos imbecis.
O leitor NUNCA é perfeitamente burro. E ele cansa rapidamente desse bobajol de doido. O cansaço do leitor já está aparente, hoje, até, no número cada vez maior de “Cartas do Leitor” que defendem o governo – e que os jornalões não publicam mas, é claro, lêem e contam e vêem aumentar todos os dias. Insistir nessa ‘estratégia’, enrolará todos os jornalões num pôquer que, além de ser “pôquer de doido”, sempre terá algo de suicídio, no plano comercial empresarial.
Os leitores militantemente reacionários não gostam dessa loucurada de os jornais demonizarem o governo – e de TANTO o demonizarem, tanto, sem trégua – , porque os leitores mais militantemente reacionários NUNCA GOSTARAM de ver sua militância reacionária assim tão exposta, como ela tem aparecido em Veja, Estadão, Folha de S.Paulo etc. Esses caras mais militantemente reacionários são de operar na sombra e eles NÃO GOSTAM, mesmo, nunca, de se verem assim expostos à luz do dia, dando tanta bandeira de que eles mentem tanto. A exposição, nesse caso, é péssima para os negócios.
Por outro lado, os leitores da classe média apenas burra ou emburrecida, também já estão cansados de tanto ‘malho’ contra um presidente eleito, porque essa classe média ainda conserva algum bom-senso.
Esse 'bom-senso' é uma espécie de talento de sobrevivência, na classe média, para que ela consiga continuar 'média', quero dizer, 'convencida de que não tem lado'. Para que a classe média, até a mais emburrecida, possa continuar a sentir-se segura, como 'elite-que-não-tem-lado', é indispensável que se mantenha, na sociedade em geral, a idéia de que HÁ LADOS políticos e de que há disputa política.
Não precisa nem haver disputa política ‘real’ entre quaisquer dois lados ‘reais’: basta, para que a classe média consiga sentir-se ‘segura’, porque ‘superior’ às disputas políticas, que se 'veja' alguma disputa; mesmo que a tal ‘disputa’ seja só uma farsa Onde e quando até a farsa desapareça completamente, e mesmo que desapareça apenas pq um dos lados, dentro da farsa, já 'apagou' completamente o outro lado... a classe média fica perdida e desnorteada.
Esse desnorteamento também se manifesta no cansaço dos leitores ‘médios’, da mídia-de-jornalão, no Brasil, em 2005-6.
De fato, até classe média brasileira mais burra já começa a pensar coisas como... "mas é claro que toda a salafrarice do mundo não está concentrada só no PT! Que negócio é esse?!".
Pra piorar, esse tipo de atitude bom-sensista, muito facilmente leva à indiferença total. E nenhuma indiferença total levará a classe médoa a votar em NENHUM tucano. Essa indiferença total muito mais facilmente levará a classe média a votar em branco... O que pode não interessar NEM aos tucanos se, por acaso, eles chegarem a uma posição a partir da qual possam pensar, realmente, em derrotar Lula-candidato.
Só por isso, até aqui, a mídia-de-jornalão, no Brasil, já deveria estar pensando em melhorar suas estratégias de campanha político-eleitoral. Do jeito que vai, a bandeira tá muita e bandeira-muita, como se sabe, é coisa de otário.
Pra piorar, contudo, o que faltasse piorar prô lado da mídia-de-jornalão tucana, hoje, no Brasil, a GRANA – sim, S. Excia. “O Acionista” e S. Excia. “O Anunciante” – também começa a preocupar-se, e muito, com esse malho de bandeira-muita, sempre contra o governo.
Em primeiro lugar, nenhuma grana, no Brasil, jamais foi antigovernista, por muito tempo. E assim, dada a real possibilidade de que Lula seja reeleito, a GG (Grande Grana) também está começando a dar sinais de que não está gostando de tanta sem-vergonhice 'midiática', antigovernista, hoje, no Brasil. “E se Lula for reeleito?” – essa é a pergunta que a GG já começa a fazer-se, muito pragmaticamente.
Não é verdade que toda a grande grana, hoje, no mundo, sempre estará contentíssima por aparecer casada ou com os ruralistas mais atrasados (do Estadão) ou com a TFP mais atrasada (da Folha de S.Paulo); ou com os Mainardis, perfeitos-doidos; ou com os Jabores, perfeitos-idiotas (ou vice-versa). E, além disso, seja pra que lado for, a grande grana também prefere operar nas sombras, sem dar bandeira-de-otário e sem entrar em nenhum pôquer de doido.
Assim tudo indica que a GG já começa a desconfiar, sim, de que a salafrarice 'midiática' pró tucanaria paulista pode estar dando a mó bandeira, sim, de que os jornalões paulistas estejam manifestando – já quase que exclusivamente – os desejos político-partidários-elitistas dos DONOS dos jornais paulista.
É quando se acendem todas as luzes de alrme máximo, de todos os painéis mercadológicos de todos os ACIONISTAS e de todos os ANUNCIANTES dos jornalões da tucanaria paulista.
De fato, no plano absolutamente IMEDIATO e no curto prazo, a verdade verdadeira é que, até segundo aviso, dá na mesma, para os acionistas e anunciantes de jornais/revistas, que seja eleito Lula ou Alckmin ou Serra ou FHC-Sérgio-Motta-Delúbio em pessoa, ou até, mesmo, o próprio Valério-em-carne-osso-e-faixa-de-ouro... desde que os jornais continuem a vender. Quando e onde os jornais comecem a perder leitores... qualquer acionista e qualquer anunciante estrilará.
Não tenho dúvidas de que, a qualquer momento do futuro bem próximo, algum grande acionista ou algum grande anunciante do Estadão, da Folha de S.Paulo, de Veja etc., e que veja despencar o número de leitores/espectadores dos ‘seus’ respectivos jornais e revistas e televisões (quero dizer, dos seus negócios e de suas empresas comerciais), encher-se-á, de vez, o saco.
Esse grande acionista ou grande anunciante cansar-se-á, de vez, dos xiliques desse pôquer de doido que está sendo jogado, hoje, à moda dos Mesquitinhas e Friazinhos e Civitazinhos e Marinhozinhos e ACM-Kids. Nesse momento, bastará esse grande acionista ou grande anunciante pegar o telefone e ligar prôs doidos-lá, nas redações e sucursais dos jornalões, e perguntar-lhes, na lata, por exemplo: “Mas que negócio é esse aí, nesse jornaleco? Quem é que manda nesse jornaleco?! É o Friazinho-o-maluco, ou sou eu, o anunciante? O Mesquitinha-aí, ou eu, o acionista?”
O capitalismo tem excelentes meios para democratizar a mídia. De fato, hoje, no mundo, o capitalismo tem excelentes meios para MODERNIZAR a mídia, também no plano dos conteúdos e dos discursos político-midiáticos. Basta os capitalistas acordarem, no Brasil. E capitalista é o seguinte: eles SEMPRE acordam.
Caia Fittipaldi [9/1/2006]
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