sábado, dezembro 10, 2005
Carta Capital
Conexões Perigosas – pág.21
Do Comendador para o PSDB
O ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, conhecido como Comendador, um dos chefes do crime organizado no Mato Grosso, pode ter montado uma “lavanderia” de dinheiro para o PSDB para financiamento ilegal de campanhas políticas. Essa é a conclusão do juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal de Cuiabá. Ele afirma ter documentos que provam a existência de um duto de dinheiro sujo montado pelo Comendador para a campanha eleitoral de 2002 do senador Antero Paes de Barros. Ao todo, o político tucano teria recebido R$ 5,7 milhões de Arcanjo.
Reportagem do Correio Brasiliense, com base em informações do juiz Julier da Silva, demonstra que a quebra de sigilo bancário e fiscal de cinco factorings ligadas a Arcanjo revelou o caminho do dinheiro em Mato Grosso. Os milhões do Comendador saíam dessas empresas e iam para as mãos de João Dorileo Leal, superintendente do Grupo Gazeta de Comunicação (rádio, jornal e TV), de Mato Grosso.
Em depoimento à Justiça Federal, o ex-contador de Arcanjo, Luiz Dondo Gonçalves, afirmou que Dorileo repassava os recursos para a campanha derrotada do senador Antero Paes de Barros ao governo do estado. No dia 25 de outubro, o juiz Julier determinou à Polícia Federal e à Receita a abertura de investigações para apurar essa relação.
José Arcanjo foi condenado a 37 anos de prisão por lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e formação de quadrilha. O Comendador, preso no Uruguai desde 2003, deverá ser extraditado em breve. Investigado pela CPI do Banestado, presidida por Paes de Barros, o ex-policial (Arcanjo) não foi citado no relatório.
O senador do PSDB nega as ligações e acusa o juiz Julier de estar a serviço do PT. Segundo Paes de Barros, a acusação é decorrente de o jornal A Gazeta, do qual João Dorileo Leal é superintendente, ter feito denúncias de esquema de caixa 2 na campanha do então candidato petista, Alexandre César, a prefeito de Cuiabá. Em discurso no Senado, o tucano acusou Julier e defendeu Dorileo. “O juiz está cometendo um grave atentado à liberdade de imprensa e usando sua toga com finalidade política”, afirmou.
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