segunda-feira, dezembro 05, 2005


PT unido jamais será vencido!

Discurso da companheira Marta Suplicy no 16º Encontro Estadual


Companheiras e companheiros,

Este 16º Encontro Estadual é uma prova da vitalidade de nosso partido. Ele se apóia no voto maciço da militância petista que, renovando suas direções, mostra que o objetivo principal de nossos adversários já fracassou: o PT está vivo e atuante pela vontade de suas bases, pela sua militância aguerrida, e nossos adversários, queiram ou não, vão ter que agüentar esta “raça” durante muito tempo, ainda.
Nosso Encontro Estadual se reúne em um momento grave para o partido. Aproveitando-se de erros cometidos nos planos político e ético por alguns dirigentes, a oposição raivosa e setores da mídia desfecharam uma sórdida campanha contra o PT, cujo objetivo imediato é o de impedir a reeleição do presidente Lula. A sanha dos nossos adversários é tamanha que não relutaram em cassar – sem nenhuma prova concreta – o mandato popular do companheiro José Dirceu. Cassado por eles, mas não pelos seus milhares de eleitores, nem pelos petistas que continuam solidários a ele e ao João Paulo, ao José Mentor, ao Professor Luizinho – neste momento também sob julgamento na Câmara dos Deputados.
Presidente Paulo Frateschi, reeleito por nós todos para um novo mandato: não podemos fechar os olhos para o que aconteceu e sim enfrentar a realidade. Militante antigo e experimentado, você sabe muito bem quão duro será o embate com as forças que operam para destruir nosso governo, tentando recuperar o poder por elas perdido. Vamos ter que suar a camisa para reeleger o Lula. E mais ainda aqui, no Estado de São Paulo, de onde sairá o candidato tucano e no qual se concentra a principal força da oposição ao governo federal.
Porém, precisamente quando a situação é mais difícil, quando a vitória é incerta e quando nossos adversários estão mais agressivos, se espera dos militantes petistas, e mais ainda dos dirigentes, que assumam suas responsabilidades e não fujam da luta. Mais que nunca é hora de botar a estrela no peito, desfraldar nossas bandeiras e defender nossa história, nossos companheiros e os nossos governos!
Não faço cálculos oportunistas sobre nossas possibilidades de vitória, para assumir meu compromisso com a militância. Ouvi de um velho militante das lutas libertárias internacionalistas – o companheiro Apolônio de Carvalho, fundador do PT cuja memória neste momento reverenciamos –, que a única batalha perdida de antemão é aquela que nos recusamos a participar. O resultado da luta é a luta que vai definir. Eu estou pronta e tenho certeza de que a militância do PT também.
Como tenho afirmado no meu balanço dos resultados das eleições municipais, as vitórias eleitorais de nossos adversários em Estados importantes – como São Paulo e Rio Grande do Sul – revelaram um certo descontentamento de setores médios assalariados com o lento processo de recuperação econômica. Traduzia certa impaciência, como se fosse possível com uma mágica apagar o gigantesco endividamento do país promovido pela irresponsabilidade do PSDB-PFL durante o governo FHC. Expressava, e ainda expressa, uma real dificuldade para explicar e defender a política do governo Lula, muito embora nada justifique o próprio PT ignorar os êxitos obtidos em tão pouco tempo pelo governo federal.
Não quero cansá-los citando todas as conquistas obtidas nos últimos 3 anos. Mas, ter conseguido, ao mesmo tempo, criar 3 milhões e meio de empregos novos com carteira assinada; reduzir a inflação que golpeia os mais pobres; quebrar todos os recordes de exportação; não aumentar a carga tributária que onera a produção; e reduzir o endividamento público, realizando o maior programa social de nossa história com mais de 8 milhões de famílias recebendo o “Bolsa família” – tudo isso constitui uma vitória extraordinária. E é graças a ela, nos apoiando nos resultados obtidos, que a grave crise política que atingiu o governo e o PT poderá ser superada.
Temos que completar a obra realizada neste primeiro mandato, assegurando um crescimento gerador de mais empregos e reduzindo, com nossos projetos sociais, a desigualdade na distribuição das riquezas produzidas. A ação do Estado é o fator essencial da redistribuição e nossos adversários vão querer limitar esta ação libertadora.
Pela primeira vez desde 1992, os resultados obtidos na redução da miséria comprovam que é possível atacar com energia as desigualdades sociais, distribuir renda e manter rigor no ajuste para poder continuar a sanear um Estado endividado pela péssima gestão das finanças públicas feita pelo governo PSDB-PFL. Ou alguém pode esquecer que a dívida que hoje requer superávits enormes para ser equacionada e diminuída foi contraída pela gestão irresponsável de Fernando Henrique Cardoso?
Ao mesmo tempo é legitimo exigir mais audácia e mais resultados na ação de nosso governo, em todos os seus ministérios, sem mudar o rumo e sem exigências irrealistas.
Se nosso partido aqui na Capital está forte, como está forte na Grande São Paulo, na Baixada e em todo o Interior; se nossas bancadas na Câmara e na Assembléia conseguem agir como oposição firme, combativa e coesa, muito se deve ao exemplo do trabalho realizado pelas nossas prefeituras. Já tive a oportunidade de conversar sobre isso com o Edinho, nosso prefeito de Araraquara; com o João Avamileno, de Santo André; com o Filippi, de Diadema; com o Geraldinho, do Embu. A própria ex-prefeita Maria Inês, de Ribeirão Pires, e o Emídio, aqui vizinho em Osasco, quando ainda era deputado, puderam testemunhar a experiência que vivenciamos em São Paulo.
Aqui, compusemos o governo com todas as correntes de opinião e forças representativas do PT e com partidos aliados. Foi a construção de uma ampla política de alianças – com base programática e sem concessões de princípios – que possibilitou a aprovação da maioria de nossas propostas. Graças à ação unitária dos petistas e ao comportamento ético do governo, tornamos os projetos sociais marca registrada do modo petista de governar, com o Renda Mínima, o Bilhete Único, os CEU’s, os Telecentros, o Vai e Volta, os uniformes e material escolar, a merenda de qualidade, os Passa-Rápido, o orçamento participativo e a descentralização com as subprefeituras. Essas marcas permanecem tão vivas na consciência da nossa população, que resistem a todos os ataques para desmerecer o enorme trabalho realizado. Mais que isso: obrigam a atual administração a anunciar a construção de mais cinco CEU’s para tentar se apropriar do prestígio de nossa atuação, em particular na educação.
Uma grande lição que nunca me canso de repetir: a principal razão do sucesso foi o fato de o PT ter marchado unido. Partido e governo municipal coesos, cada um cumprindo seu papel, sem dar chance à ação nefasta dos inimigos.
Por tudo isto, apesar da gravidade da crise, da necessidade de aprofundar a discussão interna sobre nossos problemas, é de todo incorreto incorporar, no campo da saudável luta política de idéias, argumentos da mídia e de nossos adversários na expectativa de avantajar-se no debate. O importante é que agrupemos fraternalmente todas as nossas forças para frear a ofensiva desfechada contra o nosso governo e o PT. Chega de ajoelhar no milho! É hora de retomar a iniciativa e avançar.
Este Encontro Estadual deverá traçar diretrizes programáticas, definir táticas e fixar as tarefas do PT para o próximo período. Está na pauta, também, o estabelecimento de normas para a escolha de nossas candidaturas majoritárias e proporcionais. Caberá ao conjunto dos filiados, no caso de eventual disputa, escolher quem encabeçará nossa chapa para concorrer ao governo do Estado. E entendo que todas as forças internas do PT devam participar na elaboração das propostas de governo que apresentaremos aos eleitores.
No Instituto São Paulo de Políticas Públicas, que presido, e que foi criado para preservar e difundir as realizações de nossa gestão, estamos concluindo, com a inestimável contribuição do professor Wilson Cano e equipe, um diagnóstico aprofundado do Estado de São Paulo. O estudo – praticamente o primeiro a analisar a situação de todas as regiões pós-privatizações – oferecerá uma base de dados consistente para que o PT (seja qual for a candidatura majoritária escolhida) possa elaborar um programa capaz de mudar os rumos de nosso Estado.
Defendo, também, que o programa a ser apresentado pelo PT aos eleitores deva ser o produto da experiência de todos nós e não somente fruto de elaboração intelectual.
Este programa, em minha opinião, deverá trabalhar com metas realistas e alternativas concretas em áreas-chave: educação, segurança, projetos sociais e transporte, desenvolvimento regional e emprego. A ação realizada nas nossas prefeituras e em particular conquistas como o Bilhete Único, Ceu’s, etc. serão comparadas com dez anos de governo tucano-pefelista, que mesmo contando com algumas realizações positivas, deixa muito a dever em questões essenciais.
Este confronto de propostas e de realizações é aquele que a população deseja e nele temos tudo para ganhar.
Como afirma o texto de conjuntura apresentado ao Encontro em nome da Executiva Estadual: “A Febem é o melhor exemplo da política implementada pelos tucanos. Estão sob responsabilidade da Febem 19.089 adolescentes, dos quais 6.300 em regime fechado, um projeto falido herdado do regime militar, no qual o governo do PSDB foi incapaz de mudar e de implementar as políticas propostas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O descumprimento do ECA tem trazido conseqüências terríveis, e os tucanos se mostraram incapazes de formular uma resposta definitiva ao problema.”
“São Paulo precisa de um governo capaz de sacudir o marasmo que se apossou do Estado. São Paulo precisa de um governo capaz de priorizar o desenvolvimento, a distribuição de renda e o emprego, de romper com as discriminações de gênero e raça/etnia, de apoiar os adolescentes e a juventude, de garantir a segurança pública, de implementar uma reforma democrática e participativa, de conferir ao Estado um novo protagonismo no contexto de um pacto federativo democrático. Os desafios são muitos.”
Caro Frateschi, companheiros e companheiras,
Sei que já falei bastante, mas quero aproveitar o tempo que resta para uma conversa mais direta, mais coloquial com os delegados e delegadas a este Encontro.
Desde que deixei a Prefeitura de São Paulo, tenho viajado bastante pelo Estado, sempre recebida com muito carinho, como podem testemunhar vários companheiros e companheiras que vejo aqui hoje.
Na verdade, devido às tarefas em São Paulo e na Executiva Nacional como vice-presidente do PT (que absorveram quase todo o meu tempo), não consegui visitar todas as regiões que desejava, como na campanha de 1998, quando sendo deputada federal consegui, junto com a nossa militância, empatar com Mario Covas. Agora, porém, tenho tido ocasião de mostrar muito do que fizemos em São Paulo e que não tínhamos conseguido divulgar de forma mais ampla.
Reforcei minha convicção de que as propostas de desenvolvimento regional – que captem a diversidade, os contrastes, as vocações diferenciadas e as potencialidades longamente represadas por governos ineptos – devem ser o alicerce e a riqueza de nossas alternativas para o governo.
Aprendemos em São Paulo que a democratização do poder – com os Conselhos, o Orçamento Participativo e as Subprefeituras – pode ser um dos eixos de nosso futuro governo no Estado. Descentralizar o orçamento e o poder em direção às várias regiões administrativas do Estado, mediante planos concretos de desenvolvimento, formação de consórcios e iniciativas conjuntas de prefeituras é um outro caminho para sacudir a pasmaceira tucana. Basta da política de buscar recursos no Palácio com pires na mão! Um governo do PT respeitará os prefeitos, sem discriminá-los partidariamente, pois o fundo público é de toda a população.
Como militante do PT, tenho como prioridade do próximo período empenhar-me ao máximo para reeleger o Lula e, assim, dar continuidade a nosso projeto histórico de construir um país mais justo, solidário, fraterno, sem exploração nem discriminação de qualquer espécie. Penso que uma vitória em São Paulo e em outros Estados, com o reforço de bancadas parlamentares do nosso campo, concorrerá para a vitória do nosso presidente e lhe ensejará condições políticas mais favoráveis num segundo mandato.
Todos e todas aqui sabem, pela minha trajetória, que nunca fiz da política ou do exercício de mandatos um projeto pessoal. E que também sempre procurei dar o melhor de mim em defesa das causas do nosso partido.
Por isso, tendo conversado com petistas de várias regiões do Estado, sendo estimulada por lideranças, parlamentares, prefeitos (inclusive de outros partidos), senti que posso pleitear a candidatura do PT ao governo em 2006.
No início desta semana, resolvi procurar o companheiro Lula, nosso presidente de honra, e só ouvi dele palavras de estímulo, sem que isso signifique – como é natural – qualquer tomada de partido a favor desta ou daquela candidatura na hipótese de prévias entre nós.
Na abertura deste Encontro Estadual, foro apropriado para qualquer postulação, assumo perante vocês minha pré-candidatura a governadora do Estado de São Paulo. E, se a militância do PT me escolher, eu estou disposta para mais esta empreitada.
Sinto que a vitória é possível. Creio também – sem soberba ou menosprezo a outros eventuais candidatos – que, pela primeira vez, uma mulher poderá chegar ao Palácio dos Bandeirantes.
Mas não tenhamos ilusões. As campanhas de difamação orquestradas contra o PT não irão cessar durante a campanha, seja quais forem nossos candidatos. O que fizeram comigo em São Paulo, o que estão fazendo com o Lula, o que fazem com nossos prefeitos, parecerá pouco diante do que está por vir.
Se a gente quiser ganhar, se queremos uma campanha pacifica, limpa e discutindo propostas, temos de nos preparar para a guerra que farão contra nós. Aqueles que desvirtuam as CPIs abertas no governo Lula, mas que mantêm na fila, sem possibilidade de votação, mais de 60 CPIs na Assembléia Legislativa de São Paulo!
A decisão será dos filiados e militantes, do debate democrático e do seu voto. O PT sabe que pode contar comigo, que mesmo nos piores momentos jamais pensei em jogar a toalha. Minha vocação é a participação das bases, é a unidade do partido, é o apoio ao governo federal e à reeleição do Lula. Iremos para a luta de cabeça erguida, sem nos vergar, com a consciência limpa e o espírito acirrado.
Somos Lula e somos PT, com muita honra!
Vamos à luta, companheiras e companheiros, o povo brasileiro precisa de nós.
PT unido jamais será vencido!
Obrigada

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