Em diálogo telefônico com uma liderança do PT, Lula disse que deseja ver o partido longe do que chama de “baixaria” eleitoral. Condenou as investidas de petistas contra Lu e Thomaz Alckmin, respectivamente mulher e filho do candidato tucano Geraldo Alckmin. “Família”, disse o presidente, “não é assunto para campanha”.
Lula expressou opinião semelhante em contatos com auxiliares que têm algum tipo de interferência na cena política. Ao ministro Tarso Genro (Coordenação Política), afirmou que a busca da retaliação, envolvendo inclusive questões familiares, serve apenas para envenenar a conjuntura. Acha que o PT e o governo devem priorizar o debate programático, com ênfase nos projetos –Bolsa Família e Agricultura Familiar, por exemplo— e iniciativas do governo –recuperação do salário mínimo e investimentos em educação.
Ao líder petista com quem conversou pelo telefone, Lula manifestou o receio de que o PT esteja se deixando enredar no que chama de “jogo da oposição”. Ao ministro Genro afirmou que espera que o partido e os membros do governo, sem recusar o debate ético, privilegiem em suas intervenções a discussão de projetos para o desenvovimento do país.
Chamou especial atenção de Lula o noticiário a respeito de uma articulação encabeçada pelo PT na Assembléia Legislativa de São Paulo, para convocar Thomaz, o filho de Alckmin. Daí o telefonema ao líder do PT.
O petismo da Assembléia paulista quer inquirir Thomaz a respeito da sociedade que ele mantém numa empresa de produtos naturais com Suelllen Jou. Ela é filha do acupunturista de Alckmin, Jou Eeol Jia, apontado como beneficiário de repasses financeiros do governo de São Paulo.
Lula argumenta o seguinte: do mesmo modo que se opõe à exploração política dos negócios da empresa de seu filho, Fábio Luiz, com a Telemar, não pode aceitar que o PT transforme Thomaz Alckmin em alvo eleitoral. Se houver algo de errado com a firma do filho do candidato tucano, diz o presidente, o problema é do Ministério Público, não do PT.
Para Lula, o PT deve manter distância também do guarda-roupa de Lu Alckmin. Em entrevista à repórter Mônica Bergamo, o estilista Rogério Figueiredo disse ter doado 400 vestidos à mulher de Alckmin, numa época em que ele ainda respondia pelo governo de São Paulo.
Na opinião do presidente o cabideiro de Lu Alckmin é outro tema que não serve à elevação do debate eleitoral. No início do governo petista, em 2003, Marisa, a mulher de Lula, também foi acusada de rechear o porta-jóias com peças tomadas de “empréstimo” de joalheiros nacionais.
O PT e o governo têm mais a ganhar, avalia Lula, se o debate eleitoral for conduzido para a comparação entre a sua gestão e a de Fernando Henrique Cardoso. O presidente acha que prevalece sobre o antecessor em todas as áreas. Por isso quer priorizar a discussão programática.
Blog do Josias (Folha de S.Paulo)
From: Apoio Lula 2006