terça-feira, abril 25, 2006

Candidatura de Alckmin já está em crise


Luiz Antonio Magalhães

Pode parecer cedo demais para o título acima, afinal não faz nem um mês que Geraldo Alckmin assumiu a candidatura do PSDB à presidência, mas a verdade é que já há uma crise rondando as hostes tucanas.A cada dia que passa, cresce a aflição das chamadas "viúvas de Serra", tanto do PSDB como do fiel aliado PFL, com o desempenho do candidato Geraldo Alckmin. E não se trata apenas da estagnação nas pesquisas de opinião, o problema parece ser mais complicado, avaliam pessoas que acompanham de perto a campanha de Alckmin. Até agora, o ex-governador de São Paulo não conseguiu criar um único fato político de peso e se limita a visitar lideranças estaduais para tentar montar os seus palanques regionais, tarefa na qual também não vem sendo muito bem sucedido.Se a desconfiança no início fica circunscrita às conversas de bastidores, o assunto ganhou maior dimensão com a "bronca" dada em Alckmin pelo aliado e prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL). Maia veio a público cobrar "mais agressividade" e maior influência política do ex-governador sobre as bancadas do PSDB e PFL em Brasília.Tucanos e liberais batem cabeçaSegundo o prefeito do Rio, "Alckmin deveria assumir o comando político nas bancadas em Brasília. Coisas como essa do Orçamento ele deveria estar liderando o processo, ele poderia perfeitamente dizer que a medida provisória para executar o Orçamento é uma barbaridade", disse.Só que Alckmin disse justamente o oposto: "Esta medida nós tínhamos em São Paulo. Se não tinha orçamento aprovado, valia a proposta encaminhada pelo governo. Por isso não posso criticar. Se o Orçamento não é aprovado, é preciso ter uma regra", afirmou o candidato tucano em Brasília, contradizendo também o líder de seu partido no Senado, Arthur Virgílio, que, mesmo depois de saber da posição de Alckmin, manteve a sua e disse que o ex-governador é que estava errado.Maia cobra estratégiaO prefeito Cesar Maia também cobrou uma atitude de liderança de Geraldo Alckmin: "Na hora que ele assumir na plenitude a liderança que ele tem sobre nós, na hora que ele passar a mão no telefone e falar 'Cesar, abre o verbo, fala isso, fala aquilo', eu vou e mando brasa", explicou.Alckmin, porém, prefere delegar a liderança e ainda não havia conseguido nem sequer escolher seu companheiro de chapa, que já estava se tornando uma novela no PFL, sem previsão de data para terminar. Cesar Maia pediu um vice mineiro para se contrapor à candidatura de Itamar Franco, mas a cúpula do PFL prefere mesmo indicar um nordestino. Alckmin assiste a tudo como se não fosse com ele. Enquanto isso, liberais e tucanos avaliam, sempre nos bastidores, que pode ter sido um erro fatal deixar Serra fora da disputa presidencial. Lula, que também não tem poucos problemas a resolver, é quem deve estar gostando da confusão no ninho tucano.

Luiz Antônio Magalhães é editor de Política do DCI e editor-assistente do Observatório da Imprensa (http://www.observatoriodaimprensa.com.br/).