sexta-feira, janeiro 13, 2006
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Brasil
O fantástico editorialista do JB
Fernando Soares CamposLa Insignia. Brasil, janeiro de 2006.
A julgar pelos termos do editorial do Jornal do Brasil hoje, 02/01/2006, o editorialista tem controle de tudo que se passa na redação do jornal, ou, pelo menos, daquilo que diz respeito à sua área de competência. Pelo visto, o editorialista do JB tem o poder de saber o que ocorre em qualquer reunião da qual não participou, mesmo antes que alguém lhe conte os detalhes da reunião: as questões discutidas, as propostas apresentadas e o que foi decidido. As atividades no JB devem ser controladas por sistema de áudio e vídeo à maneira de um Big Brother, e o editorialista acompanha passo a passo, detalhe por detalhe, cada suspiro, cada espirro e até os flatos que por acaso alguém libere.
Eis um trecho do editorial "Lula não sabe o que acontece no Planalto" (JB, 02/01/2006).
"A julgar pelos termos da entrevista dada ao programa Fantástico, da Rede Globo, transmitido na noite de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem controle do que se passa no Palácio do Planalto nem em seus ministérios. Indagado pelo repórter Pedro Bial se tinha conhecimento ou não do mensalão, Lula afirmou que tem tanto controle sobre o que os servidores fazem quanto o jornalista:
"- Só tem três hipóteses de você saber das coisas. Você está aqui comigo no terceiro andar e tem gente trabalhando no quarto andar, tem gente trabalhando no segundo, tem gente trabalhando nos ministérios. Nem eu nem você sabemos o que está acontecendo. Então, como é que você sabe? Quando você participa da reunião ou quando alguém que participou te conta ou quando sai uma denúncia - afirmou [o presidente]."
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Para o editorialista, "apenas" participar, tomar conhecimentos por intermédio de quem participou, ou através de alguma denúncia, é muito pouco para se manter o controle do que se passa no Palácio do Planalto ou nos ministérios.
É evidente que o presidente falou do momento em que as coisas estão acontecendo: "Você está aqui comigo no terceiro andar e tem gente trabalhando no quarto andar, tem gente trabalhando no segundo, tem gente trabalhando nos ministérios". No entanto, baseado no editorial do JB, pode-se deduzir que o presidente Lula teria obrigação de ser Onipresente, Onisciente e (não menos importante) Onipotente (tudo com maiúsculas).
Senhor editorialista, V. Sa. já ouviu falar em omissão? Algum subordinado seu já omitiu algum detalhe de suas (dele) atividades? Não?! O senhor é um privilegiado.
Senhor editorialista, entendi que o presidente Lula estava afirmando que não tem o poder da ubiqüidade e que as coisas, eventualmente, acontecem fora do nosso controle, digo, do controle de qualquer mortal. Só isso.
Senhor editorialista, V. Sa. sabe quantas pessoas vão ao banheiro aí na redação diariamente, a que horas e quanto tempo demoram por lá? Pode até saber, basta que alguém controle as entradas e saídas e o certifique de tais detalhes. Mas, por acaso, poderia informar quantos litros de mijo foram vertidos ou quantos quilos de merda/dia foram cagados? É possível.
Senhor editorialista, o jornalista Pedro Bial lembrou ao presidente aquela coisa da mulher de César precisar, além de ser honesta, parecer honesta. Porém, no nosso país, senhor editorialista, parece que basta parecer. Ou "parecer" é mais importante que ser. O senhor e alguns candidatos a candidato a presidente da República parecem preocupados com a eficiência do presidente Lula, pelo bem do Brasil. Parecem, parecem...
Senhor editorialista, sua mulher vai ao dentista desacompanhada?
Mando aí, cortado-colado, pra facilitar, uma ÓTIMA resposta-na-ponta-da-língua, que nosso companheiro Fernando Soares Campos publicou em La Insignia (em http://www.lainsignia.org/2006/enero/ibe_003.htm). Caia
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